Se o tempo é informacional
e quantizado, então também pode ser modulado por estados de consciência, como
poderia ser o caso reflexo da presença cognitiva de processos intencionais, da memória,
ou de antecipação, etc. Poderia ainda estar entrelaçado com estruturas biológicas
cognitivas internas como aquelas desempenhadas pelos microtúbulos no modelo
Orch-OR de Stuart Hameroff e Roger Penrose, do qual abordaremos mais adiante.
Também, encarado como um grau de liberdade emergente da coerência
consciencial, poderia reforçar a ideia de ser passível de modelação, reforçando
a visão da Consciência como um dos campos quânticos fundamentais do Universo,
porque no Modelo TIF, os constituintes fundamentais do Universo são tripletos de spins (qutrits lógicos)
organizados numa rede fibrada informacional TIF,
onde o espaço-tempo emerge como geometria relacional induzida por padrões de coerência
entre os tripletos.
A eventual comprovação
de que o tempo é de natureza quântica — ou seja, que pode estar em superposição,
entrelaçamento ou indefinição causal — validaria directamente os
princípios centrais do modelo TIF. São eles:
 - A informação quântica é a base da Realidade;
- O tempo é um modo emergente e relacional;
- A codificação em tripletos de spin é feita em coerência de fase;
- E o espaço-tempo é uma emergência lógica
     de uma rede fibrada.
O tempo, observado em superposição quântica, não poderia
ser uma variável clássica universal, mas uma propriedade
interna e relacional daquela teia, associado à fase
informacional acumulada em cada tripleto e que poderíamos
representar em notação simbólica pela relação:
onde ϕj(τ) representa a evolução
de fase associada ao tempo interno τ dos
respectivos tripletos. Então podemos descrever formalmente o tempo emergente
como uma fibra
informacional associada a cada ponto da base Σ, onde Σ representa
o domínio pré-geométrico (estrutura fundamental da teia):
com
FTIF sendo
o espaço total contendo os graus de liberdade temporais (fibras de fase e
coerência) e π representando a projecção que associa a cada tripleto (ou nodo
da teia) o seu "tempo local" emergente. Deste modo, as conexões entre
fibras determinam a estrutura causal relacional da realidade.
Assim, o
tempo deixa de ser uma coordenada absoluta newtoniana e torna-se um modo de organização
da informação quântica, também em sintonia com a ideia de um
universo "relacional" e "auto-organizado".
Como tal, e partindo destes pressupostos, o Modelo TIF avança
previsões específicas que poderíamos consubstanciar deste modo:
·       
A gravidade resultaria da perturbação da coerência
entre fibras temporais ou seja por uma espécie de decoerência
ambiental;
·       
O tempo global emerge como fase colectiva dos
tripletos mais coerentes (talvez correlacionado à experiência de fluxo);
·       
A possibilidade de experimentação delineada de tal forma que
testasse a superposição
temporal via gravidade ou entrelaçamento, e que confirmaria a
estrutura fibrada do tempo.
Em conclusão,
a observação de superposição temporal seria uma confirmação empírica do Modelo TIF, que , revendo os seus princípios fundamentais, sustenta que o
tempo:
·       
É quântico, informacional e emergente;
·       
Está fibrado sobre um domínio lógico mais profundo;
·       
Emerge de relações de fase e coerência entre os
constituintes fundamentais da realidade – os tripletos de spins.
Esta visão, integra de forma unificada, gravidade
einsteiniana, geometria topológica e as bases da Consciência,
que nos seres vivos se revela em Qualia.
Para além do mais, a ideia de tempo como
fibra quântica informacional abre espaço teórico para explicar
experiências cognitivas como premonição, sincronicidade e acausalidade psíquica,
como formuladas por Carl Gustav Jung e seus colaboradores
(notavelmente Wolfgang Pauli).
"Na
física moderna, o conceito de causalidade perdeu seu valor absoluto."
— W. Pauli, in The Interpretation of Nature and the
Psyche, 1955 
Neste quadro, o
tempo sendo não-linear, fibrado e relacional, como vimos, não é uma seta de
sentido único e contínua, porque surge da coerência
entre estados informacionais locais, podendo estar
em superposição ou entrelaçado com outras variáveis. Existindo como uma fibra
associada a cada nodo informacional, explicaria as variações
locais do fluxo do tempo, como também as múltiplas trajectórias temporais
compatíveis (a velha questão do livre arbítrio)
e a emergência de direccionalidade subjectiva (a
experiência de tempo). Por hipótese, permitiria que certos estados de consciência acedessem a estruturas
temporais não-lineares, nas quais eventos futuros já estão latentes ou
virtualmente codificados. 
Aqui podemos considerar o caso da premonição como um fenómeno de leitura
transversal da teia com acesso a ressonâncias informacionais na sua
própria estrutura onde certos padrões de spin/fase
futuros já estão codificados no tecido lógico e em que a mente, num
estado expandido (e.g., sonho, meditação), entra em sincronia com estados
informacionais que ainda não se manifestaram fisicamente.
Em forma de notação simbólica poderia ser descrito como:
 

