Verificou-se que estes plasmas reagiam às tempestades geomagnéticas, às fulgurações solares e às EMC`s – Ejecções de Massa Coronal solares, às mudanças de temperatura em resultado de eclipses e às ondas atmosféricas provocadas por flutuações electromagnéticas ambientais como radiação rádio, a Ressonância Shumann e fluxos de protões e electrões, emanados pelas tempestades solares.
O Sol sendo o maior plasma na nossa vizinhança, retoma mais uma vez um papel central, ao condicionar o comportamento destes plasmas tidos como estruturas pré-bióticas que antecederam e são precursoras da vida como a conhecíamos até agora.
Com isto reavive-se a mitologia solar! Fazemos parte de um grande organismo vivo, na certeza que estamos a desconstruir concepções e ideias anquilosadas do que considerávamos ser a Vida.
Está na hora de retomar “o fio à meada”. O fio de Ariadne que nos levará ao que nos propusemos logo no início deste tema. Para tal faremos referência a H. P. Blavatsy e à Doutrina Secreta (D.S.).
Para que não subsistam dúvidas sobre as opções acerca da evolução defendidas pela filosofia teosófica, transcrevo da D. S. - antropogénese: “Se o homem é realmente o Microcosmo do Macrocosmo, o ensinamento nada tem de impossível e é de todo lógico. Porque o homem se converte em Macrocosmo para os três reinos que lhe são inferiores. De um ponto de vista físico, todos os reinos inferiores, excepto o reino mineral – que é a própria luz cristalizada -, desde as plantas até às criaturas que precederam os primeiros mamíferos, se consolidaram em sua estrutura física por meio da “poeira abandonada” pelos minerais e dos resíduos de matéria humana, provenientes de corpos vivos e mortos, de que se alimentam e lhes deram o seu corpo externo. Também o homem, por sua vez, se transformou, graças às transmutações alquímicas da Natureza, ao passar pelos cadinhos vivos dos animais.” (DS, pp187). Aqui se espelham as mais recentes ideias, de que “somos pó das estrelas”, de que somos o produto de uma vasta evolução de consecutivos reinos, originados na Terra Arqueana pré-biótica, onde os aminoácidos e nucleotídeos, agrupados nos primevos polímeros de RNA, fornecidos por meteoritos carbonáceos, aumentavam de concentração através de ciclos contínuos de fases húmidas e secas , “as transformações alquímicas da natureza” vistas à luz ocultista do século XIX.
No entanto surge na DS o conceito de “Construtores”, os Pitris Lunares e Solares, aquelas entidades pré-existentes de natureza um tanto “espiritual” que vão instilar no homem os seus conteúdos e características.
Todas as mitologias estão recheadas por cultos lunares e solares.
Diz o Vishnu Purana, volume III, capítulo II, que os primeiros homens foram os Chhâyâs, emanados dos Pitris. Blavatsky faz-lhe referência: “É a encantadora história de Sanjna, a filha de Vishvakarman, casada com o Sol. Sanjna, “não podendo suportar os ardores do seu Senhor”, lhe deu a sua Chhâyâ (sombra, imagem ou corpo astral), enquanto se refugiava na floresta para praticar as suas devoções religiosas ou Tapas. O Sol, crendo que a Chhâyâ era a sua mulher, teve filhos com ela…”. (DS, pp191). Comparemos Sanjna à nossa Termosfera e Chhâyâ aos plasmas. O Sol através da sua intensa actividade, expressa nas ejecções de massa coronal, a matéria da sua própria natureza constituinte, e fulgurações explosivas de dimensão titânica, projecta no espaço interplanetário, potentíssimas correntes eléctricas, raios X e gamma e ondas rádio que vão criar corpos plasmáticos como se de filhos seus se tratassem. Estes, como vimos evoluem desde a Termosfera até à Ionosfera, comportando-se como seres vivos abiogénicos, podendo recolher material orgânico, por exemplo deixado pelas esteiras dos meteoritos carbonáceos.
Aqui parece residir a alegoria solar e dos respectivos Pitris.
Sabemos hoje que a vida na Terra surgiu entre 3,5 e 4,5 mil milhões de anos. Corolário provável de um conjunto de homeostasias como a nova força exercida pela gravidade de uma lua, a sua presença protectora em grande parte ao bombardeamento meteorítico tardio e a estabilidade magnética conferida à Terra e ao seu eixo, levaram a que o clima passesse a ser regulado por estações.
Outras homeostasias: a Terra, ao ter sido impactada por Theia, adquire um núcleo interno, um acréscimo de água, placas tectónicas, ganha uma lua (agora uma parte significativa da antiga Terra) que cria sinergias com o novo planeta e tem assim condições para que a vida vingue e evolua.
Este acontecimento inesperado, e as sinergias criadas, terão acelerado ou mesmo justificado o aparecimento de vida. Um corpo planetesimal gelado que se encontrava na mesma órbita do que a Terra, num ponto de Lagrange L4, viria a fazer pender o prato da balança, sobretudo no que respeita à presença da água na futura Terra. Não fosse este acontecimento e a Terra seria apenas uma estrutura rochosa estérea muito semelhante a Vénus, sem um campo magnético e sem placas tectónicas. Por outro lado, a presença do efeito gravitacional da Lua induziu a uma oscilação muito pequena do eixo da Terra à medida que evolui em torno do Sol.
