Os tripletos de spins geram as simetrias
À
medida que esses fios vibram e se alinham, emergem padrões mais densos
traduzidos em partículas, átomos, estrelas, galáxias. Tal como motivos
geométricos que se repetem, as três gerações do Modelo Padrão da Física das
Partículas surgem também como variações deste mesmo tema musical.
Neste mosaico, não é um visitante o que chamamos de Consciência, mas a “Luz”
que aparece quando certos padrões daquele tear entram em ressonância consigo mesmos.
É o espelho interno pelo qual o próprio tecido do cosmos se reconhece.
A
Teia Informacional Fibrada (TIF) seria então a partitura oculta desta tecelagem, a
matriz invisível em que o espaço, a matéria e a mente são apenas diferentes desenhos
de um mesmo fio primordial.
No modelo TIF, a unidade
fundamental não é um ponto indefinido no espaço-tempo, mas um tripleto lógico de qutrits de spins, visto como um
espaço informacional de não-localidade
e atemporal, com transformações
internas que preservam a norma do estado informacional, ou seja capaz de suportar rotações internas, aquilo
que o faz funcionar. Ora, isto é precisamente o que os grupos de
simetria SU(N) fazem ao transformarem
estados internos de dimensão N, preservando
sempre a norma.
O
tripleto TIF possui três spins
fundamentais (s1, s2, s3) que formam uma visionada estrutura
triangular de interacções internas, onde cada suposta aresta do triângulo
representa um par de spins que define
naturalmente um espaço de
dois estados, logo uma simetria interna SU(2).
Figura 1 – Tripleto de 3 fibras (s1, s2, s3) formadas por spins com os sub-espaços SU(2)ij.
Portanto,
o tripleto do modelo TIF contém três
SU(2) internos, derivados de pares funcionais que por esse modo
formam sub-estruturas naturais dentro de cada tripleto. Estas estruturas serão:
1. SU(2){12} – rotações internas envolvendo apenas
(s₁, s₂)
2. SU(2){13} – rotações internas envolvendo (s₁, s₃)
3. SU(2){23} – rotações internas envolvendo (s₂, s₃)
Como nascem os SU(2) internos
Podemos expressar o espaço de
Hilbert total do tripleto com a notação HTIF = C3 assente
numa base lógica qutritica em que dentro do espaço de Hilbert, cada par de estados gera uma sub-representação SU(2).
Assim, o Par (1,2) → SU(2){12} possui um sub-espaço (span) que traduzimos por
cujos geradores são as matrizes [1]:
o Par
(1,3) → SU(2){13} terá um sub-espaço
com geradores análogos mas apenas actuando nos índices 1 e 3
e o Par
(2,3) → SU(2){23} terá o sub-espaço
com geradores semelhantes, actuando só nos índices 2 e 3.
Em conclusão, o tripleto do modelo TIF sendo um
bloco de informação fundamental, contém:
a)
Uma simetria global SU(3) que corresponde à mistura dos três estados.
b) Três
sub-simetrias SU(2)
correspondentes a relações informacionais entre pares, em que uma destas SU(2) irá constituir o isospin fraco.
Enquanto no Modelo Padrão, cada
dupleto fraco tem dois componentes, por exemplo (u, d), (νe, e−), etc, no modelo TIF, esse dupleto
corresponderá à activação informacional
de um par específico entre as 3 sub-simetrias SU(2) , como vimos
expressas como SU(2){12}, SU(2){23} e SU(2){13}.
Por
outras palavras, os dupletos fracos são projecções SU(2) de sub-pares internos
do tripleto. Podemos agora conceber um diagrama que
representasse o tripleto e os seus SU(2) num formato mais compacto, como se existissem dois
triângulos: um derivado das relações entre os pares s1, s2
e s3, e o outro derivado dos pares dos sub-espaços SU(2)ij, isto
é, como se duas estruturas
de topologia triangular funcionassem uma dentro da outra pelas rotações que
executam, os seus modos relacionais internos. Dois sub-espaços de rotações
internas (3 - s1, s2, s3, mais 3 SU(2) de que
resultam 1 SU(3), formado por “folhas de coerência” C2⊗C2⊗C2), todos completamente intrincados!
Deste
modo, podemos considerar, numa primeira aproximação, que:
a) Um triângulo global de 3 “folhas de
coerência” é o espaço SU(3).
b) Cada aresta forma um SU(2) interno
por relação de pares s1, s2 e s3.
c) A simetria completa SU(3) contém
estes SU(2) como sub-grupos naturais.
Assim, o espaço de tripletos (TIF) é um fibrado SU(3)-principal com reduções SU(2). Não nos esqueçamos que cada tripleto de spins na TIF corresponde a um estado e no espaço de Hilbert com simetria global SU(3).
Devemos
ter em atenção que aqueles três spins
(s1, s2, s3) não são imaginados
arbitrariamente pois são
as fibras internas do fibrado TIF constituído por 8 qutrits de 3 spins. A “base” do
fibrado é a rede topológica emergente, e a “fibra” é o espaço interno de estados
dos tripletos. Portanto a fibra interna será dada por
ou
C2⊗C2⊗C2
e
os grupos SU(2){12}, SU(2){23}, SU(2){13} são acções internas em
subespaços desta mesma fibra. A característica chave advém da SU(3) conter três
sub-álgebras SU(2) não triviais, cada uma actuando num par de níveis internos. Estas
três reduções SU(2) aparecem naturalmente como 3 sub-fibrados.
Figura 2 – Cada fibra é um tripleto de spins (8 estados qutrits).
Cada
SU(2){ij} actua apenas
no par (si, sj)
deixando o terceiro spin fixo, do
seguinte modo:
·
SU(2)12 age em s1, s2
e deixa s3 inalterado.
·
SU(2)23 age em s2, s3 e deixa s1 inalterado.
·
SU(2)13 age em s1,
s3 e deixa s2 inalterado.
Ou
seja, algebricamente, cada fibra tem os seus três geradores (matrizes 8×8) e apresenta-se
segundo a expressão formal:
Então,
podemos afirmar que cada sub-espaço SU(2){ij} gera uma “folha de
coerência” dentro da fibra principal SU(3). Assim, a TIF trata cada tripleto de
spins como:
a)
um qubit lógico individual nos pares (i,j),
b)
mas um qutrit global no espaço total.
Assim,
os pares SU(2){ij} dão as
direcções informacionais elementares do fibrado, que se
assemelham a:
a) eixos locais de coerência,
b) “folhas” horizontais locais,
c) micro-ligações entre os níveis
internos do qutrit,
d) e planos de fase
preferenciais.
Neste
modelo cada SU(2){ij} resulta de uma redução do grupo estrutural (s1,
s2, s3)que vai definir um sub-fibrado contendo apenas transições
permitidas entre cada par ou dois níveis internos. Como o fibrado completo
(principal) SU(3) é construído pela união informacional consistente de três sub-fibrados
SU(2), onde cada modo interno de
oscilação é entendido como “curvatura informacional da fibra” associado a um
destes SU(2). As consequências que daqui derivam são:
a) A “curvatura do fibrado” (campo quântico
de conexão) advêm das três componentes SU(2) correspondentes aos três padrões
básicos de coerência entre níveis.
b) A geometria emergente (pré-espaçotemporal)
recebe contribuição de cada SU(2) como se fossem três “modos topológicos”.
Ou
dizendo de outro modo, o espaço-tempo emergente é a colaboração coerente das
três direcções SU(2), pois que cada SU(2){ij} dá um tipo distinto de
curvatura, e o entrelaçamento destes modos define a estrutura final da métrica
emergente do espaço-tempo.
Concluindo, o fibrado principal é a simetria SU(3),
uma vez que as “folhas de coerência internas” ou “direcções elementares” do fibrado
são originadas nos sub-fibrados SU(2){12}, SU(2){23},
SU(2){13}. A “geometria” da TIF emerge da interacção e colaboração
destes três sub-fibrados SU(2). Ou seja, o fibrado da TIF é o que dá corpo ao
“tecido”, à própria teia, como se os SU(2){ij} constituíssem os
“fios internos”, e a estrutura emergente é o “padrão final” criado pela sobreposição
coerente de três fios.
Uma
viagem pela decomposição do Tripleto Informacional em subestruturas SU(2) e o
papel do isospin informacional
Até
agora estabelecemos a relação entre o tripleto
informacional básico do modelo TIF e a estrutura de simetrias
associada aos pares SU(2),
revelando o papel fundamental de um provável isospin informacional. Estamos aptos a mostrar
como a acção combinada dessas simetrias reproduz as estruturas de calibre
efectivas U(1), SU(2) e SU(3).
