Finalmente o spin e a multiplicidade, porque aquele só permite assumir valores quantizáveis pré definidos.
Multiplicidade significa diversidade. A matéria está representada pelos elementos químicos conhecidos agrupados de forma ordenada na Tabela Periódica de Mendeleev pela sua configuração electrónica e número atómico, evidenciando a existência de grupos com comportamentos semelhantes nas suas propriedades químicas, formam até agora 118 elementos diferenciados que assim representam o reino da natureza material. O que os diferencia é exatamente o spin ou momento angular intrínseco, por ser inerente ao suposto movimento considerado de “rotação” dos eletrões (segundo muitos, mais toroidal do que de simples rotação), que por esse efeito, são fonte de campos magnéticos caracterizados por duas orientações possíveis, up (↑) e down (↓), indicando também que o eletrão parece mostrar um fenómeno de “rotação”, ainda mal compreendido, no sentido horário ou anti-horário do seu eixo.
O spin, um número quântico designado por ms, está associado ao momento magnético da partícula, pode tomar valores inteiros ou fracionários. Por exemplo os electrões, protões e neutrões possuem um ms = -1/2 ou ms = +1/2, enquanto os bosões, de que são exemplo os fotões, a força nuclear fraca representada pelas partículas W+, W- e Z, possuem um ms = 1, 2, etc.
É este misterioso número quântico magnético que obriga os electrões a disporem-se em torno do núcleo de todos os átomos em orbitais (que substituíram a concepção clássica e mecanicista das órbitas da física atómica), representando funções de probabilidade onde poderemos encontrar o eletrão. Esta orbitais, classificadas pelas letras s, p, d e f, são preenchidas de acordo com regras axiomáticas próprias de atos de sustentabilidade, tais como a Regra de Hund e do Príncipio de Exclusão de Pauli, que afirma que dois eletrões com o mesmo spin não podem ocupar a mesma posição. Assim são distribuídos e fazem surgir os “subníveis” por ordem crescente de energia.
É esta multiplicidade conferida pelo inexplicável e mal compreendido spin que fundamenta a estrutura da matéria nossa conhecida.
Em conclusão: este conjunto, construído afinal a partir de uma origem comum - o espaço granular, “rede informacional de spins”, foi-nos transmitido reflectido desde sempre no simbolismo do Yin/Yang, tal como na tríade hinduísta dos Trigunas, Tamas, Sattva e Rajas, envolvendo um ciclo espiral infindo de construção (sintropia), destruição (entropia) mas em equilíbrio no mundo da dimensão temporal, momento exíguo e passageiro da “brana” do presente, porque também possuidor de uma forte seta ascensional, que a mesma filosofia nos dá a conhecer sob a designação de Dharma, uma espécie de orientação de um eixo universal, um vetor, que só poderá ser também de natureza iminentemente magnética e informacional. Esta seta temporal existe por imposição kármica – fenómeno individual e coletivo de renormalização, derivada daqueles ciclos que vão construindo o Akasha.
Esta perspetiva, permitiria definitivamente a unificação da física quântica de Heisenberg e Schrödinger com a relatividade geral einsteiniana, e resolver a atual crise instalada.
Em diferentes escalas, a estrutura dos espaços mórficos é de igual natureza do espaço granular que permeia o Cosmos, ambos “espuma de spins”, uma reflexo da outra, por inerência das três características das partículas: Massa, Spin e Carga ou filosoficamente falando, Corporeidade, Multiplicidade e Tempo. Precisamente as três componentes que não nos deixam passar a fronteira da ilusão (Maya) e ingressar na dimensão divina. Esta será possivelmente a Nova Dimensão para a qual faz caminho o Eu humano por imposição dhármica, o regresso às origens em éons.
Reforçamos esta ideia com o Livro I de Dzyan, ESTÂNCIA III, Capítulo 12 e, na qual inscrevemos em parêntesis, a nossa interpretação:
“Então Svabhâvat (Informação) envia Fohat (spin – momento magnético intrínseco) para endurecer os Átomos. Cada qual é uma parte da Tela. Refletindo o ‘Senhor Existente por Si Mesmo’ (o campo quântico covariante granular do espaço-tempo) como um Espelho (a fractalidade), cada um vem a ser, por sua vez, um Mundo.”
