domingo, 31 de janeiro de 2021

Cosmogénese 9 - Das origens do Karma

 


Consideremos um espaço definido por duas dimensões espaciais para simplificar (por exemplo altura e comprimento) e uma dimensão de tempo, tal como um cubo, e façamos nele o vácuo absoluto. Para tal teríamos que deslocar-nos para o espaço intergaláctico onde existe em média uma partícula por metro cúbico. Se o fizéssemos no planeta Terra ou no Sistema Solar teríamos respectivamente 1.000.000.000 e 10.000.000 de partículas por metro cúbico.

Figura 1 – Malha espaço-temporal


Mas por mais rarefeito que fosse este vácuo, continuaríamos a ter o espaço, confinado neste cubo, atravessado por incontáveis radiações de toda a espécie, desde raios cósmicos até ondas electromagnéticas de todas as frequências e comprimentos de onda (micro-ondas, rádio, ultravioleta, infravermelho, etc). Então chegaríamos á conclusão que o nosso cubo não estaria vazio e que o vazio seria impossível de atingir, e que portanto o vazio como o concebemos não existe. Estaria “cheio” de campos quânticos que atribuiriam as mesmas propriedades a todas as famílias conhecidas de partículas, estivessem elas ou não nos mais recônditos sítios do Universo.

A Relatividade Especial atribui a este espaço características de simetria que definem a geometria do espaço-tempo, tais como a translação, a rotação e uma malha espacial de referência. Estas simetrias são respeitadas por determinados objectos, tais como as partículas elementares subatómicas, desde os fotões até aos electrões, através daquilo a que se designa por parâmetro spin, com valores numéricos inteiros e semi-inteiros de 0, 1, ½, 3/2 e 2.

Spin ou momento angular intrínseco, tendo surgido inicialmente para descrever a rotação das partículas em torno de um eixo, estando na origem do seu campo magnético, é agora considerada uma propriedade inerente às partículas elementares, sendo um de outros quatro números quânticos que no seu conjunto definem o estado de uma partícula. Os valores atribuídos ao spin são sempre inteiros (0, 1, 2, …) ou semi-inteiros (-3/2, -1/2, 1/2, 3/2, …) em unidades da constante de Plank dividida por duas vezes pi. Os primeiros designam-se por bosões e os segundos por fermiões. Descrever de forma clássica o spin é uma tarefa árdua se não impossível.

Assim, enquanto o valor numérico 0 implica que o spin é independente da rotação do “frame” ou da malha do espaço, como se o objecto fosse pontual, o valor 1 significa o contrário, sendo então que o spin é definido por um vector obrigando a que o “frame” espacial rode uma vez para que o objecto volte ao seu estado inicial. O valor ½ define um “spinor” onde o “frame” do espaço terá que rodar duas vezes até o objecto adquirir o seu estado inicial. Então poderemos conceber o Universo como estando repleto de todos estes objectos que se sobreporiam, respeitando sempre o princípio da conservação da energia: o seu momento angular, a velocidade do seu centro de massa e a sua carga.

 

Para Pitágoras o princípio de todas as coisas está no número e o universo poderia ser descrito por números sendo a própria alma um número. O número, sendo a essência de todas as coisas materiais e subtis, deixa de ser uma abstracção quantitativa para ser um meio relacional, através do qual tudo se define, tal como faz o spin.

Assim, até poderíamos fazer corresponder a alma numérica pitagórica ao campo magnético unificado com o eléctrico (o campo electromagnético) de todas as partículas, traduzido em spin, que na sua concepção geométrica configura um tórus de “linhas magnéticas”, tal como todos os planetas o fazem com o seu campo magnético ou as galáxias com as suas recém-descobertas Bolhas de Fermi, confirmando mais uma vez o segundo aforismo da correspondência do Kybalion. Esta “alma numérica” seria na concepção septenária do Homem correspondente ao 2º nível do quaternário, o etérico ou energético.

Esta concepção geométrica do tórus estaria também nos pitagóricos estendida a uma relação geométrica e espacial no domínio da arquitectura e das artes musicais (como se a música fosse o reflexo da ordem cósmica) com o Número de Ouro.

 

A Evolução é a Lei da Vida, o Número é a Lei do Universo, a Unidade é a Lei de Deus.” - Pitágoras

 

Por outro lado, se por um efeito mágico tivéssemos o tamanho da dimensão de Planck, veríamos este cubo repleto de flutuações, de onde do nada surgiriam partículas virtuais resultantes das perturbações devido à interacção dos campos quânticos ali existentes - a luz que o inunda através do seu campo electromagnético daria um espectáculo constante de colapsos de onda mostrando os seus fotões que originariam partículas virtuais de duração instantânea, impossíveis de observar, electrões e positrões, matéria e antimatéria que se aniquilaria, decaindo novamente em fotões.

Seleccionemos apenas este campo quântico electromagnético e olhemos de forma mais profunda para as suas características definidas na mecânica quântica. Segundo a matemática este campo (tal como todos os outros) comporta-se como se fosse um fluído, tipo o “éter” newtoniano, mas agora considerado como uma onda de probabilidade, onde os fotões como partículas, estão em todo o lado e em lado nenhum. Para tal demos largas à nossa imaginação e concebamos este espaço cheio de pontos como sendo objectos matemáticos, os spins, onde cada qual é definido por um valor numérico ou um vector ou outros objectos ainda mais exóticos e dos quais resultam o momento angular, a massa e a carga da partícula (os chamados parâmetros intrínsecos).

Figura 2 – A malha espaço-temporal formada pelos spins de bosões e fermiões

Como introduzimos o tempo em vez de uma terceira dimensão espacial, façamos evoluir este sistema nesta variável e constataremos que esta situação particular do desenvolvimento do fotão é apenas um estado de uma multiplicidade de estados que se desenvolvem todos neste campo de probabilidades. Ou seja, o colapso de onda provocado, por exemplo, por uma interferência observacional, ou seja, uma perturbação do campo quântico, conduz à revelação de um destes estados, entre todos os cenários presentes e probabilisticamente possíveis, numa relação imediata de causa e efeito.

Agora transponhamos este sistema para um nível escalar de grandes dimensões como aquele que é o próprio Universo, agora repleto de campos quânticos sobrepostos e que representam famílias de partículas com os seus próprios spins característicos. Tal como um espaço pontuado pelos números primos em Pitágoras.

Figura 3 – Um Universo numérico e exótico


Assim com spin 1 encontramos todos os bosões: fotões (com 1 estado spin), partículas da força fraca (W e Z0, com 3 estados spin) e da força forte (gluões com 8 estados spin). Com spin ½ encontramos todos os fermiões (electrões e neutrinos, muões e partículas tao, com 6 estados spin e finalmente os quarks com 18 estados spin) que no seu conjunto constituem a matéria propriamente dita. Finalmente com spin 0 encontramos o bosão de Higgs (com 1 estado spin). Assim teremos o modelo padrão actual dado a conhecer pela Física com 37 estados quânticos que se sobrepõem.

 Acrescentemos a isto o próprio espaço como campo quântico que se contém a si próprio.

Neste caso particular, se considerarmos que o Universo é na sua maioria constituído por espaço vazio, tal como é o átomo onde 99,9% da sua massa está no núcleo, e que este espaço é definido, na teoria da gravidade quântica, por um campo granular de spins, caracterizado por acoplamento de nodos de vectores, a designada “espuma de spins” por Carlos Rovelli, então teremos também uma multiplicidade de estados quânticos em desenvolvimento no tempo, em ondas de probabilidade sobrepostas e cujo colapso define um complexo modelo de causa e efeito como resultado da sua interacção conjunta destas ondas de probabilidade, criando o conhecido fenómeno da gravidade. Ou seja, o próprio espaço como campo quântico que se conteria a si próprio, conteria os restantes campos quânticos resultando desta interacção uma espécie de unidimensionalidade ou omnipresença e a explicação do fenómeno quântico de “entanglement” ou emaranhamento, agora verificado em moléculas com agrupamentos até 2000 átomos. Esta descoberta muito recente (2019), considerada histórica, abre novos caminhos à Biologia Quântica assim como à Holo-morfogenética. (cfr. Fein, Y.Y., Geyer, P., Zwick, P. et al. Quantum superposition of molecules beyond 25 kDa. Nat. Phys. 15, 1242–1245 (2019). https://doi.org/10.1038/s41567-019-0663-9).

