quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

O coração interface do ākāśa e da memória kármica ?

 

por João G. F. Porto, Ponta Delgada em 15 de Fevereiro de 2022

 


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https://jenikirbyhistory.getarchive.net/media/scarab-inscribed-for-the-gods-wife-hatshepsut-e37e51


Segundo o catolicismo a palavra “coração” aparece cerca de 400 vezes na Bíblia. A Igreja Católica tem como prática devocional o Sagrado Coração de Jesus por inspiração ou revelação de vários santos, entre os quais podemos citar Bernardo de Claraval, fundador da Ordem Templária, Gertrudes de Helfta, padroeira dos místicos, Francisco de Sales cujo coração acabou por ser levado para Veneza durante a Revolução Francesa e ainda lá permanece objecto de veneração, João Eudes, que desenvolveu a devoção ao Sagrado Coração de Jesus e de Maria, ou ainda Margarida Maria Alacoque que em 1675, durante a oitava do Corpo de Deus, Jesus manifestou-se-lhe com o peito aberto e, que segundo a mesma, apontando com o dedo o seu coração, exclamou: "Eis o Coração que tem amado tanto aos homens a ponto de nada poupar até exaurir-se e consumir-se para demonstrar-lhes o seu amor. E em reconhecimento não recebo senão ingratidão da maior parte deles".


Santa Catarina de Alexandria, padroeira dos filósofos, recebe o Sagrado Coração

Fonte: Creative Commons

 

A doutrina budista é representada por duas escolas, a esotérica ou a doutrina do “coração” e a exotérica ou a doutrina dos “olhos”. A primeira também se chama o selo da verdade, ou o verdadeiro selo, que se encontra simbolicamente representado em quase todas as obras esotéricas e, é assim designada porque é o conhecimento revelado que emanou do coração do Gautama Buda, enquanto a doutrina dos “olhos” foi o produto da sua mente ou do seu cérebro.

No hinduísmo os Trigunas colocam a sístole (Raja) como a concentração; a diástole (Tamas) a distensão. O equilíbrio correcto (sattva) entre estes dois elementos é a condição necessária e suficiente para conduzir a uma vida longa e saudável. Nada em excesso. O caminho do meio. O comunicador entre céu e terra, o mensageiro representado mitologicamente pelo deus grego Mercúrio com asas nos pés, aquele planeta que anda velozmente em torno do Sol.

Em “A Voz do Silêncio” de Helena P. Blavatsky, Fragmento dois, Aforismo 121, é dito: “A roda da Boa Lei se movimenta rapidamente. Ela mói de dia e de noite. As cascas sem valor são levadas para longe do grão dourado; o dejecto é separado da farinha. A mão do Karma guia a roda; as voltas que ela dá marcam as batidas do coração kármico.”

No antigo Egipto pesavam-se as almas cujo procedimento não era mais do que a pesagem do coração do defunto. Para os Antigos Egípcios o coração era o órgão humano mais importante, por ser na vida do defunto a fonte das emoções e da memória, logo o indicador, no Além, da sua pureza e perfeição que permitiria o acesso ou não à vida eterna. A psicostasia ou a "pesagem das almas", era um julgamento que definia a etapa mais importante na passagem do defunto para os Campos de Iaru, o Paraíso dos Antigos Egípcios.

A importância do coração reflectia-se no simbolismo dos amuletos cardíacos no Antigo Egipto, onde este era caracterizado como uma realidade dual com um sentido muito mais amplo para além da anatomia. Assim, para além de compreender um aspecto dinâmico (hati) referido propriamente à sua compleição anatómica muscular, contemplava também um aspecto interior (ib), residência de outras energias subtis que sustinham a vida e se distribuíam por todo o corpo. Através desta dualidade, estes dois símbolos cardíacos eram identificados com dois princípios cósmicos: por um lado o deus Sol, pelo outro a Maet ou Maat (deusa da verdade e da justiça), que em conjunto orquestravam a criação do mundo e unificavam assim a vida humana (o que está abaixo - microcosmo) com o cosmos (o que está acima - macrocosmo) numa visão dualista genuinamente hermética. O coração era entendido como a sede da consciência e como tal Maat era representada como uma jovem mulher ostentando uma pluma de avestruz na cabeça, a qual era pesada contra o coração (alma) do morto no julgamento de Osíris.

