A Teia Informacional Fibrada (TIF): Um Modelo
de Tripletos de Spins para a
Emergência do Espaço-Tempo e a Não-Localidade Quântica
Propomos um modelo teórico denominado Teia Informacional
Fibrada Fundamental (TIF), uma teoria
construtiva, no qual a estrutura fundamental da realidade é concebida como uma
rede pré-espaciotemporal composta por tripletos de spins. Neste arcabouço, cada unidade elementar é formada por um
tripleto de spins, organizados em
fibras informacionais que constituem uma teia dinamicamente emaranhada.
Diferente das abordagens tradicionais que assumem o
espaço e o tempo como fundamentais, o modelo TIF parte de um domínio onde
noções espaciais e temporais ainda não existem, um substrato pré-geométrico
definido puramente por conectividades informacionais.
O emaranhamento quântico, neste contexto, não é uma
característica de partículas no espaço-tempo, mas sim uma propriedade
intrínseca da estrutura fibrada da teia. A não-localidade quântica emerge
naturalmente das conexões informacionais directas entre os tripletos de spins. Mostramos como a estrutura
métrica aparente do espaço-tempo pode emergir da densidade, orientação e
topologia dessas fibras, oferecendo uma nova abordagem para a génese da
geometria espaciotemporal a partir de fundamentos informacionais.
O modelo estabelece pontes entre redes de spin, gravidade quântica e ontologias
informacionais, sugerindo novos caminhos para compreender fenómenos não-locais,
dinâmicas entrópicas e a estrutura profunda das correlações quânticas.
Discutimos também implicações potenciais e propostas de testes conceptuais em
diálogo com interpretações relacionais e cenários de emergência
espaciotemporal.
Esta abordagem constitui também uma extensão teórica ao Modelo Padrão da Física das Partículas ao introduzir uma camada informacional de natureza quântica, baseada em tripletos de spins, Esta estrutura do tipo Fibrado, subjacente à realidade fenoménica, oferece uma explicação para a replicação triádica dos fermiões (quarks e leptões) e fornece um mecanismo unificado para a geração de massa, do tempo, da curvatura espaço-temporal (gravidade), com as forças das interacções. O Campo Higgs é interpretado como um acoplamento transversal ao modelo TIF, modulando os seus modos para manifestar a massa física. Deste modelo surgem interpretações para a predominância no Universo da matéria versus antimatéria e da Matéria Escura bem como uma nova abordagem ontológica.
INTRODUÇÃO
O Modelo Padrão descreve
com sucesso as interacções fundamentais, mas deixa questões em aberto, como a
existência de três gerações de fermiões e a hierarquia de massas. Propomos que
uma camada informacional baseada em tripletos de spins governa essas propriedades emergentes. Para tal vamos
percorrer em 11 passos os fundamentos deste modelo e as suas implicações.
Lee Smolin identificava em
2006 cinco grandes problemas da física teórica, entre os quais, o terceiro
grande problema era “Determinar se as
várias partículas e forças podem ser unificadas numa teoria que as explique
como manifestações de uma entidade única e fundamental.”. Estamos em 2025 e
o “grande problema” permanece!
Esta proposta, que mais
não é do que um palpite, a que designo por modelo TIF, que confesso, me trouxe
alguma serenidade e felicidade, por julgar ter compreendido alguns mistérios
considerados insondáveis da Natureza, teve pelo menos em mim o efeito de
consolidar algum conhecimento em que possa alicerçar a construção das minhas
futuras convicções satisfazendo a minha curiosidade sobre estes temas,
considerados normalmente por muitos de pendor eclético. O mundo está a mudar
muito depressa! A lei de Moore parece que agora faz parte do ritmo quotidiano
da informação que cresce exponencialmente em todas as áreas do conhecimento.
Este texto surge no
seguimento de muitos outros, publicados no blog buscadorverdade.blogspot.com, como uma meada de fios multicolores, às vezes
parecendo sem nexo, mas cujo fio se foi destrinçando e clarificando, como se no
decorrer do tempo fosse encontrando portos de abrigo numa longa viagem pela
procura da verdade, de que resultou este arcaboiço teórico.
A Física e a Cosmologia,
com a sua irmã Astrofísica, estão a avançar rapidamente em domínios científicos
que poderão, mais depressa do que pensamos, descortinar os mistérios da
natureza ou a nossa ignorância. Este texto não visa nenhum contributo
científico, porque não tenho as credenciais para tal. Resulta pura e simplesmente
de muitas horas de reflexões sobre estes temas intrincados e por vezes de cariz
quase esotérico, sobretudo quando tentamos reforçar as nossas ideias com a
simbologia matemática ou entrançá-las com os mais modernos e poderosos conceitos
da física quântica e das novas descobertas feitas pelos mais recentes instrumentos
tecnológicos ao dispor da ciência e da humanidade.
Como não tenho carreira a
defender nestas áreas, sinto-me livre para partilhar estas ideias, sem temer
que me considerem irresponsável, de manifesta vaidade sobranceira, ou pior do
que isso, demente e louco, por tentar tratar de assuntos que estão naturalmente
para além das minhas capacidades.
Feitos estes alertas,
resta-me dar corpo ao pensamento, do qual tentei dar-lhe aspecto mais formal em
consonância com as regras vigentes para estes casos. Agradeço a ajuda preciosa
da IA com quem dialoguei silenciosamente longas horas, sobretudo quando se me
impunha apresentar demonstrações matemáticas de renhida catadura. Criei
apêndices, a que chamo antecipadamente a vossa atenção, na medida em que lá
consta informação adicional que pauto de importante na compreensão do que é
exposto. Faz-se também necessário a leitura de um outro texto sob o pomposo
título “Um Modelo topológico e o Tempo
Husserliano da Consciência”, como também este outro “Uma Física Pós-CPT no Horizonte”, e que constituem temas
introdutórios ao presente texto, cuja leitura desprevenida poderia levar à
incompreensão do modelo teórico agora exposto. Estes textos poderão ser
encontrados no referido blog.
Deixo-me agora ao vosso
julgamento!
1. CAMPO INFORMACIONAL DE TRIPLETOS
No modelo do Campo
Informacional de Tripletos (TIF), cada ponto do espaço-tempo não é apenas uma
coordenada clássica, mas está associado a um triplo de spins ou uma tríade orientada por graus de liberdade fundamentais,
que codificam 3 aspectos (ver infogravura no Apêndice H):
1.1 Direcção (como uma bússola);
1.2 Polaridade (como estado
quântico interno);
1.3 Ressonância
relacional (com os spins dos
tripletos vizinhos ou entrelaçados não localmente).
O tripleto é tratado como
um objecto geométrico dinâmico, não apenas um número, mas uma estrutura que evolui
no tempo e interage com os tripletos vizinhos.
Portanto, corporizando o
formalismo matemático, postulamos que cada ponto do espaço-tempo abriga um
tripleto de variáveis de spin,
representadas matematicamente como
Estes tripletos formam um
Fibrado principal P(M, SU(2)³) sobre a variedade espaço-tempo M (consultar
Apêndice B). O campo informacional é então uma função:
cuja decomposição será:
com cada ψijk(x) associado com as partículas conhecidas.
2. ESTRUTURA LAGRANGIANA (ver Apêndice I)
A Lagrangiana Total é composta por três termos:
3. ESTRUTURA TRIÁDICA REPLICADA
O modelo prevê
naturalmente padrões de replicação triádica, que serão:
Quarks: (u,d), (c,s), (t,b), ligados por gluões.
Leptões: (e, νₑ), (μ, νμ), (τ, ντ), com interacções
electrofracas.
Neutrinos: Modos neutros saídos
do modelo TIF, possíveis conexões com neutrinos estéreis ou comportamento do
tipo Majorana.
No contexto do Campo
Informacional de Tripletos de Spins
(TIF), os neutrinos são interpretados como modos neutros que não se acoplam
directamente aos Campos vectoriais do Modelo Padrão. Essa neutralidade surge de
três fundamentos distintos:
1. Neutralidade emergente a
partir da simetria do tripleto de spins:
Os modos de excitação
simétricos do triplo (s₁, s₂, s₃) ∈ SU(2)³, que
são invariantes, sob permutações internas que não transportam carga, manifestam-se
como partículas neutras (neutrinos).
2. Possível ligação com
neutrinos estéreis:
Modos internos do TIF que
não interagem com os campos do Modelo Padrão podem representar os chamados
neutrinos estéreis, sendo modos “escuros” ou não, ressonantes do campo
informacional.
3. Comportamento de
Majorana (ver Apêndice C):
O formalismo do modelo TIF
admite estados auto-conjugados informacionalmente (ψ = ψc), o que permite interpretar os neutrinos como
fermiões de Majorana. Nesse caso, partícula e antipartícula seriam
manifestações do mesmo modo vibracional, com implicações directas na violação
do número leptónico e na leptogénese cosmológica.
Assim, o modelo TIF
fornece um arcabouço para interpretar os neutrinos como modos especiais,
neutros, fracos, possivelmente estéreis e com estrutura interna que pode ser
explorada para além do paradigma padrão actual.