Onde, é o propagador
informacional da TIF, e
 é o propagador
informacional da TIF, e  é um padrão informacional futuro,
de modo que a projecção tem valor não-nulo, indicando correlação virtual
acausal com o presente.
é um padrão informacional futuro,
de modo que a projecção tem valor não-nulo, indicando correlação virtual
acausal com o presente.
A premonição pode ser
interpretada, neste quadro, como a ressonância consciente com estados
informacionais futuros ainda não manifestos no tempo clássico. Um estado de
coerência do sistema neuroinformacional (por exemplo, em sonhos, estados
meditativos ou intuições profundas) pode estabelecer acoplamentos com ramos
possíveis da teia TIF, permitindo o acesso subjectivo a informação "ainda
não ocorrida" no plano espaço-temporal. A formulação matemática deste
processo exige a introdução de operadores temporais em superposição, assim
definidos:
 
onde ∣ti⟩ são os modos temporais
coerentes no espaço de Hilbert informacional, com coeficientes complexos ci
determinados pela configuração do sistema consciente.
Carl Jung definia
sincronicidade como “A ocorrência simultânea de dois eventos ligados não por
causalidade, mas por significado.”, Jung, C. G.
(1973).
Ora com o Modelo TIF,
dois eventos espacialmente separados podem estar entrelaçados a
partir de um estado lógico comum da teia, sendo coerentes
informacionalmente, ainda que não ligados causalmente, o que permite
descrever tal estrutura como entrelaçamento temporal não local, ou uma
espécie de loop topológico no fibrado temporal. Iremos rever este
assunto mais adiante, a propósito de taquiões superlumínicos.
Permite pensar a
realidade como uma estrutura informacional pré-espaciotemporal,
semelhante ao que Jung e Pauli chamavam de “Unus Mundus” — uma realidade
subjacente onde matéria e psique são inseparáveis. Este domínio, pré-espaçotemporal e fibrado, permite que diferentes
"instantes" temporais coexistam como modos ressonantes de uma
estrutura holoinformacional (a visão de Bohm). A consciência, ao interagir com
essa estrutura, pode aceder — em certos estados — a regiões ainda não
colapsadas da malha temporal clássica.
Assim, os arquétipos
seriam padrões topológicos recorrentes na teia de tripletos e a acausalidade
seria permitida porque a dinâmica não dependeria apenas do tempo local,
mas da estrutura global da teia. Ou seja, eventos “acausais” são
manifestações coerentes em regiões distintas da rede. A acausalidade e o campo arquétipo-informacional seriam a normalidade
fenoménica nesta dimensão quântica qutritica.
O tempo fibrado no modelo TIF não é linear nem
universal, mas emerge da organização dos estados de spin informacional. Assim, a própria noção de “antes” e “depois”
pode depender do caminho seguido pela Consciência na teia – o designado
livre-arbítrio. Esta perspectiva aproxima-se de interpretações relacionais do
tempo na gravidade quântica (Rovelli, 2021) e permite explicar acausalidades
aparentes como manifestações de uma coerência lógica superior da realidade.
O conceito de sincronicidade, como defendido por
Carl Gustav Jung, refere-se à ocorrência simultânea de eventos significativos
sem relação causal. No modelo TIF, tais eventos podem ser vistos como colapsos
coerentes de domínios informacionais entrelaçados. A ausência de causalidade
local é substituída por uma causalidade informacional global, embutida na
topologia da TIF.
Podemos descrever a sincronicidade como um fenómeno
de fase coerente entre estados de informação assim distribuídos:
 

