terça-feira, 20 de agosto de 2024

TERÃO AS PROPRIEDADES DA MATÉRIA A MESMA ORIGEM?


“Bhikkhus, suponham que uma grande massa de espuma estivesse flutuando nesse rio Gânges e um homem com boa visão a visse, observasse e investigasse com cuidado, e esta lhe pareceria vazia, oca, sem substância. Pois qual substância poderia ser encontrada numa massa de espuma? Do mesmo modo, bhikkhus, toda e qualquer forma, quer seja do passado, futuro ou presente; interna ou externa; grosseira ou sutil; comum ou sublime; próxima ou distante: um bhikkhu a vê, observa e investiga com cuidado, e ela lhe parece vazia, oca, sem substância. Pois qual substância poderia ser encontrada na forma?”

Budismo Theravada, Acesso ao Insight, Sutta “Espuma”, Samyutta Nikaya XXII.95, Phena Sutta



Vamos assumir por princípio, e a Física não nos desmentirá, que os Campos Quânticos estão intimamente ligados às características apresentadas pelas partículas subatómicas que consideramos serem fundamentalmente em número de três, a saber: 

- Massa
- Spin
- Carga

As partículas fermiónicas, os quarks e os electrões, aquelas constituintes das bases da matéria ordinária, manifestam as suas características porque lhe são conferidas incontornavelmente pelos Campos Quânticos. São elas a manifestação resumida da existência desses campos ou a forma que estes utilizam para conferir a existência e a realidade conhecidas. Na dimensão dos acontecimentos quânticos, todas as partículas do Modelo Padrão, os fermiões e os bosões, emergem de flutuações verificadas num campo que poderemos definir por uma região do espaço delimitada onde existem grandezas matemáticas, vectoriais e escalares, distribuídas e mensuráveis que estabelecem relações íntimas com aquele espaço por uma função de onda. Ou seja, nesta dimensão todas as partículas no estado fundamental não excitado são ondas que emergem do vazio como partículas quando transferem a sua energia. É o que faz o Grande Colisionador de Hadrões, o maior instrumento concebido pelo Homem.

Voltemos no entanto àquelas características.

Massa, aquela característica transmitida pelo Campo Higgs – que consideramos por analogia ser o Antakarana védico, que tal como é descrito nos Puranas, permite a “ligação” daqueles “campos” superiores que constituem a Constituição Ternária à própria matéria. No seu conjunto formam a Constituição Septenária. 
São aqueles “campos” que similarmente definem o conceito de Vazio, que a Física actual encara como uma superposição de Campos Quânticos, uma autêntico caldo de flutuações quânticas: a denominada energia do ponto zero, a energia do vácuo no espaço.
O papel de um deles, conferido pelo Bosão de Higgs, seria a concretização do meio ou do veículo, que permitisse a existência posterior do Spin e da Carga, o que leva à confirmação que estes dois só existem pela presença da Massa ou Energia, relação dada pela conhecida equação de Einstein E=mc2. Ou seja, uma forma de dar corpo à matéria fermiónica. 

Assim, na ordem do surgimento da realidade material, primeiro surgem os Campos Quânticos e só depois as partículas, assunto confirmado pelo fenómeno sobejamente conhecido e experimentado mas pouco entendido do colapso de onda.
Por essa razão o átomo é sobretudo formado por Vazio: 99,99% e pela mesma razão o carácter dualístico onda vs partícula.
Deste modo, é compreensível que no próprio microcosmo se juntem o Ser e o Não-Ser, afinal reflexo do que está igualmente a uma escala muito acima, na própria estrutura do Universo: o grande Vazio da Energia Escura, a grande força Casimir presente nesta escala, que tudo permeia e que nesta nossa dimensão material, onde prolifera a localidade, origina o tecido do Espaço-Tempo sede da não-localidade (talvez afinal a pressentida e nunca encontrada Matéria Escura).

Segundo Stephen Hawking, o aumento da massa do Bosão de Higgs em 1 octodecilhão de anos terrestres (10 elevado a 58) levaria à destruição do Universo, pela criação de uma bolha de vácuo de 100 mil milhões de GeV – afinal o retorno às origens! O Vazio no Princípio e no Fim, traduzida em infindáveis Bigs Bangs, como também advoga a moderna teoria da Cosmologia Cíclica Conforme (CCC) de Roger Penrose.
Neste aspecto muito pouco se evoluiu se tivermos em conta os éons de tempo inscritos nos Ciclos de Pralayas e Manvataras, de expansões e contracções universais expressos em Kalpas.
Segundo os Puranas (Vishnu Purana e Bhagavata Purana) um Kalpa são cerca de 4,32 mil milhões de anos, um dia de Brahma (corresponde a um dia e a uma noite, ou 2 Kalpas). Ainda de acordo com o Mahabharata, 12 meses de Brahma (360 dias/noites de Brahma) constituem o seu ano e 100 anos um ciclo de vida do Universo, um Maha-kalpa: 312 trilhiões de anos terrestres.
Em todas as cosmogonias apenas estes ciclos são comparáveis àquele octodecilhão.