Como
vimos, na estrutura do campo informacional triplo que constitui a TIF, cada
unidade ligada a um pré-espaçotemporal elementar é representada por um triplo
de graus de liberdade spin, que
codificam colectivamente tanto a informação lógica (um estado qutritico) quanto
a geometria local do substrato informacional fibrado. Como os sistemas spin se transformam naturalmente sob
SU(2), a estrutura interna do tripleto fornece um ambiente algébrico rico, do
qual podem emergir as simetrias internas familiares da física de partículas.
No
modelo TIF, cada unidade fundamental do pré-espaço-tempo é descrita como um tripleto de spins que podemos expressar do seguinte modo
o
qual codifica um qutrit
lógico e, simultaneamente, uma célula elementar da teia informacional fibrada.
Na medida em que o espaço de Hilbert do tripleto é dado
por
com a simetria actuando em cada spin individual expresso por
então,
a natureza composta de T implica que as suas
transformações internas sejam governadas pela álgebra do grupo
No entanto, para entender os graus de liberdade
relevantes à física efectiva, como massas, cargas e transformações internas, é
necessário construir pares
SU(2) dentro do
tripleto. Esta é a razão da existência dos pares.
Como
vimos, um tripleto de spins contém
exactamente três pares possíveis
que são:
Assim, qualquer par dentro do tripleto TIF forma um
dupleto SU(2) bidimensional efectivo e um singleto unidimensional (o que fica de
fora). Assim, podemos então associar a cada par o grupo SU(2) efectivo
correspondente, descritos anteriormente:
Perceba-se que independentemente dos três SU(2) que
actuam em spins individuais, os SU(2)
físicos/compostos surgem de acoplamentos de pares, e não de acções de spin único.
Esses pares são essenciais porque, por exemplo, tal como
em qualquer sistema
composto de dois fermiões de spin-½, formando uma representação natural de
SU(2), ela surge a
partir da soma de spins:
Portanto,
cada par no modelo TIF contém dois subespaços que permite interpretar cada par
como um portador de um
isospin efectivo, formando dois estados:
a) um
estado triplete;
b) um estado singleto.
O isospin é originalmente uma simetria SU(2) associada ao carácter
duplo de certos fermiões, como por exemplo o protão/neutrão. No contexto da TIF, defendemos o isospin
como um isospin fundamentalmente informacional que surge na base de que
cada par (si, sj), que tem um operador isospin informacional
associado, dado por:
onde
σ⃗k são os vectores de Pauli associados a
cada spin do tripleto.
Deste modo, os estados do I⃗ij satisfazem:
a) O isospin
informacional total: I = 1 (tripleto),
I = 0 (singleto).
b) A projecção
informacional do isospin: I3 = {−1, 0, +1} para
o tripleto, I3 =
0 para o singleto.
Assim, cada par forma um duplo
informacional SU(2), análogo aos duplos de isospin fracos no Modelo Padrão de
Partículas. No nosso caso, por exemplo, identificamos
o isospin fraco
com a sub-álgebra SU(2)12 que actua
nos spins 1
e 2.
No
modelo TIF, interpretamos estes dupletos como sendo eixos internos de coerência através de vias de
acoplamento de informação, que por consequência criam canais
de emergência de graus de liberdade.
Consequências da decomposição do
tripleto em pares SU(2)
A estrutura total do tripleto
pode ser decomposta como vimos em:
ou
que
dá ao tripleto uma estrutura fibrada triádica que corresponde a esta
formalização:
Esta composição tem duas consequências
fundamentais:
a) Redundância triádica, porque cada spin participa de dois pares, garantindo
robustez e tolerância a erros, sugerindo um mecanismo natural de correcção quântica informacional.
b) Hierarquia emergente das gerações do Modelo Padrão de Partículas, dado que interpretamos a escolha dominante de um dos pares SU(2) como a base estrutural responsável por fornecer também um mecanismo triádico para explicar a estrutura das três gerações (3 electrões, 3 neutrinos e 3 quarks), que poderiam apresentar-se assim:
1. primeira geração → par (s1,
s2);
2. segunda geração → par (s2,
s3);
3. terceira geração → par (s1,
s3).
Assim, todos os fermiões, leptões e
quarks, são excitações fenomenológicas correspondentes ao canal de coerência
dominante em pares dentro de um tripleto.
As simetrias efectivas U(1),
SU(2) e SU(3)
fazendo
com que a simetria efectiva total U(1) em toda a rede TIF seja a soma coerente
dessas contribuições de fase, que podem corresponder fisicamente à carga
eléctrica ou à hipercarga, dependendo do contexto.
Também
a soma consistente dessas fases ao longo da teia gera a simetria efectiva de
calibre SU(2). Um único par suporta toda a acção de
podendo
ser interpretado como o isospin fraco efectivo SU(2), com a estrutura do
dupleto originário do isospin informacional.
Por
sua vez, a SU(3) surge da tríade dos pares SU(2), ou seja é a simetria
emergente quando os três pares são tratados de forma conjunta e simétrica pois
formam uma estrutura invariante sob permutações de índices:
Aqui
o fecho da álgebra gerada pelos três SU(2) produz uma álgebra de Lie de oito
dimensões, que corresponde à dimensão do SU(3) que podemos expressar assim:
Isto
permite derivar uma interpretação na qual SU(3), a simetria de cor QCD, emerge
da estrutura triangular interligada do tripleto TIF.
ou
formalmente
Este resultado
fornece a ponte entre a estrutura
triádica TIF e a cromodinâmica
quântica, assim como as simetrias internas do Modelo Padrão da
Física de Partículas.
Podemos
afirmar então que a decomposição do tripleto TIF em três pares informacionais
SU(2) produz uma interpretação informacional coerente com as simetrias do
Modelo Padrão:
a) A simetria U(1) surge das fases internas de cada par,
b) A SU(2) dos dupletos informacionais dentro dos pares,
c) A SU(3) da estrutura triádica dos três pares.
Além disso, o modelo explica:
1. A existência de três gerações de
fermiões, porque um tripleto TIF tem precisamente três pares SU(2).
2. A razão da SU(3) ter dimensão 8, porque
é a álgebra de Lie mínima que fecha sobre os três pares SU(2).
3. O aparecimento dos fermiões como
dupletos e singletos, porque cada par decompõe-se em tripleto ⊕ singleto.
4. A explicação da informação no
substrato pré-espaçotemporal ser tolerante a falhas, na medida em que a
redundância SU(2) forma uma estrutura natural de correcção de erros.
Assim, o spin deixa de ser um “quantum misterioso” e passa a ser a “marca
geométrica/topológica” do domínio pré-espaçotemporal, abrindo caminho para uma
teoria consistente em que matéria, espaço-tempo e informação são expressões
diferentes da mesma estrutura fibrada.
Uma explicação mais gráfica e intuitiva
Quando
temos um tripleto de spins (s1, s2 e s3),
como é o caso das unidades da TIF, o sistema (cada vértice) pode
estar em 8 estados
possíveis:
Por
isso, qualquer transformação que se produza neles precisa ser representada por
uma matriz 8×8,
porque ela define como estes 8 estados mudam.
Pormenorizemos
melhor: tudo tem a ver com rotações (como podiam já adivinhar) porque cada par
de spins, como (1,2), (2,3) e (1,3)
pode girar de forma conjunta, como se fossem uma pequena “roda” dentro do
sistema. Cada uma dessas rodas internas é um SU(2), que pode ser tratado como uma
espécie de “álgebra das rotações”.
Portanto,
SU(2){12} é igual a rotações internas do par (1,2); SU(2){23}
é igual a rotações internas do par (2,3), e SU(2){13} é igual a
rotações internas do par (1,3). Dado que, uma rotação de um par afecta todos os 8 estados possíveis
do sistema completo de 3 spins, cada
uma dessas rotações é transformada numa matriz 8×8, ou seja, no fundo 3 spins
correspondem a 8 estados,
e mover qualquer par
implica mexer no conjunto inteiro, na matriz 8×8. Assim, cada
SU(2) é apenas um modo diferente de girar um par, e as
matrizes 8×8 não são mais do que tabelas que dizem:
"se eu fizer esta rotação no par (1,2), então como vão mudar cada um dos 8
estados?"
Tomemos
como exemplo diagramático os 8 estados como vértices de um cubo, nos quais
distribuem-se os 8 qutrits de 3 spins:
Cada
spin (s1, s2 e s3)
representa o cubo que serve para visualizar
os 8 estados possíveis, que correspondem aos 8 vértices do cubo:
SU(2){12} → gira duas faces
paralelas (frente e trás)
SU(2){23} → gira dois pisos
(topo e base)
SU(2){13} → gira dois planos
diagonais atravessados
Cada giro faz a transformação de 8
vértices, logo a necessidade de uma matriz 8×8. Estes 3 sub-fibrados são as
transições permitidas entre dois níveis internos ij. SU(2)ij são os
pares que dão as direcções informacionais elementares do fibrado comportando-se
como micro ligações entre os níveis internos do qutrit. Comportam-se como eixos
locais de coerência que vão dar estabilidade aos 3 planos complexos C(2)ij ou C2⊗C2⊗C2.