onde a correlação αij representa uma
conexão no espaço dos estados informacionais, sem necessidade de interacção
causal no espaço-tempo fenoménico.
Tais noções encontram pontos de vista aproximados
nas abordagens cognitivas que ligam consciência, informação e tempo — como em
Jung, Pauli, Bohm e Faggin — e apontam para uma integração entre física
fundamental, neurociência e fenomenologia da consciência.
Não poderíamos deixar de referir, e ainda no
contexto do modelo da Teia Informacional Fibrada, que a conectividade
fundamental do Universo não se apoia na transmissão de sinais por partículas
mediadoras no espaço-tempo clássico, mas na coesão topológica e lógica entre
tripletos de spin. A estrutura abre a
possibilidade de reinterpretar, ou melhor substituir, entidades hipotéticas
como os taquiões — tradicionalmente associadas à propagação superluminal — como
sendo afinal expressões de um emaranhamento informacional subjacente, sem
necessidade de violar a causalidade relativística.
Historicamente, os taquiões foram introduzidos
para representar “partículas” com massa imaginária (𝑚2 < 0), implicando
velocidades superiores à da luz e, consequentemente, efeitos de
retrocausalidade (Feinberg, 1967). No entanto, tais entidades introduzem
conflitos com a estrutura dos Cones de Luz e não possuem confirmação empírica.
Em contrapartida, a não-localidade quântica comprovada experimentalmente —
especialmente através do emaranhamento de estados — fornece um meio de
correlação entre eventos espacialmente separados que não envolve transmissão de
energia ou sinal físico, e que é consistente com a Relatividade Geral, se
interpretado correctamente (Aspect, Dalibard & Roger, 1982; Hensen et al.,
2015).
No Modelo TIF, cada tripleto de spins é interpretado como um qutrit
lógico vivendo no espaço de Hilbert , em que os graus de liberdade de emaranhamento entre tripletos formam
uma teia de coerência quântica sobre uma base fibrada (Porto, J. 2025). Essa
teia não depende, como vimos, da métrica espaciotemporal, mas da topologia da
conectividade informacional, representada por fibrados de spinor e estruturas
de entrelaçamento coerente.
, em que os graus de liberdade de emaranhamento entre tripletos formam
uma teia de coerência quântica sobre uma base fibrada (Porto, J. 2025). Essa
teia não depende, como vimos, da métrica espaciotemporal, mas da topologia da
conectividade informacional, representada por fibrados de spinor e estruturas
de entrelaçamento coerente.
Consequentemente, os efeitos normalmente
atribuídos à presença de taquiões — como influências instantâneas, comunicação
não local ou retrocausalidade — são transformados em ressonâncias
informacionais entre regiões da TIF, nas quais os estados dos tripletos estão
fortemente emaranhados em uma base de informação fundamental holográfica, em
que cada “parte” conhece o todo. Assim, a existência efectiva de taquiões é eliminada
e substituída por uma geometria informacional coerente que preserva também a
causalidade estatística do mundo físico.
Formalmente, podemos dizer que no Modelo TIF a conectividade taquiónica
implica emaranhamento informacional, ou seja:
 
