terça-feira, 19 de julho de 2022

Emaranhamento

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Contrariamente à complementaridade onda-partícula e à escola de Copenhaga, David Bohm postulou que o electrão se comporta perante o observador como uma partícula clássica comum, mas tendo acesso a informação sobre o resto do universo. Bohm denominou o segundo termo, a informação, de “potencial quântico”, um campo de informação funcional que fornece ao electrão (ou qualquer outra partícula) informações sobre o resto do universo físico.

Actualmente, a teoria de Bohm, inicialmente conhecida como a teoria das “variáveis ocultas”, é considerada uma das três interpretações principais da mecânica quântica que dão uma visão realista, e não meramente positivista, clássica, aos cálculos da física quântica. Assim, o comportamento do electrão seria determinado por variáveis que para nós teriam permanecido até agora ocultas.

A interpretação Bohmiana da mecânica quântica é forçosamente baseada nos conceitos de não-localidade, potencial quântico e informação activa, onde o domínio da potencialidade é espelhada em ondas de probabilidade (ψ), enquanto o domínio da realidade traduz-se nas partículas ou objectos.

David Bohm demonstrou que a influência desse potencial quântico dependia apenas da “forma”, e não da magnitude ou intensidade dessa função de onda, sendo portanto, independente da separação no espaço-tempo e constituindo assim uma realidade inacessível para nós.

O emaranhamento ou entrelaçamento quântico, surgido da interpretação não determinista e de não-localidade da escola de Copenhaga, foi considerado incompatível com a Relatividade Especial que considera a velocidade da luz o limite da velocidade para qualquer tipo de informação. Para Einstein a física quântica era incompleta e deveria incluir “variáveis ​​ocultas”, ou parâmetros que não teriam sido levados em conta nos cálculos. Em resultado, surge em 1935 o documento conhecido como o Paradoxo EPR – Einstein, Boris Podolsky, Nathan Rosen, demonstrando que a Mecânica Quântica conduzia a resultados paradoxais apesar de apresentar resultados consistentes com a realidade. No mesmo ano Erwin Schrödinger publicava também o artigo em que descrevia o famoso "paradoxo do gato", pretendendo demonstrar com o fenómeno da superposição os limites da física quântica ao agregar indevidamente dois fenómenos de realidades distintas, um da física macroscópica e outro da física microscópica.

No entanto só em 1964, trinta anos passados após a publicação do paradoxo EPR, John Stewart Bell retomava o problema da envolvência determinística da física clássica sobre a existência das denominadas “variáveis ​​ocultas” propostas por Einstein-Podolsky-Rosen que tinham conduzido a um impasse introduzido pelo conceito da não-localidade, ou da possibilidade de que duas partículas pudessem estabelecer qualquer forma de comunicação entre si de forma não-local, influenciando-se instantaneamente, ultrapassando as limitações impostas pelo espaço-tempo na teoria da Relatividade onde a informação não pode ultrapassar a velocidade da luz.

John Bell em 1964, formularia o problema de tal modo que pudesse ser verificado experimentalmente através da conhecida “desigualdade de Bell”, retomando conceitos de não-localidade de David Bohm onde as “variáveis ocultas” seriam vectores de informação que transmitidos às partículas condicionariam o seu estado. Assumia-se que o Big Bang teria sido a base do entrelaçamento, que na sua origem teria sincronizado todas as partículas do universo.

Finalmente em 1972, John Clauser e Stuart Freedman, obtiveram a confirmação experimental do fenómeno de emaranhamento e da não-localidade, usando um par de fotões correlacionados.

Posteriormente em 1981 e 1982, Alan Aspect, Jean Dalibard e Gérard Roger, voltariam a confirmar a realidade da física quântica com novos experiências de maior sensibilidade, iniciando aquilo que viria mais tarde a ser a ciência da computação quântica.