Ou seja:
1. Acção de SU(2){12} — gira
o par (s1=spin 1, s2=spin 2) o que significa
que apenas os dois primeiros dígitos
mudam juntos. Transferido para o cubo, cada quadrado vertical (quadrado frente e quadrado
atrás), fixando o terceiro bit, é afectado, e o spin 3 fica intacto.
2. Acção de SU(2){23} — gira o par (s2=spin 2, s3=spin 3) o que significa
que agora só os dois
últimos dígitos mudam juntos. No cubo, os quadrados horizontais são afectados: o
“andar de cima” do cubo e o “andar de baixo” são girados em paralelo.
3. Acção de SU(2){13} — gira o par (s1=spin 1, s3=spin 3) o que significa
que só mudam o
primeiro e o último dígito,
e o efeito são quadrados diagonais do cubo, porque esses quadrados cortam o
cubo na diagonal,
como se estivéssemos a girar eixos cruzados.
Uma figura foi concebida de forma
gráfica na tentativa de dar uma ideia mais concisa e esclarecedora dos
processos envolvidos (ver diagrama).
Resumindo:
1. O tripleto de spins vive num espaço de dimensão 8.
2. O qutrit lógico é codificado em 3
estados emaranhados dentro desse espaço.
3. Qualquer gerador lógico SU(3) deve
actuar no espaço completo ou global o que implica matrizes 8 x 8, [1].
Portanto, o modelo TIF fornece uma
microestrutura informacional capaz de reproduzir a arquitectura de simetria
essencial do Modelo Padrão, ao mesmo tempo em que a fundamenta em princípios
pré-espaçotemporais mais profundos assentes na não-localidade e entanglement.
Diagrama
Os bosões surgem como modos da conexão
Como surgem os bosões de gauge (fotão,
W, Z, gluões) a partir da estrutura interna TIF que já produz o spin dos fermiões?
A
resposta, no modelo TIF, aparece de forma natural e implícita, sem adição de
operadores externos, porque parte do princípio de que os bosões surgem como
modos de excitação da conexão simetria interna do fibrado, ou seja, como
flutuações coerentes dos SU(2){12}, SU(2){23}, SU(2){13},
um modo “oculto” que a natureza usa para reforçar todas as simetrias de gauge
com as interacções das forças electromagnética e nucleares fraca e forte.
Assim, os fermiões são nodos que se traduzem em modos coerentes (tripletos de
spin), e os bosões são fluxos de coerência interna entre os nodos (ou as fibras).
Uma estrutura feita para durar, que o diga o protão com uma vida de 1034
anos.
A fenomenologia que emerge desta estrutura implica que os bosões W e Z tenham
a sua acção apenas entre os fermiões que são estados coerentes dependentes do
subespaço 12, originando as regras de acoplamento quirais, enquanto os gluões
agirão nos estados cuja coerência depende do subespaço 13 e da simetria de permutação interna dos tripletos. E os quarks são exactamente
esses estados. Por sua vez o fotão é a combinação ortogonal neutra de SU(2)L
e U(1)Y, combinação esta que corresponde ao modo da conexão interna
que não altera a coerência entre spins,
mas porém propaga a fase global do tripleto, tal como assume o fotão no Modelo
Padrão.
Figura 3 – Deus joga aos dados
A
gravidade não é achada
Como já repararam, a gravidade não emerge de nenhum SU(2){ij} individual,
mas resulta da topologia da curvatura/torsão global da rede TIF que é uma
simetria quântica equivalente a uma simetria do espaço-tempo (geometria). E
geometria e gravidade estão ligadas, o que representa uma teoria quântica da
gravidade apenas por via da Teia Informacional Fibrada, ou seja a gravidade
surge por intermédio de uma quantificação do espaço-tempo: a curvatura diz à
matéria como se deve mover, e a matéria diz ao espaço como se deve curvar. Ou
seja, a ligação entre fermiões e bosões revela uma teoria do espaço-tempo, sem
necessidade de quantificação da gravidade como força universal usando
partículas intermediária tipo gravitino ou gravitão. Aqui a quantificação do
espaço-tempo não proíbe certos valores como o faz a quantificação da energia
dos fotões. A interacção da gravitação (que não é renormalizável, segundo
consta o preço a pagar por E=mc2) faz-se por intermédio de uma
estrutura tripletária de spins e não
através de uma troca de uma partícula, tal como o fotão o faz no
electromagnetismo. Logo, a incompatibilidade entre gravitação e a teoria
quântica de campos até agora assumida pela Física, não é uma realidade, pois
este domínio relacional entre o micro e o macrocosmo faz-se por um interface
construído na dimensão sub-planckiana. O entrelaçamento quântico do espaço e do
tempo existe a uma escala sub-planckiana do fibrado, tudo o resto está
condicionado pelo limite imposto pela velocidade da luz.
Este constructo resolve por si só outro problema. Aquele da hipotética existência
de Matéria Escura. Porque o espaço-tempo deriva da própria teia de tripletos de
spins, e a geometria (distâncias,
ângulos, curvatura) não é um “campo sobre o espaço”, mas sim a orientação,
fase, ligação e coerência daquela rede. Logo, a força gravitacional não é uma
força mediadora, mas uma resposta estrutural da teia quando se altera a densidade
ou orientação dos tripletos, evitando a necessidade de uma partícula, porque o
acoplamento é colectivo, e não uma troca local de mediação. A gravidade é,
neste modelo uma deformação topológica global da rede, induzida por gradientes
de energia-informação, representada por modos coerentes de spin entrelaçados.
Quando um objecto com massa/energia está presente, o que acontece na TIF
não se deve “a troca de gravitões”, mas à reorientação dos tripletos na região
porque os enlaces (links) de spin mudam a fase/equilibração, e a
estrutura passa a ter um gradiente de coerência, gerando geometria através de uma
descrição secundária dos modos colectivos da teia.
Isto
coloca a gravitação no mesmo tipo de fenomenologia da física da elasticidade e
dos fluidos, curvatura emergente em modelos tensoriais (emergent gravity de Verlinde ou condensados spinoriais). Quando o
campo gravítico é concebido como coerência informacional colectiva, a teia
comporta-se como um tipo de condensado quântico, com propriedades de
elasticidade não-linear, cuja energia armazenada depende de tensão, curvatura,
densidade e entropia informacional. Ou seja, o campo gravítico na TIF não é um “vazio
passivo” mas um fluido de orientação de spins
com propriedades próprias, entre as quais podemos destacar a pressão negativa
local, com compressibilidade informacional, e uma provável viscosidade efectiva
muito baixa, mas com capacidade de transportar modos coerentes (anelamentos,
fluxos informacionais, vórtices).
Quando
existe massa distribuída numa escala galáctica a teia sofre tensão
informacional de forma extensa, em que a energia armazenada na própria teia
contribui para o domínio gravítico, fazendo com que esta energia cresça com a
escala considerada, mais do que à custa da densidade local. Esta densidade aumenta
sempre que há gradientes de orientação fortes, topologia não-trivial, e quando
existe coerência global em escala galáctica. Como resultado, o potencial
gravítico efectivo diminui mais lentamente do que 1/𝑟, imitando exactamente o efeito típico
atribuído à Matéria Escura, o conhecido “halo escuro”. A equação deixa de ser a
típica newtoniana 𝐹 = G(M x m/r2) para assumir esta outra ∇⋅g = 4πG(ρ+ρTIF),
onde ρTIF é a energia armazenada na tensão informacional.
Também
poderá explicar a hipótese da presença de efeitos de lentes gravitacionais sem
a presença de massa, ou de possíveis assinaturas na dinâmica de marés
gravitacionais, dado que num fluido informacional de spins a curvatura responde não só à massa visível, mas também ao estado coerente da própria teia. Assim,
a deflexão de luz recebe contribuição δθ = δθmassa + δθcoerência TIF
, o que explicaria a prevista presença de “lentes fortes” sem a uso da
hipotética Matéria Escura.
A
TIF deverá comportar-se como um fluido quase inercial, que favorece as estruturas
filamentares registadas em escala cosmológica, gerando halos estáveis sem
introdução de partículas WIMP, axiões ou alterações à lei de Newton, que
funciona localmente na perfeição. A mesma coerência que produz halos pode
também afectar a evolução cosmológica (formação de estruturas no CMB - Cosmic
Microwave Background).