onde  representa a ausência de deslocamento causal no espaço-tempo, mas
representa a ausência de deslocamento causal no espaço-tempo, mas  reflecte as mudanças coerentes no estado informacional global da teia.
reflecte as mudanças coerentes no estado informacional global da teia.
Esta reformulação contribui para uma visão
unificada, em que a não localidade observada em diversos experimentos quânticos
— como os de Bell, Leggett ou teoremas do tipo PBR — não necessita de
partículas superluminais, mas emerge como uma característica natural da
topologia do emaranhamento dos tripletos (Pusey, Barrett & Rudolph, 2012;
Aharonov et al., 2010). Nesse cenário, a causalidade deixa de ser uma restrição
mecânica local e passa a ser uma propriedade estatística emergente da
organização informacional do Universo.
Entretanto um artigo recente, sob o título “Covariant
Quantum Field Theory of Tachyons”
(Dragan et al., 2024), oferecia uma tentativa de formalismo inovador para lidar
com campos taquiónicos por meio de uma expansão do espaço de Hilbert e da
introdução de uma simetria temporal intrínseca. Neste contexto, tornava-se
pertinente investigar como esta nova abordagem podia ser compreendida à luz do
modelo da Teia Informacional Fibrada (TIF). 
Como já referimos anteriormente, o Modelo TIF
postula que a realidade é fundamentada numa rede de tripletos de spins acoplados informacionalmente
formando qutrits lógicos. A dinâmica global desta teia é descrita por
operadores unitários que codificam transformações informacionais internas,
permitindo que o tempo e a causalidade surjam como propriedades emergentes da
coerência topológica da rede. De forma natural, essa coerência pode manifestar-se
sem uma orientação temporal privilegiada, reflectindo uma reversibilidade
fundamental da estrutura fibrada.
Porém, na teoria covariante de taquiões, os autores
introduzem um formalismo baseado em um espaço de Hilbert duplicado  em que cada estado quântico é representado por um
par
em que cada estado quântico é representado por um
par  . Esta representação estende o formalismo de vectores
de dois estados de Aharonov et al., permitindo uma descrição covariante da
dinâmica onde não há distinção ontológica entre passado e futuro. Combinada a
uma duplicação do Cone de Luz (com a introdução de observadores tipo I e tipo
II), essa abordagem viabiliza uma interpretação retrocausal, na qual as
condições futuras contribuem para a configuração actual do sistema.
. Esta representação estende o formalismo de vectores
de dois estados de Aharonov et al., permitindo uma descrição covariante da
dinâmica onde não há distinção ontológica entre passado e futuro. Combinada a
uma duplicação do Cone de Luz (com a introdução de observadores tipo I e tipo
II), essa abordagem viabiliza uma interpretação retrocausal, na qual as
condições futuras contribuem para a configuração actual do sistema.Assim, a retrocausalidade implícita no formalismo
taquiónico acaba por encontrar um análogo natural como no Modelo TIF, onde as
interacções informacionais entre os tripletos de spin podem sustentar coerências não-locais atemporais. A dinâmica
da TIF é descrita por um operador unitário global

onde o tempo t
não é absoluto, mas um parâmetro emergente associado a transformações coerentes
da rede. O surgimento do tempo como relação entre padrões informacionais permite
que as diferentes regiões da teia sejam correlacionadas causalmente sem
necessidade de uma direcção temporal fixa. Isto estabelece uma base ontológica
também em consonância com a interpretação retrocausal dos estados taquiónicos.
Assim, a teoria covariante dos taquiões de Dragan
et al. pode ser vista como a expressão fenomenológica emergente no modelo TIF,
no qual a reversibilidade causal e a duplicação do espaço de Hilbert reflectem
a simetria fundamental da teia informacional. A estrutura dos Cones de Luz
invertidos pode ser reinterpretada como projecções diferenciais da topologia
fibrada da TIF, em que diferentes observadores acessam diferentes secções
locais da mesma teia não-local e atemporal. Esta perspectiva integrativa sugere
que a causalidade quântica, longe de ser unidireccional, é uma manifestação
contextual da geometria informacional subjacente à realidade.
De forma simplificada podemos então estabelecer
os fundamentos comparativos entre o Modelo TIF e a Teoria Covariante de
Taquiões pelo quadro seguinte:
 