Veríamos em 2022 a confirmação definitiva da existência do fenómeno quântico do emaranhamento pela atribuição do Prémio Nobel da Física a John Clauser, Alain Aspect e Anton Zellinger, pelo trabalho em “experiências com fotões entrelaçados, instituindo a violação das desigualdades de [John] Bell e tornando-se pioneiros na ciência da informação quântica”, de acordo com a Academia Real Sueca das Ciências.


Fonte: Twitter (1) 


Contudo, a concepção inicial de David Bohm de “ondeidade”, irá persistir relativa a qualquer objecto, estendendo-se para além do nível microcosmo do electrão. Situar-se-ia num domínio da realidade que se encontra para além do espaço-tempo tetradimensional nosso conhecido, uma realidade a que não temos acesso e que se designa por domínio da potencialidade, onde o “objecto” é uma onda de potencialidade ou de probabilidade, um continuum de algo interconectado onde cada ponto no espaço contribui com informação, que no seu conjunto forma uma matriz organizada, de ligação entre nós de uma malha. Uma “espuma de spins” de acordo com a teoria da Gravidade Quântica em Laços de Carlo Rovelli, e que origina algo semelhante a uma matriz de informação. Ou seja, para operar em regime não-local, o potencial quântico deve manter a sua intensidade independentemente da distância e operar de maneira oposta à de todas as outras forças electromagnéticas.

Outras evidências de natureza quântica foram descobertas no Efeito Casimir, a atracção criada entre dois corpos situados no vazio. Significaria que o vazio não está realmente vazio mas preenchido por uma força, o denominado “campo de ponto zero” que surge da energia do vácuo, conforme previsto pelo Princípio da Incerteza de Heisenberg, resultado de flutuações quânticas que criam continuamente partículas virtuais, como se a matéria surgisse do nada. Este fenómeno estende-se por todo o “vazio” do Universo! O Bosão de Higgs que atribui massa a todas as partículas é um campo de natureza quântica que permeia todo o espaço vazio. Resulta que a energia do vácuo é muito maior que a energia do “não-vácuo” e já sugerida como a origem da propalada Matéria Escura.

As similitudes são impressionantes: de acordo com David Bohm, as partículas estão imersas num potencial quântico, a que ele denomina "campo de forma", a partir do qual recebem a todo o instante toda a informação necessária (massa, spin, carga) que decide, em última análise, como surgem e se movimentam na nossa dimensão espácio-temporal.

Vamos agora transpor esta ideia para o nível do macrocosmo.

Então a onda ψ de um sistema de partículas não é o simples conjunto aritmético das ondas de cada partícula, mas sim uma onda-matriz que não se move por consequência no nosso espaço-tempo físico mas num espaço-tempo abstracto, ultrapassando assim a possível incompatibilidade com a relatividade einsteiniana, evitando deste modo sistemas de referência privilegiados.

Como veremos, o mundo macroscópico é também seguramente quântico.

A diferença para o mundo microscópico reside em dois valores: o da massa (m) que no primeiro caso é enorme, e no diminuto valor da constante de Planck (h), valores estes que quando aplicados à fórmula de De Broglie, λ = h/mѵ, determinam comprimentos de onda extremamente curtos, fazendo com que o carácter ondulatório da matéria macroscópica seja virtualmente indetectável. Como se a mecânica newtoniana fosse a mecânica quântica dos sistemas macros.

Também o Princípio de Incerteza de Heisenberg, quando aplicado no cálculo da velocidade de, por exemplo a uma objecto de 1 grama e à sua posição com a precisão de 10-6 metros, conduzirá a um erro de 0,0000000000000000000000001 metros por segundo. O mesmo procedimento aplicado a um electrão num átomo de diâmetro 10-10 metros produzirá uma inexactidão na sua velocidade de 1.000.000 de metros por segundo.

Enquanto ao nível da organização molecular e biológica no espaço-tempo tetradimensional, teremos fenómenos crescentes de domínio consciente, no domínio da potencialidade e do espaço-tempo abstracto lidaremos com fenómenos de natureza inconsciente, subtis, intuitivos onde ψ será a informação inconsciente que temos do mundo e a noção do “Eu” como construtor que conhece e compreende conferindo-nos a sensação de estar fora da natureza material. É a natureza dos conceitos Budhi versus Kama Manas na filosofia védica.

