domingo, 21 de fevereiro de 2021

Cosmogénese 11 – Princípios da Natureza, os Arquétipos e o Hiper Campo Único do Espaço Infinito

 


É senso comum considerar que o Universo conhecido é regido por Leis que se baseiam em Princípios, Postulados e Axiomas. As bases sólidas da Ciência assentam em Princípios assegurando a noção clara e precisa dos seus conhecimentos objectivos estruturados globalmente num corpo de teoremas e demonstrações invariantes, independentes do observador ou dos processos em que intervêm. Esta malha de conhecimentos, a Teoria, de características sólidas apoia-se no método indutivo construtor de uma estrutura verificável e reprodutível. É assim que a Ciência funciona!

Segundo André Lalander, em “Dicionário Técnico e Crítico de Filosofia”, ao contrário das preposições demonstradas designadas por Teoremas, o Princípio é uma “proposição posta no início de uma dedução, não sendo deduzida de nenhuma outra no sistema considerado”. Portanto um Princípio é uma proposição não demonstrada dentro de um particular sistema teórico.

Poderíamos resumir apenas alguns princípios fundamentais transversais a todo o Conhecimento humano, a saber:

1. Princípio da Simetria;

2. Princípio da Causalidade;

3.Princípio da Conservação (da massa/energia, dos momentos lineares e angulares, da carga eléctrica e da cor – EDQ e CDQ, do spin isotópico, da “estranheza”, dos bariões e dos leptões, etc).

4. Princípio da Entropia ou 2ª Lei da Termodinâmica.

Ao considerarmos a universalidade dos Princípios, muitas vezes deduzidos pela observação empírica, outras vezes pela lógica intrínseca dos comportamentos da natureza, somos levados a sugerir um pressuposto inicial base que envolveria a existência de um mundo de arquétipos referenciais. Todos estes arquétipos teriam a sua expressão máxima nas designadas Constantes Fundamentais da natureza, como a velocidade da luz (c), a constante de Planck (h), a constante universal (ꓥ) ou a constante gravitacional (G) que fazem parte de linguagens matemáticas cujo beleza e elegância dão corpo à Teoria de tal forma que os Princípios parecem sair naturalmente explicados e interpretados. Ou seja, os Princípios parecem pressupor a pré-existência de uma Mente de um qualquer arquitecto, todo poderoso, cuja virtude e propósito final tem uma razão antrópica: o Homem como Tetraghrammaton, e afinal a própria Vida inscrita no seu conjunto multifacetado, como caminho feito do “conhece-te a ti mesmo”.

Estes Princípios ao estabelecerem restrições à fenomenologia do Universo conhecido, isolam aqueles pressupostos considerados viáveis dos outros multiuniversos, imaginariamente possíveis, como se existisse na natureza um critério imposto de fora, de economicidade e sustentabilidade que nos tem feito erradamente acreditar na história de “os três ursos e a menina dos cachinhos de ouro”.

Figura 1 – Ranúnculo Cachinhos de Ouro

https://pixabay.com/pt/photos/ranúnculo-cachinhos-de-ouro-vermelhos-1256083/

Poderíamos deduzir que o Princípio Antrópico seria outro fundamental, se verificássemos que o Universo funcionasse como uma estrutura com vectores próprios de desenvolvimento que manifestassem intenções voluntárias ou conscientes. Isto seria a prova final, a cereja no topo do bolo, que comprovaria definitivamente que o Universo age de forma consciente assente numa rede neuronal cuja estrutura residiria na Lanikeia sendo produto de uma intenção ou “Necessidade” de manifestação do “Aquele” teosófico, ou talvez apenas no fundo resultado natural de uma Lei Global de Simetria.

A Cosmologia actual tem acumulado provas observacionais que o atestam.

Neste sentido o livre-arbítrio, a liberdade de acção, como acto simples do princípio geral da entropia, seria uma ilusão e deixaria de fazer sentido. Ficaríamos sujeitos aos resultados da reflexão tomasiana do ato moral no ser humano, transferida agora para uma escala sem precedentes, à dimensão do universo ou dos multiuniversos. Em Tomás de Aquino, assim como há uma ordem das coisas ou do mundo (ordorerum/ordouniversi), existe também uma ordem racional das acções do Homem, reconhecendo afinal que a inteligência é um princípio activo e ordenador do real, cuja caminhada no nosso entendimento seria em ascese, do vírus cristalográfico ao avatar, com um sentido único. Seria esta afinal a razão determinística da existência do Universo?

