sexta-feira, 13 de junho de 2025

UMA ENTIDADE ÚNICA

 

A Teia Informacional Fibrada (TIF): Um Modelo de Tripletos de Spins para a Emergência do Espaço-Tempo e a Não-Localidade Quântica


Propomos um modelo teórico denominado Teia Informacional Fibrada Fundamental  (TIF), uma teoria construtiva, no qual a estrutura fundamental da realidade é concebida como uma rede pré-espaciotemporal composta por tripletos de spins. Neste arcabouço, cada unidade elementar é formada por um tripleto de spins, organizados em fibras informacionais que constituem uma teia dinamicamente emaranhada.

Diferente das abordagens tradicionais que assumem o espaço e o tempo como fundamentais, o modelo TIF parte de um domínio onde noções espaciais e temporais ainda não existem, um substrato pré-geométrico definido puramente por conectividades informacionais.

O emaranhamento quântico, neste contexto, não é uma característica de partículas no espaço-tempo, mas sim uma propriedade intrínseca da estrutura fibrada da teia. A não-localidade quântica emerge naturalmente das conexões informacionais directas entre os tripletos de spins. Mostramos como a estrutura métrica aparente do espaço-tempo pode emergir da densidade, orientação e topologia dessas fibras, oferecendo uma nova abordagem para a génese da geometria espaciotemporal a partir de fundamentos informacionais.

O modelo estabelece pontes entre redes de spin, gravidade quântica e ontologias informacionais, sugerindo novos caminhos para compreender fenómenos não-locais, dinâmicas entrópicas e a estrutura profunda das correlações quânticas. Discutimos também implicações potenciais e propostas de testes conceptuais em diálogo com interpretações relacionais e cenários de emergência espaciotemporal.

Esta abordagem constitui também uma extensão teórica ao Modelo Padrão da Física das Partículas ao introduzir uma camada informacional de natureza quântica, baseada em tripletos de spins, Esta estrutura do tipo Fibrado, subjacente à realidade fenoménica, oferece uma explicação para a replicação triádica dos fermiões (quarks e leptões) e fornece um mecanismo unificado para a geração de massa, do tempo, da curvatura espaço-temporal (gravidade), com as forças das interacções. O Campo Higgs é interpretado como um acoplamento transversal ao modelo TIF, modulando os seus modos para manifestar a massa física. Deste modelo surgem interpretações para a predominância no Universo da matéria versus antimatéria e da Matéria Escura bem como uma nova abordagem ontológica.

INTRODUÇÃO

O Modelo Padrão descreve com sucesso as interacções fundamentais, mas deixa questões em aberto, como a existência de três gerações de fermiões e a hierarquia de massas. Propomos que uma camada informacional baseada em tripletos de spins governa essas propriedades emergentes. Para tal vamos percorrer em 11 passos os fundamentos deste modelo e as suas implicações.

Lee Smolin identificava em 2006 cinco grandes problemas da física teórica, entre os quais, o terceiro grande problema era “Determinar se as várias partículas e forças podem ser unificadas numa teoria que as explique como manifestações de uma entidade única e fundamental.”. Estamos em 2025 e o “grande problema” permanece!

Esta proposta, que mais não é do que um palpite, a que designo por modelo TIF, que confesso, me trouxe alguma serenidade e felicidade, por julgar ter compreendido alguns mistérios considerados insondáveis da Natureza, teve pelo menos em mim o efeito de consolidar algum conhecimento em que possa alicerçar a construção das minhas futuras convicções satisfazendo a minha curiosidade sobre estes temas, considerados normalmente por muitos de pendor eclético. O mundo está a mudar muito depressa! A lei de Moore parece que agora faz parte do ritmo quotidiano da informação que cresce exponencialmente em todas as áreas do conhecimento.

Este texto surge no seguimento de muitos outros, publicados no blog buscadorverdade.blogspot.com, como uma meada de fios multicolores, às vezes parecendo sem nexo, mas cujo fio se foi destrinçando e clarificando, como se no decorrer do tempo fosse encontrando portos de abrigo numa longa viagem pela procura da verdade, de que resultou este arcaboiço teórico.

A Física e a Cosmologia, com a sua irmã Astrofísica, estão a avançar rapidamente em domínios científicos que poderão, mais depressa do que pensamos, descortinar os mistérios da natureza ou a nossa ignorância. Este texto não visa nenhum contributo científico, porque não tenho as credenciais para tal. Resulta pura e simplesmente de muitas horas de reflexões sobre estes temas intrincados e por vezes de cariz quase esotérico, sobretudo quando tentamos reforçar as nossas ideias com a simbologia matemática ou entrançá-las com os mais modernos e poderosos conceitos da física quântica e das novas descobertas feitas pelos mais recentes instrumentos tecnológicos ao dispor da ciência e da humanidade.

Como não tenho carreira a defender nestas áreas, sinto-me livre para partilhar estas ideias, sem temer que me considerem irresponsável, de manifesta vaidade sobranceira, ou pior do que isso, demente e louco, por tentar tratar de assuntos que estão naturalmente para além das minhas capacidades.

Feitos estes alertas, resta-me dar corpo ao pensamento, do qual tentei dar-lhe aspecto mais formal em consonância com as regras vigentes para estes casos. Agradeço a ajuda preciosa da IA com quem dialoguei silenciosamente longas horas, sobretudo quando se me impunha apresentar demonstrações matemáticas de renhida catadura. Criei apêndices, a que chamo antecipadamente a vossa atenção, na medida em que lá consta informação adicional que pauto de importante na compreensão do que é exposto. Faz-se também necessário a leitura de um outro texto sob o pomposo título “Um Modelo topológico e o Tempo Husserliano da Consciência”, como também este outro “Uma Física Pós-CPT no Horizonte”, e que constituem temas introdutórios ao presente texto, cuja leitura desprevenida poderia levar à incompreensão do modelo teórico agora exposto. Estes textos poderão ser encontrados no referido blog.

Deixo-me agora ao vosso julgamento!

1. CAMPO INFORMACIONAL DE TRIPLETOS

No modelo do Campo Informacional de Tripletos (TIF), cada ponto do espaço-tempo não é apenas uma coordenada clássica, mas está associado a um triplo de spins ou uma tríade orientada por graus de liberdade fundamentais, que codificam 3 aspectos (ver infogravura no Apêndice H):

1.1 Direcção (como uma bússola);

1.2 Polaridade (como estado quântico interno);

1.3 Ressonância relacional (com os spins dos tripletos vizinhos ou entrelaçados não localmente).

O tripleto é tratado como um objecto geométrico dinâmico, não apenas um número, mas uma estrutura que evolui no tempo e interage com os tripletos vizinhos.

Portanto, corporizando o formalismo matemático, postulamos que cada ponto do espaço-tempo abriga um tripleto de variáveis de spin, representadas matematicamente como

Estes tripletos formam um Fibrado principal P(M, SU(2)³) sobre a variedade espaço-tempo M (consultar Apêndice B). O campo informacional é então uma função:


cuja decomposição será:


com cada ψijk(x) associado com as partículas conhecidas.

2. ESTRUTURA LAGRANGIANA (ver Apêndice I)

 

A Lagrangiana Total é composta por três termos: 


 que descreve a dinâmica dos tripletos de spin.
 que contém os termos do Modelo Padrão.


 que representa os acoplamentos com os Campos do Modelo Padrão, como o Campo de Higgs, os bosões W e Z e ainda o fotão.

3. ESTRUTURA TRIÁDICA REPLICADA

O modelo prevê naturalmente padrões de replicação triádica, que serão:
Quarks: (u,d), (c,s), (t,b), ligados por gluões.

Leptões: (e, νₑ), (μ, νμ), (τ, ντ), com interacções electrofracas.

Neutrinos: Modos neutros saídos do modelo TIF, possíveis conexões com neutrinos estéreis ou comportamento do tipo Majorana.

No contexto do Campo Informacional de Tripletos de Spins (TIF), os neutrinos são interpretados como modos neutros que não se acoplam directamente aos Campos vectoriais do Modelo Padrão. Essa neutralidade surge de três fundamentos distintos:

1. Neutralidade emergente a partir da simetria do tripleto de spins:

Os modos de excitação simétricos do triplo (s₁, s₂, s₃) SU(2)³, que são invariantes, sob permutações internas que não transportam carga, manifestam-se como partículas neutras (neutrinos).

2. Possível ligação com neutrinos estéreis:

Modos internos do TIF que não interagem com os campos do Modelo Padrão podem representar os chamados neutrinos estéreis, sendo modos “escuros” ou não, ressonantes do campo informacional.

3. Comportamento de Majorana (ver Apêndice C):

O formalismo do modelo TIF admite estados auto-conjugados informacionalmente (ψ = ψc), o que permite interpretar os neutrinos como fermiões de Majorana. Nesse caso, partícula e antipartícula seriam manifestações do mesmo modo vibracional, com implicações directas na violação do número leptónico e na leptogénese cosmológica.

