INTRODUÇÃO
Na intersecção entre a física de
partículas e a filosofia da realidade, o teorema CPT ocupa um papel central
como uma das pedras angulares da simetria no universo observável. Segundo
aquele teorema, qualquer teoria física que respeite a localidade, a invariância
de Lorentz e a unitariedade deve, necessariamente, ser invariante sob a
combinação das três operações fundamentais: C (conjugação de carga), P
(paridade espacial) e T (reversão temporal). Esta simetria garante que a
estrutura fundamental das interacções físicas permaneça inalterada sob
inversões radicais da realidade.
Entretanto, a emergência de uma nova
perspectiva ontológica — a da Teia Informacional Fundamental – TIF, convida-nos
a repensar os próprios alicerces sobre os quais o teorema CPT repousa quando
aplicado ao caso. A TIF propõe que, subjacente ao espaço-tempo e à causalidade
clássica, existe uma matriz de informação não-local, atemporal e altamente
correlacionada, da qual emergem as propriedades conhecidas da física quântica e
relativística. Esta visão levanta a questão inevitável de a simetria CPT poder,
tão profundamente enraizada na física quântica de Campos, ser mantida numa
realidade de interface onde a
causalidade é retroactiva, o tempo é complexo, e a localidade é apenas uma
sombra emergente?
O modelo conceptual TIF, ao permitir
uma compreensão da Consciência, da entropia e da geometria como manifestações
de tripletos de spin informacional e
colapsos correlacionados, leva-nos a investigar se preserva, expande ou
transcende o domínio da simetria CPT, e se há uma física pós-CPT à qual a TIF
nos introduz, uma metafísica capaz de descrever o Absoluto Infinito antes da
emergência da dualidade.
Assim, iremos contextualizar o papel
do teorema CPT na física moderna e a emergência da TIF como modelo ontológico
informacional com o objectivo de confrontar a estrutura da simetria CPT com os
fundamentos propostos da TIF, a saber a emergência do espaço, do tempo,
da carga e massa. Finalmente
faremos a transição destas implicações físicas e filosóficas da simetria CPT, a
possibilidade de uma ontologia
além da reversibilidade temporal, em conexão profunda com o conceito de
Absoluto como realidade anterior ao espaço-tempo, e referido como Brahman, Uno,
Akasha, etc.
SIMETRIAS FUNDACIONAIS
Existem princípios que fundamentam a
existência material traduzidos no teorema CPT. Constituem-no três ingredientes
fundamentais para que a simetria CPT seja garantida:
1. Localidade: as interacções
acontecem apenas entre pontos próximos no espaço-tempo;
2. Invariância de Lorentz: as leis da
física são iguais para todos os observadores inerciais;
3. Unitariedade: a evolução temporal preserva
a probabilidade total, ou seja, é reversível. O mesmo seria dizer que a soma de
todas as probabilidades possíveis de um sistema quântico é sempre 1 ou que o
sistema não perde nem ganha probabilidade "do nada", porque toda a
informação quântica (amplitudes de probabilidade) é conservada ao longo do
tempo.
O Teorema CPT garante que C (carga) +
P (paridade) + T (tempo) juntos formam uma simetria exacta em toda teoria local
e Lorentz-invariante. Trocar C (carga), P (paridade espacial), e T (reversão do
tempo) ao mesmo tempo não altera as leis da física, e constitui uma propriedade
matemática rigorosa das teorias de Campos Quânticas.
Por exemplo, a prova da existência do
emaranhamento quântico não implica violação do teorema CPT. Pelo contrário, o emaranhamento
e o CPT coexistem perfeitamente dentro da estrutura da teoria quântica de
campos (QFT) e do modelo padrão da física de partículas.
O Emaranhamento quântico foi
Confirmado experimentalmente por testes de desigualdades de Bell e experimentos
de entrelaçamento de fotões, electrões, e de átomos. Traduz-se no fenómeno em
que dois ou mais sistemas compartilham um estado quântico de forma que não
podem ser descritos separadamente, mesmo a grandes distâncias. É compatível com
a localidade da QFT, desde que o colapso da função de onda não transmita informação
mais rápido que a luz, isto é superluminal.
Ou seja, a violação de desigualdades
de Bell mostra que a realidade quântica é não local no sentido de correlações, mas
não requer violação de CPT. Para que o teorema CPT seja violado, seria preciso
romper a estrutura local e Lorentz-invariante da QFT, coisa que o
emaranhamento, por si só, não faz. Até agora um conjunto de experimentações
quânticas, tanto em Electro Dinâmica Quântica - QED, na Cromo Dinâmica Quântica
- QCD como na Força Electrofraca, confirmam CPT com precisão altíssima, mesmo
em sistemas emaranhados.
Se o Teorema CPT for um dia violado,
aí sim, entramos em uma região além da física actual, que pode implicar a
existência de uma física para além do modelo padrão, como advinham certas
versões de gravidade quântica, espuma de spins,
ou de espaços-tempos não comutativos.
