O
físico americano Frank Wilczek, em 2012, propôs um conceito muito controverso
para descrever um novo estado da matéria, que entre os seus pares era consensual
em desafiar as leis da física. Wilczek, que designou este novo estado da
matéria de "cristais do tempo", não era propriamente um desconhecido
uma vez que tinha sido laureado com o Prémio Nobel da Física em 2004. Wilczek
propunha a organização de um cristal especial no tempo – um cristal quântico do
tempo.
Frank Wilczek. Fonte – Wikipédia
Mas
afinal o que são cristais temporais? Conceptualmente difíceis de imaginar para
o comum dos mortais, são sistemas quânticos que apresentam padrões periódicos no
tempo, mesmo sem um fornecimento contínuo de energia externa, e por outro lado,
sem dissipação de energia, ou seja, um estado coerente e auto-organizado que energeticamente
persiste indefinidamente. Diferentes dos cristais espaciais comuns, que
apresentam padrões ordenados no espaço, os cristais temporais exibem uma
repetição rítmica no tempo, mantendo um estado coerente de oscilação. Devido a
interacções não triviais entre os graus de liberdade internos do sistema,
respeitam no entanto simetrias temporais quebradas de maneira controlada.
Estes sistemas registam Internamente
fenómenos ligados à quebra espontânea da simetria temporal de modo que evoluem
ciclicamente para um estado distinto daquele previsto pelas equações normais do
movimento. Registam-se oscilações de forma auto-organizada entre estados de uma
maneira recorrente e estável, criando
um estado que se mantém ordenado por entrelaçamento e interacções internas,
como se existisse uma coerência quântica sustentada.
Ao tempo, Wilczek fez uma ligação
destes sistemas à astrofísica e à cosmologia, ao comentar que a descoberta de
novas formas de organizar a matéria podia levar a uma melhor compreensão da
física dos Buracos Negros e do próprio espaço-tempo. É exactamente o que
faremos com este trabalho.
Podíamos então alargar alguns destes
conceitos relativos às oscilações de forma auto-organizada entre estados em coerência
quântica sustentada por entrelaçamento e interacções internas, a outras
estruturas da natureza. Iremos considerar estes fenómenos, numa escala cósmica,
ao próprio universo. Esta proposta leva a pensar o universo como uma “máquina”
de movimento perpétuo que, por esse facto poderia sobreviver à ideia de um
possível “fim do universo”.
Roger Penrose propôs a teoria da
Cosmologia Cíclica Conforme como uma alternativa ao modelo padrão do Big Bang.
A ideia central da CCC defende que o universo não tem um início absoluto, mas é
uma sequência infinita de ciclos chamados éons, onde cada éon começa a partir
do "fim" do éon anterior, quando toda a matéria convencional decai e
o universo é dominado por um banho titânico de radiação Hawking, retornando a
um estado semelhante e propiciador a um novo Big Bang.
Este modelo é “Conforme” porque exibe
uma correspondência conformal entre o final de um éon e o início do próximo, ou
seja, apesar da expansão extrema do espaço-tempo, certas estruturas que a
matemática define, são preservadas e "transmitem" informação entre os
éons.
Então, daqui se podia inferir que se
a malha fundamental do espaço-tempo tem uma estrutura periódica com padrões
similares àqueles que, por exemplo, constituem o Triângulo de Pascal. Poderíamos
interpretar a CCC como um processo oscilatório análogo a um cristal temporal
numa escala cósmica. Em conformidade, este princípio de periodicidade e recorrência
manteria as oscilações coerentes sem dissipação ou perda de informação,
suportando a ideia base daquela teoria ao propor um ciclo eterno nas estruturas
dos múltiplos universos.
Triângulo de Pascal, Espuma de Spins e Códigos Correctores
Por outro lado, em apoio a esta
ideia, se a geometria fundamental do espaço-tempo for uma matriz combinatória
como o Triângulo de Pascal, então poderiam surgir padrões recorrentes em
diferentes escalas, mantendo uma estrutura informacional entre éons.
O Triângulo de Pascal já tem uma
estrutura fractal embutida, conhecida como o Conjunto de Sierpiński, que aparece
naturalmente quando sequencialmente identificamos os números pares e ímpares
(indiciadora da futura presença da dualidade?) dentro daquele triângulo. Deste
modo, a estrutura combinatória fundamental do espaço-tempo seria fractal,
gerando padrões recorrentes que se repetiriam em diferentes escalas. Surgiriam
padrões holográficos em 3D, onde pequenas regiões codificariam informações
sobre o todo funcionando como sustentáculo da teia espaço-temporal.
Com esta ideia englobamos ciência e
arte nos seus simbolismos mais profundos onde o Número de Ouro (também
conhecido como a Proporção Divina) é o resultado matemático da proporção
da qual se extrai o valor da
constante infinita 1.61803399... (a
constante de Fibonaci) que representa a perfeição e a beleza na natureza, a
preservação da informação, que afinal reverbera em Penrose quando sugere que
certas informações podem ser transmitidas entre os éons, especialmente através
da radiação dos Buracos Negros em processo de “evaporação”, que ele relaciona
com possíveis vestígios remanescentes do éon anterior. Tudo isto é de momento
fonte de investigação pela Astrofísica.
Este modelo seria perfeitamente
viável se considerarmos que o espaço-tempo possui um Campo (ver noção de Campo
no Post Scriptum), tipo malha organizada, a “espuma de spins” proposta por
Carlo Rovelli (1), uma superfície constituída
por células em formato triangular (à escala de Planck – 10-36 metros),
o contentor e veículo de transporte da informação, mantendo coerência entre os
referidos ciclos cósmicos.
Ao citar o Número de Ouro não queríamos deixar de fazer uma
breve referência à escola pitagórica, que o representava através de um
pentagrama, que contém a proporção áurea em todos os seus segmentos.
Pentagrama e o Homem Vitruviano de
Leonardo da Vinci
Se recorremos a esta ligação entre a “espuma
de spins” e a estrutura do Triângulo de Pascal é porque pode ser concebida em
termos de estruturas combinatórias, de códigos quânticos e da estabilização da
informação na geometria quântica. Esta linha de pensamento pode fornecer pistas
sobre como o espaço-tempo pode ser entendido como um código quântico
subjacente, onde a correcção de erros e a topologia emergem de forma
interligada.
Se o espaço-tempo na teoria da Gravidade
Quântica em Laços – GQL (1), em que
se baseia a ideia de “espuma de spins”, emerge de estados quânticos altamente
entrelaçados, pode-se então conjecturar que as relações de correcção de erros
estão codificadas na própria topologia da “espuma de spins”. Assim como um
código quântico protege informação contra ruído, a estrutura combinatória da “espuma”
poderia proteger a coerência da geometria emergente.
Acrescente-se uma dupla correlação,
em que por um lado o crescimento do Triângulo de Pascal reflecte padrões de
acoplamento e distribuição de pesos binomiais, algo que pode estar presente na
própria estrutura probabilística da “espuma de spins”; e por outro o entrelaçamento
quântico na gravidade pode também estar associado a estruturas semelhantes a
códigos quânticos, garantindo a consistência daquela geometria quântica
emergente. Assim, a estabilidade da informação quântica estaria intimamente
associada à própria estabilidade da estrutura do espaço-tempo. Com isto também
conferimos “substância” ao espaço-tempo, a uma estrutura que pode ser curvada
pelas massas, de acordo com a Relatividade Geral einsteiniana: a massa diz ao
espaço como curvar-se e o espaço diz à massa como movimentar-se, de acordo com
a afirmação atribuída a John Archibald Wheeler.