Chegados a este ponto, sentimo-nos corroborados pelas recentes descobertas do telescópio espacial James Webb. Foram nada menos que cinco as surpresas descobertas a apenas 300 milhões de anos do suposto início do Big Bang, que fazem recuar de forma incomensurável a idade deste Universo, e que passamos a enumerar:
 * Existência de clusters compactos de galáxias a apenas 650 milhões de anos;
 * Galáxias completamente evoluídas, apresentando estruturas espirais;
 * Formação de galáxias logo no inicio;
 * Deteção de milhares de Buracos Negros;
 * Galáxias no fim de vida onde a formação estelar cessou há 10 mil milhões de anos num Universo que se supõe ter 13,8 mil milhões de anos.

Este assunto do Vazio sempre foi preocupação de filósofos e físicos. Para Aristóteles a ideia de Éter e da Quintessência prevalecia sobre a inexistência do vazio absoluto (Kénon), separado dos corpos. Pelo contrário Kant opunha-se a Aristóteles ao conceber um vazio, forma a priori da sensibilidade, sem corpos, forma arquetípica do Absoluto. Já Berkeley permaneceu na linha de Aristóteles.

Mas, ainda sobre o Vazio, não me coíbo de referir esta passagem de Asclépio III de Hermes Trismegisto : “Porém quanto ao vazio, que muitas pessoas consideram de grande importância, sustento que isso do vazio não existe, nem pode ter existido no passado, nem nunca existirá. Pois todas as diversas partes do Cosmos estão completamente cheias de corpos de diversas qualidades e formas, tendo cada uma o seu próprio contorno e magnitude; e portanto, o Cosmos como um todo, está cheio e completo.” 

O Espaço que não é de todo vazio, por conter as galáxias e todos os Campos Quânticos (sendo ele próprio provavelmente, como vimos, um Campo Quântico Covariante que contem todos os outros), alberga também todos os universos, na concepção actual dos multiversos. E aqui assume a designação de Kosmos. Poderíamos comparar este Kosmos infinito, onde se desenvolvem os multiversos, ao oceano cujas ondas se desfazem em milhões de bolhas na espuma, resultado dos colapsos das ondas. O processo por detrás é o mesmo: a entropia encontra nas bolhas que constituem as espumas, ou nos multiversos em bolhas que povoam o Kosmos, a forma mais eficaz de dissipar a energia, pois a bolha é a área de maior superfície possível. Será pela qual que a entropia realiza de forma eficiente a “desordem” num sistema termodinâmico, como é globalmente o próprio Kosmos: um estado em equilíbrio no seu conjunto onde os fluxos versus refluxos – Pralayas vs Manvataras, são um processo espontâneo. 

“Bhikkhus, suponham que é o outono, quando estivesse chovendo e caindo pesadas gotas de chuva, uma bolha de água surgisse e desaparecesse na superfície da água. Um homem com boa visão a visse, observasse e investigasse com cuidado, e esta lhe pareceria vazia, oca, sem substância. Pois qual substância poderia ser encontrada numa bolha de água? Do mesmo modo, bhikkhus, toda e qualquer sensação, quer seja do passado, futuro ou presente; interna ou externa; grosseira ou sutil; comum ou sublime; próxima ou distante: um bhikkhu a vê, observa e investiga com cuidado, e ela lhe parece vazia, oca, sem substância. Pois qual substância poderia ser encontrada na sensação?”. Cfr. Budismo Theravada, Acesso ao Insight, Sutta “Espuma”, Samyutta Nikaya XXII.95, Phena Sutta.


Interessante verificar que a gravidade tem sido considerada pela física mais recente uma força entrópica, pois carrega uma matriz relacional de informação, sempre associada como fenómeno emergente de acordo com a posição/geometria/massa dos corpos materiais. Deste modo não poderá ser considerada uma força fundamental de interacção independente mas um Campo Quântico que contem todos os outros e os próprios corpos materiais.

Mas, não nos percamos! Voltemos àquelas três características enunciadas.