  | Aspecto | TIF  (Teia Informacional
  Fibrada) | Teoria Covariante de
  Taquiões (Dragan et al.) | 
 
  |   Pré-espaçotemporal | Fibrado de qutrits / tripletos de spin
  que gera espaço-tempo emergente | Campo taquiónico definido fora do cone de luz, com simetria temporal | 
 
  |   Estrutura causal | Causalidade informacional reversível, codificada na geometria do fibrado | Dois cones de luz e simetria  T → −T, com retrocausalidade | 
 
  | Simetria temporal | Reversibilidade intrínseca no acoplamento dos qutrits | Simetria covariante entre passado e futuro (TSVF) | 
 
  |   Codificação física | Spins e os seus
  entrelaçamentos determinam a lógica e o tempo locais | Campos com modos positivos e negativos em H1⊗H2 | 
 
  |   Observadores | Emergência da experiência consciente a partir do entrelaçamento informacional | Observadores tipo I e II com tempos opostos | 
Em conclusão:
O Modelo TIF fornece
uma estrutura ontológica que:
 - Reinterpreta o tempo como uma fibra quântica e informacional;
- Permite não linearidade temporal, entrelaçamento
     causal, e ressonância simbólica;
- Permite obviar à formulação complexa da existência
     de “partículas” superlumínicas, como os taquiões;
- Fornece ainda um fundamento físico-matemático
     para fenómenos psíquicos como premonição, sincronicidade e
     acausalidadel.
Assim, o nosso
modelo para além de ser uma ponte entre a ciência física quântica e a psicologia,
oferecendo uma linguagem unificadora para a consciência, o tempo e a Realidade,
fá-lo em bases que também não contradizem a Mecânica Quântica nem a
Relatividade.
 