Figura 4 – Nodos, linhas e vectores numa rede de spins

Se ainda integrarmos no campo quântico “granular” do espaço mais dois campos quânticos que o caracterizam, e que a ciência só agora inicia a sua teorização, - o campo Holo-morfogenético e o campo da Informação/consciência, poderemos ter outras simetrias espaciais ainda desconhecidas e absolutamente exóticas, criando aquilo que consideramos ser a omniconsciência em que o Universo deverá passar a ser tratado como um organismo vivo (o Macrobios), estruturando a sua concepção septenária e um modelo padrão futuro da física unificada.

 

Em conclusão, a junção ou síntese de todos os cenários da evolução no tempo dos estados quânticos de todos estes 7 campos, caracteriza o estado físico final da matéria como nos é dada conhecer, e o desenrolar da evolução do Universo tanto no nível micro como no macro.

O próprio tempo surge então desta interacção conjunta como fenómeno circunstancial de causa e efeito.

Compreendidos estes aspectos fenoménicos, poderemos agora também apoiar-nos na tradição esotérica para percebermos que os fundamentos do Karma residem nos múltiplos estados e nos colapsos de onda respectivos provocados pelas perturbações nesta síntese ou amálgama de campos quânticos, criando sempre um parâmetro de causa e efeito que vai do particular ao universal, e vice-versa, funcionando como princípio geral de simetria, a derradeira Lei.

“É a lei infalível que ajusta o efeito à causa nos planos físico, mental e espiritual do ser. Como nenhuma causa deixa de produzir seu efeito correspondente, desde a maior até a menor, desde a perturbação cósmica até o movimento das nossas mãos e como o semelhante produz o semelhante Karma é aquela lei invisível e desconhecida que ajusta sábia, equitativa e inteligentemente cada efeito à sua causa, remontando esta ao seu produtor. Ainda que incognoscível, sua acção é perceptível...”, -cfr. Helena P. Blavatsky, A Doutrina Teosófica.

Se juntarmos os princípios de simetria exóticos, diga-se de passagem, classicamente muito dificilmente concebíveis, que deverão nortear os campos quânticos holo-morfogenéticos e o da informação/consciência, é então possível atribuir à síntese de todos estes campos quânticos que definem em última análise o nosso Universo, capacidades inexauríveis de omnipresença e omnipotência/consciência de que só a tradição Teosófica ou a Vedanta tem sido até agora capaz de descrever de forma muito simbólica.

Poderíamos agora inferir alguns aspectos do Karma, como se constituísse a grande Lei Geral da Simetria, como sendo Aquele parâmetro fundamental:

 

 – O Universo funciona e interage como um todo e em todos os níveis onde o emaranhamento ou “entanglement” é a potência geral coordenadora da causa e efeito.

 

 – Os campos quânticos inerentes à constituição septenária são transversais a tudo, desde a partícula subatómica ao enxame galáctico.

 

 – Tudo é movimento e mudança cíclica, tudo é permanentemente direccionado de forma inteligente de éon em éon.

 

 – Somos, seres vivos graduados com níveis de consciência, o espelho do Universo como fenómeno local de simetria que afinal tudo permeia. Será o princípio da organização fractal como princípio de economia energética e sustentabilidade universal.

 

 – O passado, o presente e o futuro fazem parte da mesma linha de perturbação circunstancial, tal como a voz popular o confirma na assertividade daquilo que for semeado será a colheita.

 

 – O Universo tem apenas um foco ascensional evolutivo (a ascese Dharmica) envolvendo todas as coisas materiais e subtis.

 

 – O Conhecimento como informação é uma matriz sempre partilhada globalmente como uma rede de nodos que tudo envolve (conceito Akasha). A evolução é informação organizada e partilhada em níveis sempre crescentes.

 

 – A potência e o esforço “do aqui e agora”são o mais importante porque definem os vectores de perturbação, sempre em modo retroactivo, dos cenários futuros e dos seus “colapsos de onda”.


Figura 5 – A Lei do Karma

https://commons.wikimedia.org/wiki/File:The_Law_of_Karma,_Panel_0.20_(full),_Borobudur_0964.jpg


A estrutura conceptual agora aqui presente, resulta apenas de termos criado hipoteticamente a possibilidade de correlacionar os actuais conhecimentos da Física actual com as tradições mais antigas consideradas ocultas das doutrinas teosófica e védica ou ainda daquela mais recente da Escola Pitagórica. Resultou sobretudo de um desenvolvimento “ao correr da pena”, como luz que se fosse fazendo num caminho inexplorado e virgem, por vezes cheio de conceitos científicos dificilmente caracterizáveis mas sem intenção especulativa. É evidente que nos falta a sustentabilidade matemática para levar a cabo as necessárias demonstrações. No entanto, paira sobre nós a satisfação de concretizar em “letra de forma” os nossos mais íntimos pensamentos e de os poder partilhar.

Ao darmos este passo, foi como se consolidássemos no nosso ser interior, algumas assertividades já tomadas como certas de há muito tempo e que faziam já parte de nós.

Talvez que este impulso “aqui e agora” seja uma prova subtil do Karma.


Revista Fénix da Nova Acrópole

https://www.revistafenix.pt/das-origens-do-karma/



domingo, 17 de janeiro de 2021

Cosmogénese 8 – Das origens do “Tecido” do Espaço

 

 Nebulosa da Lagoa, Messier 8 – Imagem do autor

 

“Qual é a causa deste Universo? – É Brahman? De onde viemos? Porque viemos? Onde finalmente descansaremos? Sob o comando de quem estamos atados pela lei da felicidade e seu oposto?

O tempo, a lei, o acaso, a matéria, a energia primordial, a inteligência – nenhum desses, nem uma combinação deles, pode ser a causa final do Universo, pois eles também são efeitos, e existem para servir a alma. Nem pode o Eu individual ser a causa, pois, estando sujeito à lei da felicidade e da miséria, não é livre.”

            Upanishad XI - Swetasvatara

 

Pela primeira vez em Outubro de 2019, Joon Hyeop Lee e colegas, publicavam em The Astrophysical Journal (1), um estudo que apoiado em que evidências observacionais, defendia a hipótese de que a direcção de rotação de uma galáxia era coerente com a direcção média das galáxias na sua vizinhança no espaço de 1 Megaparsec. Ao estenderem o seu estudo para distâncias ainda maiores até 15 Megaparsecs, utilizando dados da pesquisa do Calar Alto Legacy Integral Field Area (CALIFA) e do catálogo NASA Sloan Atlas (NSA), depararam-se com o mesmo comportamento.

Ainda antes, em Julho de 2014, outro estudo empreendido por Hutsemékers e a sua equipa (2), utilizando o Very Large Telescope (VLT) no Chile, punham em evidência a existência de correlações entre o eixo de rotação de 19 Quasars que eram paralelos apesar de separados por biliões de anos-luz, o que coloca em causa o princípio cosmológico aceite da aleatoriedade da uniformidade e homogeneidade do Universo.

Agora mesmo, Oliver Müller em Janeiro de 2021, um estudo recentíssimo (3), descobre que as galáxias satélites anãs em torno da nossa Via Láctea, da galáxia de Andrómeda e da galáxia Centaurus A, possuem uma distribuição não aleatória, mas circunscrevem-se a um plano co-orbital formando uma estrutura de movimento síncrona, como se ensaiassem entre si um bailado cósmico.

Estes estudos recheados de evidências observacionais, vem novamente reforçar a ideia de que a teia filamentar que constitui o Universo, a denominada “web cósmica” que liga as galáxias por uma estrutura filamentar, tem a sua origem em algo que orienta e modela todo o Universo conhecido, ao contrário do que sugere a teoria cosmológica padrão comumente aceite.