A realidade passa a ser a rede de interacções que se estabelecem entre estes dois domínios estabelecendo o carácter ilusório do mundo (Maya) e elenca as suas propriedades. Então a imagem do mundo, determinística e causal, nítida e sólida da física cartesiana, torna-se uma ilusão, sendo necessária à sua compreensão uma visão mais holística, a de que o mundo global nos dois domínios é interdependente e interage continuamente.

Um dos sistemas biológicos que é mestre nesta dualidade é a recente descoberta pelas neurociências de como funciona o órgão óptico do olho em conexão com o sistema neuronal complexo do cérebro. O cérebro não processa toda a informação visual que recebe mas apenas aquela que é detectada como diferente do que é esperado. O resto é preenchido por informação pré-existente num acto de verdadeira sustentabilidade e economicidade “orgânica” ou funcional, em que o inconsciente procura apenas detectar eventuais discrepâncias ou informações relevantes que podem contradizer as nossas expectativas. É fundamentalmente um fenómeno de natureza quântica.

Por isso é importante nos actos místicos da meditação, experienciar o presente, a sentir tudo como se fosse a primeira vez sem o peso das memórias passadas e as expectativas futuras, unidos com o universo fazendo o “vazio” da mente de modo que abandonemos a informação que temos do mundo e passemos ao mundo da onda ψ, a “onda-vazio”. Aqui reside a diferença entre o Ego e o Eu, entre a mente inferior, Kama Manas ou Kamarupa e a mente superior Manas.

Transcrevemos alguns versículos do Yoga Sutra de Patanjali em Sadhana Pada (O Caminho da Prática) e em Kaivalya Pada (O Caminho da Libertação), que nos impressionaram pela consonância com aquilo que até agora expusemos (2):

2.20. Aquilo que é, apenas é pura consciência,

que, apesar de pura, vê através da mente

e é identificada pelo ego como sendo apenas a mente.

 

2.21. A própria existência da realidade

existe em função da pura consciência

 

2.22. Embora a “realidade” seja discernida como não real

para quem alcançou a meta, ela continua a parecer real,

pois a “realidade” é uma experiência comum para todos.

 

4.5. As mentes são muitas e individualizadas,

mas há uma mente universal que a todas rege.

 

4.17. Um objecto é cognoscível ou não pela mente,

se ela assumir a “cor” do objecto.

 

Podemos considerar que esta dualidade poderá assentar nos dois postulados conhecidos da física quântica, a saber:

a) O Princípio de Heisenberg que define ser finita a informação sobre qualquer objecto, consequência da constante de Planck (h), consequência final da granularidade da natureza, inclusive do espaço-tempo físico. Ao longo de milhões de anos de evolução os sistemas biológicos estruturaram-se natural e inteligentemente de acordo com este princípio;

b) O mundo probabilístico e a natureza da informação ser inesgotável fazendo com que a nova informação torne irrelevante a anterior num acto de feedback permanente e automático.

Ambos conduzem a que no caso dos sistemas biológicos também se aplique os dois domínios consciente/inconsciente, ultrapassando a aparente contradição entre estes dois postulados pela harmonia resultante quando aplicada a teoria quântica.

A natureza deixa de ser apenas material e de coisas palpáveis, para integrar um outro espaço-tempo por nós inacessível, o mundo da constituição ternária – Manas-Buddhi-Atma, conferindo outro sentido à existência.

Daqui resulta que todas as propriedades ou as variáveis físicas que caracterizam e descrevem todas as coisas, derivam das relações estabelecidas entre estes dois domínios, que a matemática tem o condão de traduzir em símbolos. Aqui reside a origem dos números, da álgebra, da geometria, como algo que previamente existisse na natureza, informação passível de descoberta por nós, mas que resulta da interacção entre dois mundos: o físico e o outro que não se move no espaço-tempo físico, mas no espaço dos arquétipos platónicos o junguianos ou do Akasha védico.