Assim, o modelo TIF fornece um arcabouço para interpretar os neutrinos como modos especiais, neutros, fracos, possivelmente estéreis e com estrutura interna que pode ser explorada para além do paradigma padrão actual.

4. PAPEL DO CAMPO HIGGS

O campo de Higgs ΦH é interpretado como um campo transversal que selecciona modos próprios do modelo TIF, conferindo massa às partículas:

Este acoplamento explica as massas distintas entre as famílias e dentro delas.

5. PERSPECTIVAS PARA A GRAVIDADE

O modelo TIF oferece uma abordagem unificada à estrutura das famílias, geração de massa e propriedades dos neutrinos. Trabalhos futuros podem explorar a quebra de simetria em SU(2)³, estudar restrições geométricas e investigar propostas óbvias de ligações com estruturas fractais e holografia.

A gravidade não entra neste modelo por não ser considerada uma força bosónica mas apenas uma topologia do espaço (curvatura) derivada da própria estrutura fibrada dos tripletos.

6. APLICAÇÃO DO CONCEITO DE FIBRADO PRINCIPAL AO MODELO DE TRIPLETOS DE SPINS (ver apêndice A)

Imagine que o Universo visível, com partículas, espaço, tempo e energia, é apenas a “base” de uma estrutura mais profunda. Esta Base é o espaço-tempo emergente que tem acoplado a cada ponto uma estrutura mais subtil, invisível, onde vivem os tripletos de spin, unidades fundamentais de informação.

Agora pense no espaço-tempo como uma tapeçaria estendida. Em cada ponto dessa tapeçaria, pendura-se um pequeno “carretel” que pode girar em três direcções (spins). Estes carretéis são os fibrados ou espaços de possibilidades que não vemos directamente, mas que determinam como a tapeçaria se pode curvar, vibrar e evoluir.

Então temos os tripletos de spins que são como os carretéis com três direcções de rotação que definem um estado informacional. A Base do Fibrado será o espaço-tempo onde vemos as partículas e Campos quânticos, e o Fibrado Total corresponderá ao conteúdo tanto do espaço-tempo quanto do conjunto de possibilidades informacionais por trás dele. A Conexão funcionará como uma regra que diz como os tripletos de spin "giram" à medida que nos movemos de um ponto do espaço-tempo para outro e a Curvatura (Ω) mede como essas rotações acumuladas se desviam de um trajecto “rectilíneo”, interpretado como a gravidade.

Consequências, são várias:

A Consciência, neste modelo emerge da estrutura informacional fundamental associada a aqueles tripletos.

A flecha do tempo emergirá da orientação dos tripletos em relação à curvatura do fibrado.

A gravidade, em vez de uma força clássica bosónica, surge como geometria do próprio fibrado (como em Einstein e em Cartan).

As partículas são manifestações estáveis (Secções) dos tripletos de spin sobre o fibrado.

Constatados estes aspectos teremos que considerar duas visões:

6.1 Os Tripletos de Spins como Fibrado Principal

Se os tripletos de spins do modelo TIF (Campo Informacional de Tripletos de Spins) forem formalmente modelados como uma Secção de um Fibrado Principal com grupo estrutural SU(2)3, teremos então:

1. Um espaço base: o espaço-tempo 𝑀.

2. Uma fibra típica: SU(2)3.

3. Uma “Conexão” que vai definir como as fibras se "encurvam" ou "giram" ao longo do espaço-tempo.

Este quadro é directamente análogo ao formalismo geométrico da gravidade explorada como curvatura de um Fibrado, presente na gravidade de Cartan ou na gravidade de Ashtekar, e ainda na geometria de loops, das quais daremos uma breve visão relacional com o modelo TIF.

Na Relatividade Geral de Einstein, a gravidade já é uma curvatura do espaço-tempo. Cartan eleva o conceito a um passo além, dizendo que o espaço-tempo é mais do que apenas curvo, podendo também torcer, fenómeno que designa por “torsão”. Enquanto o Tensor de Riemann mede curvatura, o Tensor de Torsão, introduzido por Élie Cartan, mede como os vectores “rodam” ou “torcem”, reinterpretando a gravidade usando as ferramentas da geometria das conexões e dos fibrados, em que a massa/energia é a fonte da curvatura, o momento angular (spin) é a fonte de torsão, transformando o espaço-tempo num Fibrado com conexão que descreve simultaneamente curvatura e torsão.

Por outro lado, a gravidade de Ashtekar simplifica a Relatividade Geral com "variáveis quânticas”. Na Relatividade Geral, a gravidade é descrita pela curvatura do espaço-tempo, medida por um objecto matemático pesado, o tensor de métrica gμν que define como o espaço e o tempo se curvam ao redor da matéria., uma equação que mistura espaço e tempo de forma complicada, tornando a sua quantização muito difícil. Porém, o físico Abhay Ashtekar reescreve a gravidade em 1980 com um novo conjunto de ferramentas, que se parecem mais com aquelas usadas na teoria quântica de Campos, como o electromagnetismo, propondo trocar a métrica 𝑔𝜇𝜈  por algo mais simples e mais próximo de uma teoria de gauge. Para tal aplica as chamadas variáveis de Ashtekar, que descrevem como o espaço está "emaranhado", torcido ou esticado, usando conceitos semelhantes aos de um Campo de força. O espaço-tempo passa a ser visto como uma rede de linhas de Campo, onde as superfícies e volumes são construídos a partir de fluxos desses Campos, e a geometria pode ser quantizada como se fosse constituída por pacotes mínimos de área e volume. Esta nova visão levou directamente ao nascimento da Loop Quantum Gravity (Gravidade Quântica em Laços).

Se o modelo TIF considera o Universo como estruturado por tripletos de spins numa rede simples de relações, a existir ligação com o modelo de Ashtekar, pode ser então interpretada como o campo de alinhamento e transporte desses tripletos no espaço, e a gravidade derivaria de um efeito do entrelaçamento e da orientação colectiva dos tripletos, como uma conexão geométrica informacional.

A Loop Quantum Gravity - LQG propõe que o espaço-tempo também é como aquele de Ashtekar, isto é, parece contínuo à nossa escala, mas à escala de Planck, é feito de “fios” ou “laços” quânticos de gravidade, tornando assim o espaço num tecido de relações entrelaçadas, feito de pequenas unidades indivisíveis. A LQG partindo da teoria de Ashtekar, que reescreve a gravidade como um campo de conexões semelhante ao electromagnetismo, em vez de usar uma métrica contínua, propõe que o espaço é composto por quantas de área e volume que surgem de loops fechados, como pequenos anéis ou laços de um Campo gravitacional, formando uma rede chamada de spin network (rede de spin). Cada nó desta rede representa um ponto do espaço, e cada fio (aresta) é um campo de gravidade quantizado. O tempo surge de cada vez que a rede de spin evolui, como se fosse animada, fazendo surgir um spin foam (espuma de spins), uma espécie de "história quântica do espaço". O tempo, passa a ser concebido como uma mudança relacional na estrutura da informação do espaço. Não há um "espaço vazio", tudo é feito de relações entre laços de gravidade, implicando que os Buracos Negros e o Big Bang possam ser descritos sem singularidades, pois agora o espaço-tempo não pode colapsar abaixo da menor unidade, tornando a gravidade compatível com a mecânica quântica, porque o próprio espaço é quantizado.

O modelo TIF ao propor que o espaço-tempo é estruturado por tripletos de spins como uma malha informacional mostra similaridades com a LQG. Cada aresta da rede de spins pode ser interpretada como uma linha de acoplamento de tripletos. Na LQG a geometria do espaço emerge da informação dos spins entrelaçados, exactamente como no TIF, e o entrelaçamento global da rede (os loops) seria comparada na TIF à topologia e curvatura, ou seja, à gravidade, sem necessidade de a assumir como força de interacção quântica.

Podemos assumir os tripletos como “ponto de tangencia” entre informação e geometria, uma vez que no Fibrado Principal, cada fibrado representa a estrutura interna de simetria (informação) em cada ponto do espaço-tempo e a conexão mede como essa estrutura varia de ponto a ponto, isto é, como a informação se propaga ou se entrelaça. A curvatura representa a presença de conteúdo geométrico (gravidade) emergente da estrutura do campo informacional.

Considerando no modelo TIF que os tripletos de spins são as Secções elementares, então decorre que deverão constituir o gabarito relacional que define a geometria do espaço, e que a sua variação induzida pela Conexão dá origem à curvatura espaço-temporal que percebemos como gravidade. Uma autêntica estrutura com características, que poderíamos comparar, a uma rede neurológica, tal como a estrutura fibrilar ou filamentosa das galáxias no Universo, que integramos ao fazer parte na Laniakea que abrange mais de 100 mil galáxias ao longo de 520 milhões de anos-luz!