Entretanto, N. Haramein e o seu modelo cosmológico (4), pressupõe que o alinhamento das galáxias e dos seus eixos de rotação se devem à estrutura dinâmica do espaço-tempo de cujo seio surge a matéria bariónica (partículas e campos quânticos conhecidos), de forma fractal holográfica, que o próprio define como um “Plasma Quântico de Vácuo”, ligando deste modo aquilo que parece ser uma estrutura pré-existente à escala de Planck com todas as estruturas à mega escala do Universo. Se assim for, então as megas estruturas do universo deveriam apresentar comportamentos conjuntos e direccionais e nunca aleatórios.

Ao atribuir ao espaço uma dimensão quântica pré-existente e um aspecto granular à escala de Planck, uma esfera definida por unidades de Planck, N. Haramein bem como C. Rovelli, com a sua “espuma de spins”, e ainda muitos outros que se dedicam à formulação dos aspectos intrincados da gravidade quântica, resolvem também a “velha” questão da falta de matéria no Universo, até agora sempre atribuída em parte à hipotética matéria escura.

A matéria escura é então substituída pelo concepção do espaço granular quantificável. Esta esfera de espaço onde se define holográficamente um horizonte de eventos, vai reproduzir-se de forma similar, no horizonte de eventos da esfera De Sitter que é o Universo, produzindo uma espécie de comportamento colectivo aos seus elementos constituintes.

Outro estudo empreendido por Kyu-Hyun Chae e a sua equipa em Novembro de 2020, regista este comportamento revelando a existência de Efeitos de Campo Externos (EFE – External Field Effect), tipo maré gravitacional, que são observados na velocidade orbital das estrelas em mais de 150 galáxias. Já em 1930 Fritz Zwicky, a quem se deve a designação de matéria escura, detectava este efeito, retomado mais tarde nos anos 70 por Vera Rubin e assumindo-se que era resultado da presença da dita matéria desconhecida, e como tal escura, atribuída depois a partículas de massa desconhecida, aos neutrinos, às supostas WIMPS e aos buracos negros primordiais.

De facto até hoje não houve qualquer evidência da existência da matéria escura, nem tão pouco prova de outras teorias, como a Teoria Mond que advoga a existência de outras leis gravitacionais.

Assim sendo, a gravidade passa a ser apenas o efeito da curvatura do espaço tido como mais um campo quântico e acabando com os paradoxos introduzidos pela divisão infinita da matéria. Plotino já se havia apercebido da razoabilidade deste conceito, tão antigo quanto a filosofia Védica ou a Cabala Caldeia.

A Constante Cosmológica (ꓥ), introduzida por Einstein para renormalizar a estabilidade do Universo, e depois retirada face à descoberta da expansão do Universo por Edwin Hubble, e novamente reposta aquando da descoberta da expansão acelerada do mesmo, ou com a concepção cosmológica de Sitter onde a energia escura actua como uma força adicional, criou aquilo que tem sido designado por “Vacuum Catastrophe”(8).

Esta “Catástrofe”, introduzida pela concepção do vácuo do espaço, deriva de uma profunda contradição entre as observações astronómicas e a teoria do campo quântico. Enquanto as primeiras, têm suportado até agora o modelo cosmológico actual, que defende vivermos num universo “flat”, homogéneo e isotrópico composto por radiação, matéria bariónica e por matéria escura não-bariónica com uma energia escura de densidade calculada em 5.83 x 10-30 g/cm3 (8); a segunda prevê que as flutuações quânticas com os seus modos oscilatórios infinitos, introduz um resultado infinito na densidade da energia do vácuo, a não ser que seja renormalizada à escala de Planck, dando então um valor de 5.16 x 1093 g/cm3.

Ou seja, a discrepância entre o modelo cosmológico actualmente aceite e a teoria dos campos quânticos é da ordem de 122 zeros!

Longe de esmiuçarmos a matemática subjacente aos complicados cálculos que resolvem esta “catástrofe”, daremos apenas nota breve da concepção do modelo holográfico de N. Haramein, que descreve uma geometria esférica como um volume básico de entropia ou de unidades PSU – Planck Shperical Units ou Unidades Esféricas de Planck, onde se aloja o bit de informação holográfica.

Estes PSU`s também designados por “voxels” de Planck (neologismo de volumes + pixels), estendem-se pelo horizonte da superfície esférica produzindo uma relação holográfica com a densidade de informação dada pela massa-energia no interior da esfera, e onde a área do disco equatorial, , corresponde a uma unidade bidimensional de informação/entropia de Planck.

Figura 1 - Esfera de “voxels” de Planck

Haramein, N. and Val Baker, A. (2019) Resolving the Vacuum Catastrophe: A Generalized Holographic Approach. Journal of High Energy Physics, Gravitation and Cosmology, 5, 412-424. https://doi.org/10.4236/jhepgc.2019.52023


Assim podemos considerar o espaço como uma estrutura discreta quântica granular (como o fez Plotino, conceptualmente de outro modo), dando uma solução quântica holográfica e fractal ao fenómeno da gravidade em termos de Unidades Esféricas de Planck bem como a sua extensão à física dos buracos negros, e ultrapassar a discrepância da ordem dos 122 zeros que separavam as densidades de energia dos campos quânticos e do cosmológico.

E, aqui voltamos à nossa ideação septenária na base da qual residem dois campos quânticos na origem da cosmogénese: o campo Holográfico-Morfogenético e o Campo do Espaço Granular saídos do Campo da Informação/Consciência também designado nas tradições filosóficas por O Absoluto, O Uno, O Todo, O Gérmen na Raiz, Atma, Brahma e que formam a geometria ternária dos campos quânticos que se contêm a si próprios.

Deste ternário, parte o Campo de Higgs que confere massa à matéria bariónica (campos quânticos das forças forte, fraca e electromagnética e ainda os fermiões).


Figura 2 – Constituição Septenária (3+4)


Poderemos conceber então o Campo Quântico Holo-Morfogenético responsável pela reprodução dos padrões fractais holográficos, a todos os níveis da existência, como fazendo parte integrante do próprio espaço, uma vez que este considerado como uma estrutura granular ou “espuma de spins”, em Rovelli, veicula a informação em bits de Planck ou em Unidades Esféricas de Planck (PSU`s).

 

Mais uma vez o segundo princípio de Hermes Trismegisto perpassando toda a fenomenologia.

 

“Este Universo é uma árvore que existe eternamente, com as suas raízes voltadas para cima (o ternário) e seu galhos espalhados embaixo (o quaternário). A raiz pura é Brahman, o imortal, em quem os três mundos têm a sua existência, a quem ninguém pode transcender, que é verdadeiramente o Eu. Todo o Universo veio de Brahman e se move em Brahman.” – Upanishad III, Katha.

 

Mais uma vez a filosofia vedanta de encontro às nossas mais actuais concepções do Universo.

 

“Los Tres caen en los Cuatro. La esencia Radiante se hace Siete dentro. Siete fuera. El Huevo Resplandeciente (matéria indistinta do espaço), que es Tres en si mismo, cuaja y se esparce en Coágulos blancos como la leche (Galáxias) por todas las Profundidaddes de la Madre, la Raiz que crece en las Profundidades del Oceano de la Vida.

La Raiz permanece, la Luz permanece, los Coágulos permanecen, y todavia o Oeaohoo (Raíz Septenária) es Único.” – Las Estancias de Dzyan, H. P. Blavatsky, Estancia III, [4,5].

 

Nestes dois parágrafos descrevem-se sob uma simbologia oculta que trespassa os tempos, de uma forma muito bela, o surgimento do Universo. Se tivermos em atenção aquela Constituição Septenária anteriormente descrita, tudo se torna claro.

 

É interessante também perceber que o universo considerado como tendo a idade de 13,8 biliões de anos apresenta desde logo muito cedo galáxias massivas já maduras, tais como a nossa própria galáxia – a Via Láctea, com a idade de 13,6 biliões de anos. Como explicar este paradoxo da evolução cosmológica se o nosso actual universo não tivesse surgido de outro, éon atrás de éon, como advoga a teoria Cosmológica Cíclica Conforme (CCC) de Roger Penrose, possuindo à nascença, de forma holográfica toda a informação necessária à sua constituição e evolução como propõe o modelo cosmológico de Haramein e a teoria da estrutura granular do espaço de Rovelli? Seria como ter um ADN próprio ou o Panpsiquismo aplicado à escala da Cosmogénese.