O segundo postulado afirma que mesmo obtendo a máxima informação sobre algo, não invalida que possamos aprender algo de inesperado, perdendo contudo a informação anterior não relevante. E o que é a informação não relevante? Será aquela que não contribui para acréscimos evolutivos. Ou seja o futuro será apenas determinado pela informação relevante.

Este princípio encontra eco no conceito original budista da reencarnação como princípio operador de actualização permanente da informação relevante, aquela que conta efectivamente, a relevante para o progresso ascendente da consciência (expressa pela ética das virtudes) e, onde o rasto das memórias anteriores não relevantes, se perdem no Eu potencial ou Eu Superior. O Ego assume apenas a multiplicidade de máscaras que conformam a personalidade ou a individualidade como fenómeno local não relevante. O resto é não-localidade, potencial quântico e informação activa, relevante, entrelaçamento ou emaranhamento. Interessante verificar que esta interpretação da reencarnação reflecte os escritos originais dados à luz pela primeira vez nas Upanisad e transpostos posteriormente para os Puranas e para o Bhagavad gita.

Consciência/inconsciência e informação são duas faces da mesma moeda. Na vigília a quantidade de informação é de tal modo excessiva que não lhe podemos dar a devida atenção o que exigiria demasiado tempo e esforço. A informação passa então a ser gerida pelo inconsciente que se reflecte nos sonhos e nos seus significados, a que Carl Jung e seguidores chamaram de “limpeza das sombras”. Enquanto a mente (Kama Manas) processa os significados e o cérebro atribui representações sob a forma de memórias (informação não-relevante), o inconsciente (Manas) vai trabalhar com símbolos no sonho ou no sonho lúcido (informação relevante). Este é um processo eminentemente quântico em que a informação relevante deve substituir a não-relevante, daí a importância do papel das crenças e da meditação com consequências directas e mensuráveis na fisiologia (os fenómenos acreditados como milagres).

É importante esclarecer o sentido dos conceitos de consciência/inconsciência agora aqui explanados. Ambos fazem parte de uma estrutura que engloba o Eu Superior (Atma-Buddhi) e onde em posição intermediária temos Manas que responde em parte ao Eu Superior e noutra parte à mente instintiva ou Eu Inferior, Kama Manas ou Ego. Do ponto de vista funcional, ou seja da relevância da informação sob o aspecto quântico, consideramos a consciência/inconsciência a expressão operacional que garante as funções vitais na sua expressão mais básica (onde se inclui as funções automáticas do subconsciente e do instinto), até ao seu sentido espiritual mais evoluído, reflectindo deste modo as mais diversas etapas no quadro evolutivo das espécies animais, incluído o ser humano.

Esta estrutura dual da natureza, reflectida na estrutura conceptual da constituição septenária, quaternário versus ternário, revela uma “intenção” no processo evolucionário, como se o ternário orientasse de forma inteligente a matéria e as suas forças (os campos electromagnéticos e nucleares forte e fraco que mantêm a forte coesão da matéria, traduzida na tão conhecida fórmula E=mc2), e instilasse a afinação necessária para o surgimento da vida. Hoje a biologia sabe que, para cada sequência de ADN que produza uma pequena proteína funcional constituída por apenas 150 aminoácidos, existem 1077 combinações não-funcionais. Aqui reside um paradoxo: existem apenas 1065 átomos na nossa galáxia o que nos leva a questionar quantas oportunidades teriam as mutações genéticas aleatórias, elencadas pela teoria da selecção natural Darwinista, para explorar este nível combinatório no tempo disponível da história da vida na Terra.

Outro paradoxo é a explosão Câmbrica. Como foi possível à selecção natural gerar de um momento para o outro nova informação, dado que ela só pode agir depois do surgimento de nova informação vantajosamente funcional e devidamente testada? De contrário seria como se antecipasse necessidades futuras ou resultados desejáveis. Assim sendo, por detrás do processo evolucionário deveria ter existido um desígnio propositado e dirigido para objectivos específicos. Um desígnio inteligente.

