sábado, 12 de dezembro de 2020

COSMOGÉNESE 1 - Uma fundamentação para os Ciclos Yugas ou Eras

 

Janela do Templode Papanatha em Pattadakal, Kamataka, Índia

A Cosmologia Cíclica Conforme (CCC) de Roger Penrose, defende que o Universo passa por ciclos infinitos de expansão/regressão terminando num mar de fotões e neutrinos, ultrapassando deste modo as singularidades e infinitos na matemática subjacente, enquanto a cosmologia cíclica védica, com milhares de anos de existência, emparceira com a mesma concepção ao assumir que o Universo tem ciclos de existência de evolução e regressão da ordem dos milhões de anos terrestres denominados Kalpas na filosofia hindu-védica.

“Quando a dissolução – Pralaya – chegou ao seu fim, o grande Ser – Paramatman ou Para-Purusha -, o Senhor que existe por si mesmo, do qual e pelo qual todas as coisas foram, são e serão (…) resolveu emanar as diversas criaturas da sua própria substância”. Mânava-Dharma-Sâstra, livro I, slokas 7-8.

Um Kalpa corresponde a 4 320 000 000 anos terrestres (14 Manus com o total de 4 294 080 000 anos + 25 920 000 anos de alvoreceres entre cada Manu) e corresponde a um dia completo na vida de Brahma cujo ano de vida é de 36 mil Kalpas, sendo que cada Kalpa possui um dia em que se dá a expansão do Universo e uma noite na qual se dá a sua regressão, num processo chamado Pralaya.

 

Logo, multiplicando 36 mil Kalpas por 8,64 bilhão de anos (2 x 4,32, um dia mais uma noite de Brahma), dá o resultado 3.110 400 000 000 (3 Trilhões e Cento e Dez bilhões  e 400 milhões de anos terrestres) correspondendo a um ano de Brahma.

Por sua vez cada Kalpa é dividido em Manvantaras (“Tempo de Manu”), com a duração de 306 720 000 anos terrestres. Manus são “os Progenitores” da humanidade, por assim dizer os interfaces, ou “criaturas” criadas por Brahma, e que por sua vez criam mundos e vida como a conhecemos.

Cada Manvantara é dividida em Divya-Yugas (4 320 000 anos), por sua vez divididas em 4 Yugas (Eras), separadas por períodos chamados de Sandhis, “que são períodos de descanso dos Manus” e que correspondem a 10% de cada período.

Os 4 Yugas são:

- Satya-Yuga, a idade de ouro com a duração de 1 728 000 anos;

- Tetra-Yuga, a idade de prata, 1 296 000 anos;

- Dwapara-Yuga, a idade do bronze, 864 000 anos;

- Kali-Yuga, a idade do ferro, a actual com 432 000 anos. 


Modelo Purânico Tradicional


A Precessão dos equinócios é um dos vários movimentos para além da rotação e da translação, que a Terra realiza. A precessão existe porque a Terra realiza o seu movimento de rotação de forma inclinada (23,5 graus), o que provoca que a cada 25 765  anos aproximadamente, complete uma volta em torno do eixo da eclíptica .


Segundo a filosofia védica, onde a precessão duraria 24 mil anos (24 pétalas da flor de Lótus), o Sol possuiria uma irmã, uma estrela menor e escura que não podemos observar, constituindo um sistema binário. Na verdade a maior parte das estrelas são sistemas binários. De acordo com a teoria Nemesis, esta seria uma estrela do tipo anã vermelha, com uma orbita entre 1 a 3 anos-luz do Sol e que levaria no mínimo 26 milhões de anos para completar uma revolução ao redor do Sol. Entretanto foi descoberta que a estrela mais próxima de nós, a Gliese 710 se situará em 1,5 milhões de anos a 1 anos-luz do nosso sistema solar, perturbando a Nuvem de Oort e provocando  uma chuva de cometas na nossa direcção e talvez uma extinção em massa.



O Kali-Yuga com 432 mil anos, são o equivalente a 18 precessões. O Dwapara-Yuga com 864 mil anos, representa 36 precessões, enquanto a Treta-yuga com 1,296 milhões de anos, representa 54 precessões, e por fim o Satya-Yuga com 1,728 milhões de anos, representa 72 precessões. Curiosamente surge uma relação matemática das precessões na ordem 18 – 36 – 54 – 72 ou 1 – 2 e 1.5 – 3 em que o segundo ciclo será sempre o dobro do primeiro ciclo, ou seja Dwapara o dobro de Kali e Satya o dobro de Tetra.

 Por outro lado se considerarmos Satya igual a 100%, Treta será 75%, Dwarpa 50% e Kali 25%, ou seja surge uma proporção e sequência numérica de 4 – 3 – 2 – 1 (o número de ouro ou a Década Mística em que o um é a Monada; dois, a matéria; o três a o mundo dos fenómenos; a tétrada, o vaziu de tudo; e a Década, ou soma de tudo, o cosmos).

Então dividindo o período de 12 mil anos para cada Yuga, mantendo as proporções 4 – 3 – 2 - 1, estando já incorporados para cada Yuga, os Sandhi ou denominados “períodos de descanso dos Manus” (correspondendo a 10% de cada período), obteremos um resultado de 4800 anos para a Yuga Satya, 3600 anos para a Yuga Tetra, 2400 anos para a Yuga Dwapara e 1200 anos para a Yuga Kali, perfazendo um total de 12 mil anos para a precessão ascendente e 12 mil anos para a precessão descendente, ou seja, 24 mil anos no total, que coincide com o estipulado pela precessão astronómica (25765).



Em conclusão: a engenharia matemática a que submetemos os Ciclos Yugas reduzindo-os a sub-ciclos, fez aproximar os ciclos védicos das Eras dos ciclos precessionais da Astrofísica actual.

 



De acordo com a Astrofísica, é curioso verificar que o sistema duplo estelar Sol-Nemesis, a existir, poderá levar no minímo 225 000 000 de anos a rodar em torno do centro galáctico, do Buraco Negro da Via Láctea, Visnhunabhi (a flor de lótus onde se senta Vishnu), onde reside segundo os Vedas o centro da força criadora, Brahma, regulado pelo impulso ou lei universal, Darhma. Ou seja dividindo 1 ano de Brahma por uma translação galáctica teríamos que a Via Láctea daria 13 824 voltas antes de desaparecer no vazio do espaço. Sendo que a idade estimada da nossa galáxia é de pouco mais de 13 biliões de anos … ainda nos restam muitas voltas até que voltemos a fazer parte do Todo, de onde saímos.

Estes ciclos de triliões de anos que estruturam a concepção do Darhma, a coluna vertebral do Ser e dos Universos na sua ascensão pelo Conhecimento, representada pela serpente em torno do bastão (Caduceu de Hermes Trismegisto) e, que ao nosso nível galáctico é representado também pelo símbolo da suástica invertida, o Quaternário da constituição Septenária do Homem o ciclo das estações da Vida.



Este é o simbolismo da Janela do Templo de Papanatha em Pattadakal, Kamataka, Índia.

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EDITADO NA REVISTA PANDAVA DA NOVA ACRÓPOLE PORTUGAL







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