Segundo a Teosofia, e o seu sistema complexo de Rondas, Cadeias e Globos, a Lua é definida como um resíduo de um Globo muito maior, que foi o planeta físico da 3ª Cadeia mantendo a mesma posição na 3ª Cadeia que aquela mantida pela Terra na 4ª Cadeia e que irá desaparecer no futuro (na 7ª Ronda). A coincidência de eventos e as previsões parecem ser totais.
Esta será então o que parece ser a alegoria lunar e dos seus Pitris.
Este sistema complexo, umbilicalmente ligado ao conceito de Constituição Septenária, estende-se à evolução planetária quando atribui a cada corpo do sistema solar, sob a designação de Globo, a existência simultânea de sete dimensões ou Globos, dos quais apenas um é materialmente visível. No seu conjunto formam uma Cadeia que agrupadas em ciclos de 7 definem uma Ronda em que foram percorridos 49 Globos. A doutrina postula que cada planeta evolui durante sete Rondas estando o nosso planeta presentemente a atravessar o período correspondente à 4ª Ronda. Os Puranas hinduístas designam os Globos por Dvipas sendo a Terra conhecida por Jambudvipa.
É ponto assente que ambos os Pitris – lunares e solares, contribuíram para o aparecimento do homem. Os lunares por pertencerem à cadeia planetária da Lua, contribuíram com o conjunto de homeostasias que descrevemos anteriormente, designados por princípios inferiores pela DS. Decididamente aqueles que garantiram definitivamente as condições de equilíbrio e as bases para o surgimento da vida.
Já os solares, referidos como Dhyan-Chohans, são os responsáveis por fornecer os atributos dos princípios superiores ou aqueles que emanados directamente do Sol, garantiram o aparecimento de soluções cumulativas de índole energética, que de abiogénicas e extra-terrestres – sob a forma de plasmas, evoluíram até formas superiores biológicas onde a consciência fez caminho no decurso de muitos éons.
Outras mitologias cosmogónicas construíram-se em torno destes dois princípios, sempre apresentados sob um carácter dualístico, por vezes adquirindo aspectos de género – feminino versus masculino, forças de cariz positivo-negativo, Yin-Yang.
O culto solar fez um longo percurso histórico nas tradições religiosas e culturais dos povos: surge nos deuses hinduístas védicos Savitr e Surya, que fazem parte dos Adityas, os sete deuses solares que representam, ao fim e ao cabo, as sete frequências de luz visível (as sete cores do arco-irís). As divindades solares são referência em todas as obras védicas: Surya aparece no Ramayana na figura do rei-macaco Sugriva e no Mahabharata, Kunti a mãe dos heróis Pandavas alimenta a culpa de ter dado vida a uma criança, fora do casamento e contra sua vontade, filha do Sol.
Figura 2 - Savitar e Surya na sua carruagem de ouro, representam o Sol.
Fonte: Pieter Weltevrede, http://www.sanatansociety.com
Mais tarde vai estar plasmados na heliolatria grega do culto solar onde pontificavam os deuses Apolo e Hélio, este último adoptado posteriormente ao equivalente do deus romano Sol Invictus, transformado pelo imperador Aureliano na primeira divindade do Império pré-cristão.
No Egito dinástico, também surgem diversas deidades associadas ao Sol e aos cultos solares, onde se destacam os de Ámon, Rá, Hórus e Áton e Hator com papéis preponderantes nos mitos da criação revelados nos Textos das Pirâmides. Os cultos solares, atestando a sua importância, estiveram associados às grandes cidades egípcias, Hermópolis Heliópolis, Mênfis e Tebas.
A par dos mitos solares, os lunares e as suas deidades estão presentes em todas as mitologias (confira em https://es.wikipedia.org/wiki/Deidad_lunar). A deidade lunar em algumas mitologias adquiria poderes superiores à deidade solar, uma vez que tanto habitava a noite como o dia, para além de encobrir o Sol durante os eclipses. Era a deidade que representava a estabilidade cíclica que permitia, com o seu calendário próprio, as sementeiras, o florescimento das culturas agrícolas e a realização de boas colheitas. O eterno retorno vinculado à celebração dos ritos e à marcação da passagem do tempo.
As duas deiades representavam a Vida nos seus múltiplos aspectos: “Deste modo, os irmãos gémeos (Castor e Pólux) vivem alternativamente, um durante o dia e o outro durante a noite.” (DS, pp 138). Um é mortal e o outro imortal. A dualidade sempre presente na construção da Vida.