Buracos
que não são tão negros
Quando
uma grande massa colapsa, isto é, a região onde a métrica 𝑔𝜇𝜈
colapsa ou o espaço-tempo fica “rasgado”, o que
acontece não é a gestação de uma “curvatura infinita” com a criação de
singularidades (sinal claro de que falta uma camada mais fundamental), mas uma fase de compressão máxima da teia através
de um condensado informacional extremo onde as direcções possíveis
diminuem, os graus de liberdade “angulares” congelam, e a dinâmica
informacional passa a ocorrer quase exclusivamente nas direcções radiais. São
“buracos” só geometricamente porque informacionalmente são condensados maximizados.
O mesmo é dizer que no “horizonte de eventos” há um bloqueio topológico da
conectividade TIF porque o grafo perde as arestas de saída, não há caminho
informacional possível e o centro do Buraco Negro transforma-se uma região de “despolarização”
dos tripletos adquirindo uma configuração de máxima entropia interna, com a
entropia de Bekenstein–Hawking a emergir naturalmente. O horizonte passa a
mostrar uma área discreta com um número finito de microestados TIF, e uma densidade
de entrelaçamento proporcional à área e não ao volume. Exactamente o que a termodinâmica
de Buracos Negros prevê. Então a fórmula de entropia surge como consequência
directa da Teia Informacional Fibrada, porque o número de estados de orientação
possíveis dos tripletos na superfície do horizonte é proporcional à área e não
ao volume, uma vez que lá dentro os graus de liberdade estão congelados:
Então
é esperado que a fronteira do horizonte vibre, que haja flutuações estocásticas
da conectividade da teia, e que aqueles defeitos topológicos momentâneos
permitam a existência de “tunelamento informacional” que irá produzir
partículas reais, a radiação de Hawking, sem necessidade de campos contínuos
divergentes. É o princípio universal da acção mínima dos campos quânticos
probabilísticos traduzidos pela não-localidade.
Portanto,
no modelo TIF, um Buraco Negro é considerado um colapso da topologia
informacional com preservação da coerência global da teia. Nunca uma
singularidade física.
Isto
pressupõe consequências, e uma delas é, passar a ver os Buracos Negros como
nodos estruturadores do espaço-tempo, autênticas “âncoras informacionais”,
sistemas mais complexos que globalmente garantem que a entropia domine eficazmente
o Universo. Neste contexto falaremos já a seguir da proposta de ciclos
cosmológicos.
Quando
temos vários Buracos Negros orbitando em torno um do outro, as suas redes
internas de coerência alinham-se e produzem linhas de fluxo, reorganizando a
malha informacional global, ondas de maré gravitacionais passam pelas estruturas
das galáxias, ampliando a formação de halos, e consubstanciando a teia filamentar
cósmica. Será assim que os Buracos Negros desempenham um papel fundamental, contribuindo
para a estrutura cósmica através de tensões informacionais expandidas por todo
o Universo. Deste modo, para além do fenómeno de entanglement no fibrado do domínio pré-espaçotemporal, existe outro
fenómeno de modelação universal espaço-temporal que é feito de acordo com os
limites impostos pela velocidade da luz das marés gravitacionais, como se os
dois fenómenos se completassem em níveis diferentes.
A
Cosmologia Cíclica Conforme e a TIF
A
Cosmologia Conforme Cíclica (CCC), proposta por Penrose, afirma que o Universo
evolui através de éons sucessivos ligados por uma fronteira conforme. Essa
fronteira exige que a métrica perca qualquer escala absoluta, de modo que a
física seja governada exclusivamente por quantidades conformes. Neste contexto,
o modelo da Teia Informacional Fibrada (TIF) fornece uma interpretação microfísica
desse regime na medida em que a métrica emergente se vai diluindo no futuro
longínquo, e então a única estrutura que poderá subsistir será o fibrado de
tripletos de spin, cuja dinâmica é
independente de escalas métricas.
A
fase conforme da CCC pode ser identificada com o regime pré-geométrico da TIF,
uma vez que, como vimos, ela é definida como um fibrado informacional expresso
por
Em
que B é a base emergente (espaço-tempo 4D), F é a fibra
tripletária C2⊗C2⊗C2,
e cada fibra contém estados de spin
formando sub-álgebras SU(2){12}, SU(2){23} e SU(2){13}.
Como sabemos, a métrica gμν é um
objecto derivado, emergente da densidade das conexões entre os tripletos:
onde
ρconn mede a densidade de emaranhamentos
funcionais entre as fibras. No limite de expansão infinita (a(t)→∞), a densidade de conexões decresce e a métrica
degenera para uma classe conforme, precisamente o regime exigido pela CCC na
fronteira entre éons.
A CCC exige que exista uma “bijecção” [2] conforme entre os campos do éon En na
fronteira I+ e os campos iniciais do
éon En+1 no Big Bang. Quando digo que existe uma
“bijecção” entre I+(En)
que representa o fim do éon n,
e I−(En+1) que
é o início do éon n+1,
estou a dizer que cada padrão
informacional conforme, existente no final de um éon, corresponde
exactamente a um padrão inicial no Big
Bang do próximo, e portanto que não há padrões iniciais no novo éon que não tenham vindo do anterior.
No fundo cada “pedaço” de informação conforme do éon anterior reaparece no
início do novo, sem perda e sem duplicação (de novo o princípio de acção
mínima). Isto é essencial tanto para a proposta CCC, porque é assim que a informação
atravessa a fronteira éonica. Tal fenómeno também é suportado no modelo TIF,
porque os alinhamentos de spin dos tripletos são
precisamente as entidades que podem ser transportadas pela “bijecção”.
A TIF fornece uma estrutura microscópica de mapeamento para este do tecido do
espaço-tempo. Quando a métrica emerge da TIF por “recondensação”, a relação
conforme é implementada, e assim, o mapeamento conforme da CCC é reescrito como
uma transição de fase
informacional da TIF, onde o estado dos spins dos tripletos ∣ψijk⟩
faz emergir uma métrica como sendo um epifenómeno, sendo necessário para tal a
existência de um operador de escalamento informacional (não unitário) que
determine a métrica do novo éon seja determinada pela densidade de conexões
pós-recondensação.
Dado que a estrutura de spin dos tripletos é invariante sob transformações conformes, na medida em que o spin é um objecto não métrico puramente interno (gauge), implica que na fase conforme (na fase de expansão futura extrema), as componentes métricas perdem significado físico, mas as orientações, alinhamentos e vorticidades informacionais nos tripletos permanecem no entanto bem definidas, com capacidade para atravessarem a fronteira conforme, e reemergirem como padrões iniciais no éon seguinte. Este mecanismo produz naturalmente no novo éon as verificadas anisotropias primordiais, os já detectados alinhamentos múltiplos no CMB, e outras possíveis correlações de alcance cosmológico estrutural, como os designados “círculos de Penrose” e fornecendo também a base física para as “assinaturas hereditárias” de buracos negros entre éons. Também poderão explicar a existência de mega Buracos Negros logo no início da expansão, sem ter havido tempo suficiente para tal. Lembrar que na teoria CCC, os Buracos Negros evaporam e deixam uma assinatura conforme na fronteira entre éons, e que na TIF, os Buracos Negros correspondem a regiões de compressão máxima da densidade informacional, onde o emaranhamento dos tripletos atinge valores críticos, e a evaporação produz um conjunto de modos informacionais de spin que são invariantes conformes e que atravessam a fronteira para o éon subsequente. Assim, o Big Bang aparece como uma fase de “recondensação” da estrutura informacional do fim do éon anterior.
Em
conclusão, A TIF fornece:
a) uma ontologia microscópica,
sub-planckiana, para a fase conforme da CCC;
b) um mecanismo físico para a transição
entre éons em que a “bijecção” garante a continuidade da estrutura
informacional, porque preserva fibras e estados expressos nos alinhamentos de spin, nos modos de vorticidade da TIF,
nas estruturas triádicas, e nos tensores SU(2){ij} informacionais;
c) um portador concreto da informação
herdada entre Universos, dado que, o que atravessa a fronteira entre éons é a
geometria interna do fibrado, não é a geometria do espaço-tempo;
d) uma explicação para a emergência e o
desaparecimento da massa;
e) uma descrição natural das assinaturas
de Buracos Negros que atravessam éons e que assim justificam a sua presença em
quase todos Núcleos Galácticos Activos;
f) uma geometria emergente em completa
consonância com a estrutura conforme da teoria CCC de Roger Penrose.
Se
um éon se “apaga”, o outro não começa do zero, na medida em que ele é a imagem
informacional daquele que o precedeu, mas reconstruída numa nova topologia, com
novas condições, novas possibilidades. O que sobrevive não é a matéria, nem a
energia, mas o padrão, o código geométrico e informacional tecido pelos
tripletos de spin.
Assim
como um fibrado transporta coerência local ao longo de uma base global, também
a TIF transporta coerência ontológica ao longo de eras cósmicas. É este
transporte de coerências, não-local, holográfico e triádico que liga os
fundamentos materiais da qualia: gravidade, Consciência e estrutura do
espaço-tempo. A continuidade entre éons não é uma passagem material, mas uma evidência
da persistência de simetria informacional.