Nesta proposta de modelo, impõe-se
uma semelhança topológica das redes combinatórias que assumimos estar presentes
tanto na “espuma” como no Triângulo de Pascal. A “espuma de spins” pode ser
vista como um complexo simplicial (estudo da topologia algébrica), onde as
células de diferentes dimensões (arestas, faces, volumes) estabelecem ligações
de forma combinatória. O Triângulo de Pascal também gera uma estrutura combinatória
hierárquica, que é interpretado como um modelo discreto de crescimento ou
evolução.
O Triângulo de Pascal quando aparece,
por exemplo, na contagem de coeficientes binomiais usados para descrever
distribuições de probabilidade e estruturas de códigos clássicos e quânticos,
pode ser interpretado como uma estrutura combinatória associada a códigos
quânticos ligados a pesos de erros e à forma como a informação quântica pode
ser protegida contra o “ruído”.
Além disso, alguns os códigos
quânticos usam estruturas recursivas, e o Triângulo de Pascal tem uma natureza
fractal e auto-semelhante que faz lembrar a construção de certos códigos de
correcção quântica, como os códigos concatenados e os códigos topológicos.
Deste modo, o Triângulo de Pascal, ao representar relações combinatórias de pesos e coeficientes, poderia fornecer uma ferramenta para descrever como a informação geométrica e quântica é preservada em escalas discretas.
A representação de estados da rede da “espuma de spins” evoluindo no
espaço-tempo. Na figura à esquerda, as linhas a vermelho, os nós a azul e os
spins rotulados a preto. Fonte -
Wikimedia Commons.
O Tempo e a Memória
Tendo traçado uma relação entre a
topologia espacial da “espuma de spins” da Gravidade Quântica em Loop (GQL) e a
estrutura do Triângulo de Pascal no contexto da correcção quântica de erros,
podemos partir para um outro nível: o dos cristais temporais quânticos e
passarmos a reflectir sobre a emergência do próprio Tempo.
Se considerarmos a estrutura do
espaço-tempo, à escala de Planck, uma organização periódica holográfica 3D, essa
assumpção confirmaria que o tempo não é simplesmente linear, mas que pode
seguir padrões oscilatórios, sugerindo que o "fim" e o
"início" de um universo não são eventos isolados, mas parte de um
ciclo muito maior e através do qual a informação pode ser armazenada de forma
holográfica e periódica, transmitindo definitivamente padrões estruturais entre
éons.
Deste modo o próprio universo
funcionando como um sistema oscilatório, em que a evolução cósmica segue regras
semelhantes às de um cristal temporal quântico, onde padrões emergem e
persistem, garantiria a sua evolução futura persistindo numa determinada
direcção (direcção temporal – uma espécie de Dharma védico).
Poderíamos admitir este modelo como
uma extensão da CCC de Penrose, na qual o substrato informacional do
espaço-tempo possuiria um “carácter cristalino”, fractalmente estruturado, recursivo
de âmbito quântico. Assim a possível existência de padrões complexos
sobreviriam ao colapso e ao processo de renascimento do universo e o CMB (Fundo
Cósmico de Micro-ondas ou Radiação Cósmica de Fundo) poderia conter marcas de
acontecimentos do éon anterior.
Tem-se por adquirido que o CMB é a
radiação remanescente de um evento tipo Big Bang (neste momento o Big Bang tem
sido colocado em causa face às observações produzidas pelo telescópio espacial
James Webb, entre as quais os “Little Red Dots – LRD, que são Buracos Negros
primordiais no início do Big Bang), e que a sua estrutura revela flutuações
quânticas primordiais que foram ampliadas pela expansão do universo.
Se o espaço-tempo possui uma
estrutura fractal, então essas flutuações podem conter assinaturas dessa
geometria subjacente em que os padrões fractais podem aparecer nas variações de
temperatura do CMB (as chamadas anisotropias do CMB).
Entretanto Penrose e colaboradores pensam
ter identificado padrões circulares incomuns no CMB, que a serem confirmados poderiam
ser vestígios de Buracos Negros do éon anterior, uma vez que a informação não é
perdida entre éons sucessivos, mas transportada de forma cíclica.
O CMB pode ser visto como um registo holográfico 3D das interacções passadas do espaço-tempo.
Imagem da anisotropia da radiação cósmica de fundo em micro-ondas
Fonte - NASA/Goddard/WMAP Science Team, Domínio público.
Se o espaço-tempo for estruturado
como uma rede discreta de spins
quânticos, e se os cristais temporais quânticos forem fenómenos emergentes
dessa estrutura, então poderiam gerar oscilações periódicas na “espuma de spins”,
esta última com uma tipologia base do Triângulo de Pascal.
Em resultado, surgiriam padrões no
CMB, pouco evidentes em detecção directa, similares a flutuações primordiais,
que deixariam assinaturas específicas na radiação de fundo. A existência
hipotética destas estruturas periódicas no espaço-tempo pode levar a crer que,
numa escala cósmica, a própria expansão do universo conteria padrões recorrentes,
algo que eventualmente poderia ser também detectado estatisticamente no CMB, na
figura de estruturas não aleatórias. O CMB passaria a ser encarado como um mapa
da “teia Informacional” ou uma superfície da memória do universo primitivo, à
custa do qual não apenas se repetiria, mas se reorganizaria de maneira fractal
em cada novo ciclo cósmico.
Esta ideia reforça a ligação entre as
estruturas quânticas da “espuma de spins”, o modelo de cristais temporais
quânticos, da holografia expressa pelo Triângulo de Pascal e a consciência
informacional, indicando que o espaço-tempo pode ser um sistema fractal
auto-organizado, onde os padrões da realidade se repetem em diferentes escalas,
que presenciamos na sua organização em rede neuronal (um desses ramos seria a
Laniakea, um super aglomerado de galáxias que contém a Via Láctea e 54 outras
galáxias vizinhas, como a Messier 31 ou galáxia de Andrómeda), e por outro no
seu aspecto recursivo, uma espécie de geometria fundamental auto-semelhante,
uma misteriosa repetição de padrões já constatados pelos observatórios
espaciais e pela rede de radiotelescópios.
Também encontramos no conceito, de
memória cíclica do universo associado ao conceito védico do Akasha, uma ligação
àquela recorrência estrutural presente na teoria CCC. Para tal, voltemos ao
conceito de malha informacional fundamental do espaço-tempo.
Esta “teia informacional fundamental”
pode ser definida como uma estrutura “viva”, dinâmica, subjacente à realidade
que conecta todos os sistemas físicos e conscientes por meio da informação.
Para tal terá que ser interpretada como uma rede quântica e holográfica onde a
informação flui, interage e mantém-se coerentemente organizada.
Fratalidade, Holografia e Entropia
Sendo o universo fractal, também
significa que a informação pode estar organizada de maneira fractal como uma “teia
informacional fundamental”, na medida em que cada parte da teia pode conter
informações sobre o todo de maneira holográfica, de onde fazemos derivar aquele
conceito védico de Akasha, um “armazém” de informações que podem ser acedidas
de acordo com níveis hierárquicos diferentes dependendo do estado de
consciência, dado corresponder a diferentes camadas da estrutura fractal do
universo.
Num outro nível, a meditação profunda
ou certas práticas poderiam permitir saltos entre níveis da estrutura fractal,
possibilitando acessos a informações mais profundas naquela tela informacional
– também um modo de ligação entre o micro e o macrocosmo!