O mesmo se passa na Cosmologia com o surgimento do Universo e a afinação que pressupõe o valor das suas constantes fundamentais que o informam. Tanto a cosmologia inflacionária como a teoria das cordas ou as versões dos multi universos, implicam mecanismos geradores de universos que exigem uma afinação prévia nunca explicada até hoje. Roger Penrose calculou que a entropia inicial presente no surgimento do universo deveria ter uma afinação de 1 parte em 1010 elevado a 123.

Assim como na biologia a necessidade de informação genética funcional a invocar fontes prévias inteligentes na sua origem (os prováveis campos quânticos holo-morfogenéticos), também a física, a química e a cosmologia se deparam com o mesmo paradoxo.

 Por detrás está sempre a função de onda ψ a dar pistas explicativas ao introduzir informação especificada e funcionalmente inteligente, que deverá provir de uma mente “universal” consciente. Os sete princípios da Constituição Septenária na filosofia (desde o Bhagavad gita, Platão, Plotino ou Carl Jung), estão na base desta afinação que constitui a ponte entre o microcosmo (o ser humano) e o macrocosmo (o universo), numa visão global e sistémica da Vida, tal Árvore da Vida da Cabala.


Esquema comparativo da Constituição Septenária

O Espaço sendo granular, à dimensão de Planck, implica também que o tempo seja relativo (10-44 segundos é o valor da sua quantização), dependente da presença de massas ou da velocidade a que os objectos se movem. Como vivemos numa espécie de meio gelatinoso onde a variável tempo deriva do campo gravitacional, e apresenta propriedades quânticas, o tempo uniforme e ordenado estratigraficamente da nossa experiência material quotidiana transforma-se em múltiplos tempos probabilísticos e potenciais definidos pelo mundo da indeterminação quântica da não-localidade. Este facto é demonstrado diariamente pelo GPS. Ou seja, o nosso presente comum não é geral para todo o universo, mas distribui-se como em “camadas” (como diria Helena Blavatsky), em torno de nós, como se flutuasse numa constante sobreposição de configurações alternativas. Assim, passado, presente e futuro tornam-se indistintos, tal como um objecto – um electrão por exemplo, está difundido no espaço com a sua onda ψ, e que se resolve apenas quando colapsa ou interage com algo. Sabemos hoje que, na presença de um caso extremo hipotético, um astronauta na periferia do horizonte de eventos de um buraco negro veria o seu tempo congelar.

Para além desta “concha” estratigráfica do nosso espaço-tempo, tal qual o desenvolvimento de uma série Fibonacci, estaria o Parabrahman da filosofia hinduísta, onde o espaço-tempo não existe.

O nosso tempo ordenado, passado-presente-futuro, resulta deste colapso permanente e peculiar numa rede de relações perfeitamente afinadas nas suas propriedades, nas suas constantes físicas universais traduzidas por nós em propriedades e leis, onde o livre arbítrio é apenas uma ilusão, mas também nos pressentidos archetypos platónicos e junghianos, neste último caso geradores dos perfis comportamentais humanos (o microcosmo psicológico).

Somos matéria, o resultado de uma materialização dinâmica probabilística e do potencial quântico universal, como David Bohm defendia e Bell deu as premissas para a sua demonstração experimental, também já transcrita no conceito da filosofia milenar esotérica como Buddhi-Manas, agora idealizada pela teoria da Gravitação Quântica em Laços de Carlo Rovelli, como a própria natureza do espaço, concebido como informação matricial oriunda na primeira fase da cosmogénese, campo quântico granular que se contém a si próprio, produto da oscilação de Atma/Consciência, e que posteriormente vai evoluir para Kama Manas como consequência de colapsos incessantes, gerando interfaces relacionais, estilo “camadas” que se interpenetram e medeiam entre domínios diferentes: uns quânticos e o outro material.