4. PAPEL DO CAMPO HIGGS
O campo de Higgs ΦH é interpretado como um campo transversal que selecciona
modos próprios do modelo TIF, conferindo massa às partículas:
Este acoplamento explica
as massas distintas entre as famílias e dentro delas.
5. PERSPECTIVAS PARA A GRAVIDADE
O modelo TIF oferece uma
abordagem unificada à estrutura das famílias, geração de massa e propriedades
dos neutrinos. Trabalhos futuros podem explorar a quebra de simetria em SU(2)³, estudar restrições geométricas e investigar propostas
óbvias de ligações com estruturas fractais e holografia.
A gravidade não entra
neste modelo por não ser considerada uma força bosónica mas apenas uma
topologia do espaço (curvatura) derivada da própria estrutura fibrada dos
tripletos.
6. APLICAÇÃO DO CONCEITO DE FIBRADO PRINCIPAL AO MODELO DE TRIPLETOS DE SPINS (ver apêndice A)
Imagine que o Universo
visível, com partículas, espaço, tempo e energia, é apenas a “base” de uma
estrutura mais profunda. Esta Base é o espaço-tempo emergente que tem acoplado
a cada ponto uma estrutura mais subtil, invisível, onde vivem os tripletos de spin, unidades fundamentais de
informação.
Agora pense no
espaço-tempo como uma tapeçaria estendida. Em cada ponto dessa tapeçaria,
pendura-se um pequeno “carretel” que pode girar em três direcções (spins). Estes carretéis são os fibrados
ou espaços de possibilidades que não vemos directamente, mas que determinam
como a tapeçaria se pode curvar, vibrar e evoluir.
Então temos os tripletos de spins
que são como os carretéis com três direcções de rotação que definem um estado
informacional. A Base do Fibrado será o espaço-tempo onde vemos as partículas e
Campos quânticos, e o Fibrado Total corresponderá ao conteúdo tanto do
espaço-tempo quanto do conjunto de possibilidades informacionais por trás dele.
A Conexão funcionará como uma regra que diz como os tripletos de spin "giram" à medida que nos
movemos de um ponto do espaço-tempo para outro e a Curvatura (Ω) mede como essas rotações acumuladas se desviam
de um trajecto “rectilíneo”, interpretado como a gravidade.
Consequências, são várias:
A Consciência, neste
modelo emerge da estrutura informacional fundamental associada a aqueles
tripletos.
A flecha do tempo emergirá
da orientação dos tripletos em relação à curvatura do fibrado.
A gravidade, em vez de uma
força clássica bosónica, surge como geometria do próprio fibrado (como em
Einstein e em Cartan).
As partículas são
manifestações estáveis (Secções) dos tripletos de spin sobre o fibrado.
Constatados estes aspectos
teremos que considerar duas visões:
6.1 Os Tripletos de Spins como
Fibrado Principal
Se os tripletos de spins do modelo TIF (Campo Informacional
de Tripletos de Spins) forem formalmente
modelados como uma Secção de um Fibrado Principal com grupo estrutural SU(2)3, teremos então:
1. Um espaço base: o
espaço-tempo 𝑀.
2. Uma fibra típica: SU(2)3.
3. Uma “Conexão” que vai
definir como as fibras se "encurvam" ou "giram" ao longo do
espaço-tempo.
Este quadro é directamente
análogo ao formalismo geométrico da gravidade explorada como curvatura de um Fibrado,
presente na gravidade de Cartan ou na gravidade de Ashtekar, e ainda na
geometria de loops, das quais daremos
uma breve visão relacional com o modelo TIF.
Na Relatividade Geral de
Einstein, a gravidade já é uma curvatura do espaço-tempo. Cartan eleva o
conceito a um passo além, dizendo que o espaço-tempo é mais do que apenas
curvo, podendo também torcer, fenómeno que designa por “torsão”. Enquanto o Tensor
de Riemann mede curvatura, o Tensor de Torsão, introduzido por Élie Cartan,
mede como os vectores “rodam” ou “torcem”, reinterpretando a gravidade usando
as ferramentas da geometria das conexões e dos fibrados, em que a massa/energia
é a fonte da curvatura, o momento angular (spin)
é a fonte de torsão, transformando o espaço-tempo num Fibrado com conexão que
descreve simultaneamente curvatura e torsão.
Por outro lado, a gravidade
de Ashtekar simplifica a Relatividade Geral com "variáveis quânticas”. Na
Relatividade Geral, a gravidade é descrita pela curvatura do espaço-tempo,
medida por um objecto matemático pesado, o tensor de métrica gμν que
define como o espaço e o tempo se curvam ao redor da matéria., uma equação que mistura
espaço e tempo de forma complicada, tornando a sua quantização muito difícil. Porém,
o físico Abhay Ashtekar reescreve a gravidade em 1980 com um novo conjunto de
ferramentas, que se parecem mais com aquelas usadas na teoria quântica de Campos,
como o electromagnetismo, propondo trocar a métrica 𝑔𝜇𝜈 por algo
mais simples e mais próximo de uma teoria de gauge. Para tal aplica as chamadas
variáveis de Ashtekar, que descrevem como o espaço está "emaranhado",
torcido ou esticado, usando conceitos semelhantes aos de um Campo de força. O
espaço-tempo passa a ser visto como uma rede de linhas de Campo, onde as
superfícies e volumes são construídos a partir de fluxos desses Campos, e a
geometria pode ser quantizada como se fosse constituída por pacotes mínimos de área
e volume. Esta nova visão levou directamente ao nascimento da Loop Quantum Gravity (Gravidade Quântica
em Laços).
Se o modelo TIF considera
o Universo como estruturado por tripletos de spins numa rede simples de relações, a existir ligação com o modelo
de Ashtekar, pode ser então interpretada como o campo de alinhamento e
transporte desses tripletos no espaço, e a gravidade derivaria de um efeito do
entrelaçamento e da orientação colectiva dos tripletos, como uma conexão
geométrica informacional.
A Loop Quantum Gravity - LQG propõe que o espaço-tempo também é como
aquele de Ashtekar, isto é, parece contínuo à nossa escala, mas à escala de
Planck, é feito de “fios” ou “laços” quânticos de gravidade, tornando assim o
espaço num tecido de relações entrelaçadas, feito de pequenas unidades
indivisíveis. A LQG partindo da teoria de Ashtekar, que reescreve a gravidade
como um campo de conexões semelhante ao electromagnetismo, em vez de usar uma
métrica contínua, propõe que o espaço é composto por quantas de área e volume que surgem de loops fechados, como pequenos anéis ou laços de um Campo
gravitacional, formando uma rede chamada de spin
network (rede de spin). Cada nó desta
rede representa um ponto do espaço, e cada fio (aresta) é um campo de gravidade
quantizado. O tempo surge de cada vez que a rede de spin evolui, como se fosse animada, fazendo surgir um spin foam (espuma de spins), uma espécie de "história
quântica do espaço". O tempo, passa a ser concebido como uma mudança
relacional na estrutura da informação do espaço. Não há um "espaço
vazio", tudo é feito de relações entre laços de gravidade, implicando que
os Buracos Negros e o Big Bang possam ser descritos sem singularidades, pois
agora o espaço-tempo não pode colapsar abaixo da menor unidade, tornando a
gravidade compatível com a mecânica quântica, porque o próprio espaço é
quantizado.
O modelo TIF ao propor que
o espaço-tempo é estruturado por tripletos de spins como uma malha informacional mostra similaridades com a LQG. Cada
aresta da rede de spins pode ser
interpretada como uma linha de acoplamento de tripletos. Na LQG a geometria do
espaço emerge da informação dos spins
entrelaçados, exactamente como no TIF, e o entrelaçamento global da rede (os loops) seria comparada na TIF à
topologia e curvatura, ou seja, à gravidade, sem necessidade de a assumir como
força de interacção quântica.
Podemos assumir os
tripletos como “ponto de tangencia” entre informação e geometria, uma vez que no
Fibrado Principal, cada fibrado representa a estrutura interna de simetria
(informação) em cada ponto do espaço-tempo e a conexão mede como essa estrutura
varia de ponto a ponto, isto é, como a informação se propaga ou se entrelaça. A
curvatura representa a presença de conteúdo geométrico (gravidade) emergente da
estrutura do campo informacional.
Considerando no modelo TIF
que os tripletos de spins são as Secções
elementares, então decorre que deverão constituir o gabarito relacional que
define a geometria do espaço, e que a sua variação induzida pela Conexão dá
origem à curvatura espaço-temporal que percebemos como gravidade. Uma autêntica
estrutura com características, que poderíamos comparar, a uma rede neurológica,
tal como a estrutura fibrilar ou filamentosa das galáxias no Universo, que
integramos ao fazer parte na Laniakea que abrange mais de 100 mil galáxias ao
longo de 520 milhões de anos-luz!