Uma Questão Ontológica para a Função e o
Colapso de Onda
A questão da ontologia da função de onda tem sido central nos debates sobre
a interpretação da mecânica quântica. O teorema proposto por Pusey, Barrett e
Rudolph (2012), já anteriormente referido e conhecido como teorema PBR,
apresenta um argumento forte em favor da interpretação ontológica da função de
onda, isto é, de que ela representa um estado físico real e não meramente um
estado de conhecimento sobre o sistema. O teorema demonstra que, sob hipóteses
razoáveis como a preparação independente de sistemas quânticos, diferentes
funções de onda devem corresponder a diferentes estados físicos reais. Esta
conclusão exclui as interpretações puramente epistemológicas da função de onda
e sustenta modelos onde esta tem existência objectiva. 
Tal visão é coerente com as abordagens do modelo da Teia Informacional
Fibrada (TIF), no qual a função de onda emerge como projecção de uma estrutura
informacional ontológica mais profunda. Ainda, essa perspectiva é compatível
com interpretações que associam o colapso da função de onda à consciência, como
a proposta Orch-OR (Hameroff & Penrose, 2014), onde o colapso seria um
processo físico real ligado à gravidade quântica e mediado por estruturas como
os microtúbulos. Uma proposta teórica, já formalmente tratada no nosso trabalho
intitulado “Para uma biologia
Informacional”, (Porto, J. 2025), assume que a função de onda quântica (Ψ),
representando o estado físico de um sistema, possui um estatuto ontológico — ou
seja, não é meramente uma ferramenta epistémica para previsão de
probabilidades, mas uma entidade real com existência no domínio
espaço-temporal. Este ponto de vista aproxima-se do realismo ontológico
defendido por autores como Ghirardi, Bohm e Penrose (Penrose, 1996), e diverge
de interpretações puramente bayesianas ou da escola tradicional de Copenhaga. 
A consciência desempenha agora um papel fundamental, ao ser considerada a
instância que efectua o colapso da função de onda, não por um processo
arbitrário ou exterior, mas por meio de um mecanismo físico concreto, tratada
pela teoria Orchestrated Objective Reduction (Orch-OR) de Penrose (Penrose,
1996) e Hameroff (Hameroff, 2014). Ali propõe-se que o colapso da superposição
ocorre de forma objectiva e espontânea quando a diferença gravitacional entre
estados supera um limiar, e que tal colapso pode ser “orquestrado” por
estruturas biológicas específicas no cérebro através das estruturas
microtubulares, que no nosso trabalho já referido, funcionariam como autênticas
antenas receptoras.
No modelo da Teia Informacional Fibrada, a Consciência está associada a um
domínio pré-espaciotemporal que interage com o espaço-tempo através do colapso
quântico. A função de onda ontológica Ψ encontra-se fibrada sobre este domínio
informacional, e a Consciência actua como operador lógico de selecção
ontológica, convertendo superposições potenciais em eventos determinados no
espaço-tempo.
Os microtúbulos, componentes do citoesqueleto neuronal, são considerados por
Hameroff e Penrose (Penrose, 1996) (Hameroff & Penrose (Penrose, 1996),
2014) como possíveis substratos para a “computação” quântica no cérebro. 
No contexto da TIF, cada dímero de tubulina pode ser interpretado como um
sítio de codificação replicada da base qutrit (três estados lógicos possíveis),
formando cadeias coerentes de informação ao longo da rede microtubular (Porto,
J., 2025).
Formalmente, podemos considerar que a rede de microtúbulos realiza uma
fibragem lógica sobre a base biológica neuronal, onde cada estado de tubulina
|A⟩, |B⟩, |C⟩ mapeia-se num qutrit lógico {0,1,2}
codificado naquela teia. A acção da Consciência, no acto do colapso, selecciona
coerentemente configurações de informação que se tornam estados conscientes —
ou qualia — experienciados pelo sujeito.
Esta rede não é apenas informacional, mas também temporal: os estados de
coerência nos microtúbulos propagam-se em modos oscilatórios que sincronizam
múltiplas regiões do cérebro que no Modelo TIF correspondem a fibras de
informação coerente que atravessam a base do espaço-tempo local.
Assim, estudos conduzidos por Anirban Bandyopadhyay (Bandyopadhyay, Das, &
Sahu, 2013) (NIMS, Japão) têm demonstrado a existência de oscilações coerentes
nos microtúbulos, na faixa dos terahertz (THz), utilizando espectroscopia de
impedância e técnicas ópticas de femtosegundo. Essas oscilações sugerem que os
microtúbulos possuem modos ressonantes compatíveis com dinâmicas quânticas estáveis.
Em paralelo, Mathew Craddock (Craddock et al., 2012) e colaboradores propuseram
modelos computacionais em que tais modos oscilatórios podem sustentar coerência
quântica durante tempos suficientes para que processos como Orch-OR ocorram de forma
biologicamente viável. Estas investigações sugerem-nos que a função de onda
pode colapsar em pontos específicos da rede microtubular, pontos
correlacionados com eventos conscientes localizados.
Estas evidências reforçam a hipótese de que a Consciência está acoplada a
processos ontologicamente reais numa base da realidade física, e que o Modelo
TIF pode servir como estrutura formal para descrever esse acoplamento entre a
dinâmica quântica e o espaço-tempo emergente.
 