A suportar também este enquadramento, existe um estudo conduzido por uma equipa internacional de astrónomos (9) e efectuado pelo Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), investigando 118 galáxias massivas.

 

Outra questão prende-se com a formação dos super massivos Buracos Negros Primordiais (BNP`s). Se estes resultam do colapso de estrelas supermassivas que não existiam no início da formação do Universo como foi possível a sua existência? De acordo com o modelo de Haramein, os buracos negros surgiram primeiro quando a densidade de energia do vácuo tal permitia, o que também está de acordo com a teoria CCC de Penrose. Estas densidades extremas de energia resultantes do fim do Universo, funcionariam como núcleos agregadores de formação de galáxias do novo Universo.

Assim as supracitadas estruturas geométricas UPS`s funcionariam como osciladores dos campos quânticos do espaço, na criação destes buracos negros primordiais, centros de futuras galáxias. Após 1 segundo depois do Big Bang, ou de algo semelhante, tipo Big Bounce, ter-se-iam formado Buracos Negros Primordiais (BNP`s) correspondentes a 100.000 massas solares. Nesse intervalo de tempo muitos outros deverão ter sido formados, alguns do tamanho de protões, mas que desapareceram por evaporação devido ao efeito conhecido como Radiação de Hawking.

 

Em todo o caso a descoberta de que todas as galáxias possuem um buraco negro ou um NGA – Núcleo Galáctico Activo, vem corroborar este cenário. Mesmo aqueles Quasars, recentemente descobertos pelo SDSS (Sloan Digital Sky Survey) a apenas 690 milhões de anos de idade, possuem um buraco negro super massivo correspondente a 1 bilião de massas solares, muito acima do estimado, mas que poderá ser justificado pela coalescência de vários buracos negros ou pelo rápido crescimento dos mesmos face ao meio super enriquecido de hidrogénio.

 

A estreita relação revelada pelo Fundo Cósmico de Micro-ondas entre estruturas, como se houvesse um “entanglement” de informação, anterior, pré-construído, provindo do universo mãe do qual surgiu o Buraco Negro Primordial, faz-nos lembrar forçosamente a Teoria Cosmológica Cíclica Conforme de Penrose e mais uma vez de que a Consciência/Informação permeia todo o Universo.

 

No mapa da radiação cósmica de fundo em micro-ondas (figura 3), as cores representam as pequenas flutuações de temperatura do brilho remanescente da infância do universo onde as regiões vermelhas são mais quentes e as azuis, mais frias. Penrose sugeriu que seriam vistos anéis concêntricos que são ligeiramente mais quentes ou mais frios do que a temperatura média, resultado de ondas de choque. Entretanto investigadores polacos e canadianos confirmaram a presença destes anéis com um nível de certeza de 99,7%.


Figura 3 – Cosmic Microwave Background of 50 supervoids
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Mean_void_imprint.png 
Wikimedia Commons


Em qualquer dos casos, considera-se que a cosmologia de Roger Penrose é aquela que se aproxima mais das evidências observacionais e produz previsões susceptíveis de serem confirmadas. Em torno dela tem-se agregado muitos outros modelos constituindo presentemente uma teoria cosmológica unificadora para as concepções de matéria escura, gravidade quântica, espaço quântico granular, formação e crescimento estelar e modelo de expansão do Universo.

 

É de realçar as características semelhantes desta teoria unificadora actual com a filosofia inscrita nos Vedas. Passados tantos milénios parece que a humanidade volta a adoptar as concepções que estão na base das filosofias mais antigas, num sempre retorno às origens ou numa espiral cíclica do Conhecimento.

 

“Concebamos com o pensamento este universo [sensível]… cada uma de suas partes permanecendo o que é e não se confundindo [com as outras] … como o conjunto de todas as coisas reduzidas a uma unidade na medida do possível, de modo que, ao manifestar-se qualquer uma de suas partes, por exemplo a esfera [celeste] exterior, imediatamente siga-se também a representação do sol e dos outros astros em conjunto, e que sejam vistos a terra, o mar e todos os viventes, como seriam vistas em uma esfera diáfana todas as coisas que nela estão em actividade. Que haja, então, em tua alma uma representação luminosa de uma esfera que contém todas as coisas em si, quer estejam elas em movimento, quer estejam em repouso, ou melhor, umas em movimento e outras em repouso. Guardando esta imagem, concebe para ti outra, abstraindo a massa; abstrai também o espaço e a representação de matéria que há em ti, e tenta não substituir essa esfera por outra de menor massa, mas, clamando pelo deus que produziu a esfera cuja representação tens, implora que venha. E ele chega trazendo seu próprio universo com todos os deuses nele, sendo um e todos, e cada um é todos em unidade, e eles são diferentes por seus poderes, mas todos são um devido àquele único poder multíplice ( ...)” – Plotino em Enéadas, V. 8 [31] 9. 1ss.

Que mais poderíamos acrescentar a esta visão fractal do universo?

 

Bibliografia


(1)Mysterious Coherence in Several-megaparsec Scales between Galaxy Rotation and Neighbor Motion. Joon Hyeop Lee, Mina Pak, Hyunmi Song, Hye-Ran Lee, Suk Kim and Hyunjin Jeong.
Published 2019 October 15 • © 2019. The American Astronomical Society.
The Astrophysical Journal, Volume 884, Number 2.
https://iopscience.iop.org/article/10.3847/1538-4357/ab3fa3


(2) Alignment of quasar polarizations with large-scale structures
D. Hutsemékers, L. Braibant, V. Pelgrims and D. Sluse
Astronomy and Astrophysics, 18 July 2014
https://doi.org/10.1051/0004-6361/201424631


(3) The coherent motion of Cen A dwarf satellite galaxies remains a challenge for ΛCDM cosmology
Oliver Müller, Marcel S. Pawlowski, Federico Lelli, Katja Fahrion, Marina Rejkuba, Michael Hilker, Jamie Kanehisa, Noam Libeskind and Helmut Jerjen
Astronomy and Astrophysics, 23 November 2020 
https://www.aanda.org/articles/aa/full_html/2021/01/aa39973-20/aa39973-20.html


(4) Scale invariant unification of forces, fields and particles in a Quantum Vacuum plasma
Nassim Haramein; Olivier Alirol
https://zenodo.org/record/4270619#.YAHiikEfpPY


(5) Testing the Strong Equivalence Principle: Detection of the External Field Effect in Rotationally Supported Galaxies
Kyu-Hyun Chae, Federico Lelli, Harry Desmond, Stacy S. McGaugh, Pengfei Li, and James M. Schombert5
Published 2020 November 20 • © 2020. Published by the American Astronomical Society.
The Astrophysical Journal, Volume 904, Number 1.
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(6) Quantum Gravity and the Holographic Mass, Nassim Haramein, Hawaii Institute for Unified Physics, P.O. Box 1440, Kilauea, HI 96754.
https://osf.io/5ed8c/


(7) Testing the Strong Equivalence Principle: Detection of the External Field Effect in Rotationally Supported Galaxies
Kyu-Hyun Chae, Federico Lelli, Harry Desmond, Stacy S. McGaugh, Pengfei Li, and James M. Schombert, Published 2020 November 20 • © 2020 by the American Astronomical Society.
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(8) Resolving the Vacuum Catastrophe: A Generalized Holographic Approach, Nassim Haramein, Amira Val Baker 
Hawaii Institute for Unified Physics, Kailua Kona, HI, USA
https://www.scirp.org/pdf/JHEPGC_2019031214090069.pdf


(9) Galaxies in the Infant Universe Were Surprisingly Mature
ALMA telescope conducts largest survey yet of distant galaxies in the early universe
National Radio Astronomy Observatory – NRAO
https://public.nrao.edu/news/galaxies-in-the-infant-universe-were-surprisingly-mature/


(10) Plotino, Enéadas I, lI e III; Porfírio, Vida de Plotíno. Introdução, tradução e notas. Universidade Estadual de Campinas Instituto de Estudos da Linguagem, José Carlos Baracat Júnior – Tese de Doutoramento, Biblioteca Central César Lattes – Colecção Unicamp.