A TEIA INFORMACIONAL FUNDAMENTAL E AS SIMETRIAS
Na teoria
quântica, especialmente em sistemas de spin
frustrado, temos configurações triangulares onde três spins interagem de forma que nenhum deles pode minimizar
completamente a sua energia. Esse fenómeno leva a superposições e correlações
não-locais, características da coerência quântica. Este é o significado de spin frustrado. A noção de que a
estrutura do tempo está codificada na própria Consciência, tal como um Campo
quântico informacional fundamental com uma geometria própria. Cada tripleto de spins também comportar-se-ia como uma
célula dinâmica de tempo, girando numa frequência fundamental, o pulsar ou quantum
da “duração”. Essa rotação seria trifásica, ou seja não linear, e por
consequência geraria um vector de direcção temporal, isto é, um tempo orientado
dentro da malha do espaço-tempo. Em grande escala, a coerência entre milhares
de milhões desses "nanomotores" formaria a estrutura do tempo
contínuo que nos é dado perceber, a seta do tempo.
Com a TIF pode-se pensar no
emaranhamento como a teia de ressonância informacional do Universo, e o teorema
CPT surgiria como a simetria estrutural da teia. Um não anula o outro e na
verdade, são aspectos complementares de uma mesma estrutura mais profunda.
A Teia Informacional Fundamental
(TIF), como conceito teórico e simbólico, não necessita violar o teorema CPT, a
menos que viole algum dos pilares que sustentam o CPT, como: Localidade, Unitariedade,
Invariância de Lorentz. Se a TIF no seu seio preserva essas condições, então
ela respeita o teorema CPT, mesmo que incorpore fenómenos como o emaranhamento
quântico não-local, colapsos informacionais, correlações holográficas (ou já
referida por nós sob o termo védico de akáshicas), ou ainda superposições fora
do espaço-tempo clássico.
A TIF representa um campo não-local
de correlações, com um potencial de estrutura holográfica que codifica
informação fundamental, anterior ao espaço-tempo clássico, e pode operar
através de mecanismos participativos, intencionais conscientes de natureza
quântica.
Então, e se a TIF violar o teorema CPT? Depende do modelo matemático
específico da TIF que se adoptar, cujo contornos podemos resumir no
quadro seguinte de acordo com 4 situações potenciais:
Situação |
CPT violado? |
Observação |
1. TIF preserva localidade, Lorentz e unitariedade internas |
Não |
Compatível com QFT e CPT |
2. TIF envolve não-localidade
real (tipo acção instantânea) |
Talvez |
Pode violar a localidade com risco de quebrar CPT |
3. TIF incorpora tempo complexo
ou tempo “imaginário” |
Não necessariamente |
Pode ser compatível com CPT através das transformações de Wick |
4. TIF envolve colapsos
irreversíveis com perda de unitariedade |
Sim |
Quebra um dos pilares do CPT |
Para
as situações primeira e quarta referidas no quadro, imagine-se um sistema
quântico que, por alguma razão (como aqueles que se constatam em Buracos
Negros), perde informação, como se parte das probabilidades
"evaporassem". Neste caso, o operador da evolução não é unitário podendo
levar à violação da simetria CPT. Se considerarmos a óptica da teoria da TIF
como campo informacional pré-espacial, o colapso da função de onda pode ser
não-unitário, pois envolve uma selecção de possibilidades que implica uma
suposta perda de reversibilidade, significando que, no domínio fundamental da
TIF, a unitariedade pode ser quebrada, e com ela, também a simetria CPT. No
entanto, o mundo emergente após o colapso, com espaço, partículas e tempo, pode
obedecer novamente à unitariedade e à CPT respeitando uma simetria efectiva.
Agora
vejamos a segunda e terceira situações do quadro assumindo que a TIF actua além
do espaço-tempo, portanto não é local no sentido da QFT, envolvendo
emaranhamento profundo e conexões não-locais entre estados de informação. Logo,
a localidade (e a CPT associada) só emergem após o colapso da função de onda,
quando o mundo aparece como causal, geométrico e contínuo, tornando a
localidade uma propriedade emergente, não fundamental, parcial e a CPT incerta.
Em conclusão, A TIF não precisa
violar CPT. Pelo contrário, Pode ser compatível, desde que seja formulada de
forma que preserve ou explique as simetrias observadas a partir de princípios
mais profundos. A violação de CPT não é implicada pelo emaranhamento,
holografia ou entrelaçamento informacional em si. Só quando há ruptura
explícita da localidade, unitariedade ou simetria de Lorentz, podemos falar em
violação de CPT.