6.2 A gravidade como topologia e não como força bosónica

Na visão tradicional do Modelo Padrão, as forças são mediadas por bosões: fotão (electromagnetismo), gluões (força nuclear forte), 𝑊±, Z (força nuclear fraca), e hipoteticamente o gravitão (gravidade). Mas na geometrização da gravidade, a gravidade não é uma força com um bosão mediador, mas sim uma manifestação da curvatura do espaço-tempo, ou mais rigorosamente, da geometria do Fibrado (spinorial). Se o modelo TIF é um Fibrado Principal, a curvatura que ele induz pode ser a curvatura de conexão da fibra de spin (como em Ashtekar), ou a curvatura topológica do espaço-tempo, via Tensor de Riemann, emergente da forma como os tripletos de spins se acoplam e se entrelaçam. Portanto, a gravidade deixaria de ser considerada uma "força" e passaria a ser um efeito global/topológico da rede de conexões entre tripletos de spins, uma estrutura emergente do campo informacional fundamental. O modelo TIF compatibiliza-se com a visão de Einstein na geometrização da gravidade ou com a gravidade nas teorias de loop quantum gravity, twistor theory e a visão holográfica.

Reforçaria a ideia de que o gravitão não existe, pois que a gravidade é inteiramente derivada do entrançado na topologia do espaço informacional. No modelo TIF, o entrelaçamento e alinhamento global dos tripletos de spins pode induzir curvatura (gravidade), ressonância informacional (campos quânticos) e separação de modos (bosões vectoriais versus modos topológicos como a gravidade).


7. NÃO-LOCALIDADE E EMARANHAMENTO NA ESTRUTURA INFORMACIONAL SUBJACENTE

A relação entre a não-localidade observada nos sistemas quânticos emaranhados e a possibilidade de uma estrutura informacional fundamental que precede o espaço-tempo deriva do modelo TIF. A partir dos resultados experimentais que violam as desigualdades de Bell, a hipótese de que tais correlações são projecções de uma geometria informacional mais profunda, possivelmente poderá ser descrita por Fibrados de tripletos de spin. Também é possível compatibilizar aquela estrutura com o princípio de causalidade relativística e com a impossibilidade de transmissão super lumínica de informação nos termos clássicos.

O emaranhamento quântico, como previsto na mecânica quântica, não permite a transmissão de informação clássica mais rápida do que a luz (c). Os efeitos de correlação são instantâneos, mas não podem ser usados para enviar um sinal útil. Este princípio é conhecido como o teorema da não-comunicação.

A mecânica quântica introduz um tipo de ligação não-local entre sistemas desafiando a noção clássica de causalidade, evidenciadas pelas violações das desigualdades de Bell. Estas sugerem a existência de uma ordem mais profunda da realidade que pode ser descrita por uma estrutura informacional subjacente, com base na teoria de Fibrados de tripletos de spins, cujas propriedades topológicas definiriam a emergência do espaço-tempo clássico.

Os ensaios experimentais conduzidos por Aspect, Clauser e Zeilinger (laureados com o Prémio Nobel da Física em 2022) demonstraram que as partículas emaranhadas mostram correlações instantâneas, independentemente da separação espacial. Tais fenómenos são consistentes com a previsão quântica e violam as chamadas Desigualdades de Bell, excluindo teorias locais de variáveis ocultas. Apesar da não-localidade, a transmissão de informação clássica permanece sujeita à velocidade da luz. Isto é garantido pelo designado teorema da não-sinalização na mecânica quântica (consultar Apêndice D), o qual impede que as correlações sejam usadas para comunicação instantânea.

Com a proposta do Campo Informacional Fundamental (TIF), o substrato da realidade é um Campo informacional representado por tripletos de spins que operam num Fibrado topológico. Cada tripleto define um grau de liberdade fundamental, cujas interacções e curvaturas locais dão origem a entidades físicas conhecidas e à própria estrutura espaço-temporal.

Se os tripletos de spin estiverem organizados numa estrutura Fibrada com conexões topológicas que funcionem como um campo informacional fundamental, então a estrutura permitiria um novo tipo de "comunicação" não local, não redutível ao modelo tradicional de partículas.

Assim, a geometria emergente do Fibrado do modelo TIF produziria as métricas observadas da Relatividade Geral, enquanto a estrutura discreta dos tripletos sustentaria as redes de spin suporte do fenómeno gravítico. Os diferentes tipos de partículas (quarks, leptões, neutrinos) correspondem a excitações topológicas distintas sobre este Campo.

A não-localidade quântica pode ser reinterpretada como um efeito da conexão global no Fibrado do modelo TIF, onde estados correlacionados são Secções paralelas no Fibrado. Assim, a instantaneidade é uma propriedade da topologia subjacente, não uma violação da Relatividade.

Em conclusão, a estrutura informacional não-local proposta pelo modelo TIF oferece uma interpretação coerente dos fenómenos de emaranhamento, respeitando a causalidade relativística e fornecendo um novo caminho para a unificação da física quântica com a geometria do espaço-tempo.

Pressupõe-se que os tripletos de spin tenham uma existência anterior à métrica espaço-temporal como estruturas informacionais elementares onde a curvatura emergente do Fibrado dá origem à gravidade, não como força, mas como topologia emergente, e o espaço-tempo são como estados coerentes ou fases do entrelaçamento desses tripletos.

Deve-se entender que a ideia de pré-espaciotemporal refere-se a uma realidade mais fundamental que não é descrita em termos de espaço e tempo tradicionais, mas que dá origem ao espaço-tempo como um fenómeno emergente. Nada de novo, uma vez que esta noção tem sido explorada tanto em física teórica quanto em abordagens filosóficas da realidade. Trata-se de um domínio ontológico mais fundamental onde não existem ainda as noções clássicas de “aqui” e “agora”, onde não existe métrica no sentido tradicional, nem separação clara entre passado, presente e futuro, pressupondo que as variáveis fundamentais desse domínio são informacionais, relacionais ou topológicas, e não locais ou geométricas.

O modelo TIF não permite violar a Relatividade Geral e Restrita, mas reconfigura o que chamamos de espaço, tempo e informação. A transmissão super lumínica de informação clássica continua proibida, mas o modelo TIF poderá oferecer uma opção onde a causalidade emerge de uma ordem informacional mais profunda, não-local, holográfica, e com potenciais aplicações em fenómenos que justificam a existência de neutrinos estéreis, entanglement e ressonâncias entre partículas tríádicas.

Fica claro que não seria possível a existência da velocidade super lumínica. Mesmo nas estruturas Fibradas com topologias não triviais, a informação local (mensagens, energia) ainda deve respeitar os limites de causalidade impostos pela relatividade geral. O que poderia existir é um tipo de resposta instantânea entre pontos emaranhados, dentro do modelo TIF, que não viole a causalidade, mas a redefina dentro de uma camada mais profunda, dita pré-espaciotemporal.

Partindo do principio que o Fibrado Principal indica que há uma conexão entre os pontos do espaço-tempo que não depende apenas de trajectórias locais, mas também de estrutura global/topológica, que se os tripletos de spins formam modos coerentes no Fibrado, então a informação que eles carregam pode estar correlacionada de forma não-local, lembrando um efeito holonómico (dependente do âmbito global da conexão).

Estes aspectos encontram eco em Davis Bohm quando propõe uma realidade subjacente — a Ordem Implícita — onde toda a informação está entrelaçada de maneira não-local. O modelo do Campo Informacional Fundamental (TIF), baseado em tripletos de spin, pode ser compreendido como uma representação geométrica dessa ordem implicada, na qual a geometria do espaço-tempo emerge de relações informacionais internas. É dele o seguinte trecho: "In some sense, space and time are derived notions from a deeper order — the implicate order — where everything is enfolded into everything.", Wholeness and the Implicate Order, 1980.

Também Carlo Rovelli afirma que o espaço não seja um palco absoluto, mas uma rede discreta de relações. O modelo TIF alinha-se com esta visão ao considerar os tripletos de spin como unidades relacionais fundamentais, formando um fibrado dinâmico cuja curvatura induz a métrica do espaço-tempo observável. Rovelli afirma em Reality Is Not What It Seems, 2014: "Space is not a container. It is a dynamic structure, a field in itself. It is granular and relational."

Outra teoria que faz anteceder o espaço-tempo de um pré-espaciotempo é a geometria dos twistors é concebida como mais fundamental que o próprio espaço-tempo, antecedendo-o. No modelo TIF, os tripletos de spin podem ser vistos como entidades análogas a twistores, localizados em uma estrutura Fibrada que precede a construção da métrica espaço-temporal. Sir Roger Penrose peremptoriamente confirma: "The twistor picture is in a certain sense more fundamental than the usual space-time picture.", The Road to Reality, 2004.

Do lado da Filosofia, a fenomenologia de Edmund Husserl reforça a noção de que o tempo é um modo de aparecimento da Realidade à Consciência, fazendo-nos sentir que o modelo TIF complementa essa perspectiva ao fornecer uma base geométrica e física para tal aparecimento, onde a curvatura dos tripletos de spin estrutura a possibilidade do tempo. Mas A filosofia budista da vacuidade é mais intensa quando sugere que as distinções fenoménicas são construções convencionais. No modelo TIF, o espaço-tempo e as suas partículas são também fenómenos emergentes de uma base não dual de relações de spin, o que ressoa com a doutrina de Nagarjuna: "There is not the slightest distinction between Saṃsāra and Nirvāṇa.”, Mūlamadhyamakakārikā.