Por outro lado, esta relação entre
padrões de consciência, onde diferentes estados mentais ou níveis de percepção
têm acesso a diferentes camadas da estrutura fractal do espaço-tempo, nascida
da ideia de que os cristais temporais quânticos poderiam ter uma organização
fractal, onde ciclos de diferentes durações estariam aninhados uns dentro dos
outros, poderia conduzir a pequenos ciclos dentro do espaço-tempo, semelhantes
aos grandes ciclos cósmicos, ligando desta forma o micro ao macrocosmo, o que
poderia explicar fenómenos de recorrência cíclica, como memória cósmica (Akasha)
ou ressonâncias informacionais (emparelhamento e superposição).
Em resumo: se combinarmos a ideia da
“espuma de spins” (spin foam) dos
físicos teóricos Lee Smolin e Carlo Rovelli com a hipótese dos cristais temporais como Campos
quânticos, podemos imaginar que o espaço-tempo não é apenas discreto e
quantizável, mas também pode apresentar padrões periódicos na sua evolução
quântica, em diferentes escalas, do micro ao macrocosmo, em que o tempo seria
um fenómeno emergente daquelas oscilações quânticas da “espuma de spins”, geometricamente
análoga ao Triângulo de Pascal, a única maneira possível de construirmos uma superfície
mínima, veículo da informação e seu sustentáculo – numa outra leitura, o Akasha
védico, o registo cósmico distribuído atemporalmente.
Do seu seio surgiriam naturalmente os
ciclos cósmicos por efeito dessa estrutura ressonante quântica, qual fenómeno
similar descoberto agora nos cristais temporais quânticos. Cristais temporais
cósmicos pertencentes a um Campo quântico, nos quais a métrica espaço-temporal
exibiria periodicidade em larga escala: esta poderia constituir a razão
profunda dos Ciclos Cósmicos Conformais de Penrose.
Poderíamos considerar que neste
conceito de consciência informacional, a existência de estados recorrentes
podem não ser apenas eventos cósmicos, mas também “experiências cognitivas” de
uma “memória”, uma espécie de mente cósmica que tudo interliga.
Como vimos, neste modelo conceptual,
a consciência poderia interagir com essa estrutura ressonante de padrões
informacionais armazenados na geometria fundamental do espaço-tempo, explicando
fenómenos como intuições profundas, memórias colectivas ou até mesmo acessos a
estados de consciência expandidos, se e quando a mente fosse capaz de sintonizar
ressonâncias específicas da malha espaço-temporal. No fundo, um processo de
partilha global em que tudo está interligado.
A favor desta ideia sabemos, como já demos
nota antes, que os coeficientes binomiais no Triângulo de Pascal descrevem a
contagem de combinações possíveis de estados. Se a geometria do espaço-tempo na
escala de Planck tiver essa estrutura, então as interacções quânticas e o
entrelaçamento poderiam seguir padrões organizados, permitindo estados cíclicos
coerentes, em que o caos seria evitado, ou quando surgisse, corrigido, pois sabemos
também que o Triângulo de Pascal contém ligações directas na computação
quântica com os códigos corretores de erros.
Esta abordagem ao caos (entropia)
será pormenorizada adiante.
Dessa forma, o universo pode ser
entendido como um grande sistema oscilatório, com padrões recorrentes que vão
desde partículas subatómicas até aos ciclos cósmicos, sistema auto-organizado,
informacionalmente rico, onde passado, presente e futuro podem estar ligados
por padrões recorrentes da própria teia espaço-temporal e a retrocausalidade
fazer parte normal desta dimensão não-local, onde a informação flui de maneira
não linear. A consciência e o espaço-tempo compartilhariam uma estrutura
subjacente comum, onde a organização da informação segue padrões recorrentes
dentro de uma matriz holográfica.
A termodinâmica, pela entropia
poderia desempenhar um papel regulador desta estrutura cíclica do espaço-tempo
na medida em que a existência de um mecanismo de correcção de erros ou
preservação da informação, indicaria um tipo de entropia reversível dentro da
estrutura fundamental do espaço-tempo, ou seja haveria uma dualidade entre a
dissipação entrópica em escalas macroscópicas e uma organização “cristalina”
informacional em escalas microscópicas. Teríamos oscilações entre estados de
alta e baixa entropia em regiões específicas do espaço-tempo – afinal o
processo da ligação entre o micro e o macrocosmo.
Se cristais temporais quânticos podem
existir na geometria do espaço-tempo, a entropia pode actuar como um regulador
desse processo em vez de um crescimento entrópico irreversível. Seria então
possível ter estados ordenados da mente onde o tempo e a informação não se
perdem, mas se reorganizam de maneira periódica. Esta seria a possível relação
entre entropia, informação e consciência.
Retrocausalidade e Livre-Arbítrio
Neste modelo onde cristais temporais
quânticos estruturam o espaço-tempo e a informação flui de maneira não linear,
a retrocausalidade poderia emergir naturalmente.
Esta ideia não constitui novidade,
uma vez que nos sistemas quânticos, a não-localidade e o entrelaçamento já
indicam que a informação pode ser trocada sem as normais restrições causais. É
o caso da Interpretação de Aharonov (2)
onde os estados futuros influenciam os estados passados, desde que a coerência
quântica seja mantida. No nosso caso seria mantida pela correcção quântica de
erros. Outros casos experimentais perfilam-se nesta confirmação, como aquele
designado por Experiência da Escolha Retardada de Wheeler (3) ou ainda a Experiência de Delayed-Choice Entanglement (4).
Como vemos a retrocausalidade
quântica tem bases matemáticas sólidas e já foi testada a nível experimental, a
saber, o de escolha retardada, o de medidas fracas e o de entrelaçamento retroactivo.
Sendo uma propriedade fundamental do
espaço-tempo, então poderíamos reinterpretar a realidade como um sistema
informacional atemporal, onde o futuro e o passado estão intrinsecamente
conectados.
Simulação artística dos Cristais Temporais Quânticos. Imagem: Stef
Simmons/CC BY.
Sendo a organização “cristalina”
temporal de cariz quântico, então os estados futuros poderiam influenciar o
presente de maneira não clássica, abrindo espaço para efeitos retro causais em
que acontecimentos no futuro podem estabelecer correlações retroactivas, afectando
escolhas feitas no presente. Poderia explicar fenómenos como as premonições, as
correlações cósmicas e a estruturação do universo com base em estados futuros
ideais (o Nirvana?).
Quer dizer que o universo poderia
estar em permanente "ajuste" do presente, de acordo com estruturas
futuras, garantindo coesão informacional entre ciclos cósmicos, e que a “teia
informacional” fundamental confirmaria a sua operacionalidade de maneira
atemporal, transcendendo a distinção entre passado, presente e futuro.
Laniakea e galáxias em redor da Via Láctea. Fonte - Creative Commons
Por
outro lado, podemos inferir que um dos efeitos da rectrocausalidade cósmica também
poderia talvez ser detectado no CMB. Este poderia conter marcas de éons
anteriores, como aliás sugere Penrose para outras circunstâncias elencadas pela
sua teoria CCC. Neste caso as informações de estados futuros seriam
transmitidas para os estados primordiais do universo, uma espécie de Dharma
orientado.