(11) OS UPANISHADS, Sopro Vital do Eterno – de acordo com a versão inglesa de Swami Prabhavananda e Frederick Manchester, Editorial Pensamento


(12) Las Estancias de Dzyan, H. P. Blavatsky, Editorial Sirio, SA, 2ª edición, 2002


segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Cosmogénese 7 - Buracos Negros à luz de Sete Princípios

 

Messier 81 e Messier 82 com os seus Núcleos Galácticos Activos. Imagem do autor.

Vamos partir dos sete aforismos de Hermes Trismegisto no Caibalion para descobrir estes objectos do céu profundo, que tanto intrigam e consomem vastos recursos à Ciência.

 

Primeiro aforismo: O Princípio do Mentalismo.

O Todo é Mente; o Universo é Mental.

Poderemos elencar dois aspectos: o primeiro basear-se-á na nossa íntima relação com o universo que nos rodeia. É através da nossa mente que passa toda a fenomenologia da existência com a qual interagimos, provocando continuamente o seu colapso, segundo a física quântica, apontando para que o mundo material é criado pela consciência.

O Segundo aspecto, surgirá pela concepção desde sempre transmitida pela filosofia védica, querendo nós reportar à filosofia mais antiga, de que tudo o que existe foi ideado primeiramente pela Mente do Uno, o Grande Arquitecto, o Absoluto, o Gérmen na Raiz, o Logos, reflectida nos arquétipos explicados por Platão, como se a realidade fosse apenas a Sua pegada ou a Sua assinatura.

Sob este último aspecto reside um grande acervo de opiniões muito actuais, do lado da Ciência, suportadas algumas por modelos matemáticos, defendendo que o Universo é Consciência. Neste campo, conceptualmente materialista, situa-se a Teoria da Informação Integrada (TII) de Giulio Tononi (2004 e 2014), enbandeirada pelo símbolo Phi (Φ). Defende axiomaticamente que o todo não é a simples soma das partes, permitindo posteriormente comparar matematicamente por outras teorias, a estrutura organizacional do nosso cérebro com a recente descoberta da estrutura filamentar do Universo, a Laniakea, que é composta por mais de 100.000 galáxias, incluindo a Via Láctea e o Aglomerado da Virgem, com um diâmetro aproximadamente de 520 milhões de anos-luz.

 

O Panpsiquismo, de certo modo, aplica esta ideia a toda a natureza e aos seus aspectos evolucionistas através da sua mais recente Teoria Holo-Morfogenética, iniciada por Rupert Sheldrake.


Figura 1 – Laniakea significa universo imensurável em havaiano. Galáxias que se aproximam (em azul) e se afastam (em vermelho) da Via Láctea.

Por Brent Tully - TULLY, R. Brent et al. The Laniakea supercluster of galaxies. Nature, v. 513, n. 7516, p. 71-73, 2014., CC BY-SA 4.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=64749627


Em cada galáxia reside um Buraco Negro representando, segundo as concepções mais recentes, centros de energia titânica, na base da qual estão os Glóbulos de Fermi, que na nossa opinião constituem quais nodos inter-sinápticos por onde flui a informação depois de ser retida. É assim que Stephen Hawking, Maldacena, Lee Smolin e tantos outros chegam á conclusão que a informação não se perde nos Buracos Negros.

 

Segundo aforismo: O Princípio da Correspondência.

O que está em cima é como o que está em baixo, e o que está em baixo é como o que está em cima.

O comentário anterior poderia perfeitamente ter continuidade neste segundo aforismo, ao compararmos a organização neurológica cerebral com a organização e distribuição das galáxias no Universo. Isto levaria a supor a existência de uma estrutura fractal que de “alto a baixo” reproduzisse de alguma forma um padrão comum a toda a natureza.

Aqui poderíamos inserir a topologia espacial De Sitter na representação da estrutura do horizonte de eventos de um Buraco Negro e, de forma semelhante conceber a estrutura do Universo sob a topologia k=1 com o mesmo padrão e em consonância com a Teoria de Roger Penrose da Cosmologia Cíclica Conforme (CCC).

 

Figura 2 - Geometria Hiperbólica de Escher, “CircleLimit III”, representa o Espaço Anti-De Sitter. Na realidade, nós habitamos um “De Sitter (dS) espaço” de curvatura positiva, que se assemelha à superfície de uma esfera que está se expandindo sem limites. Escher, Maurits (1898-1972) - 1959 Circle Limit III (Woodcut, 5 Blocks) https://www.flickr.com/photos/32357038@N08/4239242298/

 

 

Ou seja, a informação em vez de ser destruída no interior do Buraco Negro, seria acumulada ou armazenada numa superfície bidimensional que de forma semelhante a um holograma projectaria uma imagem de si mesmo em três dimensões, como a figura geométrica dos peixinhos se projectariam de forma infinita na fronteira do horizonte de eventos, como mostra a figura 2.

Ao apresentar apenas duas dimensões o Buraco Negro faz desaparecer o conceito de gravidade, como nos tem sido transmitida, assume a gravidade quântica no espaço granular e, repõe a sua inerente entropia com uma imagem tridimensional. A gravidade que sempre foi tão importante em termos da Relatividade Espacial é trocada pela quantização “granular” do espaço.

Aplicando este conceito a todo o Universo (Leonard Susskind e Gerard't Hooft), este seria um holograma, no qual as informações tridimensionais estão “impressas” em superfícies bidimensionais situadas na esfera imaginária que circunda nosso Universo. Seria como uma “flatland” onde os seus habitantes viveriam sem saber num mundo com apenas duas dimensões. Assim, espantosamente o nosso mundo tridimensional seria apenas uma ilusão, fazendo-nos regressar, de forma muito concreta, à concepção milenar dos Vedas (Maya).

 

Terceiro aforismo: O Princípio da Vibração.

Nada está parado; tudo se move, tudo vibra.

Novamente, este aforismo vem no seguimento de alguns princípios que derivam dos fenómenos apresentados no anterior, confirmando como veremos a intrínseca ligação entre todos.

Um Buraco Negro é por excelência o fenómeno que ilustra bem este aforismo.

Por definição as suas convulsões quânticas que caracterizam o seu estado para além do horizonte de eventos, conduzem-nos à concepção de estados vibracionais intensíssimos, onde a singularidade e os valores infinitesimais que surgem da sua lógica matemática, gerados pelo conflito entre a Relatividade e a Mecânica Quântica, desaparecem, substituídas pelo espaço granular – os átomos do espaço, e pela topologia 2D, como vimos anteriormente.


Figura 3Imagem de um Buraco Negro super massivo no centro da galáxia elíptica super gigante Messier 87. 
Dotado de uma massa de 7 bilhões de vêzes a do Sol, esta imagem foi divulgada pelo Event Horizon Telescope em 10 de Abril de 2019. 
Wikimedia Commons.


Estamos a falar da natureza quântica do espaço, o seu tecido, traduzida no conceito da sua "granularidade" ou como “espuma” e referenciado numa escala terrivelmente diminuta, conhecida como escala de Planck (10-35 metros), representado pelo símbolo Ꙇƿ – o comprimento de Planck.

Então, pela sua natureza, aplica-se ao espaço o Princípio da Incerteza de Heinsenberg (formulado em 1927) onde as flutuações e superposições quânticas criam um “oceano” de ondas vibracionais mesmo perto do zero absoluto. É este espaço que é retorcido pelo Buraco Negro encaminhando sobre si toda a matéria e a própria luz formando um disco de acreação com intensos campos electromagnéticos, correntes de gás ionizado e emissão de raios gama, formando redemoinhos colossais em torno da sua ergoesfera (no modelo simples de Kerr-Schwarzschild). Nem a própria luz escapa, mas no entanto toda a informação, que configura a estrutura da matéria, é guardada na superfície 2D do seu horizonte de eventos, que cresce de acordo com a informação avassalada. Como se cada galáxia, através do seu Buraco Negro central, criasse uma memória das suas origens e do seu fim, necessária á reposição, no fim dum éon manvatárico, a um novo ciclo que dará origem.