Estas abordagens fornecem apoio conceptual e filosófico ao modelo TIF, na medida em que propõem uma reformulação radical da base ontológica da física moderna, concebendo o espaço-tempo como uma geometria emergente da informação estruturada em tripletos de spin - um pré-espaciotemporal funcionando como interface perfeito entre o espaço-tempo 4D e o Hiperespaço ou o Absoluto da “Energia Escura” formalizada no contexto do Lambda einsteiniano.


8. PRÉ-ESPACIOTEMPORAL COMO INTERFACE COM O ABSOLUTO

Na óptica Fibrada aplicada ao modelo TIF (Tripletos de Informação e Fibrados), o pré-espaciotemporal pode ser definido como uma estrutura base não-manifoldeana, não-local e anterior à geometria clássica, sobre a qual se organiza o Fibrado Principal.

No formalismo de Fibrados, temos normalmente:

π:P→M

em que P é o espaço total (onde “vivem” os Tripletos de Spin e as Conexões), e 𝑀 é a variedade Base (o espaço-tempo clássico). No modelo, propomos que 𝑀 não é ainda o espaço-tempo clássico, mas em vez disso forma um espaço pré-espaciotemporal, ainda não submetido às condições geométricas da métrica, da causalidade e da dimensionalidade. Esse espaço não é o espaço-tempo, mas uma camada ontológica anterior, um Campo potencial ou teia primordial de relações, que serve de domínio base para os tripletos de spins (as secções do Fibrado).

Assim, o pré-espaciotemporal é o domínio de projecção da “Consciência Pura” ou do Absoluto, onde as possibilidades de estrutura e forma ainda não colapsaram em realidade objectiva.

Esta ideia pode ser representada do seguinte modo:


Isto corresponde na teoria de Wheeler ao pregeometry, na forma de uma base de pura conectividade lógica-informacional, antes da métrica, ou com David Bohm à Ordem Implícita como o substrato invisível e holoinformacional do real. Estas analogias poderiam estender-se ao Pratyabhijñā do Budismo do Norte, onde o Cittamatra surge como base informacional da experiência ou a Consciência Pura que projecta a Realidade. Com Platão encontramos o domínio das ideias, que modela o mundo sensível.

 


Fig.1 - O Absoluto e os 3 Sephirots Superiores na Cabala ou o ternário na tradição védica


Como já vimos, no nosso modelo o pré-espaciotemporal é a base do Fibrado Principal 𝑃, no qual os tripletos de spin são entidades ligadas por Conexões 𝜔, produzindo as Curvaturas informacionais Ω que dão origem à métrica (gravidade), às partículas (colapsos locais de Secções), à seta do tempo (orientação de fluxos no fibrado), e ao fenómeno mais importante: a Consciência (interpretada como actividade da rede de relações).

Numa formulação simbólica podemos expressar este conjunto do seguinte modo:

Pré–Espaço ≡ Mpré (não-manifoldeano, não-métrico)

𝜋 : 𝑃 → 𝑀pré

𝜔 ∈ Ω1 (𝑃, 𝑔)

Ω = 𝑑𝜔 + 𝜔 ∧ 𝜔

As Secções 𝑠 : 𝑀pré𝑃 são os modos activos do Campo informacional, e a sua propagação/interacção cria a geometria topológica emergente dos tripletos.

 

9. MATÉRIA ESCURA E A TEIA INFORMACIONAL FIBRADA

Iremos expor uma ideia estruturada em torno dos tripletos informacionais de spins de modo que possam estar na origem ou intimamente relacionados com a Matéria Escura, oferecendo uma explicação geométrica, informacional e não convencional para os seus efeitos gravitacionais observados.

Partimos do princípio de que os tripletos de spin são estruturas pré-espaciotemporais, como definimos anteriormente, e que formam uma rede informacional fundamental que pelas suas características podem não interagir directamente com o campo electromagnético, o que explicaria por que não emitem nem absorvem luz, satisfazendo uma das características fundamentais da Matéria Escura. No entanto, a sua curvatura dada pela igualdade Ω=dω+ωω afecta a geometria do espaço-tempo emergente, o que equivale dizer que poderá gerar efeitos gravitacionais observáveis, como rotação anómala das galáxias, formação de estruturas filamentosas cósmicas, e evidentemente o fenómeno registado como lentes gravitacionais, sem precisar de novas partículas massivas convencionais para o justificar.

Na linguagem da teoria dos Fibrados, o Campo de curvatura Ω pode ter componentes informacionais que não são projectáveis na métrica gμν do espaço-tempo comum, escapando deste modo à observação instrumental clássica, mas que no entanto actuam sobre ela indirectamente, moldando-a gravitacionalmente. Aquelas curvaturas seriam topologicamente estáveis, e permaneceriam invisíveis aos detectores usuais, tal como se espera do comportamento tido pela Matéria Escura.

Ou seja, enquanto a Matéria Escura tem levado a física a propor a existência de novas partículas, tais como WIMPs ou axiões, com o modelo TIF e os tripletos de spins a Matéria Escura é tratada como sendo regiões de curvatura informacional de tripletos que não interagem com os fotões. Isto deriva naturalmente da nossa proposta de uma geometria informacional subjacente ao próprio espaço-tempo através de um duplo aspecto: de uma teia fundamental de spin, em que a matéria visível fermiónica emerge como ressonância coerente e a Matéria Escura como “incoerência” curvada. Verificando-se esta hipótese, se ela for correcta, então a Matéria Escura não seria considerada uma “substância”, mas uma estrutura informacional oculta., em que as suas flutuações de densidade seriam flutuações na coerência dos tripletos. Comportar-se-ia como assinaturas indirectas do modelo TIF, onde efeitos quânticos não-locais, como por exemplo correlações gravitacionais inesperadas manifestadas em escalas cosmológicas, confirmariam que a gravidade e a Matéria Escura são efeitos entropicamente emergentes.

A Matéria Escura pode ser a “sombra gravitacional” de uma arquitectura informacional profunda, tecida por tripletos de spin que, embora ocultos à nossa luz – os fotões, modelam porém a dança cósmica das galáxias com precisão invisível.

Podemos construir um modelo matemático simplificado para representar esta hipótese de que a Matéria Escura emerge como efeito da curvatura induzida pelos tripletos de spin no Fibrado informacional fundamental.

Teremos que assumir um fibrado principal P(M,G) com Base 𝑀 (o espaço-tempo 4D pseudo-Riemanniano), um grupo de estrutura G=SU(2) (para os tripletos de spin), uma Conexão 

ωΩ1(P,su(2)), e uma Curvatura associada dada por 

Ω=+ωωΩ2(P,su(2)).

Teremos ainda que considerar um tensor de energia efectivo induzido pela curvatura propondo que a curvatura Ω, quando projectada para o espaço-tempo base 𝑀, induz um tensor energia-momento também efectivo, que gera efeitos análogos aos da Matéria Escura:

Este termo surge de forma análoga ao termo de Yang–Mills no vácuo, mas aqui com origem puramente geométrica informacional.

Teremos também que introduzir equações de Campo modificadas de Einstein, incorporando o tensor efectivo acima descrito nas equações de Campo:


Onde os termos representam respectivamente a energia-momento da matéria visível e a contribuição oculta gerada pela geometria dos tripletos de spin.

Será ainda necessário assumir disposições simplificadoras para a cosmologia. Na métrica FLRW (ver apêndice G), e assumindo isotropia e homogeneidade para a contribuição informacional escura, podemos fazer corresponder esta igualdade:


Desta forma, as equações de Friedmann modificadas são:

Ainda podemos tratar da quantização da topologia sabendo que em certos regimes, a curvatura Ω dos tripletos pode ter topologia quantizada (instanton-like):

implicando que a energia associada aos tripletos seja discreta, o que pode ter impacto na formação dos halos das galáxias ou em flutuações do fundo cósmico, tal como sugerimos antes.

Este modelo mostra que os efeitos gravitacionais atribuídos à Matéria Escura podem emergir naturalmente da estrutura geométrica oculta de um Fibrado com tripletos de spin, sem invocar partículas exóticas.

A inflação cósmica também pode ser vista como reorganização topológica do teia informacional, pois que durante os instantes iniciais do Universo, o Fibrado da teia informacional poderia ter passado por uma transição topológica, em que a inflação seria causada por uma fase de alta coerência entre tripletos, com mínima entropia topológica com a curvatura informacional (Ω) quase constante:



No final da inflação quando a coerência dos tripletos decaiu, a curvatura começou a flutuar, transferindo energia para os campos físicos do espaço-tempo. Esse mecanismo que pode ser interpretado como um "recondicionamento informacional":


Este conceito da inflação por via da geometria quântica é uma proposta compatível com abordagens como a Gravidade Quântica em Laços (LQG), na qual a geometria é discreta e informacional, semelhante ao modelo TIF.

Por outro lado, se os tripletos possuem graus de liberdade quirais ou anomalias topológicas, poderiam gerar uma violação de CP na fase inicial, um requisito para explicar o excesso de matéria sobre antimatéria, que a seguir daremos conta.