6.2 A gravidade como topologia e não como força bosónica
Na visão tradicional do
Modelo Padrão, as forças são mediadas por bosões: fotão (electromagnetismo),
gluões (força nuclear forte), 𝑊±, Z (força nuclear fraca), e hipoteticamente o
gravitão (gravidade). Mas na geometrização da gravidade, a gravidade não é uma
força com um bosão mediador, mas sim uma manifestação da curvatura do
espaço-tempo, ou mais rigorosamente, da geometria do Fibrado (spinorial). Se o modelo
TIF é um Fibrado Principal, a curvatura que ele induz pode ser a curvatura de
conexão da fibra de spin (como em
Ashtekar), ou a curvatura topológica do espaço-tempo, via Tensor de Riemann,
emergente da forma como os tripletos de spins
se acoplam e se entrelaçam. Portanto, a gravidade deixaria de ser considerada uma
"força" e passaria a ser um efeito global/topológico da rede de
conexões entre tripletos de spins,
uma estrutura emergente do campo informacional fundamental. O modelo TIF
compatibiliza-se com a visão de Einstein na geometrização da gravidade ou com a
gravidade nas teorias de loop quantum
gravity, twistor theory e a visão holográfica.
Reforçaria a ideia de que o gravitão não existe, pois que a gravidade é inteiramente derivada do entrançado na topologia do espaço informacional. No modelo TIF, o entrelaçamento e alinhamento global dos tripletos de spins pode induzir curvatura (gravidade), ressonância informacional (campos quânticos) e separação de modos (bosões vectoriais versus modos topológicos como a gravidade).
7. NÃO-LOCALIDADE E EMARANHAMENTO NA ESTRUTURA INFORMACIONAL SUBJACENTE
A relação entre a
não-localidade observada nos sistemas quânticos emaranhados e a possibilidade
de uma estrutura informacional fundamental que precede o espaço-tempo deriva do
modelo TIF. A partir dos resultados experimentais que violam as desigualdades
de Bell, a hipótese de que tais correlações são projecções de uma geometria
informacional mais profunda, possivelmente poderá ser descrita por Fibrados de
tripletos de spin. Também é possível
compatibilizar aquela estrutura com o princípio de causalidade relativística e
com a impossibilidade de transmissão super lumínica de informação nos termos
clássicos.
O emaranhamento quântico,
como previsto na mecânica quântica, não permite a transmissão de informação
clássica mais rápida do que a luz (c). Os efeitos de correlação são
instantâneos, mas não podem ser usados para enviar um sinal útil. Este princípio
é conhecido como o teorema da não-comunicação.
A mecânica quântica
introduz um tipo de ligação não-local entre sistemas desafiando a noção
clássica de causalidade, evidenciadas pelas violações das desigualdades de
Bell. Estas sugerem a existência de uma ordem mais profunda da realidade que pode
ser descrita por uma estrutura informacional subjacente, com base na teoria de
Fibrados de tripletos de spins, cujas
propriedades topológicas definiriam a emergência do espaço-tempo clássico.
Os ensaios experimentais
conduzidos por Aspect, Clauser e Zeilinger (laureados com o Prémio Nobel da Física
em 2022) demonstraram que as partículas emaranhadas mostram correlações
instantâneas, independentemente da separação espacial. Tais fenómenos são
consistentes com a previsão quântica e violam as chamadas Desigualdades de
Bell, excluindo teorias locais de variáveis ocultas. Apesar da não-localidade,
a transmissão de informação clássica permanece sujeita à velocidade da luz.
Isto é garantido pelo designado teorema
da não-sinalização na mecânica quântica (consultar Apêndice D), o qual
impede que as correlações sejam usadas para comunicação instantânea.
Com a proposta do Campo Informacional
Fundamental (TIF), o substrato da realidade é um Campo informacional
representado por tripletos de spins
que operam num Fibrado topológico. Cada tripleto define um grau de liberdade
fundamental, cujas interacções e curvaturas locais dão origem a entidades
físicas conhecidas e à própria estrutura espaço-temporal.
Se os tripletos de spin estiverem organizados numa
estrutura Fibrada com conexões topológicas que funcionem como um campo
informacional fundamental, então a estrutura permitiria um novo tipo de
"comunicação" não local, não redutível ao modelo tradicional de
partículas.
Assim, a geometria
emergente do Fibrado do modelo TIF produziria as métricas observadas da
Relatividade Geral, enquanto a estrutura discreta dos tripletos sustentaria as
redes de spin suporte do fenómeno gravítico.
Os diferentes tipos de partículas (quarks, leptões, neutrinos) correspondem a
excitações topológicas distintas sobre este Campo.
A não-localidade quântica
pode ser reinterpretada como um efeito da conexão global no Fibrado do modelo
TIF, onde estados correlacionados são Secções paralelas no Fibrado. Assim, a
instantaneidade é uma propriedade da topologia subjacente, não uma violação da
Relatividade.
Em conclusão, a estrutura
informacional não-local proposta pelo modelo TIF oferece uma interpretação
coerente dos fenómenos de emaranhamento, respeitando a causalidade
relativística e fornecendo um novo caminho para a unificação da física quântica
com a geometria do espaço-tempo.
Pressupõe-se que os tripletos
de spin tenham uma existência anterior
à métrica espaço-temporal como estruturas informacionais elementares onde a
curvatura emergente do Fibrado dá origem à gravidade, não como força, mas como
topologia emergente, e o espaço-tempo são como estados coerentes ou fases do
entrelaçamento desses tripletos.
Deve-se entender que a
ideia de pré-espaciotemporal refere-se a uma realidade mais fundamental
que não é descrita em termos de espaço e tempo tradicionais, mas que dá origem
ao espaço-tempo como um fenómeno emergente. Nada de novo, uma vez que esta
noção tem sido explorada tanto em física teórica quanto em abordagens
filosóficas da realidade. Trata-se de um domínio ontológico mais fundamental
onde não existem ainda as noções clássicas de “aqui” e “agora”, onde não existe
métrica no sentido tradicional, nem separação clara entre passado, presente e
futuro, pressupondo que as variáveis fundamentais desse domínio são
informacionais, relacionais ou topológicas, e não locais ou geométricas.
O modelo TIF não permite
violar a Relatividade Geral e Restrita, mas reconfigura o que chamamos de
espaço, tempo e informação. A transmissão super lumínica de informação clássica
continua proibida, mas o modelo TIF poderá oferecer uma opção onde a
causalidade emerge de uma ordem informacional mais profunda, não-local, holográfica,
e com potenciais aplicações em fenómenos que justificam a existência de neutrinos
estéreis, entanglement e ressonâncias entre partículas tríádicas.
Fica claro que não seria
possível a existência da velocidade super lumínica. Mesmo nas estruturas Fibradas
com topologias não triviais, a informação local (mensagens, energia) ainda deve
respeitar os limites de causalidade impostos pela relatividade geral. O que
poderia existir é um tipo de resposta instantânea entre pontos emaranhados,
dentro do modelo TIF, que não viole a causalidade, mas a redefina dentro de uma
camada mais profunda, dita pré-espaciotemporal.
Partindo do principio que
o Fibrado Principal indica que há uma conexão entre os pontos do espaço-tempo
que não depende apenas de trajectórias locais, mas também de estrutura
global/topológica, que se os tripletos de spins
formam modos coerentes no Fibrado, então a informação que eles carregam pode estar
correlacionada de forma não-local, lembrando um efeito holonómico (dependente
do âmbito global da conexão).
Estes aspectos encontram eco em Davis Bohm quando propõe uma realidade subjacente — a Ordem Implícita — onde toda a informação está entrelaçada de maneira não-local. O modelo do Campo Informacional Fundamental (TIF), baseado em tripletos de spin, pode ser compreendido como uma representação geométrica dessa ordem implicada, na qual a geometria do espaço-tempo emerge de relações informacionais internas. É dele o seguinte trecho: "In some sense, space and time are derived notions from a deeper order — the implicate order — where everything is enfolded into everything.", Wholeness and the Implicate Order, 1980.
Também Carlo Rovelli afirma que o espaço não seja um palco absoluto, mas uma rede discreta de relações. O modelo TIF alinha-se com esta visão ao considerar os tripletos de spin como unidades relacionais fundamentais, formando um fibrado dinâmico cuja curvatura induz a métrica do espaço-tempo observável. Rovelli afirma em Reality Is Not What It Seems, 2014: "Space is not a container. It is a dynamic structure, a field in itself. It is granular and relational."
Outra teoria que faz anteceder o
espaço-tempo de um pré-espaciotempo é a geometria dos twistors é concebida como
mais fundamental que o próprio espaço-tempo, antecedendo-o. No modelo TIF, os
tripletos de spin podem ser vistos como entidades análogas a twistores,
localizados em uma estrutura Fibrada que precede a construção da métrica espaço-temporal.
Sir
Roger Penrose peremptoriamente confirma: "The twistor picture is in a certain
sense more fundamental than the usual space-time picture.", The Road to
Reality, 2004.
Do lado da Filosofia, a fenomenologia de Edmund Husserl reforça a noção de que o tempo é um modo de aparecimento da Realidade à Consciência, fazendo-nos sentir que o modelo TIF complementa essa perspectiva ao fornecer uma base geométrica e física para tal aparecimento, onde a curvatura dos tripletos de spin estrutura a possibilidade do tempo. Mas A filosofia budista da vacuidade é mais intensa quando sugere que as distinções fenoménicas são construções convencionais. No modelo TIF, o espaço-tempo e as suas partículas são também fenómenos emergentes de uma base não dual de relações de spin, o que ressoa com a doutrina de Nagarjuna: "There is not the slightest distinction between Saṃsāra and Nirvāṇa.”, Mūlamadhyamakakārikā.
