Janela do Templode Papanatha em
Pattadakal, Kamataka, Índia
A Cosmologia Cíclica Conforme (CCC) de Roger Penrose,
defende que o Universo passa por ciclos infinitos de expansão/regressão terminando
num mar de fotões e neutrinos, ultrapassando deste modo as singularidades e
infinitos na matemática subjacente, enquanto a cosmologia cíclica védica, com
milhares de anos de existência, emparceira com a mesma concepção ao assumir que
o Universo tem ciclos de existência de evolução e regressão da ordem dos
milhões de anos terrestres denominados Kalpas na filosofia hindu-védica.
“Quando a dissolução – Pralaya –
chegou ao seu fim, o grande Ser – Paramatman ou Para-Purusha -, o Senhor que
existe por si mesmo, do qual e pelo qual todas as coisas foram, são e serão (…)
resolveu emanar as diversas criaturas da sua própria substância”.
Mânava-Dharma-Sâstra, livro I, slokas 7-8.
Um Kalpa corresponde a 4 320 000 000
anos terrestres (14 Manus com o total de 4 294 080 000 anos +
25 920 000 anos de alvoreceres entre cada Manu) e corresponde a um
dia completo na vida de Brahma cujo ano de vida é de 36 mil Kalpas, sendo que
cada Kalpa possui um dia em que se dá a expansão do Universo e uma noite na
qual se dá a sua regressão, num processo chamado Pralaya.
Logo, multiplicando 36 mil Kalpas por 8,64 bilhão de
anos (2 x 4,32, um dia mais uma noite de Brahma), dá o resultado 3.110 400 000
000 (3 Trilhões e Cento e Dez bilhões e
400 milhões de anos terrestres) correspondendo a um ano de Brahma.
Por sua vez cada Kalpa é dividido em Manvantaras
(“Tempo de Manu”), com a duração de 306 720 000 anos terrestres. Manus são
“os Progenitores” da humanidade, por assim dizer os interfaces, ou “criaturas”
criadas por Brahma, e que por sua vez criam mundos e vida como a conhecemos.
Cada Manvantara é dividida em Divya-Yugas (4 320 000
anos), por sua vez divididas em 4 Yugas (Eras), separadas por períodos chamados
de Sandhis, “que são períodos de descanso dos Manus” e que correspondem a 10%
de cada período.
Os 4 Yugas são:
- Satya-Yuga, a idade de ouro com a duração de 1 728 000 anos;
- Tetra-Yuga, a idade de prata, 1 296 000 anos;
- Dwapara-Yuga, a idade do bronze, 864 000 anos;
- Kali-Yuga, a idade do ferro, a actual com 432 000 anos.
Modelo Purânico
Tradicional
A Precessão dos equinócios é um dos
vários movimentos para além da rotação e da translação, que a Terra realiza. A
precessão existe porque a Terra realiza o seu movimento de rotação de forma
inclinada (23,5 graus), o que provoca que a cada 25 765 anos aproximadamente, complete uma volta em
torno do eixo da eclíptica .
Segundo a filosofia védica, onde a
precessão duraria 24 mil anos (24 pétalas da flor de Lótus), o Sol
possuiria uma irmã, uma estrela menor e escura que não podemos observar,
constituindo um sistema binário. Na verdade a maior parte das estrelas são
sistemas binários. De acordo com a teoria Nemesis,
esta seria uma estrela do tipo anã vermelha, com uma orbita entre 1 a 3
anos-luz do Sol e que levaria no mínimo 26 milhões de anos para completar uma
revolução ao redor do Sol. Entretanto foi descoberta que a estrela mais próxima
de nós, a Gliese 710 se situará em 1,5 milhões de anos a 1 anos-luz do nosso
sistema solar, perturbando a Nuvem de Oort e provocando uma chuva de cometas na nossa direcção e
talvez uma extinção em massa.
O Kali-Yuga com 432 mil anos, são o equivalente a 18 precessões. O Dwapara-Yuga com 864 mil anos, representa 36 precessões, enquanto a Treta-yuga com 1,296 milhões de anos, representa 54 precessões, e por fim o Satya-Yuga com 1,728 milhões de anos, representa 72 precessões. Curiosamente surge uma relação matemática das precessões na ordem 18 – 36 – 54 – 72 ou 1 – 2 e 1.5 – 3 em que o segundo ciclo será sempre o dobro do primeiro ciclo, ou seja Dwapara o dobro de Kali e Satya o dobro de Tetra.
Por outro lado
se considerarmos Satya igual a 100%, Treta será 75%, Dwarpa 50% e Kali 25%, ou
seja surge uma proporção e sequência numérica de 4 – 3 – 2 – 1 (o número de ouro ou a Década Mística em que o um é a Monada; dois, a matéria;
o três a o mundo dos fenómenos; a tétrada, o vaziu de tudo; e a Década, ou soma
de tudo, o cosmos).
Então dividindo o período de 12 mil anos para cada Yuga,
mantendo as proporções 4 – 3 – 2 - 1, estando já incorporados para cada Yuga, os
Sandhi ou denominados “períodos de descanso dos Manus” (correspondendo a 10% de
cada período), obteremos um resultado de 4800 anos para a Yuga Satya, 3600 anos
para a Yuga Tetra, 2400 anos para a Yuga Dwapara e 1200 anos para a Yuga Kali,
perfazendo um total de 12 mil anos para a precessão ascendente e 12 mil anos
para a precessão descendente, ou seja, 24 mil anos no total, que coincide com o
estipulado pela precessão astronómica (25765).
Em conclusão: a engenharia matemática a que submetemos os Ciclos Yugas reduzindo-os a sub-ciclos, fez aproximar os ciclos védicos das Eras dos ciclos precessionais da Astrofísica actual.
De acordo com a Astrofísica, é curioso verificar que o
sistema duplo estelar Sol-Nemesis, a existir, poderá levar no minímo
225 000 000 de anos a rodar em torno do centro galáctico, do Buraco
Negro da Via Láctea, Visnhunabhi (a flor de lótus onde se senta Vishnu), onde
reside segundo os Vedas o centro da força criadora, Brahma, regulado pelo
impulso ou lei universal, Darhma. Ou seja dividindo 1 ano de Brahma por uma
translação galáctica teríamos que a Via Láctea daria 13 824 voltas antes
de desaparecer no vazio do espaço. Sendo que a idade estimada da nossa galáxia
é de pouco mais de 13 biliões de anos … ainda nos restam muitas voltas até que
voltemos a fazer parte do Todo, de onde saímos.
Estes ciclos de triliões de anos que estruturam a
concepção do Darhma, a coluna vertebral do Ser e dos Universos na sua ascensão
pelo Conhecimento, representada pela serpente em torno do bastão (Caduceu de
Hermes Trismegisto) e, que ao nosso nível galáctico é representado também pelo
símbolo da suástica invertida, o Quaternário da constituição Septenária do
Homem o ciclo das estações da Vida.
Este é o simbolismo da Janela do Templo de Papanatha em
Pattadakal, Kamataka, Índia.
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EDITADO NA REVISTA PANDAVA DA NOVA ACRÓPOLE PORTUGAL
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