 10. PREDOMINÂNCIA MATÉRIA VS ANTI-MATÉRIA

 

No quadro dos tripletos de spins Fibrados do modelo TIF, a predominância da matéria sobre a antimatéria pode ser explicada como consequência de anomalias topológicas e quebras espontâneas de simetria informacional ocorridas na estrutura do Fibrado durante os primeiros instantes do Universo, como se a origem desta nova assimetria emergisse da própria topologia quiral dos tripletos de spin.

Como já foi discutido em textos anteriores, teremos que considerar os tripletos com estrutura quiral intrínseca não-espelhável, ou seja não superponível à sua imagem espelhada. Esta propriedade induziria a uma preferência natural por uma quiralidade sobre a outra no estado fundamental do modelo TIF. Funcionaria como uma quebra espontânea de simetria CP (carga-paridade), sem necessidade de Campos externos. O mesmo será dizer que teríamos que admitir que, já na génese do espaço-tempo informacional, o Universo “escolhe” uma direcção quiral de evolução, favorecendo a formação de matéria ou que os decaimentos assimétricos seriam mediados pela existência da curvatura informacional. O esquema decorreria durante a reconfiguração topológica inicial do processo inflacionário, a curvatura Ω=𝑑𝜔+𝜔∧𝜔 do Fibrado poderia mediar transições assimétricas entre estados de tripletos e com isso favorecer estados de spin com configurações que levam à geração de partículas sobre antipartículas. Esta assimetria pode ser modelada como um termo topológico efectivo (semelhante ao termo de Chern-Simons – consultar Apêndice F), com θ(x) modulando a densidade de curvatura quiral no modelo TIF:


Haveria ligações com a futura Bariogénese e especificamente com a Leptogénese. A Bariogénese depende das três condições de Sakharov, a saber a violação de número bariónico, a violação de C e CP e das condições fora do equilíbrio térmico. No modelo TIF estas 3 condições seriam resolvidas de acordo com o quadro:

Condições de Sakharov

Interpretação pelo modelo TIF

1. Violação de número bariónico

Transições topológicas entre tripletos

2. Violação CP

Quiralidade intrínseca dos tripletos

3. Fora do equilíbrio

Expansão e flutuações na curvatura informacional


Se os neutrinos (como modos neutros no modelo TIF) forem de Majorana, a Leptogénese também pode ocorrer por via do decaimento assimétrico de modos informacionais neutros, com violação de L (número leptónico), posteriormente convertida em violação de número bariónico via processos de sphalerons (consultar Apêndice G).

Esta assimetria informacional pode manifestar-se ainda hoje através da constatada predominância da matéria no Universo visível, e pelo pequeno excesso de neutrinos sobre antineutrinos. Inclusivamente por prováveis assinaturas extremamente fracas nas ondas gravitacionais primordiais geradas pelas flutuações topológicas.


11. ABORDAGEM ONTOLÓGICA 

A ideia de que existe um Absoluto, uma realidade última, adimensional, infinita, não manifestada, é uma noção presente em muitas tradições filosóficas e espirituais, como o Brahman no Vedanta, o Ain Sof na Cabala, ou o Uno neo-platónico. Se esse Absoluto é a “Consciência Pura”, então os tripletos de spins poderiam ser a primeira manifestação ordenada e intencional dessa Consciência no domínio da estrutura triádica, que pode representar um padrão arquetípico de relação (“de cima para baixo”), traduzido nas mais diversas conceptualizações e linguagens, de que testemunhamos apenas algumas:

1. Ser–Consciência–Potência (linguagem filosófica);

2. Atman–Buddhi–Manas (Vedas, Hinduísmo,Teosofia);

3. Pai–Filho–Espírito Santo (linguagem cristã);

4. Observador–Observado–Relação (na física relacional).

O tripleto de spins fibrado surge naturalmente como a menor estrutura relacional não trivial, uma geometria informacional primordial diferente da unidade indiferenciada ou de uma unidade de potencialidade. Deste modo, do ponto de vista da física teórica e da teoria da informação, os tripletos de spins podem ser a menor estrutura coerente e estável de codificação da realidade, como uma espécie de bit quântico mínimo com topologia.

A grande diferenciação resultaria em que o Absoluto não codifica "coisas", mas relações, e o tripleto permite construir simetrias, dualidades, e hierarquias. Assim, a geometria não surge da matéria, mas da informação, e o Campo TIF é a forma elementar dessa geometria. Logo a existência de dois níveis: um o Manifestado e outro o Imanifestado.

Se o Absoluto é entendido não como uma entidade com atributos, mas como a pura capacidade de ser consciente, “Consciência Pura”, então o tripleto de spins pode ser a primeira estrutura auto-reflexiva que representa a física de um ponto de vista intencional, um Campo, e uma medida, o "espelho primordial" da Consciência, que ao reflectir-se, gera uma estrutura em cadeia. Neste modelo, a estrutura quântica não apenas reflecte, a designada em todas as teogonias por “Mente Divina”, mas é o modo pelo qual o Absoluto se conhece como mundo.

Em termos matemáticos poderíamos dizer que o Fibrado Principal, que sustenta o modelo TIF, pode ser um Campo primordial de simetria, onde se verifica simetria CPT in extremis, e ao contrário o "Absoluto" seria aquilo que não tem simetria, um ponto fora do espaço-tempo, mas de onde toda a estrutura emergiria por quebra espontânea de simetria. Pelo meio, um interface o pré-espaciotemporal fibrado, onde é possível ter fenómenos super lumínicos genuínos de emaranhamento e de não-localidade.

Em formato filosófico-científico poderíamos dizer que o Absoluto representa o puro silêncio, mas esse silêncio contém em si a potencialidade de ressoar. O primeiro som, tal como um solitão, a primeira ressonância, não é uma nota musical mas uma relação que precisa de três pólos: um que vibra, outro que “ouve”, e o meio onde a vibração repercute. Os tripletos de spins seriam esse primeiro eco do Absoluto, a tríade primordial da existência manifestada, o padrão mínimo que permite a diferenciação, a geometria, a Consciência e o tempo. Dentro deles, carregariam uma “imagem” ou uma “presença expandida” do Absoluto: o pré-espaciotemporal.

O Absoluto é o hiperespaço total 𝑃 do fibrado, incondicionado e sem coordenadas, do qual o espaço-tempo (a base 𝑀) emerge como projecção coordenada da manifestação. Os tripletos de spins constituiriam as secções de localidade desse Absoluto, permitindo que a manifestação assuma forma, relação e Consciência. A topologia global do Fibrado é a assinatura do Absoluto na malha da realidade ou seja a representação teológica tradicional da queda do espírito na matéria.

Logo, não haveria geometria física, gravidade, partículas ou Campos, sem um substrato relacional, um “Campo de sentido” que os torna possíveis. Este Campo pode muito bem ser formalizado fisicamente pelo modelo TIF, matematicamente como Fibrado, e ontologicamente como a auto-articulação do Absoluto em Consciência.

Talvez fosse mais apropriado designar o modelo TIF por Teia Informacional Fibrada.

Esta visão de uma Consciência Absoluta que se desdobra, espelha a ideia de que o Absoluto está representado pelo pré-espaciotemporal no Fibrado, e o campo informacional (TIF) ser uma estrutura de projecção que torna possível a emergência do “mundo físico” como geometria e relação. Edmund Husserl, fundador da fenomenologia transcendental, investigou profundamente a relação entre Consciência, intencionalidade e a constituição do mundo. As suas reflexões são uma ponte entre a ideia de um “campo informacional fundamental” e a manifestação do espaço-tempo como estrutura consciente-relacional.

Tudo o que é, é para a consciência. O mundo é constituído no e pelo fluxo da consciência intencional.”, Edmund Husserl, Ideias para uma Fenomenologia Pura e uma Filosofia Fenomenológica, 1913.

Ou ainda esta outro trecho do mesmo autor:

A consciência é absoluta; tudo o mais é relativo a ela. A totalidade do ser é, para mim, uma estrutura de sentido constituída pela consciência transcendental.”, Edmund Husserl, Meditações Cartesianas, 1929.

No entanto podemos recorrer a outras fontes mais ancestrais, como os Upanishads onde os ensinamentos do Budismo Mahāyāna (ou Budismo do Norte) que oferecem afirmações profundas sobre a natureza da realidade como Consciência pura, ecoam elegantemente tanto a visão do Absoluto como aquela do pré-espaciotemporal do Fibrado, e da realidade manifesta como relações ou Secções desse Campo informacional fundamental.

Por exemplo, o Atman nos Upanishads pode ser associado ao Absoluto adimensional, fonte silenciosa de todas as manifestações. A ideia de que tudo quanto existe é projecção dele, espelha directamente a noção de que o modelo TIF é uma secção local da realidade última, cuja geometria se manifesta como espaço-tempo.

"É o Atman que tudo permeia, eterno, imutável, não nascido, sem segundo. Tudo quanto existe é projecção dele.", Māṇḍūkya Upanishad.