Em termos gerais, o determinismo, como força impulsionadora universal, possuiria no entanto, a Vontade e a Inteligência no Homem para dosear a sua potência inerente, o chamado livre-arbítrio, que em todos os níveis de evolução da matéria/vida e dos restantes estados subtis gerariam os conhecidos ciclos de ascensão e regressão (Dharman-Karma) das “Cadeias” e das “Rondas” onde os 3 Gunas seriam o princípio orientador.

Os arquétipos seriam então o reflexo das capacidades cognoscitivas da Vontade e da Inteligência, a reserva Akashica engendrada na estrutura quântica dos três Logos – o Logoi.

Figura 2 – Os três Logos


O Universo manifesto não pode ser considerado infinito e absoluto. Produto da manifestação Logoica, surge da interacção ou da perturbação de três campos quânticos que se contêm a si próprios, o campo do Espaço granular (Inteligência Activa/Força-Matéria), o campo Holomórfico (Amor-Sabedoria/Vida-Forma) e o campo da Informação/Consciência (Vontade). Desta perturbação destes campos sobrepostos (só o Modelo Padrão das Partículas implica a sobreposição de 37 estados quânticos), oscilações vibracionais, ou colapso de onda permanente, resultam na prática os arquétipos como impressões ou registos, género Qubits (os Lipikas e Lipitakas), que informam todo o universo e estão na base dos fenómenos conhecidos como entrelaçamento quântico, não-localidade e superposição.

Fazendo a ligação com a matéria fermiónica e bosónica,as forças que a sustém, conferindo-lhes massa, surge o campo de Higgs – o Antahkarana. Esta será a estrutura finita do Universo conhecido e manifesto pelo Absoluto – a expiração de Parabrahman.

Assim, o Absoluto será considerado como o espaço infinito, incondicionado e imutável que permeia no seu seio os multiuniversos. Considerado como o Supremo Princípio a sua natureza não tem sido definida, sujeita a concepções mais ou menos metafísicas tornando-o mesmo “impensável e impronunciável”. Em todo o caso, a Cosmologia moderna tem-lhe reservado algumas características em torno daquilo que seria a Constante Universal introduzida por Alberto Einstein (ꓥ) na Teoria Geral da Relatividade, agora como fonte de uma energia negativa que justifica a verificada expansão acelerada do Universo.

Para Helena Blavatsky “A Divindade é um círculo cujo núcleo [ponto zero ou ponto Laya], está em toda a parte e a circunferência, em lugar nenhum”, o que é muito similar à actual concepção do Universo Holográfico. Sabendo que a presença do infinito é matematicamente um ponto, concebido como singularidade, o círculo (o Universo) surge da manifestação expandida desse ponto.

Sabemos também que 99,9% de um átomo é “preenchido” entre o núcleo e a nuvem electrónica, por espaço que é “granular”, quantificável em dimensões de Planck, resolvendo o quebra-cabeças matemáticos das infinitudes e singularidades, sendo o reflexo imanente da finitude do tri-Logos. Assim, infinito será mesmo o Espaço Absoluto inferido da Constante Cosmológica onde se desdobram ciclicamente os Universos em éons de Manvataras ou Kalpas e Pralayas., como parece também advogar o laureado nobel de 2020, Sir Roger Penrose.

No entanto o principal problema dos dois modelos, o Teosófico e o de Einstein, é a sua instabilidade. O espaço concebido esférico com raio de curvatura, no hiperespaço de 4 dimensões é definido pela densidade de matéria presente no universo. Acontece que esta situação representa um equilíbrio instável; qualquer pequena perturbação leva o sistema — o universo — para o colapso ou para a expansão desintegrativa em direcção ao infinito. Daí a introdução da Constante Cosmológica. Em 2002, o cosmólogo americano Michael Turner adoptou o termo Energia Escura para denominar a energia associada à Constante Cosmológica, responsável pela expansão acelerada do universo verificada pela análise das Supernovas cosmológicas do tipo Ia.