Os amuletos cordiformes, pintados de negro ou de azul-escuro, eram utilizados sobretudo como uma distinção atribuída ao defunto no tribunal de Osíris, cujo coração havia sido pesado, com sucesso, na balança da psicostasia. Assumiam diversas configurações como um vaso, um pêndulo ou então uma cabeça humana ou de animal (falcão, babuíno ou canídeo), os quatro filhos de Hórus, respectivamente Imseti, Kebehsenuef, Hapi e Duamutef.

O texto dos sarcófagos de Mahapotek fala do coração como residência de memórias passadas de muitas outras reencarnações e, onde as mais importantes do “akasha” constituiriam informação primacial no processo de julgamento.

No capítulo 30B no «Livro dos Mortos», o coração hati é associado às «manifestações», kheperu, do defunto (aspectos materiais das vidas passadas de outras reencarnações):

“Ó, meu coração ib de minha mãe, ó, meu coração ib de minha mãe! Ó, meu coração hati das minhas transformações (kheperu)] Não te ergas contra mim como testemunha. Não te oponhas a mim no tribunal! (...)”.(1)

Hati significa também “O que está ao comando» do corpo”. O termo hati encontrava-se também associado à manifestação da vontade individual que comandava a acção do indivíduo reencarnado. O escaravelho do coração constituía a representação do coração transformado do defunto, que literalmente se manifesta sob a forma do deus Khepri, “O que vem à existência” de forma cíclica. A simbologia hermética, estabeleceu uma ligação complementar entre o amuleto cordiforme e o escaravelho do coração, os quais para além de assegurarem os poderes do coração no corpo e na identidade, o faziam também no tempo djet e no tempo neheh, a permanência eterna e o regresso à origem, respectivamente – ou seja no processo de reencarnação onde dominam a existência de um tempo (o que conhecemos como seres materiais) e um não-tempo (a singularidade intemporal do Além).

O escaravelho do coração simbolizava por um lado os rituais de mumificação mas também representava o renascimento solar do defunto. Na simbologia egípcia o escaravelho sagrado estava relacionado com deus Khepri (chamado também de Kefri), responsável pelo movimento do sol, arrastando-o pelo horizonte. Assim, no crepúsculo, o sol (Rá) morria, e ia para o outro mundo, o Além (representado pelo oeste). Depois o escaravelho renovava o sol no amanhecer. Esta era a simbologia que qualquer egípcio trabalhador agrícola entendia ao ver o escaravelho arrastar e enterrar as suas bolinhas de estrume na terra.

Era esta a ordem cósmica mantida pela centralidade do coração.


Deusa Maat

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f8/Goddess_Ma%27at_or_Maat_of_Ancient_Egypt_-_reconstructed.png.

 

O coração no processo de gestação é o primeiro órgão humano a formar-se no embrião não se sabendo exactamente o que faz o coração de um feto começar a pulsar. Mais da metade do coração é na verdade composto de neurónios da mesma natureza daqueles que compõem o sistema cerebral e são conhecidos como Sistema Nervoso Intrínseco Cardíaco (SNIC).

Investigadores da Universidade Thomas Jefferson, nos Estados Unidos da América, mapearam pela primeira vez em três dimensões os neurónios de um coração humano (2), concluindo que o coração é um órgão emocionalmente inteligente.

Esta é uma verdadeira revolução que se vislumbra sobre os actuais estudos médicos acerca do coração e que revelam através de seus neurónios, circuitos eléctricos e campos electromagnéticos recém descobertos, um nível de consciência em conexão directa com o cérebro.