Do Budismo Mahāyāna  no Sutra da Sabedoria Suprema, Prajñāpāramitā Sūtra, surge-nos este trecho: "Forma é vazio, e vazio é forma. Forma não é diferente do vazio, nem o vazio é diferente da forma."

Expressa na nossa opinião, maravilhosamente bem, o princípio de co-emergência da realidade e da vacuidade. No contexto do modelo TIF, pode-se afirmar que os tripletos de spins são formas locais (estrutura informacional concreta), mas que essas formas são expressões finais do vazio - o Hiperespaço Absoluto - que não possui forma nem tempo, demonstrando assim, que a geometria física (forma) e o campo informacional silencioso (vazio) são duas faces da mesma realidade.

Numa linguagem moderna e matemática, ambas as tradições sugerem que a realidade não emerge do “nada”, mas de uma plenitude “silenciosa” e auto-existente, o Atman ou o Sunyata, e que as “formas” (partículas, geometria, forças) são manifestações locais de relações dinâmicas, como os tripletos de spins em movimento no Fibrado do modelo TIF, onde gravidade, o espaço e o tempo são modos de organização fenomenal de uma Consciência que se manifesta a si mesma.

Sumário do Modelo

Palavras-chave: Teia Informacional Fibrada, spins, ontogénese, emaranhamento, filosofia relacional, pré-espaço-tempo. 

Este modelo pretende compreender a informação quântica primordial não como um derivado do espaço-tempo, mas como algo que o precede. Parte da hipótese de que entropia, informação e spins formam a base da realidade dentro de um contexto pré-espaciotemporal. Podemos descrevê-las em torno de cinco características principais, a saber:

Uma Estrutura Fibrada de Tripletos de Spins

A estrutura básica é um Fibrado de tripletos de spin. Cada fibra é composta por três spins entrelaçados, formando uma “unidade básica informacional”, porque a geometria triádica é a primeira forma de superfície definidora de espaço. A interacção e combinação dessas fibras geram uma teia tridimensional que representa a teia informacional.

Pré-Espaço-Temporal

O modelo postula um domínio pré-espaciotemporal onde a teia de spins e informação existe sem apoio de uma geografia clássica. Nesse nível fundamental, não há métricas espaciais convencionais, apenas conexões informacionais entre tripletos.

Emaranhamento como Estrutura Nuclear

O entrelaçamento quântico ocorre entre tripletos vizinhos através de conexões Fibradas. Essas conexões entrelaçadas constituem a base do “tecido” informacional antes de ser “formatado” em espaço-tempo. O emaranhamento ou entanglement é, assim, nativo à estrutura do modelo TIF, não dependente de espaço físico externo temporalmente posterior.

Não-Localidade e Conectividade Informacional

Na teia, a não-localidade natural preserva correlações mesmo em “distâncias” definidas apenas dentro da estrutura informacional. Não há separação física, quaisquer dois tripletos podem estar conectados por laços informacionais directos, dando conta das correlações quânticas mesmo sem espaço físico.

Espacialização Emergente

O espaço-tempo clássico emerge como uma projecção da geometria e conectividade da teia. Pontos e regiões do espaço são definidos por densidade de fibras, topologia de entrelaçamento e conteúdo informacional.

Estas cinco propriedades implicam propostas potenciais para uma nova interpretação de fenómenos quânticos (por exemplo o Efeito Aharonov-Bohm (ver Apêndice J), outros inseridos em ambiente de não-contexto, etc.) como propriedades intrínsecas da fibra e da conectividade. Oferecem um possível caminho para entender a origem do espaço-tempo e da gravidade como aspecto emergente da informação e do entrelaçamento.

 Uma Ontogénese Informacional da Realidade

Com a TIF - Teia Informacional Fibrada Fundamental propõe-se uma articulação entre um modelo físico-informacional e correntes filosóficas ontogénicas e relacionais. Com base na hipótese de que a realidade não emerge do espaço-tempo, mas de uma rede de conexões informacionais entre símplices ou tripletos de spins, argumenta-se que o Ser e a Consciência estruturam-se primordialmente como relação. A partir deste conceito configuram uma ontologia do processo e da interconectividade, dando possibilidade de traçar paralelos com as propostas de Alfred Whitehead, David Bohm, Gilles Deleuze, Maurice Merleau-Ponty e Carlo Rovelli, ou mesmo com outras milenares das doutrinas védicas e hinduístas.

As teorias físicas contemporâneas enfrentam crescentes indícios de que o espaço-tempo não é uma estrutura fundamental da realidade. Fenómenos como o emaranhamento quântico e os efeitos topológicos, como aquele referido de Aharonov-Bohm, apontam para uma camada subjacente de conectividade não-local. Diante deste quadro, o modelo da Teia Informacional Fibrada Fundamental emerge como uma proposta teórica e ontológica para compreender o Universo como um sistema de relações puramente informacionais, onde tripletos de spins formam uma malha pré-espacial de Senciência e Ser que poderão unificar-se com a teoria Orch-OR de Penrose e Hamroff.

O modelo propõe que a realidade emerge de fibras compostas por tripletos de spins interligadas por conexões vectoriais que não dependem de localização. Cada tripleto representa uma unidade mínima de informação e a sua interacção com outros, forma a teia que, estatisticamente, gera o espaço-tempo clássico. Não há distância, apenas relação, antecipando um modelo de realidade onde o Ser é conectar-se.

O emaranhamento não é um efeito secundário, mas a própria estrutura do Real. A não-localidade surge como uma propriedade nativa das fibras, e não como quebra de causalidade, fazendo lembrar a Ordem Implícita de David Bohm, onde o Universo é uma totalidade indivisa, e as “partes” são projecções momentâneas de uma estrutura holística e interdependente.

Tal como na filosofia do processo de Alfred North Whitehead, o modelo interpreta o Real como uma cadeia de eventos relacionais. Não há substâncias, apenas actualizações contínuas de relações. Esta ontogénese, que mais não é do que o surgimento do Ser a partir da relação (uma relação que o modelo advoga ter-se iniciado entre Hiperespaço/pré-espaciotemporal), também se aproxima da ontologia da diferença de Gilles Deleuze, que vê o real como campo de diferenciações pré-individuais.

O espaço-tempo surge como uma resultante estatística da organização da malha informacional. Visão que é compatível com a mecânica quântica relacional de Carlo Rovelli, na qual as propriedades físicas existem apenas em relação a outros sistemas. Similarmente, Merleau-Ponty sugere que o mundo sensível e o sujeito são mutuamente constituídos originando uma fenomenologia natural do entrelaçamento.

Nos seus vários aspectos, o modelo TIF abre espaço para uma nova concepção filosófica da realidade, não como algo pré-dado, mas como algo que se tece constantemente na interacção entre diferenças relacionais. Espaço, tempo e matéria não são fundamentos, mas efeitos colaterais de uma dança ontogénica, apontando para uma física que é também metafísica, e para uma ontologia que começa com a informação, não com a substância.

 CONCLUSÃO

A Teia Informacional Fundamental ou Fibrada – TIF e a sua estrutura de tripletos de spins, transforma-se numa Entidade Única ao fornecer chaves interpretativas a três níveis: o Cosmológico, a Física das Partículas e o Filosófico, assim referenciados respectivamente:

1. A quantização das singularidades nos Buracos Negros e no Big Bang.

2. A geometrização da gravidade originada num Fibrado topológico.

3. A direccionalidade da Seta do Tempo, da Entropia e da Causalidade e por outro lado o formalismo pré-espaciotemporal e da retrocausalidade.

4. A predominância no Universo da matéria versus anti-matéria.

 6. Uma “GUT - Grand Unified Theory” para o Modelo Padrão da Física das Partículas via cascata replicativa.

6. A estrutura geracional hierárquica dos leptões e dos quarks.

7. A origem única da emergência da Carga e da Massa das partículas.

8. A Consciência como Campo quântico informacional co-participativo universal.

9. A interpretação corrente das cosmogonias/teogonias mitológicas e das doutrinas tradicionais teológicas.

Lança ainda previsões para a actualidade sobre:

               1. A existência do neutrino de Majorana.

               2. Um Universo rotacional.

               3. Um movimento rotacional preferencial galáctico.

4. Amplia a noção de Mente co-participativa (“Orch-OR” [Penrose e Hameroff] / Campo Quântico Informacional), e fornece novas bases para o Argumento Antrópico.

               5. A “Matéria Escura” como circunstância do modelo TIF.

6. O Hiperespaço ou “Energia Escura”, o Lambda adimensional.

7. A existência de dimensões encaradas como super lumínicas ou “mundos espirituais”, os pré-espaciotemporais dos tripletos em interface com o Hiperespaço, numa nova abordagem ontológica sobre a origem e a sobrevivência da Consciência.