O Evangelho de São João, diz-nos que “No princípio era o Verbo. E o Verbo era Deus.”. Também para o hinduísmo o Universo brota da sílaba AUM. Ou seja, existe em ambos os casos a ideia de onda vibracional projectada pela Energia Escura do Espaço Infinito, através do que o homogéneo se converte no heterogéneo, dando origem à estrutura Septenária. Esta onda vibracional poderá inserir-se numa perturbação quântica exótica deste Campo Único do Espaço Infinito cuja natureza deverá obedecer a 3 preposições:

1. Não emite luz ou outro tipo de radiação conhecida, até porque toda a radiação do Universo pode ser explicada naturalmente pela matéria bariónica presente nas estrelas, galáxias e aglomerados de galáxias. Assunção em perfeita consonância com a Teosofia e os Vedas.

2. Tem uma pressão negativa importante, dada por ρX + 3pX /c 2< 0, que justifica a sua utilização como factor de aceleração do Universo,o que está de acordo também com a concepção védica dos Manvataras/Pralayas.

3. Deve ser absolutamente homogéneo, pois caso contrário a sua presença já teria sido detectada pelo menos como uma perturbação marcante nas massas dos aglomerados de galáxias. Também de acordo com os pressupostos védicos e teosóficos anteriormente explanados.

Na realidade muito recentemente, têm-se constatado a criação de novos mundos estelares no seio deste Universo através dos Buracos Negros supermassivos, onde o espaço e o tempo deixam de fazer sentido e onde no seu horizonte de eventos se condensam de forma holográfica bidimensional (Purusha e Prakriti) toda a informação resultante da destruição da matéria. Daqui a Cosmologia inferir da hipótese de os Buracos Negros Iniciais hipermassivos poderem estar na origem dos Universos como na teoria da Cosmologia Cíclica Conforme de R. Penrose em que genericamente os estados iniciais e finais dos sucessivos universos se assemelhariam naquilo que é semelhante na doutrina teosófica ao estado de energia do ponto zero ou ponto Laya.

Ora, segundo as recentes concepções cosmológicas, o paradoxo relativo à perda da informação nos Buracos Negros não existe. Ela é retida no seu Horizonte de Eventos de forma holográfica. Assim os Buracos Negros Primordiais, designados na Teosofia por “Soís Ocultos”, possuiriam toda a informação do universo anterior necessária ao acto da criação de outro universo.

Segundo a Teosofia da Doutrina Secreta de Blavatsky, seriam “Seteiras abertas na sombria Fortaleza do Infinito”.

Figura 3 - A serpente que morde a própria cauda,

simbolo do infinito e da manifestação primordial da matéria


Destes Mega Buracos Negros Primordiais sairia o ternário da Constituição Septenária, constituído pelo campo quântico da Informação/Consciência, pelo campo quântico Holo-Mórfico e pelo próprio Espaço granular quântico. Seria este conjunto de 3 campos quânticos, conhecidos na doutrina teosófica por “Mônadas”, que nas fases posteriores da evolução do universo (os Planos Cósmicos), dariam origem às “Mônadas” individuais, então já hierarquicamente estabelecidas, de modo tal que a consciência desde o início dos tempos fizesse parte integrante da matéria como função de onda (Ψ). Nesta primeira fase de expansão do Universo, os observatórios espaciais Planck e o Wilkinson Microwave Anisotropy Probe (WMAP) permitiram-nos acesso, já com bastante resolução, à Radiação Cósmica de Fundo em micro-ondas, concebido como um “véu” e designado no sânscrito por Mulaprakriti e que encobriria o acto criativo do Buraco Negro Primordial.