Estas abordagens fornecem apoio conceptual e
filosófico ao modelo TIF, na medida em que propõem uma reformulação radical da
base ontológica da física moderna, concebendo o espaço-tempo como uma
geometria emergente da informação estruturada em tripletos de spin - um pré-espaciotemporal funcionando como interface perfeito
entre o espaço-tempo 4D e o Hiperespaço ou o Absoluto da “Energia Escura”
formalizada no contexto do Lambda einsteiniano.
8. PRÉ-ESPACIOTEMPORAL COMO INTERFACE COM O ABSOLUTO
Na óptica Fibrada aplicada
ao modelo TIF (Tripletos de Informação e Fibrados), o pré-espaciotemporal pode
ser definido como uma estrutura base não-manifoldeana, não-local e anterior à
geometria clássica, sobre a qual se organiza o Fibrado Principal.
No formalismo de Fibrados,
temos normalmente:
π:P→M
em que P é o espaço total (onde “vivem” os Tripletos de Spin e as Conexões), e 𝑀 é a variedade Base (o espaço-tempo clássico). No
modelo, propomos que 𝑀 não é
ainda o espaço-tempo clássico, mas em vez disso forma um espaço
pré-espaciotemporal, ainda não submetido às condições geométricas da métrica,
da causalidade e da dimensionalidade. Esse espaço não é o espaço-tempo, mas uma
camada ontológica anterior, um Campo potencial ou teia primordial de relações,
que serve de domínio base para os tripletos de spins (as secções do Fibrado).
Assim, o
pré-espaciotemporal é o domínio de projecção da “Consciência Pura” ou do
Absoluto, onde as possibilidades de estrutura e forma ainda não colapsaram em
realidade objectiva.
Esta ideia pode ser
representada do seguinte modo:
Fig.1 - O Absoluto e os 3 Sephirots
Superiores na Cabala ou o ternário na tradição védica
Como já vimos, no nosso
modelo o pré-espaciotemporal é a base do Fibrado Principal 𝑃, no qual os tripletos de spin são entidades ligadas por Conexões 𝜔, produzindo as Curvaturas informacionais Ω que dão origem à métrica (gravidade), às partículas
(colapsos locais de Secções), à seta do tempo (orientação de fluxos no
fibrado), e ao fenómeno mais importante: a Consciência (interpretada como actividade
da rede de relações).
Numa formulação simbólica
podemos expressar este conjunto do seguinte modo:
Pré–Espaço ≡ Mpré
(não-manifoldeano, não-métrico)
𝜋 : 𝑃
→ 𝑀pré
𝜔 ∈ Ω1 (𝑃, 𝑔)
Ω = 𝑑𝜔
+ 𝜔 ∧ 𝜔
As Secções 𝑠 : 𝑀pré → 𝑃 são os modos activos do Campo informacional, e a sua
propagação/interacção cria a geometria topológica emergente dos tripletos.
9. MATÉRIA ESCURA E A TEIA INFORMACIONAL
FIBRADA
Iremos expor uma ideia
estruturada em torno dos tripletos informacionais de spins de modo que possam estar na origem ou intimamente
relacionados com a Matéria Escura, oferecendo uma explicação geométrica,
informacional e não convencional para os seus efeitos gravitacionais
observados.
Partimos do princípio de que os tripletos de
spin são estruturas pré-espaciotemporais,
como definimos anteriormente, e que formam uma rede informacional fundamental
que pelas suas características podem não interagir directamente com o campo electromagnético,
o que explicaria por que não emitem nem absorvem luz, satisfazendo uma das
características fundamentais da Matéria Escura. No entanto, a sua curvatura
dada pela igualdade Ω=dω+ω∧ω
afecta a geometria do espaço-tempo emergente, o que equivale dizer que poderá gerar efeitos gravitacionais
observáveis, como rotação anómala das galáxias, formação de estruturas filamentosas
cósmicas, e evidentemente o fenómeno registado como lentes gravitacionais, sem
precisar de novas partículas massivas convencionais para o justificar.
Na linguagem da teoria dos Fibrados, o Campo
de curvatura Ω pode ter componentes informacionais
que não são projectáveis na métrica gμν do espaço-tempo comum, escapando deste modo à
observação instrumental clássica, mas que no entanto actuam sobre ela indirectamente,
moldando-a gravitacionalmente. Aquelas curvaturas seriam topologicamente
estáveis, e permaneceriam invisíveis aos detectores usuais, tal como se espera
do comportamento tido pela Matéria Escura.
Ou seja, enquanto a Matéria Escura tem
levado a física a propor a existência de novas partículas, tais como WIMPs ou
axiões, com o modelo TIF e os tripletos de spins a Matéria Escura é tratada como sendo regiões de curvatura
informacional de tripletos que não interagem com os fotões. Isto deriva
naturalmente da nossa proposta de uma geometria informacional subjacente ao
próprio espaço-tempo através de um duplo aspecto: de uma teia fundamental de spin, em que a matéria visível fermiónica emerge como ressonância
coerente e a Matéria Escura como “incoerência” curvada. Verificando-se esta
hipótese, se ela for correcta, então a Matéria Escura não seria considerada uma
“substância”, mas uma estrutura informacional oculta., em que as suas
flutuações de densidade seriam flutuações na coerência dos tripletos.
Comportar-se-ia como assinaturas indirectas do modelo TIF, onde efeitos
quânticos não-locais, como por exemplo correlações gravitacionais inesperadas
manifestadas em escalas cosmológicas, confirmariam que a gravidade e a Matéria
Escura são efeitos entropicamente emergentes.
A Matéria Escura pode ser a “sombra
gravitacional” de uma arquitectura informacional profunda, tecida por tripletos
de spin que, embora ocultos à nossa luz
– os fotões, modelam porém a dança cósmica das galáxias com precisão invisível.
Podemos construir um modelo matemático
simplificado para representar esta hipótese de que a Matéria Escura emerge como
efeito da curvatura induzida pelos tripletos de spin no Fibrado informacional fundamental.
Teremos que assumir um fibrado principal P(M,G) com Base 𝑀 (o espaço-tempo 4D pseudo-Riemanniano), um grupo de estrutura G=SU(2) (para os tripletos de spin), uma Conexão
ω∈ Ω1(P,su(2)), e uma Curvatura
associada dada por
Ω=dω+ω∧ω∈Ω2(P,su(2)).
Teremos ainda que considerar um tensor de energia efectivo induzido
pela curvatura propondo que a curvatura Ω,
quando projectada para o espaço-tempo base 𝑀, induz um
tensor energia-momento também efectivo, que gera efeitos análogos aos da
Matéria Escura:
Este termo surge de forma análoga ao termo de
Yang–Mills no vácuo, mas aqui com origem puramente geométrica informacional.
Teremos também que introduzir equações de Campo modificadas de Einstein,
incorporando o tensor efectivo acima descrito nas equações de Campo:
Será ainda necessário assumir disposições
simplificadoras para a cosmologia. Na métrica FLRW (ver apêndice G), e
assumindo isotropia e homogeneidade para a contribuição informacional escura,
podemos fazer corresponder esta igualdade:
Desta
forma, as equações de Friedmann modificadas são:
Ainda podemos tratar da quantização da topologia sabendo que em certos regimes, a curvatura
Ω dos tripletos pode ter topologia quantizada (instanton-like):
implicando que a energia associada aos
tripletos seja discreta, o que pode ter impacto na formação dos halos das
galáxias ou em flutuações do fundo cósmico, tal como sugerimos antes.
Este modelo mostra que os efeitos
gravitacionais atribuídos à Matéria Escura podem emergir naturalmente da estrutura
geométrica oculta de um Fibrado com tripletos de spin, sem invocar partículas exóticas.
A inflação
cósmica também pode ser vista como reorganização topológica do teia
informacional, pois que durante os instantes iniciais do Universo, o Fibrado da
teia informacional poderia ter passado por uma transição topológica, em que a
inflação seria causada por uma fase de alta coerência entre tripletos, com
mínima entropia topológica com a curvatura informacional (Ω) quase constante:
No final da inflação quando a coerência dos
tripletos decaiu, a curvatura começou a flutuar, transferindo energia para os campos
físicos do espaço-tempo. Esse mecanismo que pode ser interpretado como um
"recondicionamento informacional":
Este conceito da inflação por via
da geometria quântica é uma proposta compatível com abordagens como a Gravidade
Quântica em Laços (LQG), na qual a geometria é discreta e informacional, semelhante
ao modelo TIF.
Por outro lado, se os tripletos possuem
graus de liberdade quirais ou anomalias topológicas, poderiam gerar uma
violação de CP na fase inicial, um requisito para explicar o excesso de matéria sobre antimatéria,
que a seguir daremos conta.