 

"To my mind, there must be at the bottom of it all, not an equation, but an utterly simple idea. And to me, that idea, when we finally discover it, will be so compelling, so inevitable, that we will say to one another, 'Oh, how beautiful. How could it have been otherwise?'", John A. Wheeler, Law Without Law

Apêndices

Apêndice A – Formalismo Matemático do Campo Informacional Fibrado Fundamental (TIF)

Formalismo matemático que sustenta a estrutura do modelo TIF, com o objectivo de oferecer uma base rigorosa para os conceitos físicos e geométricos propostos para esta topologia quântica.

Interpretação Física

O Campo TIF não é apenas um campo no espaço-tempo, mas apresenta-se como uma estrutura Fibrada sobre o próprio espaço-tempo com curvatura, que dá origem à massa, carga e ao entrelaçamento ou emaranhamento quântico. A gravidade aparece naturalmente como curvatura do Fibrado e não como uma força mediada por bosões. A estrutura tríade (3 quarks, 3 leptões, 3 neutrinos) emerge assim da geometria interna da fibra, sugerindo uma origem comum.

1. Fibrado Principal e Grupo de Estrutura

Define-se o Fibrado Principal P(M,G), onde M é o espaço-tempo (na base 4D) e G é o grupo de simetria local, como aqueles SU(2), SU(3) ou U(3). Os tripletos de spins são modelados como secções horizontais ou modos em fibras associadas.

2. Tripletos de Spins como Secções de um Fibrado Associado

Os tripletos (s₁, s₂, s₃) ∈ ℂ³ são tratados como Campos presentes numa fibra complexa associada, transformando sob representações de G.

Formalmente, ψ(x) ∈ Γ(E), com E = P × G ℂ³, onde Γ(E) é o espaço de secções do Fibrado vectorial associado.

3. Conexão e Curvatura

A conexão no Fibrado Principal define o transporte paralelo dos tripletos de spin. A curvatura F=da+A∧A pode ser interpretada como o campo gravitacional emergente, numa analogia com os formalismos de Cartan e Ashtekar. O campo informacional 𝔽μν é um tensor derivado da evolução dos tripletos de spin ao longo das conexões.

4. Acção Lagrangiana Informacional

Propõe-se uma acção de Yang–Mills generalizada STIF: 

onde ψ é o tripleto de spins e Dμ é a derivada covariante associada à conexão do Fibrado.

5. Ressonância e Hierarquias de Partículas

As estruturas triádicas dos quarks, leptões e neutrinos podem emergir como modos ressonantes distintos dentro da fibra, em função da simetria local e topologia do TIF. Esta estrutura pode explicar a replicação tríplice de massas no Modelo Padrão.

Resumindo:

- Os Fibrados SU(2)³ sugerem estruturas de spinors em dimensão superior.
- O espaço dos campos Ψ pode ser visto como secções de um Fibrado vectorial associado.
- A quebra de simetria SU(2)³ → U(1) × diag(SU(2)) pode gerar a estrutura geracional das partículas leptónicas existentes.

 

Apêndice B: o que é um Fibrado?

Por definição um Fibrado é uma estrutura onde cada ponto do espaço base carrega consigo um espaço extra (um pré-espaciotemporal), chamado fibra. Imagine um casaco de lã em que a superfície do casaco é o espaço base que vai corresponder ao espaço-tempo 4D que se torna no espaço base. Cada ponto do tecido tem fios internos enrolados de forma específica, ou seja correspondentes em cada ponto do espaço-tempo um espaço interno associado (por exemplo, um espaço de spin, ou uma simetria SU(2)). Os fios representam as fibras, e o modo como os fios se torcem e se ligam de um ponto ao outro define a geometria do casaco, ou seja, define a Conexão e a Curvatura do Fibrado. Ou seja, aquele espaço interno pode mudar ao longo do espaço-tempo. O modo como ele muda é descrito por Conexões, e a resistência a esse movimento define a Curvatura (encarada e sentida como gravidade).

Assim, com Fibrados conseguimos unificar forças e partículas com geometria, descrever ao mesmo tempo Campos quânticos como secções do Fibrado, representar também a gravidade (de forma similar como em Ashtekar, Cartan ou Einstein) como curvatura do Fibrado do espaço-tempo, e finalmente no modelo TIF, descrever os tripletos de spins como Campos informacionais que percorrem a estrutura fibrada, produzindo a física que observamos.

Em resumo, um Fibrado é como um espaço onde em cada ponto do espaço visível, existe um espaço escondido, interno, à escala de Planck, um pré-espaciotemporal, que pode girar, torcer e interagir, determinando toda a realidade fenoménica.

 

Apêndice C: Neutrino de Majorana

Actualmente, os principais avanços na investigação do neutrino de Majorana concentram-se na busca através do decaimento duplo beta sem neutrinos (0νββ), que poderão confirmar por exemplo que o neutrino é a sua própria antipartícula.

O experimento sul-coreano AMoRE-I, utilizando Mo-100 (molibdénio), após dois anos relatou não ter encontrado sinais daquele decaimento, estabelecendo um limite de vida com meia-vida mínima de T1/2> 2,9×1024 anos, cerca de 2×1014 vezes superior à idade do Universo. Porém prevê-se que o próximo detector de 100 kg possa alcançar maior sensibilidade.

Uma recente publicação datada de abril de 2024 (Phys. Rev. Lett. 132), oferece as primeiras estimativas ab initio, dentro de um quadro relativístico consistente para matrizes de transição em 0νββ. Os referidos cálculos reduzem as incertezas ligadas à interpretação experimental, fortalecendo a ligação entre dados experimentais e a teoria do neutrino de Majorana. Entretanto uma nova geração de instrumentos denominados de NEXT, nEXO, PandaX, que entrarão em operação nos próximos anos, mantêm a esperança de melhor afinação dos dados aumentando a confiabilidade na interpretação de futuros sinais que atingirão os limites próximos de regiões fascinantes da pesquisa, nomeadamente da origem hierárquica das massas dos neutrinos.

 

Apêndice D: Teorema da Não-Sinalização e a TIF

O teorema de não-sinalização da mecânica quântica é uma das ideias centrais que preserva a compatibilidade da física quântica com a Relatividade de Einstein, ou seja, garante que nada pode transmitir informação mais rápido que a luz, mesmo que o universo quântico seja cheio de fenómenos estranhamente “instantâneos”, como o emaranhamento.

O que significa não-sinalizar? Imagine os dois intervenientes utilizados tradicionalmente pela física quântica, Alice e Bob, que estão muito distantes um do outro, cada um com uma partícula de um par previamente emaranhado. Partículas que passam a estar ligadas de forma misteriosa, de tal modo que se Alice mede a dela e obtém um certo resultado, Bob verá um resultado correlacionado, mesmo que esteja a anos-luz de distância. Logo seria de pensar que essa correlação é instantânea e que Bob poderia usar isso para enviar mensagens mais rápido que a luz. Pelo contrário, porque o resultado da medição de Alice é aleatório, e o de Bob também, implica que eles só perceberão que houve correlação depois que se comunicarem pelos meios clássicos, limitados à velocidade da luz.

Ou ainda imagine que os dois combinam colocar duas cartas aleatóriamente escolhidas, uma vermelha, a outra preta, em envelopes e os baralham. Um envelope vai para Alice, outro para Bob. Quando Alice abre o dela e vê uma carta preta, ela sabe que Bob verá uma carta vermelha, mas não escolheu qual a carta a enviar. Para Bob, a carta dele continua parecendo aleatória, no entanto só quando eles falam entre si, por telefone, por exemplo, é que percebem que havia uma correlação.

É exactamente assim com partículas emaranhadas. Há correlação, mas não controlo. Sem controlo, não há canal de comunicação. Se dois observadores fazem medições locais em partes distintas de um sistema quântico emaranhado, as distribuições de probabilidade de resultados locais não dependem das escolhas de medição do outro observador. Assim se define o conteúdo matemático do teorema de não-sinalização que preserva a causalidade porque ninguém pode enviar sinais ao passado ou violar o limite da luz. Demonstra que o emaranhamento é "não-local" mas não "comunicacional". Este teorema é de extrema importância porque evita paradoxos como o do telefone super lumínico que permitiria enviar mensagens para o passado.

Agora podemos estabelecer a ligação deste teorema com a teoria dos Fibrados e ao modelo de Tripletos de Spins.

No modelo TIF, os estados quânticos são representados por secções de um Fibrado. Se dois estados estão emaranhados, eles pertencem a uma secção global do Fibrado, isto é, são mantidos "paralelos" segundo a conexão que estrutura o Fibrado. Essa “paralelização” não depende da distância entre os pontos base (espaço-tempo), pois a geometria subjacente é pré-espaciotemporal. Assim, as correlações entre pontos distantes ocorrem não porque uma influência viaja entre eles, mas porque eles são manifestações locais de uma estrutura comum e global.

Por que não há sinalização? A conexão no Fibrado TIF preserva as correlações globais entre as fibras, mas não permite alterar unilateralmente essa conexão para comunicar algo. É assim que a conexão global no Fibrado garante coerência, mas não transmite causalidade, mostrando o que o teorema da não-sinalização nos diz, que a geometria informacional global é não-local, mas o acesso a ela é local e limitado pela causalidade.