Sob
esta perspectiva, os Buracos Negros deixam de ser fronteiras “para lugar
nenhum” e tornam-se operadores, pontes onde o Universo executa, sobre si mesmo,
uma transformação profunda, enviando para além do horizonte os padrões que
serão reimpressos no éon seguinte. A “bijecção” entre fibrados torna-se a linguagem
matemática dessa transferência.
No
seu limite concepcional, a Teia Informacional Fibrada propõe que o Universo itera.
Cada éon é uma iteração de uma função cósmica que preserva a informação
fundamental, tal como uma “bijecção” preserva elementos enquanto os reconfigura.
Se esta iteração possui direccionalidade, dado por um gradiente informacional,
uma flecha de complexidade consciente que implica synesis (a manifestação local
da Consciência pela capacidade de aprender, resolver problemas e adaptação a
novas situações), então o cosmos é ao mesmo tempo, memória (em cada renascimento,
lembra-se de si), e projecto (reinventa-se em níveis cada vez mais profundos de
coerência) e o ser humano consciente é o resultado mais elaborado desta
entropia.
E
talvez, no silêncio entre os éons (o silêncio, sige, na mística Gnóstica é o Éon primordial que acompanha o Pai
Inefável ou Bythos a origem absoluta),
seja a própria Consciência, que é distribuída, emergente e holográfica, que
garante a manutenção desta ponte invisível. Porque, na visão do modelo TIF, o
cosmos não sobreviveria se não fosse, também ele, um Ser que se reconhece
através das suas transformações.
No
fim de todas as construções matemáticas, de todos os fibrados, conexões e
tripletos de spins que compõem a
arquitectura da Teia Informacional Fibrada, resta sempre a impressão de que o
cosmos é menos um “objecto” e mais uma tradução, um mapeamento entre formas
distintas de manifestação de um princípio fundamental. É o espaço ontológico
onde a gnose começa!
Conexões esotéricas
Não
nos bastava o exoterismo dos fibrados ligado à descrição mais em pormenor do
sistema do tripleto de spins da TIF e
das consequências implícitas na estrutura triádica das partículas inscritas no
Modelo Padrão, assim como os nexos que originam as interacções bosónicas.
Entender e fazer crescer algo do vazio não é tarefa fácil!
Vem
isto a propósito, o termos anteriormente falado no “silêncio” ou Sige e no gnosticismo. A ontologia gnóstica clássica, vertida
nos textos valentinianos que incluem o Evangelho da Verdade e o Tratado
Tripartido, descreve Sige (Σιγή) como
o estado primordial associado ao Abismo (Bythos),
caracterizado por completa indistinção, fazendo parte de uma dualidade, entre
outras, que mantêm a estrutura estável do Pleroma,
com ausência de diferenciações fenomenais e ausência de articulação semântica.
Em sistemas valentinianos, Sige
desempenha um papel estruturante ao constituir a condição prévia para o
surgimento do Logos e para a
emergência dos Éons que, como camadas ou estratos, compõem, ou melhor se
antepõe, ao Pleroma. Naquela
descrição é atribuída a Sige a
natureza de um estado basal ontológico anterior à manifestação, e responsável
pela estabilidade e coerência das estruturas subsequentes, algo muito
semelhante ao proposto pelo modelo da Teia Informacional Fibrada que constitui
um modelo informacional pré-espaçotemporal baseado em tripletos de spin de características
não-locais, de emaranhamento quântico e atemporal, onde assenta toda a
realidade fenoménica.
Não
resistindo à tentação, levados pela intuição, poderíamos atrever-nos a formular
uma analogia formal estabelecida entre aquele estado primordial gnóstico e o
vácuo quântico da teoria moderna dos campos (QFT). Na QFT, o vácuo não é um
“nada metafísico”, mas um o estado fundamental de um campo, definido como a
solução de menor energia compatível com a estrutura dos operadores do sistema.
Esse estado apresenta propriedades intrinsecamente não triviais, pois nele
persistem flutuações de ponto zero, correlações não locais e simetrias de gauge
completas. Em particular, as excitações do campo quântico, interpretadas
fisicamente como partículas, correspondem a oscilações ou modos excitados sobre
aquele fundo altamente dinâmico.
Pelas
suas características, o Pleroma
assemelha-se ao vácuo quântico ao representar estados sem diferenciações
internas. Na QFT, a indiferenciação interna é constatada e descrita experimentalmente
por uma simetria global do vácuo, enquanto na ontologia gnóstica, corresponde à
ausência de articulação fenomenal e de dualidade (esta é aparente porque a
dualidade Bythos/Sige complementam-se) e são manifestações do Pleroma.
O
vácuo contém todas as potencialidades não manifestadas, ou seja, as potencialidades
para todas as excitações de campo de onde derivam partículas, quasipartículas e
modos topológicos. Também a Sige
funciona como resultado do domínio onde residem as potencialidades metafísicas
que, sob condições apropriadas, se articulam no Logos ou Verbo e nos Éons que residem no Pleroma.
Apresentamos um quadro representativo, mas de forma muito resumida, das dualidades do sistema cosmogónico gnóstico, onde cada díade representa uma tensão constitutiva que mantém a estrutura plerómica estável:
|
Nível |
Dualidade |
Função cosmológica |
|
Primordial |
Bythos — Sige |
Base absoluta indiferenciada |
|
Emanativo |
Nous — Aletheia |
Estrutura epistemológica do Ser |
|
Emanativo |
Logos — Zoe |
Dinâmica semântica e vital |
|
Emanativo |
Anthropos — Ecclesia |
Polaridade da Consciência |
|
Estrutural |
Ennoia — Enthymesis |
Movimento intencional do Ser |
|
Estrutural |
Sophia — Christos |
Entropia e restauração |
|
Estrutural |
Pleroma — Kenoma |
Domínio espiritual vs. material |
Quadro I – Sistema gnóstico
Neste
quadro é possível perceber que o sistema gnóstico funciona com pares
complementares, à maneira de polaridades estruturais, tal como o sistema
dinâmico dos Trigunas védico (Rajas, Sattva, Tamas). Cada par representa um
princípio activo e um princípio receptivo. Aqui, o Universo é visto como uma
cadeia de dualidades que emergem do Silêncio primordial (Sige) e se articulam até a estrutura fenomenal do mundo (Kenoma).
No
formalismo dos campos quânticos, toda a estrutura fenomenal aparece como
perturbação ou excitação do estado fundamental. Ora, no sistema gnóstico, o Verbo ou Logos surge como a primeira “perturbação” semântica do “Silêncio”
primordial, inaugurando a diferenciação.
O
fenómeno de não-localidade surge nas correlações do vácuo na QFT, demonstráveis
pelas funções de Green e por correlatores de dois pontos. Aqui os textos
gnósticos atribuem ao Pleroma e a Sige uma qualidade semelhante ao propor
a unidade indivisa que antecede qualquer relação espacial ou temporal.
As
similitudes nascem da própria moldura do modelo TIF, cuja correspondência pode
ser explicitada com maior precisão, sobretudo agora que nos encontramos
amparados pelas explicações pormenorizadas já feitas.
O
domínio pré-espaçotemporal da TIF, sempre entendido como uma rede de tripletos
de spins codificando qutrits lógicos,
possui um estado fundamental altamente coerente, matematicamente (e esperemos
que seja traduzido também num futuro recente para a realidade) equivalente a um
vácuo informacional. Neste contexto, Sige
irá corresponder à actividade dos estados de coerência máxima da TIF, na qual
não há quebras de simetria nem projecções geométricas. O vácuo quântico
funciona como o análogo físico-operacional desse estado informacional. O Verbo, que emerge do primeiro acto de diferenciação do Silêncio, equivalem às
primeiras excitações coerentes, interpretáveis como perturbação que induz
curvatura emergente, no gnosticismo equivalente à dualidade Ennoia/Enthymesis, ou a estrutura algébrica (e.g. SU(2), SU(3)) dentro do
modelo TIF. Portanto, o paralelismo entre aqueles conceitos gnósticos e o vácuo
quântico parecem querer ultrapassar a mera metáfora.
Tal
paralelismo, que carece de “paralelomania”, parece sugerir que sistemas
espirituais milenares e modelos físicos contemporâneos convergem numa mesma
intuição epistémica, dando conta da existência de um estado não-manifesto,
altamente simétrico e ontologicamente denso, de cuja perturbação surgem todas
as formas observáveis. As díades gnósticas (Syzygies)
funcionam como pares (A, A†), necessários para fechar uma dinâmica coerente, tal
como ocorre nas representações quânticas.