Quarto aforismo: O Princípio da Polaridade.

Tudo é duplo; tudo tem dois pólos; tudo tem o seu oposto; o igual e o desigual, são a mesma coisa; os opostos são idênticos em natureza, mas diferentes em grau; os extremos tocam-se; todas as verdades são meias-verdades; todos os paradoxos podem ser reconciliados.

Praticamente todas as galáxias possuem um Buraco Negro central, os designados Núcleos Activos Galácticos, alguns 1000 vezes superiores ao nosso. Deste Buraco Negro Central partem normalmente duas bolhas de gás ionizado, gigantescas direccionadas em sentidos opostos. A nossa galáxia, a Via Láctea, também dá conta da existência de tais estruturas que foram estudadas recentemente pelos astrónomos do telescópio WHAM (Wisconsin H-Alpha Mapper) e pelo Telescópio Hubble, que mediram pela primeira vez estas bolhas calculadas em cerca de 50.000 anos-luz de comprimento. Denominadas Bolhas de Fermi, assemelham-se a uma estrutura tipo ampulheta. Ali residem potentes jactos de gás ionizado conformados por campos magnéticos colossais e emissões de raios X e gama gerados no impacto da radiação cósmica e de partículas com velocidades relativísticas com o gás e dando forma á estrutura bicónica visível em raios X com um globo a norte e outro a sul do plano galáctico.

Esta imensa explosão datada de à 3,76 milhões de anos, que crê-se ter lançado um flash de luz sobre galáxias nossas vizinhas e sobre os nossos próprios céus, ilustra bem a polaridade magnética presente no fenómeno que deverá ter dado origem á ignição de milhares de estrelas agora presentes em aglomerados estelares alojadas perto do núcleo central da nossa galáxia.

Ou seja a destruição avassaladora de matéria pelo Buraco Negro (não da informação subjacente que a enforma ou faz parte dela) é a mesma fonte de criação de novos mundos. Esta duplicidade de carácter oposto, representa um aspecto comum a estes objectos cósmicos cujo horizonte de eventos cresce á custa da matéria que engole e devolve em parte depois de processada e que inclusivamente poderá estabelecer a sua influência na estrutura do halo da tão propalada Matéria Escura que envolve a nossa galáxia.


Figura 4  – Bolhas de Fermi e Núcleo Galáctico Activo (NGA)
Wikimedia Commons

Quinto aforismo: O Princípio do Ritmo.

Tudo tem fluxo e refluxo; tudo tem as suas marés; tudo sobe e desce; tudo se manifesta por oscilações compensadas; a medida do movimento à direita é a medida do movimento à esquerda; o ritmo é a compensação.

O Buraco Negro na sua actividade forma uma vasta zona de choque onde a radiação impacta o meio circundante tal como as regiões de formação estelar criam “ventos” formados pela radiação estelar, modelando as áreas à sua volta em bonitas formações nebulares. As Zonas Moleculares Centrais (ZMC) nos centros galácticos são zonas de formação estelar em que no nosso caso ronda uma produção em cerca de 0.1 M/ano, o que é relativamente modesto se compararmos esta taxa com a galáxia Messier 82 que é 100x maior.

Se adicionarmos a actividade do Buraco Negro no centro da nossa galáxia com a actividade da ZMC, teremos um espaço local muitas vezes expandindo-se para o espaço inter-galáctico, repleto de fluxos e refluxos de plasma, como marés de um vasto oceano, dando evidência a um universo de características electromagnéticas em concorrência com a gravidade.

Por toda a galáxia são comuns as estruturas de plasma tipo toroidais, formações tipo confinamento zeta (Z-Pinch), em camadas de plasma duplas, bi-lobadas, dipolares, dipolos magnéticos, todos derivando de formações electromagnéticas do plasma (considerado o 4º estado da matéria). Para tal é ver as configurações adquiridas por algumas nebulosas planetárias, por remanescentes de Supernovas ou as ejecções de massa coronal do nosso Sol e de outras estrelas (jactos de massa coronal que envolvem o nosso planeta e criam por exemplo os fenómenos pulsáteis das Auroras boreais e austrais).


Figura 5Exemplos de Nebulosas Planetárias e de estruturas de gás na nossa galáxia. Mosaico criado com imagens originais do autor.


Aqui não poderei de deixar de referir a opinião de Helena Blavatsky no Livro Secreto de Dzyan, ao defender a importância de um universo eléctrico contrapondo-o ao gravitacional Newtoniano.

De facto todo o espaço galáctico e inter-galáctico é permeado por correntes eléctricas e campos magnéticos cuja natureza potentíssima modelam e dão ritmo ao meio e aos corpos que nele existem e aos quais os Buracos Negros dão os seu maior contributo. 


Sexto aforismo: o Princípio da Causa e Efeito.

Toda a causa tem seu efeito, todo o efeito tem a sua causa; tudo acontece de acordo com a Lei; o acaso é simplesmente um nome dado a uma Lei não reconhecida; existem muitos planos de causalidade, porém nada escapa à Lei.

Apenas algumas centenas de milhões de anos após o Big Bang, as primeiras estrelas do universo eram imensamente massivas, de tal modo que tinham uma vida muito curta. Com uma metalicidade muito pobre, constituídas maioritariamente à base de hidrogénio e hélio, que consumiam rapidamente, explodiam cedo por tal razão, em potentes Supernovas assimétricas, criando Buracos Negros, e dando origem a estrelas de segunda geração mais pequenas, como o nosso Sol, e que como tal ainda hoje estão presentes.

Destas primeiras estrelas foram criados os primeiros elementos pesados, tais como o carbono, o ferro e o zinco que constituíram as sementes do que viria a seguir-se. Após isso os restantes elementos só surgiriam por reacções da núcleosíntese na segunda geração de estrelas, os elementos necessários à vida, como se tivessem aparentemente surgido de um acaso.

Destas Supernovas gigantescas que originaram Buracos Negros iniciais, formaram-se os futuros Núcleos Galácticos Activos que reionizaram todo o espaço em redor pleno de hidrogénio e hélio, incentivando a formação de novas galáxias.

Simulações em computador acompanhadas por observações astronómicas na área da espectroscopia, mostraram e comprovaram um longo processo de construção do Universo. Estas Supernovas iniciais eram assimétricas em vez de esféricas, projectando potentes jactos de elementos pesados, tais como o zinco, no espaço circundante, espalhando assim as sementes que aglutinariam os elementos necessários ao aparecimento das galáxias, ancoradas em Buracos Negros originados na explosão titânica destas Supernovas, comportando-se como autênticos processadores de informação necessária à evolução das galáxias (ver Relação M-sigma cujo mecanismo foi sugerido por Joseph Silk e Martin Rees em 1998).

Um bom exemplo de uma série de Causa e Efeito, que suporta a origem do Universo e que recusa o acaso, como se a configuração ou o modelo das orbitais atómicas do hidrogénio (o elemento primordial no Universo) se reflectisse, a um outro nível, nas “Bolhas de Fermi”, nos jactos assimétricos das primeiras supernovas e ainda na criação dos primeiros Buracos Negros. Esta ideia vem também de encontro ao segundo princípio inscrito no Caibalion, podendo afirmar que o macrocosmos é o reflexo do microcosmos e vice-versa. Como se uma Lei geral e universal atravessasse todas as coisas.



Figura 6 - Núvem da orbital atómica do hidrogénio e as Bolhas de Fermi. Wikimedia Commons.
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Atomic-orbital-cloud_n3_l2_m0.png
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:XMM-Newton_discovers_galactic_%E2%80%98chimneys%E2%80%99_%E2%80%93_annotated_ESA19306760.jpeg.

Sétimo aforismo: o Princípio do Género.