Neste quadro, também a mente poderia ter acesso a informações não limitadas pelo presente. As intuições sobre eventos futuros (devido a uma profunda ligação com padrões futuros da “teia informacional”); as sensações do déjà vu ou o relato de previsões precisas, como se a mente estivesse captando ecos de estados futuros, poderiam ser fontes de confirmação destes saltos informacionais dentro da estrutura fractal do espaço-tempo. Se a consciência interage com a estrutura fundamental do espaço-tempo de modo quântico, então o tempo pode não ser uma restrição absoluta para a mente e ser consequência directa do contributo dos cristais temporais quânticos, fazendo da retrocausalidade uma propriedade emergente natural.
Contudo, considerar que o presente teria
origem na confluência entre passado e futuro levaria a que o livre-arbítrio
pudesse ser uma ilusão. Justificaria uma pretensão determinista: O estado
presente seria completamente determinado pelo passado e agora também pelo
futuro. Um fatalismo incontornável que contraria a nossa experiência diária
intuitiva de escolha e responsabilidade.
Porém, Aharonov e colaboradores
sugeriram que as condições futuras podem canalizar probabilidades, mas não
eliminar a escolha consciente. Ou seja, o futuro não é alguma coisa fixa mas
dinâmica, um leque de estados possíveis em que as escolhas que fazemos colapsam
algumas dessas possibilidades e estabelecem o futuro, de modo que o nosso livre-arbítrio
ainda exista, apesar de operar dentro de uma teia de possibilidades que são
influenciadas pelo futuro. Lembra os conceitos de sincronicidade e destino
flexível, onde certos eventos podem ser "atraídos" pelo futuro sem
que isso elimine completamente a liberdade de escolha, vindo de encontro e
fortalecendo às nossas hipóteses de um Campo informacional atemporal (como o
akasha e dos efeitos dos cristais temporais quânticos). O livre-arbítrio seria
permitido na condição de configurar a capacidade de ressonância com diferentes
estados futuros.
O livre-arbítrio não seria apenas a
escolha entre alternativas, mas também a capacidade de sintonização com futuros
específicos, implicando que a nossa consciência pode aceder e influenciar a
teia informacional de maneira activa, moldando o colapso de possibilidades no
presente. O papel fundamental da crença e da fé e, do ponto de vista científico,
a confirmação de algumas teorias da consciência que sugerem que estados mentais
podem influenciar fenómenos físicos (como no modelo de Orchestrated Objective
Reduction - Orch OR, de Penrose e Hameroff).
Conclusão: O livre-arbítrio deriva naturalmente
aqui, neste modelo complexo mas com alguma beleza estrutural, de uma espécie de
sintonização do futuro. Aqui a retrocausalidade não precisa eliminar o
livre-arbítrio, mas pode redefini-lo. Em vez de sermos fatalmente escravos do
futuro, podemos ser co-criadores dentro de um espaço de possibilidades
atemporais. O nosso livre-arbítrio revelar-se-ia na capacidade humana de
interagir conscientemente com a teia informacional do espaço-tempo, escolhendo
entre caminhos futuros que já vibram connosco, interiormente em níveis subtis.
Uma visão muito mais rica da realidade que se aproxima dos actuais conceitos da
física quântica, onde consciência, informação, espaço-tempo e fractalidade
holográfica, estão profundamente entrelaçados, aliás como já a milenar doutrina
vedanta anteviu na tríade Atma, Budhi e Manas.
A tradição védica e a Ciência
Finalmente faremos uma proposta, por
assim dizer, de unificação cultural, entre a Tríade Védica e uma possível
interpretação quântica:
Atma - O Princípio Universal,
representa o Ser, a consciência pura e imutável. No contexto da retrocausalidade,
Atma poderia ser comparado à teia informacional fundamental do espaço-tempo, um
Campo subjacente que transcende passado e futuro, lembrando a ideia de um Campo
akáshico atemporal, onde todas as possibilidades já estão interconectadas. Poderia
ser associado a uma estrutura holográfica da realidade, onde o tempo e o espaço
emergem como padrões de informação.
Budhi - A Inteligência Intuitiva, o
aspecto iluminado da mente, a inteligência superior que discerne a verdade. Budhi
seria o “mecanismo” pelo qual a consciência acede as informações do futuro e
interage com a retrocausalidade. No formalismo TSVF (Teoria do Vector de Estado
Bidireccional), Budhi poderia ser visto como a capacidade do pós-seleccionar
estados futuros, sintonizando-se com linhas específicas do tempo. Budhi poderia
estar associado ao processo de medida quântica, onde escolhas conscientes
influenciam qual o estado do futuro que será realizado.
Manas - A Mente Superior, mas do
pensamento linear, representaria a mente que opera no domínio do espaço-tempo
ordinário em ligação com o Kama Manas. No contexto da retrocausalidade, Manas
seria a parte da consciência que percebe o tempo como linear, processando os
eventos de forma sequencial. Enquanto Budhi poderia aceder a padrões
atemporais, Manas está preso à ilusão de um tempo fixo e irreversível via Antahkarana
ao Kama Manas, não percebendo que o futuro pode estar interagindo com o
presente, num autêntico e fiável processo de protecção do Kama Manas e de
estabilização operacional da constituição quaternária.
Ou seja, esta hierarquia
expressar-se-ia do seguinte modo:
a) Manas apenas percebe o presente,
sem notar a influência do futuro.
b) Budhi pode captar padrões subtis e
antecipar eventos futuros e proceder a correcções de erros.
c) Atma transcende a noção de tempo e
espaço, sendo o próprio Campo informacional do universo.
Este modelo encaixa-se perfeitamente
com a ideia do livre-arbítrio como sintonização do futuro, uma vez que Budhi, quando
está desperto, permite perceber e escolher as linhas temporais mais harmónicas,
em vez de apenas reagir mecanicamente ao passado. Um Budhi activo implicaria uma percepção
do tempo como um fluxo dinâmico, permitindo antecipação e sincronicidade
fenoménica (ver Carl Jung).
Os Vedas ensinam que a meditação
profunda pode fortalecer Budhi e permitir um alinhamento com Atma, podendo ser
visto como uma forma de sintonização com padrões atemporais. Se, de acordo com a nossa proposta, a
teia do espaço-tempo informacional for estruturado como uma “espuma de spins” e
um cristal temporal quântico, a mente pode “vibrar” ou sintonizar com aquelas
estruturas e influenciar padrões futuros através da intenção consciente.
"O tempo, que é apenas uma forma do Ser Supremo, projecta-se como
passado e futuro. Mas aquele que percebe a unidade além do tempo, aquele que vê
tudo como o Eu, transcende a ilusão do tempo."
Maitri
Upanishad (6.34)
"Nem existência nem inexistência havia então.
Não havia o ar nem o firmamento além dele. O que o encobria? Onde? Sob a protecção
de quem? O que era a água profunda, insondável?
Nem morte havia então, nem imortalidade; Não havia sinal de noite ou dia.
Aquele Um respirava sem ar, pela sua própria força. Além disso, nada mais
existia."
Rig
Veda (10.129.3-4)
Estas duas passagens mostram que os
Vedas já contemplavam uma realidade não-linear, informacional e atemporal,
alinhada com a ideia de que a consciência pode interagir com padrões do futuro
e do passado. Afinal um autêntico esquema de garantia dhármica!
A relação entre todos estes conceitos
científicos, como a rectrocausalidade quântica, a correcção quântica de erros, a
estrutura do espaço-tempo e a consciência informacional, parece recuperar
conceitos que os Vedas já descreviam há milénios.