Actualmente, o Instituto de Matemática do Coração com sede na Califórnia (HeartMath- https://www.heartmath.org), analisa as atividades de nosso coração, com o objectivo de descobrir novas funções e influências que o órgão pode ter sobre o cérebro e sobre o corpo humano. Um dos projectos deste Instituto é estudar a coerência e a colaboração mútua, existentes entre o cérebro e o coração. Neste contexto, descobriram que o coração tem cerca de 40 mil neurónios, e que, apesar de possuir um número tão diminuto de neurónios, produz impulsos eléctricos 60 vezes maiores do que o do cérebro, gerando campos electromagnéticos que podem ser até 5 mil vezes maior do que o do cérebro, o que corresponde a um campo de 3 a 4 metros de comprimento envolvendo o corpo humano como uma cápsula holográfica, permitindo que as informações sobre ela possam ser lidas em qualquer ponto do seu espaço.


Uma equipa da Universidade Thomas Jefferson recriou em 3D o modelo do Sistema Nervoso Intrínseco Cardíaco (SNIC) evidenciado em amarelo (3)

Fonte: under the Creative Commons CC-BY-NC-ND license

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Este campo electromagnético tem sido descrito como um sistema toroidal envolvendo arcos para fora do coração na forma de um campo saliente e arredondado, como anéis de energia (3).

Constata-se agora que os relacionamentos humanos e até as relações sociais como por exemplo, co-criação, a hipnose, o coaching, a psicologia transpessoal, dentre muitas outras formas de interacção, possam acontecer não apenas por via cerebral, mas sim, também, através da comunicação entre os Sistemas Neuronais Intra Cardíacos como se tratasse de um bluetooth ou de um network WiFi, influenciando comportamentos e tomadas de decisões, podendo actuar como um sinal de sincronização para o corpo de maneira análoga à informação transmitida pelas ondas hertzianas.

Já em 1991, Pienta and Coffey afirmavam que “As células e os elementos intracelulares são capazes de vibrar de uma forma dinâmica com harmónicas complexas, cujas frequências podem agora ser medidas e analisadas de uma maneira quantitativa pela análise de Fourier”.(4)

A ciência médica sabe agora que este complexo neuronal é capaz de gerar uma inteligência própria, altamente intuitiva, processando informações e enviando sinais para o cérebro, para o sistema límbico e neocórtex, sendo esta a parte do cérebro responsável pelo raciocínio e pensamento. Deste modo o coração, em cada pulsação, carrega informação que utiliza quatro vias de comunicação com o cérebro e o organismo em geral: via neurológica pelo sistema nervoso, via biofísica por frequências de pulsação, via bioquímica pelas hormonas e a via quântica pelos campos espacialmente distribuídos de maior ou menor coerência electromagnética.

Dos Fundamentos da Sabedoria do Caminho do Meio de Nagarjuna, capitulo I – Exame das Condições (5), surge a explicação:

 1. Neither from itself nor from another, Nor from both, Nor without a cause, Does anything whatever, anywhere arise.Nem por si próprio nem através do outro, Nem pela sua relação, Nem sem uma causa, Seja como for, de qualquer modo surge.

2. There are four conditions: efficient condition; Percept-object condition; immediate condition; Dominant condition, just so. There is no fifth condition.“ Existem quatro condições: a condição eficiente; a condição Percepção-objecto; a condição imediata; a condição Dominante, e apenas só. Não existe quinta condição.

Se substituirmos a via neurológica pela condição Percepção-Objecto que forma a estrutura física, a via dos sensores; a via biofísica pela condição eficiente com a sistole e a diástole, o liga/desliga de um interruptor; a via bioquímica das cadeias de actividade hormonal pela condição imediata caracterizada pelos complexos processos bioqímicos; e finalmente, a via quântica pela condição dominante, aquela que define o propósito final de todo o sistema neuronal intra cardíaco, centro da Vontade, terá sido encontrado o conjunto de entidades envolvidas no processo. Mas não a essência das mesmas como afirma Nagarjuna:

“3. The essence of entities Is not present in the conditions, etc …. If there is no essence, There can be no otherness-essence.” A essência das entidades não está presente nas condições, etc … Se não existe essência, Não pode existir essência – recíproca (relacional).