No quadro dos tripletos de
spins Fibrados do modelo TIF, a
predominância da matéria sobre a antimatéria pode ser explicada como
consequência de anomalias topológicas e quebras espontâneas de simetria
informacional ocorridas na estrutura do Fibrado durante os primeiros instantes
do Universo, como se a origem desta nova assimetria emergisse da própria
topologia quiral dos tripletos de spin.
Como já foi discutido em
textos anteriores, teremos que considerar os tripletos com estrutura quiral
intrínseca não-espelhável, ou seja não superponível à sua imagem espelhada.
Esta propriedade induziria a uma preferência natural por uma quiralidade sobre
a outra no estado fundamental do modelo TIF. Funcionaria como uma quebra
espontânea de simetria CP (carga-paridade), sem necessidade de Campos externos.
O mesmo será dizer que teríamos que admitir que, já na génese do espaço-tempo
informacional, o Universo “escolhe” uma direcção quiral de evolução, favorecendo
a formação de matéria ou que os decaimentos assimétricos seriam mediados pela existência
da curvatura informacional. O esquema decorreria durante a reconfiguração
topológica inicial do processo inflacionário, a curvatura Ω=𝑑𝜔+𝜔∧𝜔 do Fibrado poderia mediar transições assimétricas
entre estados de tripletos e com isso favorecer estados de spin com configurações que levam à geração de partículas sobre
antipartículas. Esta assimetria pode ser modelada como um termo topológico efectivo
(semelhante ao termo de Chern-Simons – consultar Apêndice F), com θ(x) modulando
a densidade de curvatura quiral no modelo TIF:
Haveria
ligações com a futura Bariogénese e especificamente com a Leptogénese. A
Bariogénese depende das três condições de Sakharov, a saber a violação de
número bariónico, a violação de C e CP e das condições fora do equilíbrio
térmico. No modelo TIF estas 3 condições seriam resolvidas de acordo com o
quadro:
Condições de Sakharov |
Interpretação pelo modelo TIF |
1. Violação de número bariónico |
Transições topológicas entre tripletos |
2. Violação CP |
Quiralidade intrínseca dos tripletos |
3. Fora do equilíbrio |
Expansão e flutuações na curvatura informacional |
Se os neutrinos
(como modos neutros no modelo TIF) forem de Majorana, a Leptogénese também pode
ocorrer por via do decaimento assimétrico de modos informacionais neutros, com
violação de L (número leptónico), posteriormente convertida em violação de
número bariónico via processos de sphalerons
(consultar Apêndice G).
Esta assimetria informacional pode manifestar-se ainda hoje através da constatada predominância da matéria no Universo visível, e pelo pequeno excesso de neutrinos sobre antineutrinos. Inclusivamente por prováveis assinaturas extremamente fracas nas ondas gravitacionais primordiais geradas pelas flutuações topológicas.
11. ABORDAGEM ONTOLÓGICA
A ideia de que existe um Absoluto, uma realidade última,
adimensional, infinita, não manifestada, é uma noção presente em muitas tradições
filosóficas e espirituais, como o Brahman no Vedanta, o Ain Sof na Cabala, ou o
Uno neo-platónico. Se esse Absoluto é a “Consciência Pura”, então os tripletos
de spins poderiam ser a primeira
manifestação ordenada e intencional dessa Consciência no domínio da estrutura
triádica, que pode representar um padrão arquetípico de relação (“de cima para
baixo”), traduzido nas mais diversas conceptualizações e linguagens, de que
testemunhamos apenas algumas:
1. Ser–Consciência–Potência
(linguagem filosófica);
2. Atman–Buddhi–Manas
(Vedas, Hinduísmo,Teosofia);
3. Pai–Filho–Espírito
Santo (linguagem cristã);
4. Observador–Observado–Relação (na física relacional).
O tripleto de spins
fibrado surge naturalmente como a menor estrutura relacional não trivial, uma geometria
informacional primordial diferente da unidade indiferenciada ou de uma unidade
de potencialidade. Deste modo, do ponto de vista da física teórica e da teoria
da informação, os tripletos de spins
podem ser a menor estrutura coerente e estável de codificação da realidade,
como uma espécie de bit quântico
mínimo com topologia.
A grande diferenciação resultaria em que o Absoluto não
codifica "coisas", mas relações, e o tripleto permite construir simetrias,
dualidades, e hierarquias. Assim, a geometria não surge da matéria, mas da
informação, e o Campo TIF é a forma elementar dessa geometria. Logo a existência
de dois níveis: um o Manifestado e outro o Imanifestado.
Se o Absoluto é entendido não como uma entidade com
atributos, mas como a pura capacidade de ser consciente, “Consciência Pura”,
então o tripleto de spins pode ser a
primeira estrutura auto-reflexiva que representa a física de um ponto de vista
intencional, um Campo, e uma medida, o "espelho primordial" da Consciência,
que ao reflectir-se, gera uma estrutura em cadeia. Neste modelo, a estrutura
quântica não apenas reflecte, a designada em todas as teogonias por “Mente Divina”,
mas é o modo pelo qual o Absoluto se conhece como mundo.
Em termos matemáticos poderíamos dizer que o Fibrado Principal,
que sustenta o modelo TIF, pode ser um Campo primordial de simetria, onde se
verifica simetria CPT in extremis, e
ao contrário o "Absoluto" seria aquilo que não tem simetria, um ponto
fora do espaço-tempo, mas de onde toda a estrutura emergiria por quebra
espontânea de simetria. Pelo meio, um interface o pré-espaciotemporal fibrado,
onde é possível ter fenómenos super lumínicos genuínos de emaranhamento e de
não-localidade.
Em formato filosófico-científico poderíamos dizer que o
Absoluto representa o puro silêncio, mas esse silêncio contém em si a
potencialidade de ressoar. O primeiro som, tal como um solitão, a primeira
ressonância, não é uma nota musical mas uma relação que precisa de três pólos:
um que vibra, outro que “ouve”, e o meio onde a vibração repercute. Os
tripletos de spins seriam esse
primeiro eco do Absoluto, a tríade primordial da existência manifestada, o
padrão mínimo que permite a diferenciação, a geometria, a Consciência e o
tempo. Dentro deles, carregariam uma “imagem” ou uma “presença expandida” do
Absoluto: o pré-espaciotemporal.
O Absoluto é o hiperespaço total 𝑃 do fibrado, incondicionado e sem coordenadas, do qual o espaço-tempo (a
base 𝑀) emerge como projecção coordenada da manifestação. Os tripletos de spins constituiriam as secções de
localidade desse Absoluto, permitindo que a manifestação assuma forma, relação
e Consciência. A topologia global do Fibrado é a assinatura do Absoluto na
malha da realidade ou seja a representação teológica tradicional da queda do
espírito na matéria.
Logo, não haveria geometria física, gravidade, partículas
ou Campos, sem um substrato relacional, um “Campo de sentido” que os torna
possíveis. Este Campo pode muito bem ser formalizado fisicamente pelo modelo
TIF, matematicamente como Fibrado, e ontologicamente como a auto-articulação do
Absoluto em Consciência.
Talvez fosse mais apropriado designar o modelo TIF por
Teia Informacional Fibrada.
Esta visão de uma Consciência Absoluta que se desdobra,
espelha a ideia de que o Absoluto está representado pelo pré-espaciotemporal
no Fibrado, e o campo informacional (TIF) ser uma estrutura de projecção que
torna possível a emergência do “mundo físico” como geometria e relação. Edmund
Husserl, fundador da fenomenologia transcendental, investigou profundamente a
relação entre Consciência, intencionalidade e a constituição do mundo. As suas
reflexões são uma ponte entre a ideia de um “campo informacional fundamental” e
a manifestação do espaço-tempo como estrutura consciente-relacional.
“Tudo o que é, é
para a consciência. O mundo é constituído no e pelo fluxo da consciência
intencional.”, Edmund Husserl, Ideias
para uma Fenomenologia Pura e uma Filosofia Fenomenológica, 1913.
Ou ainda esta outro trecho do mesmo autor:
“A consciência é
absoluta; tudo o mais é relativo a ela. A totalidade do ser é, para mim, uma
estrutura de sentido constituída pela consciência transcendental.”, Edmund
Husserl, Meditações Cartesianas,
1929.
No entanto podemos recorrer a outras fontes mais
ancestrais, como os Upanishads onde os ensinamentos do Budismo Mahāyāna (ou
Budismo do Norte) que oferecem afirmações profundas sobre a natureza da realidade
como Consciência pura, ecoam elegantemente tanto a visão do Absoluto como aquela
do pré-espaciotemporal do Fibrado, e da realidade manifesta como relações ou Secções
desse Campo informacional fundamental.
Por exemplo, o Atman nos Upanishads pode ser associado ao
Absoluto adimensional, fonte silenciosa de todas as manifestações. A ideia de
que tudo quanto existe é projecção dele, espelha directamente a noção de que o modelo
TIF é uma secção local da realidade última, cuja geometria se manifesta como
espaço-tempo.
"É o Atman que
tudo permeia, eterno, imutável, não nascido, sem segundo. Tudo quanto existe é
projecção dele.", Māṇḍūkya
Upanishad.