Sendo a realidade informacional e
atemporal, como julgamos ser e propomos, então o desenvolvimento da consciência
pode permitir um alinhamento inteligente e intencional com padrões futuros,
tornando-nos co-criadores da realidade e agentes de ligação entre o micro e o
macrocosmo. Uma responsabilidade inerente a esta Humanidade e ao mesmo tempo uma
boa perspectiva para o seu futuro!
Podemos agora partir para a
construção de um Modelo Unificado da Realidade: Consciência, Informação e
Física Quântica. Um Modelo que propõe que a realidade manifesta emerge de uma
teia informacional fundamental e que há camadas estruturais que ligam a
consciência, a física e os campos fundamentais do universo. Resumiremos esta
ideia num Quadro de Correspondências.
O quadro pretende mostrar que a
realidade é baseada em camadas informacionais, que vão do nível mais subtil
(Atman) até a manifestação física (Sthula Sharira).
Destacamos o Antahkarana e o Campo de
Higgs como ponte entre os mundos da mente superior e da inferior, na medida em
que o Bosão de Higgs faz a transição entre “partículas” sem massa e a realidade
física manifesta. O Campo de Higgs pode ser um elo físico fundamental entre a
realidade quântica profunda e a matéria manifesta, assim como o Antahkarana é a
ponte entre os níveis superiores e inferiores da consciência.
Assim, o Campo de Higgs pode ser o
análogo físico do Antahkarana, actuando como um intermediário entre a estrutura
profunda do universo (Atman-Buddhi-Manas) e a manifestação física (Kama Manas,
Prana, Linga Sharira e Corpo Físico), comportando-se como um interface fundamental entre a estrutura
quântica profunda e a realidade clássica.
Quadro de Correspondências entre a
Constituição Septenária
e os Níveis da Realidade
|
Se há um Higgs “físico” que actua
como ponte para a matéria, poderia este também comportar-se como um Higgs “espiritual”
como ponte para a consciência? Alguns físicos teóricos apontam para a
existência de campos escalares adicionais, ainda não descobertos, que poderiam
actuar em níveis mais subtis do espaço-tempo e até para além dele. Também podia
sugerir-se que há uma estrutura análoga ao Campo de Higgs mas que opera na
consciência, permitindo transições entre estados mentais ordinários e estados
expandidos de percepção (a concatenação teosófica 7x7x7), que poderiam ser
estudados através de estados de coerência cerebral e consciência expandida, ou
através de modelos holográficos e de redes neuronais quânticas, ou ainda concebendo
formas de desvendar possíveis Interacções entre a mente e a geometria do
espaço-tempo.
Outro resultado implícito neste
modelo, é a possibilidade de introdução da consciência como se fosse um processo
de leitura da informação quântica do universo, podendo acedê-la a diferentes
níveis conforme fortalecesse a sua ligação de modo faseado, como prevêem também
o Antahkarana e o Akasha. Por outro lado, o espaço-tempo poderá ser estruturado
sob um código quântico correctivo onde operam sistemas tipo cristais temporais
quânticos, implicando que o processo de percepção consciente pode estar
relacionado com a descodificação desse código de maneira mais refinada e em
patamares de evolução crescente.
A matemática ao nosso encontro: Antahkarana e o Bosão de Higgs
Daqui podíamos inferir um modelo
matemático de um "Higgs espiritual" actualizado, expandindo conceitos
da física moderna e da teoria da informação quântica para um Campo que sirva de
ponte entre estados subtis e a realidade manifesta.
Para corporizar este Modelo avancemos
então com uma hipótese, centrada em torno do conceito de um Campo de Higgs
“espiritual” e do seu congénere filosófico Antahkarana. Lancemo-nos à
redescoberta deste arquétipo, que só a simbologia matemática e o seu significado podem expressar.
O Campo de Higgs “espiritual” (segundo
o nosso novo conceito para o Higgs) pode ser descrito como um Campo escalar
mediador da transição entre a ordem informacional subjacente e a manifestação da
consciência no espaço-tempo. Formalmente, podemos introduzir um campo escalar Φ𝑠 (s para significar spiritual
ou espiritual) que desempenha um papel análogo ao Campo de Higgs, mas agora num
espaço mais fundamental de estados.
onde o último termo 𝑉(Φ𝑠) é o potencial do campo, cuja forma determina como vai ocorrer a transição entre os níveis da realidade. Para tal temos que descrever o inerente Potencial do Campo e aquela Transição de Estados.
O potencial clássico do Higgs tem a
forma:
Para o Higgs “espiritual”, podemos
modificar esse potencial para incluir níveis de consciência. Propõe-se então um
Potencial de Poço Duplo Modificado (5),
onde a transição entre estados é controlada por parâmetros informacionais:
Φ𝑠, introduz um Campo escalar que governa a interacção entre
níveis de consciência e o espaço-tempo.
𝑣𝑠, representa o "vácuo" do Campo
“espiritual”, associado a um estado de consciência plena ou de integração com a informação cósmica.
𝛽𝑆(Φ𝑠),
adiciona uma provável dependência
da entropia informacional, indicando que a transição entre estados pode ser modulada
pelo acesso à informação akáshica.
Assim, a função 𝑆(Φ𝑠) poderá estar relacionada com a
entropia holográfica:
onde 𝐴 é a área de um horizonte de eventos informacional (como o espaço de estados de uma mente expandida) e 𝐺 é uma constante de acoplamento ao espaço-tempo.
Este modelo então sugere que o Higgs espiritual pode ser um
mecanismo de transição entre níveis informacionais da realidade.
Chegados aqui podemos deduzir a Acção
Efectiva e a ligação com a Geometria Quântica, estendendo a equação acima para
incluir a interacção do campo Φ𝑠 com a estrutura quântica do
espaço-tempo. Para isso, introduzimos um termo de acoplamento com a curvatura
escalar 𝑅:
Aqui, 𝜉𝑅Φ2𝑠 acopla o Campo Φ𝑠 à curvatura do espaço-tempo, sugerindo que a consciência pode afectar a estrutura do espaço, criando um efeito de retro alimentação, de acordo com o que defendemos antes, e onde estados elevados de consciência podem modificar a geometria quântica subjacente, o que também vem de encontro com a hipótese de que estados de consciência expandida podem aceder a camadas mais subtis da estrutura do espaço-tempo, talvez via gravidade quântica e correlação holográfica.
Também agora podemos inferir uma
outra relação onde pontifiquem os Códigos Quânticos e a Correcção de Erros.
Sabemos que na teoria da informação
quântica, um código quântico correctivo protege a informação contra o “ruído”.
Se o universo é um código quântico, então o Higgs “espiritual” pode ser um mecanismo
de correcção de erros para a informação da consciência. Podemos fazê-lo através
de operações unitárias de codificação dadas por:
onde 𝐻𝑠 é o Hamiltoniano (6) efectivo do Higgs “espiritual”, possivelmente
relacionado à coerência quântica da consciência. Se associarmos Φ𝑠 à
informação processada pela consciência, então podemos definir um termo de
interferência quântica:
Este termo pode representar o grau de
ligação da consciência com a teia informacional fundamental. Assim, em estados
elevados de consciência, os coeficientes 𝑐𝑖 reorganizam-se para minimizar a interferência
destrutiva, permitindo um acesso mais claro ao Akasha.