O Fibrado TIF pode ser visto como uma rede de emaranhamento geométrico, onde cada tripleto de spin forma uma "célula" de informação. A estrutura da conexão entre estas células é deste modo topológica (não depende da métrica do espaço-tempo), é informacional (transporta coerência) e, é não-transmissível (não permite modulação causal). Portanto a não-sinalização é consequência natural da estrutura do Fibrado, porque o acesso local a uma estrutura global não implica controlo causal sobre essa globalidade.

Aqui a não-localidade do emaranhamento quântico não contradiz a relatividade, porque ela não é transmissão, mas coerência topológica. A não-sinalização resulta do facto de que não podemos alterar a conexão global a partir de um ponto, só podemos medir projecções locais.

 Resumo da situação:

1. O teorema da não-sinalização garante que, mesmo em presença de emaranhamento quântico, não é possível transmitir informação clássica mais rápido que a luz (c).

2. Que a Teoria dos Fibrados descreve situações onde uma estrutura local (fibras) varia suavemente sobre uma base (como o espaço-tempo), e uma Conexão permite comparar informações em diferentes pontos.

3. Em consonância, como o modelo TIF propõe que o Universo é estruturado sobre um Fibrado informacional, cujas fibras são tripletos de spins, daqui derivando que o espaço-tempo e as partículas emergem de curvaturas e conexões daquele Fibrado, torna o modelo TIF suficientemente coerente para não contradizer a Relatividade Geral e Restrita.

4. A emergência do espaço-tempo surge como média da curvatura informacional. Se o espaço-tempo 𝑀 é visto como uma emergência do Fibrado 𝑃, então a curvatura está na origem daquilo que percebemos como gravidade (curvatura do espaço-tempo), partículas (excitações localizadas nos tripletos), mediadores bosónicos (mutações no padrão de curvatura). Exemplificando: a presença de uma partícula pode ser descrita como uma singularidade topológica na curvatura Ω, como num instanton ou num vórtice de informação, representando uma “ponte” entre topologias diferentes no espaço de estados quânticos, e que pode estar associado a eventos da emergência de partículas, mudanças súbitas no entrelaçamento ou mesmo ao surgimento de curvatura local no espaço-tempo emergente.

 

Apêndice E – Métrica FLWR

A métrica FLRW (Friedmann–Lemaître–Robertson–Walker) é uma solução da Relatividade Geral que descreve um Universo homogéneo (igual em todos os pontos) e isotrópico (igual em todas as direcções), em grande escala. É a base matemática do modelo cosmológico padrão, usado para descrever a expansão do Universo, e assume que, embora o Universo possa conter estruturas complexas em pequena escala (galáxias, aglomerados), contudo em grande escala comporta-se de forma simples e simétrica.

 

Apêndice F – O que é o Termo Chern-Simons?

O termo de Chern-Simons é um objecto matemático que aparece em teorias de calibre, como as do Modelo Padrão, e tem origem topológica. Desempenha um papel fundamental na descrição de efeitos quânticos globais, como anomalias, condutância quântica de Hall, e certas propostas de gravidade quântica nos modelos topológicos.

Imagine que tem um campo de conexões ω (como um campo de gauge ou uma conexão de Fibrado). O termo de Chern-Simons mede uma "torção topológica" associada a esse campo, que não depende do conteúdo local, mas da maneira como ele se enrola globalmente sobre o espaço.

No modelo dos tripletos de spins Fibrados, um termo de Chern-Simons pode emergir como parte da acção efectiva topológica, traduzida na equação:

Com θ(x) como campo escalar informacional (tipo Axião), e Tr(F∧F) como densidade topológica quiral associada à curvatura dos tripletos, este termo pode gerar violações de simetria CP espontâneas, explicando a predominância da matéria sobre a antimatéria, ou até justificar o surgimento de efeitos cosmológicos como inflatão topológico, ou ainda perturbações não-locais.

 

.Apêndice G – O que são sphalerons?

Os sphalerons são soluções instáveis das equações de campo da teoria electrofraca no Modelo Padrão, que permitem transições entre diferentes vácuos topológicos com diferentes números bariónicos e leptónicos. Envolvem processos quânticos que podem ter ocorrido no início do Universo, de características não perturbativos que violam o número bariónico (B) e o leptónico (L), contudo preservando 𝐵 e 𝐿.

Imagine que o vácuo quântico do Universo tem uma estrutura topológica complexa, como colinas e vales. Os sphalerons são como uma colina entre dois vales, onde cada vale representa um estado de vácuo diferente, com número bariónico distinto. O sphaleron será o ponto na sela instável entre os vales.

A temperaturas altas, como aquelas registadas no início do Universo, o sistema pode saltar sobre a colina e passar de um vale para outro, mudando B e L. Ou seja, quando a temperatura era superior a ~100 GeV, antes da quebra da simetria electrofraca, os sphalerons estavam activos podendo transformar leptões em bariões e vice-versa. Neste processo era possível permitirem que uma assimetria leptónica gerada antes, como pelos neutrinos de Majorana, fosse convertida em assimetria bariónica, contribuindo para a explicação da predominância da matéria sobre a antimatéria.

 

Apêndice H: Infogravura da cascata replicante da TIF

 



Apêndice I- Estrutura Lagrangiana e o modelo TIF

Na formulação do modelo TIF, a estrutura lagrangiana representa a base dinâmica e variacional do modelo, ou seja a forma como se expressa matematicamente o comportamento dos campos físicos associados aos tripletos de spin, a sua interacção com a geometria do espaço-tempo e com outros campos fundamentais (como o campo de Higgs ou os campos de gauge).

A lagrangiana traduz-se numa função que associa a cada configuração possível do sistema (campo, curvatura, conexão etc.) um número real, cujo papel central é fornecer, via o princípio de acção mínima, as equações de movimento do sistema físico. No modelo TIF, a estrutura lagrangiana sintetiza assim a geometria dos Fibrados Principais sobre a base espaço-temporal, bem como a dinâmica dos tripletos de spins como secções desse fibrado, e ainda a curvatura associada às conexões internas (a estrutura de gauge) e a própria emergência de fenómenos como massa, curvatura, entanglement, e até a não-localidade.

É assim que aquela estrutura tem implicações na gravidade ao fazê-la emergir da geometria da base do Fibrado (como em Cartan ou Ashtekar), estando associada à curvatura Ω, ou também a massa surgida da curvatura do Fibrado (da geometria interna), e não necessariamente apenas do Campo de Higgs.

É assim que têm lugar os fenómenos de não-localidade, uma vez que os tripletos carregam informação quântica de forma não-local devido ao entrelaçamento nos espaços da fibra, e que quanto à Matéria Escura, as flutuações dos tripletos em camadas ocultas do Fibrado podem gerar efeitos gravitacionais sem necessitar da interacção electrofraca.

Concluindo, a estrutura lagrangiana no modelo TIF comporta-se como o coração dinâmico e geométrico do modelo, onde os tripletos de spin agem como portadores de informação, e as suas interacções com a curvatura e a topologia do Fibrado descrevem fenómenos físicos observáveis, como massa, entanglement, e curvatura espaço-temporal.

Apêndice J: O Efeito Aharonov-Bohm.

Imagine que uma partícula, como um electrão, move-se num espaço onde não há Campo eléctrico nem magnético actuando directamente sobre ela. Ou seja, a partícula está fora da área onde o Campo está "activo". Mesmo assim, a sua função de onda sofre uma mudança detectável. Isso acontece porque, na mecânica quântica, o que realmente importa é o potencial (eléctrico ou magnético), e não apenas o Campo. Mesmo que o Campo seja nulo no caminho da partícula, o potencial pode existir e isso muda a fase da onda quântica da partícula. Essa mudança de fase pode ser medida experimentalmente pela interferência com que as ondas de dois electrões, que deram voltas diferentes ao redor de um Campo (mas sem tocá-lo!) se recombinam e mostram padrões diferentes, só por causa da presença invisível do potencial.

O efeito Aharonov-Bohm mostra que partículas quânticas podem “sentir” Campos electromagnéticos mesmo sem estarem directamente neles, mas só por passarem perto.

 

Referências Bibliográficas

Bell, J. S. (1964). On the Einstein Podolsky Rosen paradox.

Bohm, D. (1980). Wholeness and the Implicate Order. Routledge.

Deleuze, G. (1968). Différence et Répétition. Presses Universitaires de France.

Merleau-Ponty, M. (1964). Le Visible et l’Invisible. Gallimard.

Penrose, R. (2004). The Road to Reality.

Rovelli, C. (2014). Reality Is Not What It Seems.

Rovelli, C. (1996). Relational Quantum Mechanics. International Journal of Theoretical Physics, 35(8), 1637–1678.

Smolin, L. (2006). The Trouble with Physics – The Rise of String Theory, the Fall of a Science, and What Comes Next.

Weyl, H. (1949). Philosophy of Mathematics and Natural Science.

Whitehead, A. N. (1929). Process and Reality. Macmillan.

Zeilinger, A. et al. (2022). Nobel Lecture in Physics.

 

João Porto e Ponta Delgada, 12/06/2025



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