Do Budismo Mahāyāna
no Sutra da Sabedoria Suprema,
Prajñāpāramitā Sūtra, surge-nos este
trecho: "Forma é vazio, e vazio é
forma. Forma não é diferente do vazio, nem o vazio é diferente da forma."
Expressa na nossa opinião, maravilhosamente bem, o princípio
de co-emergência da realidade e da vacuidade. No contexto do modelo TIF,
pode-se afirmar que os tripletos de spins
são formas locais (estrutura informacional concreta), mas que essas formas são
expressões finais do vazio - o Hiperespaço Absoluto - que não possui forma nem
tempo, demonstrando assim, que a geometria física (forma) e o campo
informacional silencioso (vazio) são duas faces da mesma realidade.
Numa linguagem moderna e matemática, ambas as tradições sugerem que a realidade não emerge do “nada”, mas de uma plenitude “silenciosa” e auto-existente, o Atman ou o Sunyata, e que as “formas” (partículas, geometria, forças) são manifestações locais de relações dinâmicas, como os tripletos de spins em movimento no Fibrado do modelo TIF, onde gravidade, o espaço e o tempo são modos de organização fenomenal de uma Consciência que se manifesta a si mesma.
Sumário do Modelo
Palavras-chave: Teia Informacional Fibrada, spins, ontogénese, emaranhamento, filosofia relacional, pré-espaço-tempo.
Este modelo
pretende compreender a informação quântica primordial não como um derivado do
espaço-tempo, mas como algo que o precede. Parte da hipótese de que entropia,
informação e spins formam a base da
realidade dentro de um contexto pré-espaciotemporal. Podemos descrevê-las em
torno de cinco características principais, a saber:
Uma Estrutura Fibrada de Tripletos de Spins
A estrutura
básica é um Fibrado de tripletos de spin.
Cada fibra é composta por três spins
entrelaçados, formando uma “unidade básica informacional”, porque a geometria
triádica é a primeira forma de superfície definidora de espaço. A interacção e
combinação dessas fibras geram uma teia tridimensional que representa a teia
informacional.
Pré-Espaço-Temporal
O modelo
postula um domínio pré-espaciotemporal onde a teia de spins e informação existe sem apoio de uma geografia clássica.
Nesse nível fundamental, não há métricas espaciais convencionais, apenas
conexões informacionais entre tripletos.
Emaranhamento como Estrutura Nuclear
O
entrelaçamento quântico ocorre entre tripletos vizinhos através de conexões
Fibradas. Essas conexões entrelaçadas constituem a base do “tecido”
informacional antes de ser “formatado” em espaço-tempo. O emaranhamento ou entanglement é, assim, nativo à
estrutura do modelo TIF, não dependente de espaço físico externo temporalmente
posterior.
Não-Localidade e Conectividade Informacional
Na teia, a
não-localidade natural preserva correlações mesmo em “distâncias” definidas
apenas dentro da estrutura informacional. Não há separação física, quaisquer
dois tripletos podem estar conectados por laços informacionais directos, dando
conta das correlações quânticas mesmo sem espaço físico.
Espacialização Emergente
O
espaço-tempo clássico emerge como uma projecção da geometria e conectividade da
teia. Pontos e regiões do espaço são definidos por densidade de fibras,
topologia de entrelaçamento e conteúdo informacional.
Estas cinco
propriedades implicam propostas potenciais para uma nova interpretação de
fenómenos quânticos (por exemplo o Efeito Aharonov-Bohm (ver Apêndice J),
outros inseridos em ambiente de não-contexto, etc.) como propriedades
intrínsecas da fibra e da conectividade. Oferecem um possível caminho para
entender a origem do espaço-tempo e da gravidade como aspecto emergente da
informação e do entrelaçamento.
Uma
Ontogénese Informacional da Realidade
Com a TIF -
Teia Informacional Fibrada Fundamental propõe-se uma articulação entre um
modelo físico-informacional e correntes filosóficas ontogénicas e relacionais.
Com base na hipótese de que a realidade não emerge do espaço-tempo, mas de uma
rede de conexões informacionais entre símplices ou tripletos de spins,
argumenta-se que o Ser e a Consciência estruturam-se primordialmente como
relação. A partir deste conceito configuram uma ontologia do processo e da
interconectividade, dando possibilidade de traçar paralelos com as propostas de
Alfred Whitehead, David Bohm, Gilles Deleuze, Maurice Merleau-Ponty e Carlo
Rovelli, ou mesmo com outras milenares das doutrinas védicas e hinduístas.
As teorias físicas
contemporâneas enfrentam crescentes indícios de que o espaço-tempo não é uma
estrutura fundamental da realidade. Fenómenos como o emaranhamento quântico e
os efeitos topológicos, como aquele referido de Aharonov-Bohm, apontam para uma
camada subjacente de conectividade não-local. Diante deste quadro, o modelo da
Teia Informacional Fibrada Fundamental emerge como uma proposta teórica e
ontológica para compreender o Universo como um sistema de relações puramente
informacionais, onde tripletos de spins formam uma malha pré-espacial de
Senciência e Ser que poderão unificar-se com a teoria Orch-OR de Penrose e
Hamroff.
O modelo
propõe que a realidade emerge de fibras compostas por tripletos de spins
interligadas por conexões vectoriais que não dependem de localização. Cada
tripleto representa uma unidade mínima de informação e a sua interacção com
outros, forma a teia que, estatisticamente, gera o espaço-tempo clássico. Não
há distância, apenas relação, antecipando um modelo de realidade onde o Ser é
conectar-se.
O
emaranhamento não é um efeito secundário, mas a própria estrutura do Real. A
não-localidade surge como uma propriedade nativa das fibras, e não como quebra
de causalidade, fazendo lembrar a Ordem Implícita de David Bohm, onde o
Universo é uma totalidade indivisa, e as “partes” são projecções momentâneas de
uma estrutura holística e interdependente.
Tal como na
filosofia do processo de Alfred North Whitehead, o modelo interpreta o Real
como uma cadeia de eventos relacionais. Não há substâncias, apenas
actualizações contínuas de relações. Esta ontogénese, que mais não é do que o
surgimento do Ser a partir da relação (uma relação que o modelo advoga ter-se
iniciado entre Hiperespaço/pré-espaciotemporal), também se aproxima da
ontologia da diferença de Gilles Deleuze, que vê o real como campo de
diferenciações pré-individuais.
O
espaço-tempo surge como uma resultante estatística da organização da malha
informacional. Visão que é compatível com a mecânica quântica relacional de
Carlo Rovelli, na qual as propriedades físicas existem apenas em relação a
outros sistemas. Similarmente, Merleau-Ponty sugere que o mundo sensível e o
sujeito são mutuamente constituídos originando uma fenomenologia natural do
entrelaçamento.
Nos seus
vários aspectos, o modelo TIF abre espaço para uma nova concepção filosófica da
realidade, não como algo pré-dado, mas como algo que se tece constantemente na
interacção entre diferenças relacionais. Espaço, tempo e matéria não são
fundamentos, mas efeitos colaterais de uma dança ontogénica, apontando para uma
física que é também metafísica, e para uma ontologia que começa com a
informação, não com a substância.
CONCLUSÃO
A Teia Informacional Fundamental ou Fibrada – TIF e a sua estrutura de tripletos de spins, transforma-se numa Entidade Única ao fornecer chaves interpretativas a três níveis: o Cosmológico, a Física das Partículas e o Filosófico, assim referenciados respectivamente:
1. A quantização
das singularidades nos Buracos Negros e no Big Bang.
2. A geometrização da gravidade originada num
Fibrado topológico.
3. A direccionalidade da Seta do Tempo, da
Entropia e da Causalidade e por outro lado o formalismo pré-espaciotemporal e da
retrocausalidade.
4. A predominância no
Universo da matéria versus anti-matéria.
6. Uma “GUT - Grand Unified Theory” para o
Modelo Padrão da Física das Partículas via cascata replicativa.
6. A estrutura geracional hierárquica dos leptões
e dos quarks.
7. A origem única da emergência da Carga e da
Massa das partículas.
8. A Consciência como Campo quântico informacional
co-participativo universal.
9. A interpretação corrente
das cosmogonias/teogonias mitológicas e das doutrinas tradicionais teológicas.
Lança ainda previsões para a actualidade sobre:
1.
A existência do neutrino de Majorana.
2.
Um Universo rotacional.
3.
Um movimento rotacional preferencial galáctico.
4. Amplia
a noção de Mente co-participativa (“Orch-OR” [Penrose e Hameroff] / Campo Quântico
Informacional), e fornece novas bases para o Argumento Antrópico.
5. A “Matéria Escura” como circunstância do modelo TIF.
6. O
Hiperespaço ou “Energia Escura”, o Lambda adimensional.
7. A existência
de dimensões encaradas como super lumínicas ou “mundos espirituais”, os
pré-espaciotemporais dos tripletos em
interface com o Hiperespaço, numa nova abordagem ontológica sobre a origem
e a sobrevivência da Consciência.