Outra será o Spin, que é dado pelo campo do espaço-tempo – que faremos corresponder ao conceito de Budhi, voltando às designações sânscritas milenares da filosofia védica e especificamente à sua trilogia.
 Agora faremos prevalecer a ideia de granularidade do próprio Espaço-Tempo, descortinada na “espuma de spins” pelos teóricos da Gravidade Quântica em Laços (GQL), fundamentada ou assente numa matriz de Informação que muitos ousam extrapolar em Qubits – que poderemos comparar ao Atma, no vértice da referida trilogia. 
Informação em todo o lado conferida pelo Spins. Recentemente, teorias como a TSE (Toroidal Solenoidal Electron) e a STEM (Spin Torus Energy Model) têm feito progressos assinaláveis, alicerçadas em demonstrações matemáticas que conseguem explicar todos os fenómenos ligados ao campo eléctrico e magnético, à supercondutividade e em geral a todos os fenómenos de natureza electromagnética. 
Estes dois modelos referem-se à existência de um núcleo de energia concentrada em desenvolvimento toroidal a velocidades quase lumínicas 

Proposta de estrutura topológica holográfica-fractal do electrão de spin ½. O Ouroboros microcósmico.


Será esta Informação que por sua vez induzirá ao aparecimento da forma (aspecto geométrico), que se reproduzirá sustentadamente de forma fractal – o Manas, terceiro ápice daquele triângulo concepcional hinduísta. Este conceito de fractalidade, base da Geometria Hiperbólica de Escher e da Teoria CCC, vai manifestar-se nas referências feitas tradicionalmente na geometria sagrada, a Flor da Vida, projectada na simbologia da Vescica Piscis (símbolo ancestral do antigo Egipto do Olho de Hórus) assim como a Árvore da Vida e a numerologia cabalística e os seus Sephiroths inferiores e superiores.

Para Platão, toda a matéria é composta por triângulos combinados. O três representa estabilidade. Estabelece os princípios de harmonia e equilíbrio em um mundo dual e simétrico. Por isso, é usado para representar o aspecto Divino, através da Trindade, presente em várias culturas:

Cristianismo: Pai, Filho e Espírito Santo
Hinduísmo: Brahma, Vishnu e Shiva (trimurti), 3 Gunas
Egito: Ísis, Osíris e Hórus
Celtas: Virgem, Mãe e Anciã (Aspectos da Mãe Terra)
Espiritismo: Deus, Espírito e matéria.
Ainda poderíamos citar o padrão fractal que está na base da tetráctis e da década pitagórica.

Em Resumo, a GQL representa um estado quântico da geometria do espaço (Geometrodinâmica) à escala de Planck, 10 elevado a -33 metros, onde o triângulo (a disposição espacial de 3 pontos que gera uma superfície) poderá ser a sua fonte estrutural, tal como os triângulos de Sierpinski ou de Pascal na origem da Sequência de Fibonacci - ϕ (Phi) =1,6180339887...etc.

Na matemática os fractais surgem como belos padrões que se repetem infinitamente, gerando o que parece impossível: uma estrutura que possui uma área finita, mas um perímetro infinito. Constantes matemáticas como Phi, Pi, Alfa (1/137) são a manifestação escondida destes padrões na realidade nossa conhecida.

Representação computacional gráfica simulando a Espuma de Spins ou Spin Network 
de uma função de onda molecular


O “entanglement” ou emaranhamento prova-o. Ele existe como fenómeno de não-localidade porque existe um meio de transmissão instantâneo onde a luz não é o limite. 
Contudo existem outros fenómenos que se desenvolvem e são limitados pela velocidade da luz. Sempre que acontece um “colapso de onda” num hiper colisionador de hadrões como aqueles presentes nos Buracos Negros ou nos Quasares e nos Pulsares, que fazem vibrar o tecido do Espaço-Tempo, manifestam-se as “ondas gravitacionais” à escala local do Universo. Este “colapso de onda” gerado por exemplo pela colisão de dois Buracos Negros desencadeia um efeito local limitado à velocidade da luz traduzido em “ondas gravitacionais”: o Universo local em vibração.
Ou seja a Constante Gravitacional é o fenómeno que sustem a matéria assim como a Constante de Coulomb sustem os fenómenos eléctricos. Como veremos as suas fórmulas matemáticas são idênticas e as suas Constantes são tudo menos constantes.

No conjunto fomam o Não-Ser taoista de Lao Tzu, o Vazio formado por Campos Quânticos Covariantes, que se contem a si próprios e que vão conter outros campos quânticos ligados à estrutura da matéria: os campos das forças nucleares forte e fraca e a electromagnética.