Epílogo - O
Graal da Existência e a Teia Invisível da Realidade
À medida que os caminhos da física e da Consciência se entrelaçam cada vez
mais, emerge uma paisagem ontológica onde as noções clássicas de causalidade,
tempo linear e separação entre mente e matéria mostram-se insuficientes. O
presente trabalho aventurou-se por essa fronteira, onde a superposição temporal
dos relógios quânticos, os teoremas de realidade como o PBR, e os princípios de
segurança quântica como o QKD, apoiam a ideia de uma trama informacional
pré-espaçotemporal — a Teia Informacional Fibrada (TIF) — cujos modos
vibracionais e padrões entrelaçados parecem revelar os arquétipos da psique e a
estrutura do Cosmos. 
Neste limiar, a sincronicidade, tal como formulada por Carl Jung, surge não
apenas como curiosidade fenomenológica ou conceito psicológico, mas como um
possível princípio ontológico complementar à causalidade, reflectindo uma ordem
acausal baseada em significados, e não apenas em forças. Wolfgang Pauli, com a sua
sensibilidade quântica e filosófica, viu neste princípio um paralelo com o
entrelaçamento e os fenómenos não-locais da mecânica quântica. Para ambos,
sincronicidade e entrelaçamento poderiam apontar para uma dimensão intermediária, onde sujeito e
objecto, consciência e mundo, são espelhados.
A TIF — concebida como um tecido de tripletos de spin logicamente entrelaçados — oferece um modelo em que estas
intuições podem ser formalizadas. Cada tripleto codifica não apenas informação
quântica, mas também uma orientação dentro de um espaço fibrado, cujas conexões
podem ser vistas como os caminhos simbólicos e ressonantes que ligam eventos
separados no tempo e no espaço, mas unidos por uma ordem mais profunda.
É nesse sentido que surge uma visão ampliada da realidade, onde a própria
estrutura do espaço-tempo, os modos de percepção consciente e os princípios
informacionais da Física (a axiomatização da Física: o it from bit) formam um
contínuo. Aqui, o Graal da existência humana talvez não seja um objecto
escondido em algum ponto do espaço-tempo, mas sim a realização de uma nova
percepção, capaz de integrar as dimensões do Ser, do Saber e do Sentir numa
mesma matriz informacional. O conhecimento que buscamos do universo é, ao mesmo
tempo, o conhecimento do próprio espelho em que nos reconhecemos como
co-participantes de uma Realidade consciente. Este modelo — ainda em construção
— apoiado na ideia de que informação e as suas transformações são mais
fundamentais que espaço, tempo ou partículas, (Deutsch, D., & Marletto, C.,
2021)(1), pode inspirar
novas aproximações entre ciência e Consciência, entre o visível e o oculto,
entre o tempo e aquilo que o transcende. Porque talvez, no final, a própria
consciência seja o campo unificador que buscamos, e o Universo, o seu reflexo
codificado em luz, tempo e sentido sintáctico. Na formulação da Teoria dos Construtores (Constructor Theory) proposta por Deutsch
e Marletto, as leis fundamentais da Física são expressas não por equações
diferenciais de evolução temporal, mas por restrições sobre as quais as tasks são fisicamente possíveis ou
impossíveis. Tal abordagem inaugura uma linguagem contra-factual, centrada em
afirmações do género: "é possível transformar X em Y sob a condição
Z".
Esta concepção aproxima-se profundamente de uma visão ontológica
informacional em que o Universo pode ser descrito como um domínio de
transformações logicamente admissíveis — uma gramática construtiva da
realidade.
O modelo da Teia Informacional Fibrada (TIF), propõe que esse espaço de
possibilidades não é arbitrário, mas é codificado previamente na estrutura do
campo informacional fundamental, composto por tripletos de spins que constituem unidades lógicas. Cada tripleto codifica
estados de informação que definem a arquitectura de possibilidades do Universo,
de modo semelhante ao papel dos codões no ADN.
Surge assim, a hipótese de uma Mente Informacional Universal subjacente —
não como entidade pessoal no sentido antropomórfico, mas como o campo
ontológico de consistência e inteligibilidade do Ser — que determina, de forma
axiomática, as tarefas possíveis e impossíveis no domínio
informacional-fundamental.
Neste contexto, os “construtores” são expressões locais das leis que já
emergem naturalmente do entrelaçamento coerente das fibras informacionais
inscritas nesta Mente Universal. Assim, o Universo apresenta-se como um sistema
lógico emergente, cujo espaço de estados acessíveis já está inscrito numa ordem
informacional atemporal, que podemos interpretar como a base própria da Consciência
cósmica — um Logos criador.
Esta abordagem encontra ecos nas concepções mais recentes presentes na Mente
Unificadora de Faggin (2022) ou na causalidade formal de Floridi (2020), mas
também no campo implicado de Bohm (1980) e no platonismo digital de Tegmark
(2007). Também encontra apoios nas sincronias acausais estudadas por Jung e
Pauli, onde a realidade é estruturada a partir de padrões significativos
não-redutíveis à causalidade mecânica clássica. A sincronicidade, neste cenário,
pode ser vista como a manifestação local de coerências globais do espaço das
tarefas permitidas.
Desta forma, a TIF oferece uma infra-estrutura para modelar a selecção de
tarefas possíveis como interacções coerentes entre tripletos informacionais e
operadores de construção, tendo como limite superior a “Mente Universal” que
garante a consistência do conjunto. O livre-arbítrio condicionado.
 