A Informação expressa nas propriedades resultado das relações entre as “coisas”, encarada como matriz matemática em Schrodinger, as “categorias à priori” em Kant, os arquétipos platónicos ou em Carl Jung, será então a essência não presente na tipologia das condições em Nagarjuna.

A Informação como veículo resulta da interacção e interdependência que se estabelece nas relações entre entidades sejam elas quais forem, uma vez que a nossa percepção do mundo e das coisas que nos rodeiam (uma relação eminentemente codificada construída pela evolução durante éons de tempo) desenvolve-se pelo colapso de onda (Φ), neste caso particular dos campos biofotónicos (6), entre outros, e do seu impacto significante ao ser descodificado pela mente.

Uma escala comparativa do nosso mundo: dos Multiversos ao campo quântico da Informação na origem do nosso Universo. Fonte: grafismo adaptado pelo autor

 

A Informação gerada pela relação interdependente entre a natureza e os sistemas vivos, providencia sistemas de auto-regulação e auto-organização – os propostos e designados campos holomorfogenéticos de natureza quântica de novo tipo, não escalar nem vectorial, que se contem a si mesmos, tal como o espaço-tempo na escala de Planck na teoria quântica da gravitação em loop (LQG).

Segundo Gregg Braden do HeartMath Institute, o coração não se limita à função de bombear o sangue para todo o organismo, mas apresenta o desempenho de um órgão com “inteligência própria”. Acrescenta ainda o investigador que, quando o sistema circulatório e as suas frequências de pulsação entram em sintonia com as frequências do cérebro, o ser humano decide, discerne e estabelece relações num patamar superior, comprovando-o as práticas ancestrais do Yoga e da meditação profunda ultimadas na iluminação interior.

Considerado autor do Yoga Sutra, e fundador da tradição filosófica Sãmkhya, mãe de todas as escolas tradicionais do pensamento indiano, Patañjali no aforismo 3.35 do Vibhuti Pãda ou A Senda dos Poderes, afirma: “Aplicando samyama (técnicas faseadas de concentração, meditação e iluminação) sobre o coração, obtém-se o conhecimento da mente (citta).”(7)

Esta sincronicidade não se regista apenas entre os dois órgãos – coração e cérebro, como também com o próprio planeta onde ganha importância a Ressonância Shumann (RS) e os Ciclos Solares, confirmando a tradição do conhecimento secreto do antigo Egipto ou de outras ainda mais antigas da Cabala e da Gematria ou da India/Tibete, que afirmam a relação entre o micro e o macrocosmo.

A Ressonância Shumann, constitui um ruído electromagnético de fundo que se propaga entre a superfície terrestre e a ionosfera em altitudes compreendidas entre os 45 e 50 quilómetros e no espectro de frequências entre os 5 e os 50 Hertz.

Dependendo das condições de propagação ionosférica pode desenvolver harmónicas de 8, 14, 20, 26, 33, 39 e 45 Hz sendo que os primeiros 4 modos de propagação encontram-se dentro das frequências das primeiras 4 bandas do registo do EEG - Electroencéfalograma (i.e. delta 0.5–3.5 Hz, theta 4–7 Hz, alfa 8–13 Hz, e beta 14 to 30 Hz), influenciadas pelo impacto das variações diurnas e sazonais devido à distribuição da actividade eléctrica no planeta.

As ondas cerebrais, ou outra qualquer ressonância, são medidas em ciclos por segundo ou Hz (hertz), e são distribuídas por cinco categorias: alfa, beta, gamma, theta e delta, encontrando-se intimamente ligadas aos sentimentos aos estados emocionais, estados de distúrbios psicológicos e estados meditativos.

A maior ou menor actividade solar é geradora dos fenómenos visíveis das Auroras Boreais e Setentrionais, das EMC – Ejecções de Massa Coronal no Sol, dos padrões cíclicos das manchas solares, das descargas eléctricas produzidas pelas trovoadas e ainda pelos designados fenómenos transitórios luminosos (TLE – Transient Luminous Events) ou Sprites que se desenvolvem na Estratosfera/Mesosfera.