Voltemos àqueles plasmas abiogénicos, concebidos como estruturas pré-bióticas ( e portanto imortais), são como entidades “Construtoras”, os Devas solares e lunares, que albergam no seu seio os elementos essenciais ao surgimento da vida biológica (mortal), como a conhecemos. Diz Blavatsky na Doutrina Secreta: “Usando uma metáfora, embora insuficiente para exprimir a ideia completa, mas bem adaptada ao caso, diremos que esses Criadores (querendo referir-se aos Pitris), são como os raios numerosos do orbe solar; este permanece inconsciente da obra realizada por aqueles, e nela não intervém, enquanto seus agentes mediadores, os raios, servem de meios instrumentais em cada primavera - a aurora manvantárica da Terra - e fazem despertar e frutificar a vitalidade adormacida inerente na Natureza e em sua matéria diferenciada.” (DS, pp 175).
Nas alegorias exotéricas os Pitris estão sempre ligados ao fogo, o que é o mesmo que dizer aos plasmas, quarto estado da matéria. É assim que no complexo sistema dos cultos solares e lunares hinduístas as entidades mais elevadas e puras, designadas por Agnichvâtta-Pitris, os Devas ou ainda os Mânasa-Dhyânis, são as verdadeiras entidades solares, portadoras do “fogo” interior, que farão brotar a inteligência e a consciência; enquanto as lunares, conhecidas como Barhichad-Pitris ou os Prajâpatis inferiores, são aquelas entidades “criadoras” ligadas à formação da Lua e ao surgimento das condições materiais necessárias à vida no planeta Terra, como resultado da colisão com o proto-planeta Theia. De acordo com a DS iremos encontrá-los correspondendo às características dos Elohim, transmitidas pelas doutrinas cabalísticas e bíblicas, que posteriormente em éons de tempo de evolução, irão conferir o aspecto mórfico ou físico do futuro homem. Aqui associa-se outro tema defendido pelo biólogo Rupert Sheldrake e colocada em evidência pela recente descoberta do Electroma, ambos a reavivarem os conceitos ancestrais de Prana e Fohat.
Em conclusão, podemos seguramente afirmar que em resultado da convergência de dois eventos criaram-se duplas sinergias: de um lado os plasmas termosféricos criados pela actividade solar - o “fogo” -, e por outro da imprevista formação da Lua – na designação esotérica de “Cadeia Lunar” e que irá condicionar a existência da futura “Cadeia Terrestre” -, criam-se as condições necessárias e suficientes para que a vida apareça e com ela, na escala evolutiva, o futuro homem.
Corresponde isto à visão actual das coisas nos mais variados domínios da Ciência.
Poder-se-ia argumentar contrapondo com uma apreciação probabilística: a casualidade dos discursos esotéricos e exotéricos e aquele das estruturas existentes na Termosfera terrestre. Mas nem aqueles das teorias filosóficas nem as hipóteses científicas agora elaboradas em bases factuais, são construções casuísticas do pensamento humano. Devem-se ambas, por um lado a elaborados sistemas mitológicos exotéricos construídos durante milénios e fazendo parte da cultura da humanidade, e por outro, das descobertas resultantes de saturados investimentos no domínio da actividade aeroespacial e dos avanços do conhecimento humano realizados neste século.
Em qualquer caso, fica aqui lançado o repto a outras hipóteses que nos possam esclarecer sobre este intrincados assuntos ligados às doutrinas esotéricas milenares e reflectidas em todas as mitologias.
“Os véus que ocultam os verdadeiros mistérios da Filosofia Esotérica são densos e intrincados, e ainda hoje não se pode dizer a última palavra. Contudo, algumas pontas podem agora ser levantadas, proporcionando-se ao estudante realmente interessado certas explicações que até então lhe eram negadas.” (DS, pp 328).
Bibliografia
R. Joseph1*, C. Impey2, O. Planchon3, R. del Gaudio4, M. Abu Safa5, A.R. Sumanarathna6, E. Ansbro7, D. Duvall8, G. Bianciardi9, C. H. Gibson10, R. Schild11, 1Astrobiology Research Center, California, USA 2Department of Astronomy, University of Arizona, Tucson AZ 85721 3Biogéosciences laboratory, University of Burgundy, Dijon, France 4Department of Biology, University of Naples Federico II, Italy 5Dept. of Applied Physics, Palestine Polytechnic University, Hebron, Palestine 6Dept. of Research and Innovation, Eco Astronomy International Research Center, Tetouan, Morocco 7Space Exploration Ltd, Boyle, County Roscommon, Ireland. 8Dept. of Zoology, Oklahoma State University (emeritus), Stillwater, OK, USA 9Università degli Studi di Siena, Italy. 10Center for Astrophysics and Space Sciences, University of California (emeritus), San Diego, USA 11Center for Astrophysics, Harvard-Smithsonian (emeritus), Cambridge, MA, USA. Extraterrestrial Life in the Thermosphere: Plasmas, UAP, Pre-Life, Fourth State of Matter, Journal of Modern Physics, Vol 10, 2024.
Helena Petrovna Blavatsky, Doutrina Secreta – Antropogénese, Volume III, Editora Pensamento-Cultrix, Ltda., 1980.
João Porto e Ponta Delgada, 15 de Março de 2024
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