Assim, o primeiro “Plano Cósmico” saído de um colapso de onda do Hiper Campo Único do Espaço Infinito, do Ponto Laya, cria o primeiro mini-buraco negro formado pela aglomeração de partículas virtuais e da designada “espuma de spins” de Carlos Rovelli, formando o próprio espaço finito (as 49 “bolhas Adi” da Teosofia) e dando origem ao “2º Plano Cósmico ”Anupadaka. Seguir-se-iam cinco “Planos Cósmicos” de flutuações quânticas em crescendo, cada um derivado do anterior e, sempre resultado da aglomeração de “bolhas Adi”, em múltiplos de 7x7, segundo a Doutrina Secreta.

 

Plano

Nº de Bolhas

Nº total

Adi

1

7

Anupadaka

7x7

49

Atma

492

2401

Budhi

493

117649

Mental

494

5764801

Astral

495

282475249

Físico

496

13 841 287201

Figura 4 – Os Planos Cósmicos de acordo com a Teosofia

Há uma semelhança espantosa entre as denominadas “Bolhas de Adi” e os “voxels”do modelo holográfico de N. Haramein. Este descreve uma geometria esférica como um volume básico de entropia ou de unidades PSU – Planck Shperical Units ou Unidades Esféricas de Planck, onde se aloja o bit de informação holográfica.

Estes PSU`s também designados por “voxels” de Planck (neologismo de volumes + pixels), estender-se-iam no horizonte da superfície esférica produzindo uma relação holográfica com a densidade de informação dada pela massa/energia no interior da esfera, e onde a área do disco equatorial, A=πr2, corresponderia a uma unidade bidimensional de informação/entropia de Planck que na doutrina Teosófica aparece sob a designação sânscrita de Purusha e Prakriti.

Figura 5–Representação geométrica alternativa para o Ternário.

1º LOGOS - O Ponto Laya– Ponto de Energia Zero – o Buraco Negro Primordial

2º LOGOS - Purusha e Prakritiou os 3 Gunas – Caos – Abismo Primordial - a bidimensionalidade no Horizonte de Eventos

3º LOGOS – Mahat– Ah-Hi – a tridimensionalidade da matéria – o plasma de Quarks e Gluões

  

Assim, o 7º Plano Cósmico correspondente ao aparecimento da matéria (plasma de Quarks e Gluões) resultaria de uma densidade da Energia Escura do vácuo, neste caso do Espaço Infinito, da ordem das 496 bolhas Adi ou Voxels de Planck.

Figura 6 - Esfera de “voxels” de Planck

Haramein, N. andValBaker, A. (2019) ResolvingtheVacuumCatastrophe: A GeneralizedHolographicApproach. JournalofHighEnergyPhysics, GravitationandCosmology, 5, 412-424. https://doi.org/10.4236/jhepgc.2019.52023 

 

Segundo o que a actual cosmologia define, nos primeiros nanosegundos do surgimento do universo, este mais não era do que um oceano de plasma ou campo quântico de quarks e gluões formados por estados quânticos distintos: Up, Down, Charm, Strange, Top e Bottom. Destes 6 estados apenas sobrevivem o Up e o Down que vão constituir, sempre em número de 3, os protões (2 ups e 1 down) e os neutrões (2 downs e 1 up) bem como as suas correspondentes anti-particulas.

Por uma reacção ainda desconhecida designada Bariogénese, uma violação do número bariónico, conduz a que a matéria se sobreponha à anti-matéria, subsistindo apenas os protões e neutrões. Só a partir dos 3 minutos é que se formam os primeiros átomos estáveis de deutério, trítio e lítio, seguindo-se o processo de nucleosíntese a partir dos 380.000 anos de idade do Universo.

Em conclusão, poderíamos arriscar dizendo que a “Vontade”, como acto da Consciência em Tomás de Aquino, manifestando a Necessidade inerente a um Princípio de Simetria do Hiper Campo Quântico Único do Espaço Infinito, cria flutuações de densidade na Energia Escura deste campo, que fariam nascer os “Sóis Ocultos” ou Buracos Negros Primordiais que num processo de aglomeração das “Bolhas Adi” ou Voxels de Planck – o espaço granular, com a Informação e o Campo Holo-Mórfico residentes no Horizonte de Eventos, iriam originar posteriormente os plasmas de Quarks e Gluões, dando assim início ao Quaternário da Constituição Septenária e ao Tetraghrammaton.




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