Notas
(1) A Teoria dos Construtores, da qual fizemos maiores referências no livro Ensaios para a Unidade, (Porto, J., 2025),
proposta por David Deutsch e formalizada por Chiara Marletto, representa uma
tentativa radical de reformular os fundamentos da Física a partir de uma
ontologia centrada não nas leis dinâmicas, mas nas transformações possíveis e
impossíveis. Nessa abordagem, o mundo é descrito em termos de quais as tarefas que
podem ou não ser realizadas por construtores ideais — sistemas físicos que
executam transformações sobre outros sistemas sem se degradarem no processo.
Entre os princípios mais fundamentais estão as restrições informacionais, que
definem os limites da computação, da cópia e da comunicação de estados físicos.
Esta perspectiva encontra ecos profundos no espírito do Modelo TIF, o qual
propõe que a realidade emerge de uma rede de tripletos de spins que codificam qutrits lógicos numa topologia
pré-espaciotemporal. Dentro do formalismo TIF, os operadores informacionais que
actuam sobre os tripletos de spin
podem ser interpretados como construtores elementares, capazes de executar
transformações locais e não-locais sobre os estados da teia sem se dissiparem —
análogos às máquinas reversíveis de von Neumann.
Mais ainda, o TIF assume que o espaço-tempo 4D é uma geometrização
emergente das possibilidades de entrelaçamento e transformação informacional.
Esta visão coincide com o eixo fundamental da Teoria dos Construtores: o espaço
e o tempo não são arenas absolutas, mas manifestações derivadas das condições
sobre as transformações permitidas no substrato informacional. A estrutura
fibrada da TIF, com os seus “espaços locais” de informação acoplados por
operadores de transporte coerente, oferece uma representação natural do
conceito de "construtores distribuídos", capazes de realizar tarefas
específicas em regiões distintas da rede global.
O modelo TIF também compartilha com a Teoria dos Construtores o uso de
axiomas informacionais como fundamentos físicos. Por exemplo, a impossibilidade
de clonar qutrits em estados arbitrários está em conformidade com o no-cloning theorem da mecânica quântica
e constitui uma tarefa impossível na Teoria dos Construtores.
A existência de entrelaçamento topológico coerente entre tripletos de spins permite, no Modelo TIF, a realização
de tarefas não-locais compatíveis com os princípios de retrocausalidade suave,
também contemplados na versão informacional da Teoria dos Construtores.
Em última análise, a Teoria dos Construtores fornece uma estrutura
meta-teórica para suportar a conceptualização introduzida pela TIF, encarando-a
como uma teoria física baseada em tarefas e transformações informacionais
possíveis, e não apenas em equações de movimento. Abre caminho para uma síntese
entre Física Quântica, Geometria Emergente e Teoria da Informação Construtiva, permitindo
descrever a própria Consciência como um construtor auto-organizado acoplado à
teia fundamental da Realidade.
  
Referências
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