O Género está em tudo; tudo tem o seu princípio masculino e o seu princípio feminino; o género manifesta-se em todos os planos.

Qual o processo que faz surgir um Buraco Negro?

De um lado temos estrelas supermassivas prenhes de energia (lado feminino) e do outro lado o fenómeno violento do seu colapso (lado masculino). Neste processo estas duas forças opostas, com a sua polaridade de actuação, completam-se ao criar um novo objecto: uma estrela de neutrões proveniente do colapso de uma estrela com massa intermédia ou um Buraco Negro quando a estrela tem uma massa enorme equivalente pelo menos a 3 massas solares.

Hoje é amplamente aceite, por razões observacionais candentes, que o centro de quase todas as galáxias, dispõem de um Buraco Negro mais ou menos super massivo, e não apenas aquelas com núcleos activos. Isto é confirmado pela relação M-sigma, que sugere uma forte ligação entre a formação do buraco negro e a própria galáxia. Logo, mais uma vez, o acto potencial da criação supervisionado pela lei dos dois opostos, em que a falta de um evidencia o outro. Nada pode ser criado sem o equilíbrio desta aliança, um não funciona sem o outro.

Se por um lado o fenómeno implica destruição, pelo outro implica regeneração, tal como o Yin e Yang da filosofia chinesa, energias passivas e activas, negativas e positivas, quanto mais temos de Yin (escuridão, espaço), mais temos de Yang (luz, radiação), potencializando-se um ao outro na criação. O Buraco Negro assim funciona, aumentando a superfície 2D do seu horizonte de eventos (guardando a informação) ao mesmo tempo que aumenta a destruição da matéria 3D.

 

Conclusão

Os sete aforismos do Caibalion podem constituir uma fonte de inspiração e orientação na interpretação da fenomenologia mais material à mais subtil. Cada aforismo é importante “de per si” mas o seu conjunto forma um corpo que dá vida ao inanimado ou revela a alma mais profunda das coisas viventes, como se a soma das partes fosse maior que o todo.

Ao utilizarmos os Buracos Negros para explorar os sete princípios herméticos, tivemos apenas o propósito de confirmar a sua universalidade extensível aos fenómenos mais redutíveis e até agora menos compreendidos do Universo e da sua cosmogénese.

 

Bibliografia

O CAIBALION – Os três iniciados, Estudo da Filosofia Hermética do antigo Egipto e da Grécia, Universalismo, Publicações Maitreya, 2018.

A FUNDAMENTAL RELATION BETWEEN SUPERMASSIVE BLACK HOLES AND THEIR HOST GALAXIES, Ferrarese, The Astrophysical Journal Letters. 539: 9–12.

ÍSIS SEM VÉU, Volume I, Helena P. Blavatsky.

A DOUTRINA SECRETA, Vol. III – Antropogénese, Parte I: A Evolução Cósmica, Sete Estâncias do Livro Secreto de Dzyan, de H. P. Blavastsky

THE KAVLI FOUNDATION — Kelen Tuttle (Winter 2014) - https://www.kavlifoundation.org/science-spotlights/bubbles-center-our-galaxy-key-understanding-dark-matter-and-milky-ways-past#.X_oWPkEfpPY.


Texto em inglês


Black holes seen according to Seven Principles.


Let us begin with the seven aphorisms on Kybalion’s Hermes Trismegistus to learn more about these deep sky objects, that intrigue and consume such vast resources to science.

First Aphorism: Principle of Mentalist.

The Whole is Mind; the Universe is Mental.

We can name two aspects: The first will be based on our intimate relationship with the universe. It is through our mind that passes all phenomenology of existence with which we interact, continuously provoking its collapse, according to Quantic Physics, pointing that the material world is created by conscience.

The second aspect will arise in the conception of the always transmitted Vedic Philosophy. When reporting to the most ancient philosophy, that everything that exists was ideated, firstly, by the Mind of the One, the Great Architect, the Absolute, the Germen in the Root, the Logos, reflected in the archetypes explained by Plato, as if reality were only His footprint or His signature.

In this last aspect lies a large body of opinions that current lay by Science’s side, supporting some of the mathematic models, defending that the universe is Consciousness. In this field, conceptually materialistic, is the Integrated Information Theory (IIT) of Giulio Tononi (2004 and 2014), emoted on the Phi symbol (φ).  It argues axiomatically that the whole is not the mere sum of the parts, allowing later, to be compared mathematically by other theories, the organizational structure of our brain with the recent discovery of the filamentary structure of the Universe, the Laniakea, that is composed by more than 100.000 galaxies, including the Milky Way and the Agglomerate of the Virgin, with a diameter of, approximately, 520 million of light-years.   

The Panpsychism, in a certain way, applies this idea that all nature and its evolutionist’s aspects thru this more recent Holo-morphogenetic theory, initiated by Rupert Sheldrake.

Second Aphorism: Principle of Correspondence.

What is on top is like what is down, and what is down is like what is on top.

The previous comment could perfectly continue in this second aphorism, when comparing the brain neurological system with the organization and distribution of the galaxies in the Universe. This would lead to the existence of a fractal structure that from “high to low” somehow reproduced a pattern common to all nature. 

Here we could insert the Spatial Topology De Sitter in the representation of the event horizon structure of a Black Hole and, in a similar way to conceive the structure of the universe under topology K=1 with the same pattern and in line with Roger Penrose’s Theory of Cosmology Cyclic Conform (CCC).

That is, the information instead of being destroyed inside the Black Hole would be accumulated or stored on a two-dimensional surface that similarly to a hologram would project an image of itself in three dimensions, such as the geometric figure of the minnows would project endlessly on the boundary of the event horizon, as shown in figure 2. 

By presenting only two dimensions the Black Hole makes disappear the concept of gravity, as it has been transmitted to us, it assumes quantum gravity in the granular space and, repost its inherent entropy with a tridimensional image. Gravity which has always been so important to the Spatial Relativity is changed with the quantification “granular” of space.

Applying this concept to the entire Universe (Leonard Susskind and Gerard’t Hooft), this would be a hologram, in which tridimensional information are “printed” on two-dimensional surfaces situated in the imaginary sphere that surrounds our Universe. It would be like a “flat land” where its inhabitants, without knowing, would be living in a world with just two dimensions. That said, amazingly our tridimensional world would be just an illusion, making us come back, in a very concrete way, to the Vedas (Mayas) millenary conception.   

 

Third Aphorism: Vibration Principle.

Nothing is still; everything moves; everything vibrates.

Again, this aphorism follows some principles that derive from the phenomena presented in the previous one, confirming how we will see the intrinsic connection between all.

A Black Hole is, for excellence, the phenomenon that best illustrates this aphorism.

Per definition, its quantum convulsions that characterize their state beyond the event horizon, lead us to the design of very interesting vibrational states, where the uniqueness and infinitesimal values appear from the mathematical logic, created in the conflict between Relativity and Quantum Mechanics, disappear, substituted by the concept of granular space – the space’s atoms, and by the 2D typology, as we have seen.

 We are talking of space’s quantum nature, its tissue, translated on the concept of its “granularity” or “sponge” and referenced on a terribly small scale, known as the Plank scale (10-35 meters), represented by the symbol Ꙇƿ – the Planck length.

 

So, by its nature, applies to space the Uncertainty Principle of Heisenberg (built in 1927) where the fluctuations and quantum superposition’s create an ocean of vibrational waves even close to absolute zero. It is this space that is twisted into the Black Hole forwarding over all mater and light itself, forming a disc of accretion, with intense electromagnetic camps, ionized gas flows and Gama rays’ emissions, forming colossal mill nets round your sphere ergo (in the simple model of Kerr-Schwarzschild). Neither light itself escapes, but nevertheless all information, that configure the mater structure, it is saved on the 2D surface of its horizon of events, that grows according to the intake information. As if each galaxy, through its central Black Hole, created a memory of its origins and its purpose, necessary for the replacement, at the end of a manvantara eon, to a new cycle.        

 

Fourth Aphorism: Polarity Principle.