 "O vaso é modelado com argila
Mas é o seu espaço vazio que o torna útil"
                                               Tao Te Ching, Lao Tzu

As ondas gravitacionais são o próprio campo do espaço-tempo em vibração ou o colapso de onda do espaço-tempo (encarado matematicamente como Espaço de Hilbert) e a Radiação Hawking é a revelação da natureza quântica do espaço-tempo.

O conteúdo do espaço-tempo permeado por Campos Quânticos onde proliferam Spins.


Por sua vez, acreditamos que o “entanglement” como fenómeno quântico foi visionado na filosofia vedanta e consubstancia o conceito Akashico.
“Akasha pode ser definida em poucas palavras: é a alma universal, a Matriz do Universo, a “Mysterium Magnum” a partir da qual tudo o que existe nasce por separação ou diferenciação. É a causa da existência; preenche todo o Espaço infinito; é o próprio Espaço, no sentido conjunto dos sextos e sétimos princípios.”Cfr. “Os Manuscritos Perdidos da Loja Blavatsky”.

“Bhikkhus, suponham que um mágico, ou o aprendiz de um mágico, estivesse fazendo um truque de mágica numa encruzilhada. Um homem com boa visão visse, observasse e investigasse aquilo com cuidado, e aquilo lhe pareceria vazio, oco, sem substância. Pois qual substância poderia ser encontrada num truque de mágica? Do mesmo modo, bhikkhus, toda e qualquer consciência, quer seja do passado, futuro ou presente; interna ou externa; grosseira ou sutil; comum ou sublime; próxima ou distante: um bhikkhu a vê, observa e investiga com cuidado, e ela lhe parece vazia, oca, sem substância. Pois qual substância poderia ser encontrada na consciência?”. Cfr. Budismo Theravada, Acesso ao Insight, Sutta “Espuma”, Samyutta Nikaya XXII.95, Phena Sutta. 


Façamos finalmente uma incursão pela última característica.

A Carga é dada pelo campo electromagnético – que se prende ao conceito hinduísta Jiva. É a manifestação sob a forma magnética bipolar do spin – do espaço-tempo, nas partículas, na matéria fermiónica.

Porque há algo em comum entre o espaço-tempo e o Spin. O que é comum está presente em duas Leis: “a força diminui 4 x sempre que a distância passa para o dobro”. 
O que é comum é o conceito de “distância” ou ESPAÇO. Ou seja a gravidade (espaço-tempo curvo com Einstein) e a electricidade (campo electromagnético com Faraday) são dois aspectos da mesma coisa: o campo quântico em “laços“ do espaço-tempo.
O Spin (energia sob a forma de momento magnético) define as cargas e a “espuma de spins” define o tecido do espaço. Ambos configuram uma geometria Toroidal.
O espaço e a lei do inverso do quadrado da distância – coisas antigas de 1687 (Newton) e 1783 (Coulomb), surgem aplicadas na gravitação mas também na electricidade, na Lei de Coulomb. Ambas usam a mesma fórmula:

  

No entanto a diferença entre as duas forças é abissal: 1 : 4,17 x 10 elevado a 42 ou 4 170 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000, apesar da sua origem ser comum, exactamente a mesma razão entre os diâmetros do Universo e de um protão. 

Como disse John Archibald Wheeler: “A massa diz ao espaço como curvar-se, e o espaço diz à massa como mover-se” e este movimento gera e condiciona fortes campos electromagnéticos.

Em conclusão (de forma apressada): afirma o físico teórico Carlo Rovelli: 
“ Os campos quânticos covariantes representam a melhor descrição que temos hoje do apeiron (Absoluto Infinito), a substância primordial que forma o todo, colocada em hipótese pelo primeiro cientista e primeiro filósofo, Anaximandro.” - Rovelli, Carlo, A Realidade não é o que parece – a natureza alucinante do universo, Contraponto, 1ª Edição, Outubro 2019.

Referências mais antigas existem. Em consonância com o 2º Axioma do Kaibalion de Hermes Trismegisto/Toth (1300 a.C.), conhecido como Princípio da Correspondência:
“O que está em cima é como o que está em baixo e o que está em baixo é como o que está em cima”, ou ainda como afirmou Richard Feynman em 1964 nas Conferências Messenger: “A Natureza utiliza longos fios para tecer os seus padrões, mas os bocados mais pequenos permitem revelar a estrutura de toda a tapeçaria.”