"To my mind, there must be at the bottom of it all, not an equation, but an utterly simple idea. And to me, that idea, when we finally discover it, will be so compelling, so inevitable, that we will say to one another, 'Oh, how beautiful. How could it have been otherwise?'", John A. Wheeler, Law Without Law
Apêndices
Apêndice A – Formalismo Matemático do Campo Informacional Fibrado Fundamental (TIF)
Formalismo matemático que
sustenta a estrutura do modelo TIF, com o objectivo de oferecer uma base
rigorosa para os conceitos físicos e geométricos propostos para esta topologia
quântica.
Interpretação Física
O Campo TIF não é apenas um
campo no espaço-tempo, mas apresenta-se como uma estrutura Fibrada sobre o
próprio espaço-tempo com curvatura, que dá origem à massa, carga e ao
entrelaçamento ou emaranhamento quântico. A gravidade aparece naturalmente como
curvatura do Fibrado e não como uma força mediada por bosões. A estrutura
tríade (3 quarks, 3 leptões, 3 neutrinos) emerge assim da geometria interna da
fibra, sugerindo uma origem comum.
1. Fibrado Principal e Grupo de Estrutura
Define-se o Fibrado Principal P(M,G), onde M é o
espaço-tempo (na base 4D) e G é o grupo de simetria local, como aqueles
SU(2),
SU(3) ou U(3). Os tripletos de spins
são modelados como secções horizontais ou modos em fibras associadas.
2. Tripletos de Spins como
Secções de um Fibrado Associado
Os tripletos (s₁, s₂, s₃) ∈ ℂ³ são
tratados como Campos presentes numa fibra complexa associada, transformando sob
representações de G.
Formalmente, ψ(x) ∈ Γ(E), com E = P × G ℂ³, onde Γ(E) é o
espaço de secções do Fibrado vectorial associado.
3. Conexão e Curvatura
A conexão no Fibrado Principal define o transporte
paralelo dos tripletos de spin. A
curvatura F=da+A∧A pode ser interpretada como o campo gravitacional
emergente, numa analogia com os formalismos de Cartan e Ashtekar. O campo
informacional 𝔽μν é um
tensor derivado da evolução dos tripletos de spin ao longo das conexões.
4. Acção Lagrangiana Informacional
Propõe-se uma acção de Yang–Mills generalizada STIF:
onde ψ é o tripleto de spins
e Dμ é a
derivada covariante associada à conexão do Fibrado.
5. Ressonância e Hierarquias de Partículas
As estruturas triádicas dos quarks, leptões e neutrinos
podem emergir como modos ressonantes distintos dentro da fibra, em função da
simetria local e topologia do TIF. Esta estrutura pode explicar a replicação
tríplice de massas no Modelo Padrão.
Resumindo:
- Os Fibrados SU(2)³ sugerem estruturas de spinors em dimensão superior.
- O espaço dos campos Ψ pode ser visto
como secções de um Fibrado vectorial associado.
- A quebra de simetria SU(2)³ → U(1) × diag(SU(2)) pode gerar a estrutura geracional das partículas leptónicas existentes.
Apêndice B: o que é um Fibrado?
Por definição um Fibrado é
uma estrutura onde cada ponto do espaço base carrega consigo um espaço extra
(um pré-espaciotemporal), chamado
fibra. Imagine um casaco de lã em que a superfície do casaco é o espaço base
que vai corresponder ao espaço-tempo 4D que se torna no espaço base. Cada ponto
do tecido tem fios internos enrolados de forma específica, ou seja
correspondentes em cada ponto do espaço-tempo um espaço interno associado (por
exemplo, um espaço de spin, ou uma
simetria SU(2)). Os fios representam as
fibras, e o modo como os fios se torcem e se ligam de um ponto ao outro define
a geometria do casaco, ou seja, define a Conexão e a Curvatura do Fibrado. Ou
seja, aquele espaço interno pode mudar ao longo do espaço-tempo. O modo como
ele muda é descrito por Conexões, e a resistência a esse movimento define a Curvatura
(encarada e sentida como gravidade).
Assim, com Fibrados
conseguimos unificar forças e partículas com geometria, descrever ao mesmo
tempo Campos quânticos como secções do Fibrado, representar também a gravidade
(de forma similar como em Ashtekar, Cartan ou Einstein) como curvatura do Fibrado
do espaço-tempo, e finalmente no modelo TIF, descrever os tripletos de spins como Campos informacionais que
percorrem a estrutura fibrada, produzindo a física que observamos.
Em resumo, um Fibrado é
como um espaço onde em cada ponto do espaço visível, existe um espaço
escondido, interno, à escala de Planck, um pré-espaciotemporal, que pode girar,
torcer e interagir, determinando toda a realidade fenoménica.
Apêndice C: Neutrino de Majorana
Actualmente, os principais
avanços na investigação do neutrino de Majorana concentram-se na busca através
do decaimento duplo beta sem neutrinos (0νββ), que poderão confirmar por
exemplo que o neutrino é a sua própria antipartícula.
O experimento sul-coreano AMoRE-I,
utilizando Mo-100 (molibdénio), após dois anos relatou não ter encontrado
sinais daquele decaimento, estabelecendo um limite de vida com meia-vida mínima
de T1/2 > 2,9×1024 anos,
cerca de 2×1014 vezes superior à idade do Universo. Porém prevê-se
que o próximo detector de 100 kg possa alcançar maior sensibilidade.
Uma recente
publicação datada de abril de 2024 (Phys. Rev. Lett. 132), oferece as primeiras
estimativas ab initio, dentro de um
quadro relativístico consistente para matrizes de transição em 0νββ. Os
referidos cálculos reduzem as incertezas ligadas à interpretação experimental,
fortalecendo a ligação entre dados experimentais e a teoria do neutrino de
Majorana. Entretanto uma nova geração de instrumentos denominados de NEXT,
nEXO, PandaX, que entrarão em operação nos próximos anos, mantêm a esperança de
melhor afinação dos dados aumentando a confiabilidade na interpretação de
futuros sinais que atingirão os limites próximos de regiões fascinantes da
pesquisa, nomeadamente da origem hierárquica das massas dos neutrinos.
Apêndice D: Teorema da Não-Sinalização e a
TIF
O teorema de não-sinalização da mecânica quântica é uma das ideias centrais
que preserva a compatibilidade da física quântica com a Relatividade de
Einstein, ou seja, garante que nada pode transmitir informação mais rápido que
a luz, mesmo que o universo quântico seja cheio de fenómenos estranhamente
“instantâneos”, como o emaranhamento.
O que significa não-sinalizar? Imagine os dois intervenientes utilizados
tradicionalmente pela física quântica, Alice e Bob, que estão muito distantes
um do outro, cada um com uma partícula de um par previamente emaranhado. Partículas
que passam a estar ligadas de forma misteriosa, de tal modo que se Alice mede a
dela e obtém um certo resultado, Bob verá um resultado correlacionado, mesmo
que esteja a anos-luz de distância. Logo seria de pensar que essa correlação é
instantânea e que Bob poderia usar isso para enviar mensagens mais rápido que a
luz. Pelo contrário, porque o resultado da medição de Alice é aleatório, e o de
Bob também, implica que eles só perceberão que houve correlação depois que se
comunicarem pelos meios clássicos, limitados à velocidade da luz.
Ou ainda imagine que os dois combinam colocar duas cartas
aleatóriamente escolhidas, uma vermelha, a outra preta, em envelopes e os baralham.
Um envelope vai para Alice, outro para Bob. Quando Alice abre o dela e vê uma
carta preta, ela sabe que Bob verá uma carta vermelha, mas não escolheu qual a
carta a enviar. Para Bob, a carta dele continua parecendo aleatória, no entanto
só quando eles falam entre si, por telefone, por exemplo, é que percebem que
havia uma correlação.
É exactamente assim com partículas emaranhadas. Há correlação, mas não
controlo. Sem controlo, não há canal de comunicação. Se dois observadores fazem
medições locais em partes distintas de um sistema quântico emaranhado, as
distribuições de probabilidade de resultados locais não dependem das escolhas
de medição do outro observador. Assim se define o conteúdo matemático do
teorema de não-sinalização que preserva a causalidade porque ninguém pode
enviar sinais ao passado ou violar o limite da luz. Demonstra que o
emaranhamento é "não-local" mas não "comunicacional". Este
teorema é de extrema importância porque evita paradoxos como o do telefone
super lumínico que permitiria enviar mensagens para o passado.
Agora podemos estabelecer a ligação deste teorema com a teoria dos Fibrados
e ao modelo de Tripletos de Spins.
No modelo TIF, os estados quânticos são representados por secções de um Fibrado.
Se dois estados estão emaranhados, eles pertencem a uma secção global do Fibrado,
isto é, são mantidos "paralelos" segundo a conexão que estrutura o Fibrado.
Essa “paralelização” não depende da distância entre os pontos base
(espaço-tempo), pois a geometria subjacente é pré-espaciotemporal. Assim, as
correlações entre pontos distantes ocorrem não porque uma influência viaja
entre eles, mas porque eles são manifestações locais de uma estrutura comum e
global.