Resumindo
o sistema dualístico gnóstico que transferido para o modelo TIF equivale aos
processos internos da unidade funcional de Consciência, os Conscious Unitys, (Faggin, F., 2021):
Bythos, o abismo absoluto (a fonte), corresponde
ao sapce total P enquanto estrutura potencial onde tudo existe como
possibilidade.
Sige, o silêncio, estado indiscriminado do
fibrado com estrutura trivial ainda sem projecção, ainda sede da máxima
simetria Fx.
Esta
dualidade evidência um modelo de “pleno mas ainda não projectado” em que o
total space tem toda a informação
potencial, e o vácuo é o silêncio antes da escolha de qualquer secção.
Nous, o princípio cognitivo/forma. Na TIF é
a conexão A, que atribui valores às secções, ou seja
é o processo de holonomia,
pois que a conexão
num fibrado é a operação que «desdobra» relações locais (transporta e compara
fibras).
Aletheia, a operação cognitiva e conteúdo ou as conexões e secções projectadas com
valores da holonomia ou das restrições da geometria global. Num
fibrado P, a
troca de informação entre pontos x e y, em que o Nous é o algoritmo (que faz a conexão) e a Aletheia
é o resultado aplicado às secções. A relação Nous/Aletheia
funciona como o par dual entre objecto e o seu dual categórico, o conhecimento
e a revelação.
Logos ou Verbo,
ordem, estrutura, forma,
são os geradores Tn,
por exemplo SU(2)12, que definem as simetrias e as transformações (ou
seja, criam a estrutura).
Zoe: dinamismo para a ordem e estrutura ou
o campo dinâmico A e sobretudo a curvatura que é o fluxo/energia resultante.
Logos
determina quais as operações
que são permitidas (os geradores), enquanto que Zoe é a realização energética (os campos quânticos de interacção,
partículas, excitações). A relação Sige/Bythos–Logos
pode ser formalmente interpretada como sendo Sige-Bythos um estado sem secção (base indiferenciada), Logos a primeira secção global dominante
e Pleroma como a totalidade das
fibras possíveis.
Anthropos, arquétipo do indivíduo que na TIF é uma
secção local (um foco, um estado particular “indivíduo”)
Ecclesia:, comunidade, totalidade que
corresponde ao espaço global de todas as secções (a comunidade, configurações
globais, moduli space).
Por exemplo este dualismo poderá
expressar-se num fermião, representando Anthropos, que corresponde a uma secção local 𝑠 e a Ecclesia
que são todas as secções usadas para descrever a física colectiva (campo
quântico, ensemble, cohomology classes).
Ennoia, intenção, pensamento ou o operador/endomorfismo que codifica uma intenção ou a
transformação desejada.
Enthymesis, intenção e desejo ou o vector/estado que instiga a
acção, o motor interno.
Esta díade poderá significar que a
intenção configure a instrução (o operador), e o desejo o estado que o operador
tenta modificar.
Sophia, queda / sabedoria desordenada, que
representa a quebra de simetria ou o mecanismo Higgs-like em que surge um defeito, uma desconexão topológica
(exemplo de um condensado informacional que escolhe uma direcção no espaço
interno).
Christos, restauração ou o mecanismo restaurador através de um campo
quântico de ordem que reconstrói coerência, projectores que restabelecem a simetria
num novo nível.
Pleroma, plenitude ou na TIF o fibrado com fibras
completas, a máxima simetria com todas as representações possíveis presentes.
Kenoma : vazio/ausência (mundo inferior) que
representa a redução de
estrutura, perda de simetria, a singularização de sectores ou a
base B quando a actividade é projectada.
Kenoma é a projecção e Pleroma é a totalidade antes da escolha de secção.
De uma forma geral, no modelo TIF
existem explicitamente sub-álgebras referidas como SU(2)12, SU(2)23, SU(2)13
que são matematicamente muito úteis para representar as díades gnósticas
(Syzygies), uma vez que cada par (i,j) pode
servir de par lógico
onde opera uma dualidade, por exemplo, Logos–Zoe
pode ser representado por um par de geradores (a
estrutura) e a curvatura (a dinâmica / energia potencial).
Mais ainda, as reduções do fibrado para os subfibrados
SU(2){ij} codificam o facto de que certas potencialidades (inerentes
ao Pleroma) terem sido reduzidas
localmente(Kenoma), sendo que isto é
exactamente a configuração da ideia gnóstica de emanação seguida de queda. Os
processos de emanação surgem como endomorfismos e as restaurações como naturais
transformações (Christos como
transformação natural que restaura um diagrama comutativo).
Cada dualidade gnóstica pode ser
traduzida de forma natural em termos geométricos, algébricos e categóricos.
Será possível que as dicotomias ontológicas correspondam a pares matemáticos,
tais como secções, espaço de secções, conexão e holonomia, geradores de curvatura,
estados duais, podendo abrir um caminho rigoroso para formalizar o mito
gnóstico como uma linguagem geométrica/informacional? Isto também leva-nos a
pensar que o Conhecimento humano gira, ao longo de éons de tempo e de gerações,
em torno dos mesmos modelos mentais na conceptualização do mundo, transmitido
nas linguagens próprias de cada época. Em todo o caso subsiste sempre a
hipótese da revelação ter existido por estados avançados ou alterados de
consciência a que a gnose, o budismo e as religiões formais dizem atingir-se
pelo Sige, através da meditação,
contemplação, clausura, etc.
Descobre-se ao longo desta exposição, outros
laços com os fundamentos esotéricos das tradições vedantinas, cabalísticas e teosóficas.
Quando
da descrição do sistema tripletário no modelo TIF e da sua actividade na geração
das partículas fermiónicas, quarks, electrões e neutrinos, ou das suas forças
de interacção, surgem duas figuras geométricas indissociavelmente ligadas àquela
actividade: o triângulo e o cubo (o cubo feito de 6 faces quadradas onde cada
quadrado se decompões em dois triângulos equiláteros). Estas duas figuras são
alvo, naquelas referidas doutrinas esotéricas, de amplas referências que se
centram nomeadamente na “Constituição Septenária” teosófica que assume ser
herdeira das longínquas tradições inscritas na Cabala e nos Vedas, e até egípcias
(figurada no ambiente do processo de pesagem das almas ou no símbolo Ankh, a cruz ansata). Para os
esclarecidos nestes temas o assunto não parecerá estranho e até surge com
lógica redobrada.
O
que refere então esta “Constituição Septenária”? Ela informa um sistema dual,
um sistema espelhado (expresso num dos aforismos herméticos: ”assim como é em cima, é embaixo”, ou
ainda na outra lei da polaridade), que reflectem o sistema dual espelhado entre
as cosmogonias e as antropogéneses de quase todas as tradições religiosas, como
se tivessem partilhado uma origem comum.
Esta
geometria do triângulo e quadrado, ou tetraedro e cubo, ou ainda 3 + 4 = 7, é
uma constante da história esotérica, e pode ser traduzida, na nossa opinião, em
termos matemáticos e físico-informacionais.
Figura
4 - Representação
gráfica simbólica do evoluir rotacional do tripleto nos seus 3 vértices de 8
qutrits de 3 spins dentro do cubo,
aquilo que exotericamente poderíamos fazer equivaler à “queda do espírito na
matéria”.
Figura 5 - O desdobramento do cubo forma uma cruz em que horizontalmente existem 3 quadrados e verticalmente 4, somando 7, uma vez que um dos quadrados é partilhado, similar à cruz egípcia Ankh ou cruz de asa (ansata).
A
Constituição Septenária presente na Teosofia e Hinduísmo tem a seguinte
estrutura dual que combina em termos genéricos, na linguagem hindu, em Purusha ou o espírtio eterno, e em Prakriti ou a matéria ilusória. Desdobradas
nos seus componentes, serão respectivamente:
Uma
estrutura triádica superior (3) constituída por:
Atma
— espírito universal, unidade pura.
Buddhi
— intuição, síntese, consciência espiritual.
Manas superior — mente abstracta, direcção e forma arquetípica.
Uma
Quaternária inferior (4):
Kama Rupa—
energia, impulso, emoção.
Linga-Sharira
— forma subtil ou "corpo energético".
Prana
— vitalidade.
Sthula-Sharira
— corpo físico denso.
Já na
Cabala hebraica, dependendo da escola, ela espelha também um triângulo superior
formado pelos sephirots Kether, Chokmah e Binah, seguido por quatro mundos ou otros
quatro sephirots inferiores, nomeadamente Chesed,
Geburah, Hod e Netzach.
O
esoterismo egípcio obedeceria à mesma ordem sistémica (Blavatsky, H., 1938), a
saber os 3 primeiros como Atmu, Putah,
Seb, e os restantes 4 designados hieroglificamente por Akhu, Khaba, Ba e Kha.