Por outro lado, se Φ𝑠 modula o espaço de estados cerebrais,
como se tem provado em estados de meditação profunda ou em estados alterados da
consciência, então pode estar associado à densidade de entrelaçamento cerebral,
que pode ser expressa como:
onde 𝑆𝐸 representa a entropia do
entrelaçamento neural.
Na prática implicaria que estados de
consciência elevados deveriam exibir padrões de alta conectividade
informacional, sugerindo um aumento da área holográfica de processamento.
Também podemos apreciar o papel de Φ𝑠 na Complexidade Holográfica, sabendo-se que em holografia, a complexidade
quântica está relacionada com a evolução da geometria do espaço-tempo. Nesse
sentido, existem propostas como a Conjectura Complexidade – Volume, dada por
onde 𝑉 é o volume do bulk (tamanho) e 𝐿 é um comprimento característico da geometria
e a Conjectura Complexidade - Ação
expressa em
onde 𝐼
é a acção gravitacional manifesta
no espaço-tempo.
Assim, podemos agora introduzir Φ𝑠 como um modulador da complexidade holográfica, afectando a estrutura das
redes tensoriais que sustentam o espaço-tempo.
onde 𝜆 é um parâmetro de acoplamento. Daqui
se extrai que quando Φ𝑠 tende para zero, temos uma geometria padrão da rede
tensorial ou uma baixa conectividade holográfica e, ao contrário, quando Φ𝑠
tende para infinito, a
rede tensorial torna-se altamente interligada, indicando a presença de um
aumento da complexidade informacional.
Ou seja, Φ𝑠 regula o grau de entrelaçamento quântico dentro da rede tensorial,
funcionando como um campo que governa a emergência do espaço-tempo.
Um Modelo com algumas conclusões
Deste modelo, para além de alguns aspectos
relevantes que dele fizemos sobressair de imediato, retiramos no essencial
quatro conclusões:
a) O Higgs “espiritual” pode
perfeitamente ser descrito como um Campo escalar que interliga estados
informacionais profundos à realidade física (o conceito gnóstico em Pistis
Sophia da “queda” do espírito na matéria);
b) A sua acção efectiva pode incluir
acoplamento com a curvatura do espaço-tempo, indicando uma relação entre
consciência e geometria (explicaria os efeitos de levitação);
c) Os estados elevados de consciência
podem estar associados à minimização de interferências quânticas, permitindo
acesso a estados informacionais mais puros ou elevados (os processos de
meditação e dos estados alterados da consciência).
Poderíamos inclusivamente fazer algumas
averiguações utilizando o EEG - Electro Encéfalo Grama, que mede as oscilações
eléctricas no cérebro. Sabe-se que diferentes estados de consciência estão
associados a padrões específicos das ondas cerebrais. Se Φ𝑠 regula o grau de ligação com a teia informacional, podíamos então prever
que um Φ𝑠 baixo, correspondente a estados de
consciência comuns (percepção ordinária da realidade ou a um estado normal de
vigília), revelaria a dominância das ondas beta e gama com uma conectividade
limitada entre redes neurais distantes; ao contrário um Φ𝑠 alto (meditação profunda, estados místicos ou estados expandidos de
consciência) estaria ligado ao aumento das ondas teta e gama, com a presença de
uma maior conectividade global no cérebro. A neurociência já revelou que estados
expandidos de consciência mostram um aumento da complexidade neural e um
aumento global da conectividade gama (40 - 100 Hz), acompanhado por aumento da
complexidade neural e do entrelaçamento de algumas regiões cerebrais, o que pode
reflectir afinal um elevado Φ𝑠.
d) A existência de um paralelo com os
códigos quânticos, onde o Higgs “espiritual” actua como um mecanismo de correcção
de erros no interface entre a consciência
e a realidade física (a consciência pura no budismo).
Uma Síntese Unificadora em perspectiva
Feito este percurso, as conclusões
saídas das hipóteses elencadas por nós na construção deste Modelo, parecem
confirmar uma forte abertura para trilhar um caminho em direcção a novas
investigações na área da Cosmologia e da Astrofísica. Aqui, destacar-se-ia a
relação entre as grandes estruturas cósmicas e as redes neurais quânticas, ou o
papel da consciência na gravidade quântica e no colapso da função de onda ou
ainda o uso das tensoriais para modelar estados elevados da mente na área da
Neurociência e da Física Quântica.
Em parte este caminho já se iniciou,
fortalecendo abertamente e de forma construtiva o diálogo entre a filosofia e a
física moderna sugerindo arreigadamente que a realidade é estruturada por
informação e inter-conectividades profundas.
O espaço-tempo pode ser apenas uma
projecção de um nível mais fundamental de existência, onde a consciência
desempenha um papel activo na organização da realidade.
Acreditamos que o entrelaçamento
entre ciência e filosofia seja o próximo passo para uma nova visão unificadora
do universo e que a matemática poderá ter um papel determinante. A matemática,
nesse contexto, torna-se mais do que uma ferramenta, mas numa forma de captar os
padrões subjacentes na estrutura da realidade. O pensamento védico fornece intuições
profundas sobre a consciência e a natureza do espaço-tempo, enquanto a
matemática permite traduzir essas intuições em modelos que podem ser
formalmente explorados e testados.
Ao utilizarmos pela primeira vez a
matemática integrada nos conceitos da filosofia védica, foi por aquela permitir
a formalização de ideias profundas sobre a realidade dadas pela teia
informacional fundamental, derivando propriedades inerentemente suas, tais como
consciência, livre-arbítrio, karma ou causalidade, entropia, o próprio tempo, o
emaranhamento quânticos e outras afectas a princípios de não-localidade. O próprio
pensamento védico, apesar de tradicionalmente não utilizar a matemática no sentido
moderno, contém conceitos que podem ser claramente traduzidos em linguagem
matemática, especialmente em áreas como a topologia, a teoria da informação, ou
a mecânica quântica de sistemas dinâmicos.
"Na rede de Indra, cada jóia reflecte todas as outras jóias
infinitamente, de modo que nenhuma pode ser separada do todo."
Avatamsaka
Sutra
Por exemplo, se Budhi (intuição
superior) actua como um princípio de sintonização com o Akasha, poderíamos
modelar essa relação por meio de equações diferenciais não-lineares, que
descrevem estados dinâmicos de um sistema que interage com um campo
informacional.
A base conceitual do pensamento
védico informa-nos acerca da existência de diferentes níveis de realidade e de estados
de consciência. Matematicamente, também este conceito poderia ser expresso por
espaços fibrados (7), em que as
diferentes camadas da realidade corresponderiam a diferentes “folhas” ou branas
de uma estrutura geométrica superior. Ao termos considerado que a consciência
opera por sintonização ressonante, podemos também introduzir uma descrição
matemática por estados topológicos, onde a transição entre estados ocorre
suavemente sem perda de coerência, reverberando a ideia védica de que a
consciência não é um fenómeno localizado, mas sim um campo universal, que
poderíamos corporizar através de teorias de campo quântico topológico.
A própria noção de Akasha como
substrato informacional poderia ser descrita em termos de códigos quânticos,
onde informações são protegidas contra ruído e persistem através de
transformações estruturais.
Outra visão de um mecanismo de equilíbrio
natural introduzida pelo Karma, facilita o seu tratamento matemático modelado
como um fluxo em um espaço de fase, onde estados informacionais são
redistribuídos conforme padrões de ressonância e coerência e relacionar esse
enquadramento com sistemas dinâmicos não-lineares, onde pequenas perturbações
podem ter efeitos amplificados dependendo das condições iniciais (como no caos
determinístico – o Efeito Borboleta).