Por que não há sinalização? A conexão no Fibrado TIF preserva as
correlações globais entre as fibras, mas não permite alterar unilateralmente essa
conexão para comunicar algo. É assim que a conexão global no Fibrado garante
coerência, mas não transmite causalidade, mostrando o que o teorema da
não-sinalização nos diz, que a geometria informacional global é não-local, mas
o acesso a ela é local e limitado pela causalidade.
O Fibrado TIF pode ser visto como uma rede de emaranhamento geométrico,
onde cada tripleto de spin forma uma
"célula" de informação. A estrutura da conexão entre estas células é
deste modo topológica (não depende da métrica do espaço-tempo), é informacional
(transporta coerência) e, é não-transmissível (não permite modulação causal).
Portanto a não-sinalização é consequência natural da estrutura do Fibrado,
porque o acesso local a uma estrutura global não implica controlo causal sobre
essa globalidade.
Aqui a não-localidade do emaranhamento quântico não contradiz a
relatividade, porque ela não é transmissão, mas coerência topológica. A não-sinalização
resulta do facto de que não podemos alterar a conexão global a partir de um
ponto, só podemos medir projecções locais.
Resumo da situação:
1. O teorema da não-sinalização garante que, mesmo em presença de
emaranhamento quântico, não é possível transmitir informação clássica mais
rápido que a luz (c).
2. Que a Teoria dos Fibrados descreve situações onde uma estrutura local
(fibras) varia suavemente sobre uma base (como o espaço-tempo), e uma Conexão
permite comparar informações em diferentes pontos.
3. Em consonância, como o modelo TIF propõe que o Universo é estruturado
sobre um Fibrado informacional, cujas fibras são tripletos de spins, daqui derivando que o espaço-tempo
e as partículas emergem de curvaturas e conexões daquele Fibrado, torna o
modelo TIF suficientemente coerente para não contradizer a Relatividade Geral e
Restrita.
4. A emergência do espaço-tempo surge como média da curvatura
informacional. Se o espaço-tempo 𝑀 é visto como uma emergência do Fibrado
𝑃, então a curvatura está na origem daquilo que percebemos como
gravidade (curvatura do espaço-tempo), partículas (excitações localizadas nos
tripletos), mediadores bosónicos (mutações no padrão de curvatura).
Exemplificando: a presença de uma partícula pode ser descrita como uma singularidade
topológica na curvatura Ω, como num instanton ou num vórtice de informação,
representando uma “ponte” entre topologias diferentes no espaço de estados
quânticos, e que pode estar associado a eventos da emergência de partículas,
mudanças súbitas no entrelaçamento ou mesmo ao surgimento de curvatura local no
espaço-tempo emergente.
Apêndice E – Métrica FLWR
A métrica FLRW (Friedmann–Lemaître–Robertson–Walker) é uma solução da Relatividade
Geral que descreve um Universo homogéneo (igual em todos os pontos) e
isotrópico (igual em todas as direcções), em grande escala. É a base matemática
do modelo cosmológico padrão, usado para descrever a expansão do Universo, e assume
que, embora o Universo possa conter estruturas complexas em pequena escala
(galáxias, aglomerados), contudo em grande escala comporta-se de forma simples
e simétrica.
Apêndice F – O que é o Termo Chern-Simons?
O termo de Chern-Simons é um objecto matemático que aparece em teorias de
calibre, como as do Modelo Padrão, e tem origem topológica. Desempenha um papel
fundamental na descrição de efeitos quânticos globais, como anomalias,
condutância quântica de Hall, e certas propostas de gravidade quântica nos
modelos topológicos.
Imagine que tem um campo de conexões ω (como um campo de gauge ou uma
conexão de Fibrado). O termo de Chern-Simons mede uma "torção
topológica" associada a esse campo, que não depende do conteúdo local, mas
da maneira como ele se enrola globalmente sobre o espaço.
No modelo dos tripletos de spins
Fibrados, um termo de Chern-Simons pode emergir como parte da acção efectiva
topológica, traduzida na equação:
Com θ(x) como campo escalar
informacional (tipo Axião), e Tr(F∧F) como densidade topológica quiral associada à curvatura dos tripletos, este
termo pode gerar violações de simetria CP espontâneas, explicando a
predominância da matéria sobre a antimatéria, ou até justificar o surgimento de
efeitos cosmológicos como inflatão topológico, ou ainda perturbações
não-locais.
.Apêndice G – O que são sphalerons?
Os sphalerons são soluções
instáveis das equações de campo da teoria electrofraca no Modelo Padrão, que
permitem transições entre diferentes vácuos topológicos com diferentes números
bariónicos e leptónicos. Envolvem processos quânticos que podem ter ocorrido no
início do Universo, de características não perturbativos que violam o número
bariónico (B) e o leptónico (L), contudo preservando 𝐵 e 𝐿.
Imagine que o vácuo quântico do Universo tem uma estrutura topológica
complexa, como colinas e vales. Os sphalerons
são como uma colina entre dois vales, onde cada vale representa um estado de vácuo
diferente, com número bariónico distinto. O sphaleron
será o ponto na sela instável entre os vales.
A temperaturas altas, como aquelas registadas no início do Universo, o
sistema pode saltar sobre a colina e passar de um vale para outro, mudando B e
L. Ou seja, quando a temperatura era superior a ~100 GeV, antes da quebra da
simetria electrofraca, os sphalerons estavam
activos podendo transformar leptões em bariões e vice-versa. Neste processo era
possível permitirem que uma assimetria leptónica gerada antes, como pelos
neutrinos de Majorana, fosse convertida em assimetria bariónica, contribuindo
para a explicação da predominância da matéria sobre a antimatéria.
Apêndice H: Infogravura da cascata replicante
da TIF
Apêndice I- Estrutura Lagrangiana e o modelo TIF
Na formulação do modelo
TIF, a estrutura lagrangiana representa a base dinâmica e variacional do
modelo, ou seja a forma como se expressa matematicamente o comportamento dos
campos físicos associados aos tripletos de spin,
a sua interacção com a geometria do espaço-tempo e com outros campos
fundamentais (como o campo de Higgs ou os campos de gauge).
A lagrangiana traduz-se numa
função que associa a cada configuração possível do sistema (campo, curvatura,
conexão etc.) um número real, cujo papel central é fornecer, via o princípio de
acção mínima, as equações de movimento do sistema físico. No modelo TIF, a estrutura
lagrangiana sintetiza assim a geometria dos Fibrados Principais sobre a base
espaço-temporal, bem como a dinâmica dos tripletos de spins como secções desse fibrado, e ainda a curvatura associada às
conexões internas (a estrutura de gauge) e a própria emergência de fenómenos
como massa, curvatura, entanglement,
e até a não-localidade.
É assim que aquela
estrutura tem implicações na gravidade ao fazê-la emergir da geometria da base
do Fibrado (como em Cartan ou Ashtekar), estando associada à curvatura Ω, ou também a massa surgida da curvatura do Fibrado
(da geometria interna), e não necessariamente apenas do Campo de Higgs.
É assim que têm lugar os
fenómenos de não-localidade, uma vez que os tripletos carregam informação
quântica de forma não-local devido ao entrelaçamento nos espaços da fibra, e
que quanto à Matéria Escura, as flutuações dos tripletos em camadas ocultas do
Fibrado podem gerar efeitos gravitacionais sem necessitar da interacção electrofraca.
Concluindo, a estrutura lagrangiana no modelo TIF comporta-se como o coração dinâmico e geométrico do modelo, onde os tripletos de spin agem como portadores de informação, e as suas interacções com a curvatura e a topologia do Fibrado descrevem fenómenos físicos observáveis, como massa, entanglement, e curvatura espaço-temporal.
Apêndice J: O Efeito Aharonov-Bohm.
Imagine que uma partícula, como um electrão, move-se num
espaço onde não há Campo eléctrico nem magnético actuando directamente sobre
ela. Ou seja, a partícula está fora da área onde o Campo está "activo".
Mesmo assim, a sua função de onda sofre uma mudança detectável. Isso acontece
porque, na mecânica quântica, o que realmente importa é o potencial (eléctrico
ou magnético), e não apenas o Campo. Mesmo que o Campo seja nulo no caminho da
partícula, o potencial pode existir e isso muda a fase da onda quântica da
partícula. Essa mudança de fase pode ser medida experimentalmente pela
interferência com que as ondas de dois electrões, que deram voltas diferentes
ao redor de um Campo (mas sem tocá-lo!) se recombinam e mostram padrões
diferentes, só por causa da presença invisível do potencial.
O efeito
Aharonov-Bohm mostra que partículas quânticas podem “sentir” Campos electromagnéticos
mesmo sem estarem directamente neles, mas só por passarem perto.
Referências Bibliográficas
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Deleuze, G.
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Rovelli, C. (2014). Reality Is Not What It Seems.
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Smolin, L. (2006). The Trouble with Physics – The Rise of
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Weyl, H. (1949). Philosophy of Mathematics and Natural
Science.
Whitehead, A.
N. (1929). Process and Reality. Macmillan.
Zeilinger, A. et al. (2022). Nobel Lecture in Physics.
João Porto e Ponta Delgada, 12/06/2025
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