Everything is double; everything has two poles; everything has its opposite; the equal and the unequal are the same thing; opposites are identical in nature, but different in degree; the extremes touch; all truths are half-truths’; all paradoxes can be reconciled.

Virtually all galaxies have a Central Black Hole, the so-called Galactic Active Nuclei, and some 1000 times larger than ours. From this Central Black Hole, normally, depart two gigantic bubbles of ionized gas that take opposite directions. Our galaxy, the Milky Way, also gives account of the existence of this structure that has recently been studied by telescope astronomers WHAM (Wisconsin H-Alpha Mapper) and by the Hubble telescope, that measured, for the first time, these bubbles calculated at about 50.000 light-years long. Called Fermi Bubbles, they equal to a structure like hourglass. There reside the powerful ionized gas jets formed by colossal magnetic fields and X-ray and gamma emissions generated in the impact of cosmic radiation and particles with relativistic speeds with gas and giving shape to the visible biconical structure in X-rays with a globe on north and another on south of the galactic plain.

This enormous explosion, dated of 3.76 million years, believed having launched a flash of light over our neighborhood galaxies and our own skies, shows well the magnetic polarity present in the phenomenon that might have originated the ignition of millions of stars now present in stellar agglomerates placed near our galaxy core.

That is, the overwhelming destruction of matter by the Black Hole (not the underlying information that is part of it) is the same source of creation of new worlds. This duplicity of opposite character represents an aspect common to these cosmic objects whose horizon of events grows at the expense of the matter that swallows and returns in part after being processed and which may even establish its influence on the structure of the halo of the so-called Dark Matter that surrounds our galaxy.

Fifth aphorism: Principle of Rhythm.

Everything has flow and reflux; all themes its tides; everything goes up and down; everything is manifested by compensated oscillations; the measure of the movement on the right is the measure of the movement on the left; rhythm is compensation.

The Black Hole in its activity forms a vast shock zone where radiation impacts the surrounding environment just as star-forming regions create "winds" formed by stellar radiation, modeling the areas around it in beautiful haze formations. The Central Molecular Zones (CMZ) in galactic centers are star formation zones where, in our case, it is around a production of about 0.1 M/year, which is relatively modest if we compare this rate with the galaxy Messier 82 which is 100x larger.

If we add black hole activity to the center of our galaxy with The ZMC's activity, we will have a local space often expanding into intergalactic space, filled with plasma flows and ebbs, like tides from a vast ocean, giving evidence to a universe of electromagnetic characteristics without competition with gravity.

Throughout the galaxy are common toroidal plasma structures, zeta confinement formations (Z-Pinch), in layers of double plasma, bi-lobed, dipolar, magnetic dipoles, all derived from electromagnetic formations of plasma (considered the 4th state of matter). To this end is to see the configurations acquired by some planetary nebulae, by remnants of supernovae’s or the coronal mass ejections of our Sun and other stars (coronal mass jets that involve our planet and create for example the pulsate phenomena of the Boisterous and Southern Auroras).

Here I cannot fail to mention Helena Blavatsky's opinion in the Secret Book of Dzyan, in defending the importance of an electrical universe opposing Newtonian gravitational.

In fact, all galactic and intergalactic space is permeated by electric currents and magnetic fields whose potent nature shapes and rhythms to the environment and the bodies that exist in it and to which black holes make their greatest contribution.

Sixth aphorism: Principle of Cause and Effect.

The whole cause has its effect, the whole effect has its cause; everything happens according to the Law; chance is simply a name given to an unrecognized law; there are many causality plans, but nothing escapes the law.

Just a few hundred million years after Big Bang, the first stars in the universe were immensely massive, such that they had a very short life. Common very poor metallicity, consisting mostly of hydrogen and helium, which consumed rapidly, exploded early for this reason, in powerful super new asymmetric, creating Black Holes, and giving rise to smaller second generation stars, such as our Sun, and which as such are still present today.

From these first stars were created the first heavy elements, such as carbon, iron and zinc that constituted the seeds of what would follow. After that the remaining elements would only arise by reactions of the synthesis core in the second generation of stars, the elements necessary for life, as if they had apparently arisen from chance.

From these gigantic supernovaes that originated the early Black Holes, the future Active Galactic Nuclei were formed reonizing all hydrogen and helium in the space around, encouraging the formation of new galaxies.

Computer simulations accompanied by astronomical observations in spectroscopy showed and proved a long process of universe construction. These initials supernovaes were asymmetric instead of spherical, projecting powerful jets of heavy elements, such as zinc, into the surrounding space, thus spreading the seeds that would agglutinate elements necessary for the appearance of galaxies, anchored without Black Holes originated in the titanic explosion of these supernovaes, behaving like authentic processors of information necessary for the evolution of galaxies (see M-sigma relationship whose mechanism was suggested by Joseph Silk and Martin Rees in 1998).

A good example of a series of Cause and Effect, which supports the origin of the Universe and which refuses chance, as if the configuration or model of the atomic orbits of hydrogen (the primordial element in the Universe) was reflected, at another level, in the "Fermi Bubbles", in the asymmetric jets of the first supernovae and also in the creation of the first Black Holes. This idea also goes against the second principle inscribed in Kybalion, and can affirm that the macro cosmos is the reflection of the microcosm and vice versa. As if a general and universal law went through all things.

Seventh aphorism: Gender Principle.

Gender is in everything; we all have a masculine principle and its feminine principle; gender manifests itself in all plans.

What is the process that causes a Black Hole to emerge?

On one side we have super massive stars with energy (female side) and on the other side the violent phenomenon of their collapse (male side). In this process these two opposing forces, with their polarity of action, are completed by creating a new object: a neutron star from the collapse of a star with intermediate mass or a Black Hole when the star has a huge mass equivalent to at least 3 solar masses.

Today it is widely accepted, for important observational reasons, that the centers of almost all galaxies have a more or less supermassive Black Hole, and not just those with active nuclei. This is confirmed by the M-sigma relationship, which suggests a strong link between the formation of the black hole and the galaxy itself. Therefore, once again, the potential act of creation supervised by the law of the two opposites, in which the lack of one, evidence the other. Nothing can be created without the balance of this alliance; one does not work without the other.

If on the one hand the phenomenon implies destruction, on the other implies regeneration, such as the Yin and Yang of Chinese philosophy, passive and active energies, negative and positive, the more we have of Yin (darkness, space), the more we have of Yang (light, radiation), potentiating each other in creation. The Black Hole works like this by increasing the 2D surface of its event horizon (guarding formation) while increasing the destruction of 3D matter.

Conclusion

The seven aphorisms of Kybalion can be a source of inspiration and guidance in the interpretation of the most subtle material phenomenology. Each aphorism is important "per se" but its whole form a body that gives life to the inanimate or reveals the deepest soul of living things, as if the sum of the parts were greater than the whole.

Exploring Black Holes through the seven hermetic principles, we were only intended to confirm their universality, extensible to the most reducible phenomenon, and so far less understood phenomena of the Universe like its cosmogenesis.

 

Bibliography

O CAIBALION – Os três iniciados, Estudo da Filosofia Hermética do antigo Egipto e da Grécia, Universalismo, Publicações Maitreya, 2018

A FUNDAMENTAL RELATION BETWEEN SUPERMASSIVE BLACK HOLES AND THEIR HOST GALAXIES, Ferrarese, The Astrophysical Journal Letters. 539: 9–12. 

ISIS SEM VÉU, Volume I, Helena P. Blavatsky.

A DOUTRINA SECRETA, Vol. III – Antropogénese, Parte I: A Evolução Cósmica, Sete Estâncias do Livro Secreto de Dzyan, de H. P. Blavastsky

THE KAVLI FOUNDATION — Kelen Tuttle (Winter 2014) - https://www.kavlifoundation.org/science-spotlights/bubbles-center-our-galaxy-key-understanding-dark-matter-and-milky-ways-past#.X_oWPkEfpPY


O Demónio de Maxwell

  James Clerk Maxwell (1831 – 1879) foi um dos maiores físicos possuidor de uma criatividade inigualável que até hoje a humanidade conheceu....