Outras ainda fazem-nos citar o ancestral Livro de Dzyan, onde realçamos em itálico as respectivas correspondências que atrevemos evidenciar.
No Livro III das Estâncias (“Tratado Sobre Fogo Cósmico”, Estância XI:1, Capítulo 37) também se lê: 
“A roda da vida gira dentro da roda da forma exterior (estrutura topológica holográfica fractal). Circula a matéria de Fohat (o spin – momento magnético), seu fogo endurece todas as formas (dá forma à matéria). A roda invisível gira em rápidas revoluções (spin), dentro do lento invólucro externo (matéria), até que a forma se desgaste (até ao fim).” 
E ainda no Livro I. ESTÂNCIA III, Capítulo 12:
“Então Svabhâvat (Informação) envia Fohat (spin – momento magnético) para endurecer os Átomos. Cada qual é uma parte da Tela. Refletindo o ‘Senhor Existente por Si Mesmo’ (o Campo Quântico granular do Espaço-Tempo) como um Espelho (fractalidade), cada um vem a ser, por sua vez, um Mundo.”

  “Este Universo é uma árvore que existe eternamente, com as suas raízes voltadas para cima (o ternário) e seu galhos espalhados embaixo (o quaternário). A raiz pura é Brahman, o imortal, em quem os três mundos têm a sua existência, a quem ninguém pode transcender, que é verdadeiramente o Eu. Todo o Universo veio de Brahman e se move em Brahman.” Upanishad III, Katha.

Constituição Septenária à luz do Modelo Padrão


Tendo em conta este modelo da Constituição Septenária, acreditamos que permitiria:
 
1. Reconciliar a Relatividade einsteiniana com a sua visão de Localidade do Espaço-Tempo curvo, com a Mecânica Quântica com a sua visão de Não-Localidade e de acção instantânea entre fenómenos. Esta visão foi validada pela previsão feita há 50 anos no quadro da unificação da Teoria dos Campos Quânticos (TCQ) com a Relatividade Geral (RG) e conhecida como a teoria do campo quântico do espaço-tempo curvo, através da detecção da radiação Unruh-Hawking no processo da aceleração de electrões.

2. Aceitar a quantização do Espaço-Tempo, em dimensões de Planck onde o espaço 10-36 cm e o tempo 10-44 segundos são relativos, criando uma matriz de “potencial de forma” (as reveladas e designadas “Potências” em Pistis Sophia?) que se situam para além do formalismo do Espaço-Tempo onde conta a distância.

3. Poder explicar a violação da indivisibilidade da carga elementar nos quarks (com cargas eléctricas quantizadas em +2/3 e -1/3), apesar de estes se apresentarem em conjuntos de hadrões e nas quasipartículas, apesar de não serem verdadeiramente partículas.

4. Verificar a não existência de objectos separados e independentes. A dualidade é aparente e tudo está interligado, tal Uroborus ou Yin Yang. 

5. Assumir que para além da “concha” estratigráfica (tipo cebola) do nosso espaço-tempo relativista, estaria o Brahman da filosofia hinduísta, onde o espaço-tempo não existe – o domínio do Akasha e dos archetypos platónicos e junghianos – um interface com o Absoluto.

Gostaríamos ainda de retirar mais algumas conclusões, agora noutros domínios:

1. A evolução biológica envolveu sempre a conquista de espaços mórficos sempre mais organizados, onde a geometria espacial molecular tida como a forma como os átomos estão espacialmente dispostos na molécula, resulta da teia de Spins entre as partículas sub-atómicas e o próprio espaço granular.

2. A explicação das bases do panpsiquismo e dos incompreensíveis fenómenos emergentes que nada explicam. Afinal tudo possui algum nível de cogniscismo ou Informação matricial que nos induz a pensar que o todo possa ser maior que a soma das partes, provavelmente por efeito de transições de fase orquestradas por ressonâncias vibracionais à escala de Planck (que poderiam ser alguns efeitos conhecidos, como os efeitos Túnel, Casimir, Sobreposição e Emaranhamento). 

3. Ligação definitiva dos aspectos proto-cognitivos ao espaço mórfico granular como campo quântico de Spins com a informação da topologia fractal revelada na organização toroidal e no triângulo de Pascal como se este reflectisse a constituição ternária védica, biologicamente transposta nos microtúbulos neuronais onde são revelados processos de natureza quântica.

4. Unificação da física quântica de Heisenberg e Schrödinger com a relatividade geral einsteiniana.  Em diferentes escalas, a estrutura dos espaços mórficos é de igual natureza do espaço granular do universo, ambos “espuma de spins”, a construtora das três características das partículas: Massa, Spin e Carga.
 
Propostas pretensiosas de unificação do Universo (ou dos universos), da Física e da Vida, do micro e do macrocosmo.


João Porto, Ponta Delgada, 20 de agosto de 2024.

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