Nesta visão, o emaranhamento ou entrelaçamento, fenómeno de natureza quântica sem necessidade das denominadas “variáveis ocultas” avançadas por Einstein no documento EPR, corresponderá ao Antakarana, ligando o visível e o invisível como se “religasse” intemporalmente, de forma indeterminista e em regime de “não-localidade”, o que está abaixo com o que está acima, tal campo quântico do Bosão de Higgs, constituindo canal de comunicação entre mundos de muitas dimensões (7 x 7 …) – os verdadeiros multiuniversos das Rondas, das Cadeias de Globos que se projectam por éons de Manvantaras e Pralayas na cosmologia védica e agora na teoria da Cosmologia Cíclica Conforme de Roger Penrose.

Conclusão

O modelo milenar da Constituição Septenária reconcilia a Relatividade einsteiniana com a sua visão de Localidade do Espaço-Tempo curvo, com a Mecânica Quântica com a sua visão de Não-Localidade e de acção instantânea entre fenómenos. Ao transformarmos o Espaço-Tempo, quantizando-o em dimensões de planck, criando uma matriz de “potencial de forma” que se situa para além do formalismo do Espaço-Tempo, de natureza diferente dos campos quânticos vectoriais e escalares das outras forças do Modelo Padrão. O recente descoberto Bosão de Higgs deverá desempenhar um papel crucial entre estes dois domínios.

Não existem objectos separados e independentes. A dualidade é aparente e tudo está interligado, tal Uroborus, Yin Yang, Estrela de David.

David Bohm e John Bell mereciam um Nobel post-mortem.


Notas e Bibliografia

(1)https://twitter.com/NobelPrize/status/1577234271546200064?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1577234271546200064%7Ctwgr%5Eccf4b716cf380e96b6a4e648f94ccda53105a93a%7Ctwcon%5Es1_c10&ref_url=https%3A%2F%2Fwww.publico.pt%2F2022%2F10%2F04%2Fciencia%2Fnoticia%2Fpremio-nobel-fisica-2022-pais-informacao-quantica-2022766

(2) Patanjali, Yoga-Sutra (Aforismos de Yoga), Colecção Omnia, CLUC, 2020.

A Chave para a Teosofia, Helena Petrovna Blavatsky Edições Agnimile/Nova Acrópole, Círculo de Estudos Orientais, 2019.

A Realidade não é o que parece – a natureza alucinante do universo, Carlo Rovelli, Contraponto, 1ª Edição Outubro 2019..

Ciclos de Tempo, Roger Penrose, Gradiva, 2013.

Bhagavad Gita, Edicion de Consuelo Martín, Editorial Trotta SA, 2018.

Vida, Espírito e Matéria, ErwinSchrodinger, Publicações Europa América, 1963.

Os Upanishads, Sopro Vital do Eterno, Editorial Pensamento, S. Paulo, Frederick Manchester.

QED, A estranha teoria da luz e da matéria, Richard P.  Feynman, Edição Gradiva, 6ª Edição Outubro 2021.

O Cosmo da Mente, Edoardo Boncinelli e Antonio Eriditato, Editorial Presença, 2019.

 Como surgiu o Universo, Peter Atkins, Gradiva, 2018.

 Brief Answers to the big questions, Stephen Hawking, John Murray, 2018.

 O jackpot cósmico, Paul Davies, Gradiva, 2009.

 Génesis, Guido Tonelli, Objectiva, 2020.

 Qual é o nosso lugar no Universo?, David Sobral, Grupo Planeta, 1ª Edição Maio de 2022.

 O Regresso da Hipótese de Deus, Stephen C. Meyer, Edições 70, Junho 2022.

 O Abismo Vertiginoso, um mergulho nas ideias da Física Quântica, Carlo Rovelli, Penguin Random House Grupo Editorial, 1ª edição Junho de 2022.

 A Mecânica Quântica, Luís M. Aires, Edições Sílabo, 1ª edição Setembro 2020.

 O Pequeno Livro da Cosmologia, Lyman Page, Gradiva, 1ª edição Maio 2022.

 

Ponta Delgada, 18/10/2022

O Demónio de Maxwell

  James Clerk Maxwell (1831 – 1879) foi um dos maiores físicos possuidor de uma criatividade inigualável que até hoje a humanidade conheceu....