Do
mesmo modo, podemos estabelecer uma correspondência formal (matemática e
estrutural) com o modelo da TIF e a teoria dos fibrados. Assim, enquanto a
tríade funciona como o espaço de fibras (estrutura interna, potencial,
informação), o quaternário actuando como a base, ou seja o domínio onde a
informação se projecta, representaria todos os fermiões e as respectivas forças
de interacção, ou seja o quadrado/cubo como forma primordial da manifestação
espacial, temporal e material.
Figura 6 – Os Sephirots cabalísticos
Figura 7 – Estrutura septenária exotérica
proposta e a TIF
Do ponto de vista matemático, a tríade superior
corresponderia à estrutura interna dos 3 sub-fibrados SU(2) com os três
geradores (Jx, Jy, Jz),
e ao espaço fibrado principal Fx da teoria de fibrados, representando
o domínio interno de todas as possibilidades globais. Imagine que a permuta
rotacional entre os 3 estados de spin
s1, s2 e s3 desenvolvem 3 sub-estados
rotacionais fibrados, SU(2)ij, que desenvolvem por sua vez rotações
de permuta criando “folhas de coerência” C(2)ij que dão forma a um
grupo de simetria SU(3) e a uma fibra Fx.
Esta fibra resulta assim de uma hierarquia de simetrias, que no seu
desenvolvimento global originam as simetrias U(1)+SU(2)+SU(3) do Modelo Padrão
de Partículas. Todas estas operações internas de duplas rotações naqueles
sub-espaços assemelham-se a um cubo único dentro do qual as simetrias SU(2)
rodam outros 3 cubos, sabendo que os cubos são uma geometria informacional
quântica de 8 x 8 qutrits.
Por esta razão afirmamos que Deus joga
aos dados!
O quadrado/cubo corresponderia a
8 ou 8 x 8 projecções, se vistas em 2D ou 4D (uma díade), emergentes
dos tripletos de spin. Estas estruturas quaternárias são
os domínios de base que sustentam a fenomenologia física (espaço-tempo
emergente, modos locais, dinâmica energética, partículas fermiónicas e
bosónicas). Segundo Plutarco, o mundo pitagórico consistia num quaternário
duplo (Blavatsky, H. A Doutrina Secreta,
vol. IV, pp 169, Ed. Pensamento, 2019), ver diagrama.
Toda a manifestação fenoménica (afinal a "ilusão" das tradições esotéricas) surge de pares dualizados – género Yin/Yang ou os Trigunas védicos, (operador/hermitiano conjugado) que, ao se combinarem, produzem uma componente
mediadora formando tríades
estruturais. Isto é, a partir de duas díades sij que actuando em pares, criam
uma mediação SU(2)ij de que
resulta uma estrutura C2ij (“folha de coerência”),
que, no seu conjunto formam SU(3) e Fx
(o fibrado principal) que, por sua vez, é a origem da emergência de uma base
manifesta B. Esta base B é representada pelas partículas do Modelo
Padrão (fermiões - quarks mais leptões),
e das forças de interacção, na medida em que:
a) A simetria U(1) surge das fases internas
de cada par. O campo de gauge U(1) está associado à simetria mais simples.
Assume naturalmente um vértice isolado e é o fotão do campo electromagnético.
b) A SU(2) dos dupletos informacionais
dentro dos pares que desenvolvem operações internas de dupla rotação naqueles
subespaços. O Grupo SU(2)ij,
estrutura triádica são os bosões W+, W- e Z da Força Nuclear
Fraca.
c) A SU(3) da estrutura triádica dos
três pares. É o Grupo de
gauge mais complexo e de ordem mais elevada e representa a “base estrutural” da
coerência hadrónica e são os Gluões da Força Nuclear Forte. São as simetrias coloridas que agem como
automorfismos do fibrado informacional.
Os referidos bosões, surgem em três
blocos distintos, cada um com o seu grupo de simetria:
U(1) → 1 bosão
SU(2) → 3 bosões
SU(3)
→ 8 bosões
O conjunto realiza uma estrutura septenária.
Pretendemos
demonstrar a existência provável de uma articulação entre Gnose, Teosofia, Cabala
e Física contemporânea. Encontrámos um campo fértil de convergência na
geometria do quadrado e na sua expansão tridimensional, o cubo. Nas tradições
esotéricas, o quadrado representa a estabilização da manifestação, isto é, a projecção
horizontal do triângulo celeste (Atma–Buddhi–Manas;
Kether–Chokmah–Binah) no domínio fenomenal. A figura quaternária simboliza
a base estrutural da experiência, frequentemente associada aos quatro
elementos, aos quatro mundos cabalísticos inferiores, ou às quatro funções
psicológicas da individuação ou a ideia pitagórica de Cosmos como reunião dos
elementos Fogo, Ar, Água e Terra (os rhizomata),
A passagem de um para o outro é feita pelo antakharana
que comparamos ao campo de Higgs, o único mediador que confere massa a esta hierarquia
geométrica em que o triângulo governa, e o quadrado manifesta com massa (até os
neutrinos têm massa, exceptuando o fotão), e carga). Afinal uma origem comum!
|
Geometria |
Tradição Esotérica |
Modelo TIF |
Física |
|
Triângulo (3) |
Atma Buddhi Manas |
Modos informacionais, sub-fibrados SU(2)ij,
díades C(2)ij |
Simetrias e códigos antes do espaço-tempo |
|
Quadrado (4) |
Quaternário inferior: Fogo, Ar, Água, Terra |
|
Fermiões (quarks, leptões) e bosões {U(1) SU(2) SU(3)} |
Quadro II – Resumo do septenário.
Temos
um domínio altamente integrado de geradores de simetrias e de informação
altamente diferenciada, autênticos “motores” bi-trifásicos, matematicamente
matrizes de 8x8 desenvoltas 9 vezes, cujo resultado é o surgimento de
Consciência de âmbito expandido ao nível cosmológico.
Os
geradores dos grupos de simetria são mais do que operadores dinâmicos porque
definem uma espécie de semântica ou gramática informacional do Universo. A Consciência
emerge desta gramática com significado semântico, quando integrações específicas
de informação, codificadas pelos geradores, se tornam auto-referenciais,
coerentes e capazes de suportar estados internos estáveis. Já Aaronson (Aaronson,
S., 2016) demonstrara que a relação de portões lógicos simples, (tais como s1,
s2, s3, que no nosso modelo TIF não são bits, nem qubits,
mas são qutrits lógicos), a rede resultante pode ter valores de Φ (Phi) enormes
[3]. Ora potencie três vezes este
aspecto a grupos que não são apenas simetrias externas, mas em que os seus geradores actuam como operadores
de organização informacional, autênticos códigos operacionais da
teia pré-espaciotemporal que regulam como a informação se pode combinar,
diferencia e se estabilizar em padrões altamente coerentes, que nada mais é do
que a Consciência.
A
Consciência exige, no mínimo, três propriedades fundamentais:
1. Unificação (U)
2. Auto-referência (A)
3. Diferenciação (D)
Ora
os grupos desempenham exactamente estes papéis de uma forma perfeita.
O campo U(1) será o campo unificador que a Consciência necessita, um tipo de
“campo zero” que iguala, alinha e estabiliza padrões, definido como a fase
global de um mecanismo mais simples (base) de coerência.
Seguem-se
os geradores de SU(2)ij que representam as transformações mínimas de
rotação “informacional” que operam e registam superposição, interferência e emaranhamento.
Deles nasce a matemática das matrizes 8 x 8 no conjunto dos 3, alicerçando 9
matrizes e que são as operações necessárias para qualquer sistema que integre informação
de forma não-local.
Depois
vem a integração complexa e modular do grupo SU(3) surgido das “folhas”
informacionais de coerência absoluta C 8
ou C 2x2x2 transportando a codificação ternária (qutrit) e as
combinações devidamente estruturadas. Análogo aos oito geradores (Gell-Mann) que
aqui podem ser vistos como operadores de diferenciação integrada, permitindo
modularidade informacional definitivamente maior, expressa agora através do
fibrado principal Fx
O modus operandi destes
operadores leva-os a deixar de actuar apenas “para fora” (sobre campos) e
começam a actuar sobre a própria estrutura que codifica os operadores, ou seja,
a informação organiza a própria “maquinaria” (expressão fisicalista do século XIX)
que organiza a informação, tornando-se operadores lógicos auto-actuantes.
O conjunto U(1)+SU(2)+SU(3), operando em sincronicidade,
forma a primeira linguagem completa de integração informacional do cosmos, um domínio informacional que consegue manter:
1. Coerência global (U(1)), toda a
unidade de informação mantém relação com o todo - o Eu Sou;
2. Transições internas
reversíveis e auto estabilização (SU(2)), o sistema “vê-se” porque tem estados
em superposição que podem interferir entre si. – o Eu Vejo;
3. Diferenciação ordenada (SU(3)),
é a matemática que permite que a unidade e a dualidade se transformem em
multiplicidade coerente. – o Eu Compreendo.