Em numerosos estudos científicos, foram reveladas possíveis influências na Pressão Arterial, índice de massa corporal, estados depressivos e nos indicadores de qualidade de vida, tendo sido aconselhados, face aos resultados positivos de estudos aprofundados com maior significância estatística (8) (9).

Resultados de muitos outros estudos realizados recentemente, são consistentes entre si, mostrando que a actividade solar e geomagnética está correlacionada com alterações na actividade do sistema nervoso humano, mesmo ao nível da actividade diária do sistema nervoso autónomo que pode apresentar sincronicidade com a variação temporal dos campos magnéticos associados à Ressonância Shumann e às linhas de força geomagnéticas terrestres (10) (11).

A Mecânica Quântica revelou que a Ressonância reflecte aspectos tão diversos como aqueles ligados à música, à fusão nuclear nas estrelas ou à própria existência das partículas subatómicas. Os electrões que envolvem o núcleo de um átomo comportam-se como ondas sonoras dentro de uma flauta e os núcleos atómicos compostos por Quarks entram em ressonância quando se iniciam as reacções de fusão nuclear que capacitam a transmutação dos elementos químicos, tal como as estrelas o fazem com a fusão de três núcleos de hélio em um núcleo de carbono, criando assim as bases da vida.

A teoria quântica dos campos, amplamente confirmada no Modelo Padrão e reproduzida diariamente nas experiências do Grande Colisionador de Hadrões (LHC), permeia todo o espaço físico do universo, o próprio vácuo (que não existe como tal), sendo que aquilo que senciamos como partículas são as flutuações ressonantes desses campos que se interpenetram. As últimas criações no LHC são conjuntos efémeros ressonantes de partículas de Quarks.

Prefaciando Hermes Trismegisto: “Tudo no Universo é vibração.”

A nossa compreensão é constantemente posta á prova pela presença de alguns fenómenos biológicos, tais como a cissiparidade, a gemulação, a esporulação, a partenogénese ou ainda a fragmentação/regeneração, que muitos seres vivos apresentam como forma reprodutiva assexuada, considerada primitiva, garantindo menor variabilidade genética, que no entanto poderá surgir por mutação, e que representará possivelmente uma herança de modelos resilientes da vida face às condições adversas e extremas do meio ambiente da Terra primitiva. A abrangência estende-se pelos reinos mais diversos, contemplando bactérias, protozoários, cnidários, algas, equinodermes e platelmintas, cefalópodes, vermes, insectos e tubarões entre outros vertebrados, que apresentam diferentes formas de reprodução assexuada sem troca de material genético entre indivíduos.

Por outro lado, a presença da associação de sistemas neuronais/cardíacos mais ou menos complexos, distribuídos por todo o organismo biológico como nos cefalópodes (polvos, chocos, naútilos e lulas, concentram nos tentáculos cerca de 70% dos seus neurónios, comunicando entre si sem passar pelo cérebro central e manifestam um grau bastante apreciável de comportamento inteligente), fazem-nos pensar que os referidos campos morfogenéticos poderão explicar de forma satisfatória estes fenómenos assim como a “largura de banda” utilizada na comunicação própria de cada espécie. Sobre este assunto muitos estudos têm sido realizados, questionando seriamente a nossa visão tradicional da natureza (12).