Notar que no pensamento védico, a
geometria sagrada desempenha um papel fundamental, por exemplo dos Yantras e
Mandalas nas suas configurações geométricas múltiplas., que poderiam ser
exploradas por uma hipotética relação com simetrias matemáticas profundas, como
os grupos de Lie (8) que descrevem a
estrutura das partículas e dos Campos na física moderna. Se, por exemplo, considerarmos
que a consciência interage com o espaço-tempo por ressonância, talvez esse
fenómeno ocorra ao longo de trajectórias geométricas específicas, algo que
poderia ser explorado via teoria dos nodos e categorias superiores. Aqui
poderíamos incluir a “espuma de spins” que emparceira com a noção de Maya
(ilusão) como uma "tecelagem" da realidade a partir de padrões
subjacentes, interpretando-os como um grafo dinâmico (9), onde os “nodos” representariam estados de consciência e as
"arestas" correspondem a transições ressonantes entre os “nodos”.
Como vemos, as vertentes do uso da matemática
é imensa e universal. A sua linguagem simbólica pode ser uma ponte entre o
abstracto e o manifesto, um código universal que permite traduzir padrões
profundos da realidade, seja na física do espaço-tempo, nos estados ressonantes
da consciência, ou na própria teia informacional fundamental. Não apenas uma
ferramenta externa para descrever fenómenos, mas inclusivamente pode ser
compreendida e aceite como uma linguagem inerente à própria estrutura da
realidade, revelada pelos valores das Constantes Universais ou de valores
numéricos sequenciais, que delas derivam, como é o caso da Sequência de
Fibonacci (o Número de Ouro), suporte do conceito de Design Intelligent.
As Constantes Universais, entre as
quais salientamos algumas como a velocidade da luz (c) ≈ 299.792.458 m/s, a de
Planck (ℏ) ≈ 1,054 × 10⁻³⁴ J·s, que regula a granularidade
do espaço-tempo na escala quântica, a Constante gravitacional (G) ≈ 6,674 × 10⁻¹¹ m³/kg·s², que
relaciona a massa com a curvatura do espaço-tempo e a Constante de estrutura fina (α ≈
1/137), que determina a força da interacção electromagnética, essencial para a
estabilidade da matéria, são valores numéricos fundamentais que parecem não
mudar e estar embutidas na estrutura do universo. Determinam tudo, desde a
forma das galáxias até ao funcionamento da consciência biológica e devem ser vistas
como balizas de ancoragem matemática que estabelecem os limites e as regras
fundamentais da realidade.
Assim podem ser
estruturas que pela sua constância dentro daquele Campo informacional, garantem
a manutenção da sua coerência, parâmetros sintonizados que permitiriam estados ressonantes de
percepção e organização da realidade. Por exemplo a constante de Planck (ℏ) pode definir a granularidade mínima do tecido
informacional, semelhante aos pixéis (ou neste caso a voxéis – mistura de
volume com pixel), ou o valor 137 (α⁻¹), que surge em muitos contextos, fosse
um código fixo dentro da estrutura holográfica da realidade.
Porém, algumas
teorias sugeriram que as constantes podem não ser realmente fixas, mas podem
emergir de processos mais profundos em que a própria teia informacional pode
ajustar essas constantes de forma dinâmica, num processo semelhante à auto-organização
de sistemas complexos que também já apontámos.
Encarando as
constantes do ponto de vista da mecânica quântica, estas podiam ser médias
estatísticas de processos probabilísticos mais profundos e se as constantes
emergem de estados informacionais quânticos, então mudanças na organização da
informação podem alterar esses parâmetros fundamentais.
Se a consciência
for uma propriedade fundamental, pode ser que exista um papel activo na
observação e interacção com aquelas “constantes”, talvez até permitindo
sintonizações finas da realidade em estados elevados de percepção (meditação
profunda, estados de
fluxo (flow states) ou experiências
xamânicas e místicas, como equacionámos já antes. Tal como um violino precisa
ser afinado para vibrar correctamente, também o universo pode ter as suas “constantes”
como "frequências" que garantam a sua harmonia interna.
Questões que se mantêm em aberto, não fosse a Ciência ter esta particularidade de levantar mais questões do que dar respostas. Contudo a questão fundamental permanece sem resposta: O que está por detrás da Teia Informacional Quântica (o Atma), fonte de todas aquelas propriedades? Parabrahman védico, Realidade Última no Budismo, Ain Soph da Cabala, O Uno Indivisível de Giordano Bruno, a Monada em Leibniz, ou ainda Deus Absconditus,"O Deus oculto", na tradição mística cristã?
Alberto Einstein tinha razão quando
intuiu que "Puros pensamentos
matemáticos são, só por si mesmos, capazes de revelar-nos os segredos da
natureza." ou ainda que "O mais incompreensível do Universo é que ele
é compreensível.".
Mantemos essa esperança como uma Luz
no fundo do túnel do conhecimento.
Notas
(1) O
espaço-tempo pode ser descrito como uma rede discreta de interacções quânticas
chamadas grafos de spins. Esses grafos formam uma espuma quântica, onde
pequenos loops de informação
entrelaçam-se para gerar uma estrutura geométrica maior, sugerindo que o
contínuo do espaço-tempo clássico emerge de uma teia subjacente de relações
informacionais. No caso particular da “espuma de spins”, esta estrutura
configura um conjunto de faces, arestas e nodos que se interconectam, formando
uma malha quântica, que se assemelha a um complexo simplicial, com células
triangulares e tetraédricas. Cada face está associada a uma quantização da área e os volumes emergem
dessas estruturas combinatórias. Este modelo matemático tem a particularidade
de registar a evolução das redes de spins, integrando-as cumulativamente, tal
como o descreve a mecânica quântica de Feynman.
Na GQL (Gravidade Quântica em Laços),
a geometria do espaço-tempo é descrita em termos de estados de entrelaçamento
de redes de spins (gráficos rotulados por representações de SU(2) – postulado
fundamental da mecânica quântica e da teoria do grupo das rotações associadas
ao spin, que pela sua complexidade não vamos aprofundar no âmbito deste
trabalho). A evolução dessas redes no tempo forma a chamada “espuma de spins”,
uma estrutura ao mesmo tempo discreta e quântica representando a evolução da
geometria do espaço-tempo. Essa “espuma”, por ser análoga às bolhas formadas
numa espuma, tem uma topologia dinâmica, onde são estabelecidas diferentes
ligações e interacções locais entre os nós ou nodos e as arestas introduzindo
alterações contínuas na sua estrutura global.
(2) A
Interpretação de Aharonov da mecânica quântica, também chamada de formalismo do
vector de estado bidireccional (Two-State Vector Formalism – TSVF), propõe que
a realidade quântica não é completamente determinada apenas pelo passado, mas
também pelo futuro, significando que um estado quântico é definido tanto por
condições iniciais (passado) quanto por condições finais (futuro). O modelo
desafia a visão tradicional de que apenas o passado influencia o presente,
introduzindo a ideia de retrocausalidade em que eventos futuros podem ter
influência sobre o presente. Na mecânica quântica tradicional, a evolução de um
sistema é descrita pela equação de Schrödinger e determinada pelo vector de
estado inicial. No formalismo de Aharonov, há dois vectores de estado: um que
evolui do passado para o futuro (como na mecânica quântica clássica), outro que
evolui do futuro para o passado, introduzindo um efeito retrocausal com o significado
peculiar de que o que acontecer no futuro afecta a descrição do presente.