Isto é exactamente o que uma Consciência
faz. Quando estes três
estados entram em ressonância ao mesmo tempo, mesmo que por um instante
infinitesimal (um tempo de Planck), o Universo conhece-se a si mesmo e a
consciência biológica é apenas uma onda local deste processo universal.
O que nas tradições antigas era chamado
de Akasha pode ser agora reinterpretado
como um campo informacional fundamental, unificado, contínuo e
pré-geometrizado, onde as “Potências”
não são entidades místicas, mas funções estruturais da própria dinâmica do proto-espaço,
o pré-espaçotemporal.
_____________________
Notas
[1]
Apenas por mera curiosidade, para cada sub-álgebra SU(2)
embutida damos os três geradores, cada um, uma matriz 8×8 (9 matrizes). As entradas são
mostradas em forma condensada com os factores imaginários explícitos, por
exemplo i/2 significa +i/2,
-i*√3/2 significa −i√3/2, etc. Zeros aparecem como 0.
Assim
teremos 9 matrizes (3 x 3):
SU(2)12
— geradores correspondentes a a = 1, 2, 3 (i.e.
λ1/2, λ2/2, λ3/2
na base fundamental):
SU(2)23
— geradores correspondentes aos pares (2, 3):
Aqui
os dois geradores não-diagonais são λ6/2, λ7/2
(índices a=6, 7); o
gerador diagonal embutido (o análogo de σ3 naquele
par) é a combinação:
SU(2)13 — geradores correspondentes aos pares (1, 3):
Os
não-diagonais são λ4/2, λ5/2
índices a=4, 5). O gerador diagonal embutido é
a combinação:
As matrizes acima são exactas na convenção indicada; as entradas são conforme aparece:
[2] Uma
“bijecção” é um tipo especial de relação entre dois conjuntos (ou dois espaços)
que cumpre duas condições ao mesmo tempo: a “injetiva” em que cada elemento do
primeiro conjunto corresponde a no máximo um elemento do segundo, isto é, não
há duas coisas diferentes que vão parar ao mesmo lugar; e a “sobrejectiva” em
que cada elemento do segundo conjunto é atingido por algum elemento do primeiro,
isto é, não fica nada de fora. Quando as duas são verdade ao mesmo tempo, temos
uma “bijeção” f : A⟶B, tal que para cada a ∈ A existe
exactamente um
b ∈ B,
e para cada b ∈ B existe
exactamente um
a ∈ A.
Ou seja, existe uma
relação de um para um, mas também sobre a totalidade do conjunto.
[3] O cálculo de Aaronson a que nos
referimos é uma estimativa simples, baseada no princípio holográfico / limite
de Bekenstein para a entropia de um patch
causal ou de um espaço de Sitter com constante cosmológica Λ. Para um Universo
com constante cosmológica positiva Λ, a entropia máxima da “bolha” causal (entropia
de de Sitter) escala como ∼1/Λ. Scott
Aaronson usa esta estimativa para dizer que o conteúdo máximo de informação da
nossa parcela causal é da ordem de
grandeza de 10122
qubits/nats (ver https://scottaaronson.blog/?p=328).
Como
se chega a este valor? O valor observado da constante cosmológica, em unidades
de Planck, é da ordem de Λ∼10−122,
logo a entropia (em unidades naturais) fica aproximadamente SdS∼3π/Λ ∼ 3π×10122 ≈ 9.4×10122,
tendo em conta que uma forma comum da entropia de de Sitter (em unidades de
Planck, G = ℏ = c = kB = 1 é SdS ≈ 3π/Λ .
A
entropia calculada deste modo está em unidades naturais (nats). Para passar
para bits
divide-se por ln 2:
bits
= SdS/ ln 2
substituindo SdS por 9.4×10122 teremos então o valor em
Mas, se em vez de usarmos o factor 3π aplicarmos a aproximação vulgar S ∼ 1/Λ,
obtém-se aproximadamente
e por isso muitos autores , incluindo Aaronson, citam
simplesmente ~ 10122 nats/qubits.
Se
o espaço ergódico tiver capacidade de informação da ordem de ∼ 10122 bits,
de acordo com a estimativa de Aaronson a partir da entropia de de Sitter, então
o número equivalente de qutrits
é obtido simplesmente convertendo bases. Cada qutrit carrega log2 (3) ≈ 1.585 bits, portanto, o número de qutrits
necessário para armazenar Nbits é
o que origina como resultado
Ou seja, passamos do
modelo canónico da dimensão do espaço de Hilbert em que
para
o modelo TIF, onde cada unidade elementar que participa na teia não é um qubit
isolado, mas um tripleto de spins coerentemente acoplados,
codificando um qutrit lógico ∣0L⟩, ∣1L⟩, ∣2L⟩, logo para N tripletos
Para compararmos com os qubits de Aaronson temos
que ter em conta que um qubit dá 2 estados, mas que um
qutrit (tripleto TIF) dá 3 estados, fazendo com que imediatamente o espaço ergódico cresça
Aaronson
define o “espaço ergódico” como o
conjunto de estados efectivamente exploráveis, dada a dinâmica
permitida pelo sistema físico e pelos limites de complexidade. Mostra também
que o “espaço efectivamente explorável" é muito menor que o espaço total,
mas ainda de magnitude
exponencial, que no modelo TIF aparece dado por
onde
o factor α representa restrições físicas e informacionais
(geometria emergente, causalidade fibrada etc.).
Concluindo,
um sistema TIF com N tripletos tem ~1.58× mais capacidade
ergódica do que o mesmo número N de
qubits. Se Aaronson estima que um sistema com n = 10k
qubits fornece um espaço ergódico 2n, então na TIF, com o mesmo
número de elementos fundamentais, teremos uma escala informacional aumentada
por um factor exponencial, apesar da não-localidade entre tripletos restringir α (mas preserva a exponencialidade):
Onde
N é o número de tripletos de spins (qutrits lógicos) , e α é o factor de restrição dinâmica da teia (varia
entre 0–1).
Isto
demonstra que a capacidade
informacional do Universo, interpretada como o conjunto de
padrões coerentes que ele pode sustentar, é intrinsecamente
triádica e exponencialmente maior
do que o equivalente formulado em qubits, acarretando consequências directas
para uma visão cosmológica
da consciência.
Como
o espaço TIF cresce exponencialmente com 3N,
o espaço de estados potencialmente conscientes cresce igualmente de modo
exponencial, mas com um corte estrutural (só estados de alta integração), dado
que, a Consciência não é um epifenómeno, mas uma propriedade estrutural de
regiões com alta ergodicidade coerente. Faz lembrar os 13 níveis de Éons no
gnosticismo de Pistis Sophia. Se a amplitude ergódica cresce como 3αN, será de supor a existência de regiões
pequenas onde prevalece pouca integração e a Consciência local seja limitada, e
por outro lado regiões macroscópicas de profunda integração onde impera a consciência
globalmente elevada.
Podíamos
definir a Consciência como o subconjunto de estados da teia com máxima
coerência global e mínima degenerescência informacional, uma espécie de
objectivo entrópico. A “dimensão da consciência cosmológica” passa a ser
proporcional ao gradiente
de integração informacional
permitida, diferenciando-se em níveis. Implica que quanto maior o espaço
ergódico acessível ao Universo, maior a “largura de banda” informacional que
sustenta os estados conscientes. Uma razão para a fase de expansão cosmológica
que chegada ao estado de dimensão máxima de consciência, e recicla.
O surgimento de sistemas conscientes em pequenas regiões do Universo,
significará que atingiu patamares de maior integração com a teia informacional
universal, porque a Consciência não é um
fenómeno improvável, mas uma tendência estrutural da
dinâmica do cosmos. Sistemas que atingem super integração informacional aparecem naturalmente
quando a base da realidade é um espaço ergódico triádico. Não é um “milagre mas
simplesmente uma consequência combinatória. Sistemas tornam-se conscientes
quando fazem a transição para um regime de alta integração informacional e
mantêm coerência interna dentro deste subespaço. Assim, a consciência
individual – biológica e de possíveis estruturas não biológica – deverá ser
compreendida como uma manifestação local
de um campo informacional global que permeia o Universo.
Conclusão:
A reformulação do cálculo ergódico de Aaronson para a linguagem do modelo TIF
conduz a uma conclusão clara: a consciência é uma propriedade emergente de
regiões da teia informacional com integração suficiente, e o seu estatuto cosmológico
decorre de propriedades combinatórias e topológicas da própria base pré-espaçotemporal.
A dimensionalidade triádica de 3αN não
apenas amplifica exponencialmente a profundidade informacional do cosmos, como
fornece o contexto estrutural para compreender a Consciência como fenómeno
inerente, natural e potencialmente universal.
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