Conclusão

1. As propriedades do cérebro e do coração, entre as quais a harmonização dos respectivos campos quânticos biofotónicos com o campo toroidal geomagnético terrestre, condiciona em particular os aspectos morfogenéticos, a aquisição de caracteres (Lamarckismo) e a estrutura do DNA, pela simples troca relacional de Informação. A evolução não se faz apenas através da competitividade entre espécies, selecção natural e pressão selectiva, mutações e recombinação genética mas também pela partilha, colaboração e sincronicidade. Não esquecer que cerca de 20% de um genoma procariota típico é não codificante e que estará envolvido na actividade epigenética e ser responsável pela complexidade das espécies.(13)

2. O campo de Informação constitui uma espécie de “brana” de registo de memórias passadas, onde o espaço-tempo não existe permitindo a revelação de fenómenos de “entanglement”, sobreposição e tunelamento quânticos, amplamente utilizadas pelos seres vivos como por exemplo na fotosíntese nas plantas ou comummente nos microtúbulos das células neuronais onde o colapso de onda produz o “Bing” e suporta o fenómeno consciente (ver Roger Penrose e Stuart Hameroff).

3. O acesso a esta “brana” permite os estados de revelação e de iluminação, os “flashs”, a recepção espontânea de ideias inovadoras, e de uma maneira geral a intuição muitas vezes codificada em formas de natureza matemática ou simbólicas geométricas (caso da descoberta do ciclo de benzeno C6H6 ou do ainda mais célebre caso de Dimitri Mendeleyev que em 1869 sonhou que os elementos da natureza se dispunham sobre uma mesa, dando origem à Tabela Periódica dos Elementosou ainda o caso Srinivasa Ramanujan, matemático indiano autodidacta  que provou mais de 3.000 teoremas matemáticos até ao seu falecimento com 32 anos, que afirmava ter a percepção do seu trabalho através de sonhos). As artes, entre as quais sobressaem a poesia e a pintura/escultura, reflectem esta dimensão dos arquétipos.

4. Podemos identificar esta “brana” com a dimensão akasha como fundamentação do Karma na doutrina védica (em sânscrito: आकाश, ākāśa) ou ao “inconsciente colectivo” de Carl Gustav Jung ou ainda em “A Doutrina Secreta” com Helena Petrovna Blavatsky.

5. O órgão cardíaco com o seu Sistema Neuronal Intra Cardíaco, recentemente analisado morfo-fótometricamente em 3D (resultados expressos em voxels em vez de pixels), alberga nos seres vivos uma porta de acesso a outras dimensões vibracionais superiores, e tal tem sido constatado, noticiado e trabalhado ao longo de práticas ancestrais de meditação, pelas doutrinas budistas, na sua raiz pelo Yoga Sutra e de muitas outras práticas similares de tantas outras escolas milenares.

6. O resultado prático do conjunto destas descobertas alicerçadas na confirmação das teorias que lhe estão subjacentes, sobretudo nas áreas da Física e da Biologia Quânticas estendendo-se até à Cosmologia, levar-nos-á a uma gnose privilegiando a intuição, ultrapassando o racionalismo mecanicista herdado do século XIX, em direcção a um conhecimento mais profundo da natureza da verdadeira realidade.

Pensaremos e agiremos mais com o coração!

NOTAS BIBLIOGRÁFICAS

(1) Versão francesa em L. ARAÚJO, «La Collection Égyptienne du Museu Nacional Soares dos Reis», em Proceedings of the Seventh International Congress of Egyptologists, Uitgeverij Peeters, Lovaina, 1998, p. 61.  

(2) https://www.cell.com/action/showPdf?pii=S2589-0042%2820%2930325-4.

 

(3) A Comprehensive Integrated Anatomical and Molecular Atlas of Rat Intrinsic Cardiac Nervous System.

Sirisha Achanta, Jonathan Gorky, Clara Leung,, Alison Moss, Shaina Robbins, Leonard Eisenman, Jin Chen, Susan Tappan, Maci Heal, Navid Farahani, Todd Huffman, Steve England, Zixi (Jack) Cheng, Rajanikanth Vadigepalli, and James S. Schwaber.

Achanta et al., iScience 23, 101140, June 26, 2020.

 https://doi.org/10.1016/ j.isci.2020.101140.

 

(4) Pienta KJ, Coffey DS. Cellular harmonic information transfer through a tissue tensegrity-matrix system. Med Hypotheses. 1991;34(1):88-95.