E ainda no Livro III das Estâncias (“Tratado Sobre Fogo Cósmico”, Estância XI:1, Capítulo 37) também se lê:
“A roda da vida gira dentro da roda da forma exterior (estrutura topológica holográfica fractal). Circula a matéria de Fohat (o spin – momento magnético), seu fogo endurece todas as formas (dá forma à matéria). A roda invisível gira em rápidas revoluções (spin), dentro do lento invólucro externo (matéria), até que a forma se desgaste (até ao fim).”
Esta é também a natureza essencial dos seres vivos. Aldous Huxley em Filosofia Perene, numa dos seus profundos insigts, afirma: “No entanto, parece que o teste da inteligência cósmica comprova que, em algum momento durante a sua carreira biológica, toda a matéria viva, excepto os seres humanos, sucumbiram à tentação de assumir a forma mais imediatamente rentável, não a melhor. Através de um ato de algo semelhante ao livre-arbítrio, todas as espécies, exceto a humana, escolheram os retornos rápidos da especialização, o entusiasmo atual de ser perfeito, mas a um nível baixo. O resultado é que, estão todos no fundo dos becos sem saída evolutivos. Acrescentaram o equivalente biológico obscuro à Queda voluntária do ser humano à Queda cósmica da criação inicial e da sua manifestação múltipla temporal. Como espécie, escolheram a satisfação imediata do eu em vez da capacidade de reunião com o plano divino.”
Podemos assim, explorar as bases do panpsiquismo e dos incompreensíveis supostos fenómenos emergentes que nada explicam (a própria designação de “emergente” é simplista e não conduz a um construct). Afinal tudo possui algum nível de cogniscismo ou Informação matricial, organizada de forma fratal, tais formas geométricas de Escher, e que nos induz a pensar que o todo possa ser maior que a soma das partes, provavelmente por efeito de transições de fase orquestradas por ressonâncias vibracionais à escala de Planck (que poderiam ser alguns efeitos conhecidos, tidos como os denominados efeitos quânticos de Túnel, Casimir, Sobreposição e Emaranhamento).
Exploração gráfica infinita de Escher
Fonte: Wikipédia
idealizado espaço mórfico granular, como campo quântico de spins, com a informação da topologia fractal revelada na organização toroidal e no triângulo de Pascal como se este reflectisse a constituição ternária védica (o triângulo é a primeira forma geométrica que estabelece uma superfície). Parece também estar biologicamente transposta nos microtúbulos neuronais onde são revelados processos de natureza quântica, imprevistamente verificados à temperatura ambiente, como defendem Sir Roger Penrose e Stuart Hameroff.
E, assumir que para além da “concha” estratigráfica (tipo cebola) do nosso espaço-tempo relativista, - que inclusivamente põe em causa a expansão acelerada do universo pelo fator atrativo de uma suposta energia escura (a célebre constante lambda), porque afinal o problema prende-se com os nossos relógios, e o tempo anda mais depressa quando afastado das grandes massas que o encurvam (2), - estaria o Brahman da filosofia hinduísta, onde o espaço-tempo não existe – o domínio do Akasha e dos pressentidos archetypos platónicos e das sincronicidades acasuísticas junghianas – afinal aquilo que pode ser um interface ou uma transição de fase com o Absoluto – o Indescritível, para nós o adimensional divino.
Notas e bibliografia
(1) https://www.symmetrymagazine.org/article/scientists-search-for-origin-of-proton-mass?language_content_entity=und.
(2) Antonia Seifert, Zachary G Lane, Marco Galoppo, Ryan Ridden-Harper, David L Wiltshire, Supernovae evidence for foundational change to cosmological models, Monthly Notices of the Royal Astronomical Society: Letters, Volume 537, Issue 1, February 2025, Pages L55–L60, https://doi.org/10.1093/mnrasl/slae112.
Aldous Huxley, Filosofia Perene, Alma dos Livros, 1ª edição Outubro 2024.
Jorge Luís Borges, Sete Noites, Quetzal editores, 1ª edição Setembro 2024.
Yoav Afik (1), Juan Ramón Muñoz de Nova, (1) Experimental Physics Department, CERN, 1211 Geneva, Switzerland, (2) Departamento de Física de Materiales, Universidad Complutense de Madrid, 28040 Madrid, Spain, Entanglement and quantum tomography with top quarks at the LHC, Eur. Phys. J. Plus, 25 August 2021.
João G. F. Porto e Ponta Delgada, em dia de Solstício, 21/12/24
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