(3) A
Experiência da Escolha Retardada sugere que uma decisão feita no presente pode
afectar eventos no passado. Podemos descrevê-la da seguinte maneira: num
interferómetro de Mach-Zehnder um fotão pode seguir dois caminhos diferentes. Se
um detector é activado depois que o fotão passou pelo divisor de feixes, poderá
ter dois comportamentos distintos, como uma onda ou como partícula. O estranho
é que a escolha de medir ou não medir pode ser feita depois que o fotão já
passou pelo divisor de feixes, dando a ideia de que o seu comportamento foi “determinado”
pelo futuro, como se a informação estivesse a fluir retroactivamente. Se
usarmos o formalismo TSVF que expusemos antes (1), para interpretar este fenómeno, poderíamos dizer que o estado
final pós-selecionado do fotão afecta a sua trajectória passada.
(4) Esta outra
experiência foi conduzida por Xiao-Song Ma e Anton Zeilinger e testou um
conceito chamado entrelaçamento de escolha retardada (Delayed-Choice
Entanglement). Aqui dois
fotões são preparados, mas a decisão de entrelaçá-los ou não é feita depois que
já foram sujeitos a uma medição. Inexplicavelmente o resultado das medições
passadas, parecem “ajustar-se” às escolhas feitas no futuro. Logo, se
aceitarmos que o estado futuro influencia o passado, então o que se passa não é
uma coincidência, mas um efeito real da rectrocausalidade quântica!
(5) O que é um potencial de poço duplo? Imagine uma colina entre dois vales. Se colocarmos uma bola num dos vales, ela pode ficar lá parada ou, se ganhar energia suficiente, pode rolar para o outro vale. Matematicamente, este sistema pode ser descrito por uma curva com dois mínimos (vales) e um máximo (colina no meio) que se expressa pela função
onde 𝑥
é a posição da partícula, 𝑎 e 𝑏
são parâmetros que definem a profundidade e a forma dos vales que descrevem um sistema que tem dois estados
estáveis (os vales) e um estado instável (o topo da colina). Um potencial de
poço duplo modificado é uma versão alterada deste modelo, onde a forma dos
vales ou da colina pode mudar para incluir efeitos adicionais, tais como assimetrias
dos vales, uma barreira ajustável que dificulta a transição entre estados, ou
ainda, para complicar, termos extras na equação. Um exemplo de aplicação pode
verificar-se em transições de fase conhecidas, como a mudança do ferro num ímã
quando aquecido. Outro exemplo é quando o Bosão de Higgs “escolhe” um dos
vales, quebrando a simetria do vácuo. Exemplos de utilização mais corriqueira
surgem nas transições de fase, como aquela quando a água passa a gelo; no
fenómeno do Túnel Quântico, quando uma partícula pode atravessar a barreira da
colina sem subir por cima, mas atravessá-la como se não existisse a colina; ou
na neurociência com a aplicação dos modelos de tomada de decisão no cérebro.
Podemos assim descrever estados da
consciência usando um potencial de poço duplo, onde cada vale representa uma realidade
ou nível de percepção, em que um vale é a consciência expandida e o outro vale
a consciência limitada e, com práticas como meditação, estados alterados de
consciência que envolvam processos quânticos profundos possam ocorrer por
transição de fase.
No caso em que envolva a teia informacional,
o potencial de poço duplo modificado, poderia ser um modelo eficaz para
descrever estados alternativos do vácuo com as suas flutuações quânticas, bem
como a própria estrutura holográfica da realidade, onde o próprio universo
agiria como se fosse um sistema computacional quântico processando transições
entre estados informacionais fundamentais.
A ideia central no nosso modelo é mostrar que a consciência não é apenas
um fenómeno emergente do cérebro, mas sim uma estrutura fundamental da
realidade, ligada à teia informacional do universo, ecoando a visão do Advaita
Vedanta, onde a consciência é o substrato fundamental e o universo a sua projecção
holográfica. Também
lembra o conceito védico de Maya, onde a consciência limitada percebe a ilusão,
enquanto a consciência desperta percebe a unidade fundamental.
(6) O
Hamiltoniano (𝐻) é uma fórmula matemática usada tanto na física clássica quanto na
quântica que descreve toda a energia de um sistema físico, tanto a cinética
como a potencial. Podemos pensar nele como o “manual de regras” da energia, avaliando-a
e definindo a sua evolução no tempo. Deste modo o universo pode ser
interpretado como um grande sistema quântico, onde o Hamiltoniano define tanto
a evolução do espaço-tempo quanto a da informação.
(7) Um espaço
fibrado é um tipo especial de estrutura matemática onde um espaço maior (o
espaço total) parece ser formado por várias “cópias” menores de outro espaço (a
fibra), organizadas de maneira suave sobre um espaço base. Podemos considerar
como um bom exemplo intuitivo, a estrutura de um guarda-chuva, Imagine um
guarda-chuva fechado. A haste central representa o espaço base (por exemplo,
uma linha recta), e cada haste lateral representa uma fibra. Para cada ponto ao
longo da haste, existe uma fibra associada (o raio do guarda-chuva). As fibras
mudam de forma suave ao longo do espaço base. O espaço total é o guarda-chuva
inteiro.
Se pensamos na consciência como um sistema
ressonante, podemos associá-la a um espaço fibrado, fazendo com que o espaço
base represente os estados fundamentais da realidade, as fibras representem as
diferentes configurações de estados internos da consciência e a transição suave
entre estados ocorra como um movimento contínuo ao longo do fibrado. Simples!
(8) Antes temos que definir a ideia
de grupo por um conjunto de objectos com uma regra associada para combiná-los,
dando como resultado um outro objecto do mesmo conjunto. Exemplo de um relógio
com a operação de somar horas, originando um grupo porque existe uma operação
(somar horas) que sempre retorna a um número inscrito no relógio, por ter um
elemento neutro, 12 (pois somar 12 não muda nada) e todo número tem um inverso
(ex: +3 e -3 dão 12, ou seja, voltam ao início). No nosso caso exploratório,
isto pode-se encaixar com a ideia de sintonização ressonante e transições
suaves entre estados informacionais.
(9) Um garfo
dinâmico é um ponto onde um sistema pode seguir diferentes caminhos de
evolução, dependendo de pequenas variações nas condições iniciais. Ou seja, é
um momento, como se estivéssemos numa encruzilhada, em que algo pode ir para
duas ou mais direcções possíveis. Na meteorologia, pequenas mudanças no vento podem determinar
se uma tempestade se forma ou se dissipa (Efeito Borboleta). No caso vertente,
um garfo dinâmico pode ser adaptado a sistemas complexos, como a consciência e
o espaço-tempo, onde pequenas mudanças levariam a realidades diferentes.
____________________________
Post Scriptum
Neste trabalho definimos Sistema
quando nos referimos a “objectos” físicos ou conscientes e a Modelo quando a
conceitos matemáticos.
Conceito de Campo: A noção de Campo é central na física e na matemática, representando uma entidade que atribui um valor a cada ponto do espaço e/ou do tempo. Dependendo do contexto, um campo pode ser escalar, vectorial, tensorial ou até mesmo mais abstracto, como os campos de operadores na teoria quântica.
Todas as equações matemáticas resultantes
são conforme o sugerido pelo ChatGPT (OpenAI, 2025). Demonstração interessante de
como utilizar a IA.
João Porto e Ponta Delgada, 12/03/2025
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