(5) The Fundamental Wisdom of the Middle Way, Nagarjuna’s, Mulamadhyamakakarika

TRANSLATION AND COMMENTARY BY JAY L. GARFIELD

Oxford University Press, Copyright © 1995 by Jay L. Garfield, Published by Oxford University Press, Inc.

 

(6) Biofield Physiology: A Framework for an Emerging Discipline

Richard Hammerschlag, Ph.D., Michael Levin, Ph.D., Rollin McCraty, Ph.D., Namuun Bat, B.A., John A. Ives, Ph.D., Susan K. Lutgendorf, Ph.D., and James L. Oschman, Ph.D.

https://www.heartmath.org/assets/uploads/2016/10/biofield-nov2015-hammerschlag.pdf.

 

(7) Pãtañjali, Yoga-Sutra (Aforismos de Yoga), O texto clássico e fundamental do Yoga, Edição CLUC – Centro Lusitano de Unificação Cultural, Coleção OMNIA, tadução de José Carlos Calazans, 2020.

 

(8) A brain within the heart: A review on the intracardiac nervous system

Isabel Durães Campos, Vitor Pinto, Nuno Sousa Vitor H. Pereira

Life and Health Sciences Research Institute (ICVS), School of Medicine, University of Minho, Braga, Portugal.

ICVS/3B's - PT Government Associate Laboratory, Braga, Guimarães, Portugal,

Cardiology Department, Hospital of Braga, Braga, Portugal.

Journal of Molecular and Cellular Cardiology, Volume 119, June 2018, Pages 1-9

https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0022282818301007.

 

(9) Does Schumann resonance affect our blood pressure?

G. Mitsutakea, K. Otsuka, M. Hayakawab, M. Sekiguchi, G. Cornélissen, and F. Halbergc

Division of Neurocardiology and Chronoecology, Tokyo Women’s Medical University, Medical, Center East, Tokyo, Japan.

Department of Electronic Engineering, University of Electro-Communications, Tokyo, Japan.

Chronobiology Laboratories, University of Minnesota, Minneapolis, MN, USA.

Published in final edited form as: Biomed Pharmacother. 2005 October ; 59(Suppl 1): S10–S14.

 

(10) Human heart rhythm sensitivity to earth local magnetic field fluctuations

Abdullah Alabdulgade, Rollin Maccraty, Mike Atkinson, Alfonsas Vainoras, Kristina Berškienė, Vilma Mauricienė, Algė Daunoravičienė, Zenonas Navickas, Rasa Šmidtaitė, Mantas Landauskas.

Prince Sultan Cardiac Center, Al Ahsa, Saudi Arabia.

HeartMath Institute, California, USA.

Lithuanian University of Health Sciences, Kaunas, Lithuania.

Kaunas University of Technology, Kaunas, Lithuania.

JVE INTERNATIONAL LTD.JOURNAL OF VIBROENGINEERING. SEP 2015, VOLUME 17, ISSUE 6. ISSN 1392-8716.

 

(11) Synchronization of Human Autonomic Nervous System Rhythms with Geomagnetic Activity in Human Subjects

Rollin McCraty, Mike Atkinson, Viktor Stolc, Abdullah A. Alabdulgader, Alfonsas Vainoras and Minvydas Ragulskis.

HeartMath Institute, Boulder Creek, CA 95006, USA.

NASA Ames Research Center, Moffett Field, CA 94035, USA.

Director of Research and Scientific Bio-Computing, Prince Sultan Cardiac Center, Alhasa, Hofuf 31982, Saudi Arabia.

Cardiology Institute, Lithuanian University of Health Sciences, Kaunas 44307, Lithuania.

Department of Mathematical Modelling, Kaunas University of Technology, Kaunas 51368, Lithuania.

International Journal of Environmental Research and Public Health, 13 July 2017.


(12) Outras Mentes, o polvo, o mar e a origem profunda da consciência, Peter Godfrey-Smith, Temas e Debates –Círculo de Leitores, 2017.


(13) Fonte Wikipédia em https://pt.wikipedia.org/wiki/ADN_não_codificante.

 

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