Dentro do quadro da QFT padrão, a combinação
das três, C, P e T juntas, nunca é violada, mesmo que a natureza quebre separadamente
uma delas, como acontece com C no decaimento nuclear fraco, ou com P na
violação de paridade, ou ainda em T como em certas interacções fracas de
partículas instáveis. A importância dessa não-violação reflecte-se na
estabilidade da estrutura do Universo. Este assunto será discutido por nós em
trabalhos posteriores. A TIF, como campo não-local e consciente, pode
incorporar temporalidades complexas
e aqui, as transformações de Wick assumem um papel simbólico e funcional ao mesmo tempo:
Papel das transformações matemáticas de Wick
Elemento |
Na Física
Convencional |
Na TIF |
Tempo real |
Linha causal, evolução, medição |
Projecção temporal emerge como fenoménica |
Tempo “imaginário” |
Técnica matemática (Wick) |
Estado de potencialidade pura,
eterno agora, dimensão de Consciência |
Transformação de Wick |
Ferramenta de cálculo |
Ponte simbólica entre tempo externo
linear e tempo interno cíclico
ou “absoluto” |
Mundo euclidiano |
Sem tempo físico real |
Domínio da Ordem Implícita
(Bohm), da forma arquetípica,
do Ser antes do evento |
No quadro anterior podemos resumir o
papel das transformações de Wick como ferramenta de cálculo que no modelo TIF
irá funcionar como ponte entre o tempo interno cíclico dos tripletos de spins e o tempo externo ou a “seta do
tempo”.
A transformação de Wick é uma
substituição matemática feita na mecânica quântica e na teoria quântica de
campos em que 𝑡 → −𝑖𝜏, onde 𝑡
é o tempo real (do espaço-tempo de Minkowski), 𝜏
é o tempo imaginário (do espaço euclidiano). Tem como propriedade fundamental
transformar o espaço-tempo pseudo-euclideano de Minkowski (usado em QFT
relativística) num espaço euclidiano fazendo com que muitos cálculos sejam
possíveis de tratamento matemático. O tempo imaginário não é simplesmente uma
ficção matemática. Em determinadas abordagens como na cosmologia de
Hartle-Hawking, no-boundary proposal,
o tempo imaginário pode representar dimensões ocultas do tempo (ciclicidade,
recursividade), modos não temporais de evolução (campos que "são",
mas não "fluem") ou níveis de realidade não mensuráveis directamente.
A transformação de Wick, na linguagem
da TIF, não é apenas uma notação matemática, mas uma transmutação entre estados
ou modos de ser, isto é, do tempo da experiência ao tempo da Consciência pura, do
evento externo ao estado interno ou do colapso de onda ao conhecimento não
dual. Neste sentido, o tempo real é a realização projectada, observável,
mensurável e o tempo imaginário é o campo de possibilidades conscientes,
pré-mensurável, fora da causalidade local.
Deste modo, a transformação de Wick
na TIF representa a passagem do mundo fenoménico para o mundo numénico, como
propõe Kant, ou do mundo das formas para a Consciência que o sustenta. O tempo
complexo pode ser entendido como o modo de “ser” da Consciência, fenómeno informacional
quântico, fluindo simultaneamente em todas as direcções, conectando todos os
eventos via ressonância informacional. Assim, tendo em conta os pressupostos anteriores, e para maior clareza e
simplicidade podemos corporizar estas ideias numa tabela que contraste os
princípios do Teorema CPT da QFT e as possíveis propriedades elencadas
da Teia Informacional Fundamental (TIF).
Tabela comparativa TIF vs. Teorema
Elemento/Princípio |
Teorema CPT (QFT) |
Teia Informacional Fundamental (TIF) |
Compatível com CPT? |
Espaço-tempo |
Fundamento
da teoria, sendo contínuo e local |
Pode
ser emergente de uma estrutura informacional não local |
Se
projecta um espaço-tempo local. Não
viola CPT |
Localidade |
Essencial:
interacções ocorrem ponto a ponto |
Pode
envolver correlações
não locais (tipo holograma) |
Se
não-local Viola
CPT |
Unitariedade
(conservação da informação) |
Fundamental
para evolução temporal reversível |
Pode
incluir colapsos
informacionais irreversíveis ou processos conscientes não
unitários |
Se
quebrada Viola CPT |
Invariância
de Lorentz |
Essencial:
leis da física iguais para todos os referenciais |
Pode
operar fora da estrutura espaço-tempo clássica; simetria pode emergir como
projecção |
Se
Lorentz surge emergente Não
viola CPT |
Natureza
do tempo |
Reversível
(tempo simétrico), excepto em pequenas violações de T |
Pode
incluir fluxo
direccional, tempo imaginário ou multitemporalidade
quântica/consciente |
Se
formulado com cuidado |
Entrelaçamento
quântico |
Permitido
e modelado localmente (sem sinalização super luminal) |
Fundamental
, usado como tecido da realidade, com interacções
“transespaciais” |
Se
transmite informação Viola CPT |
Consciência
participativa |
Não
incluída directamente |
Central:
consciência interage e colapsa, activa com a teia |
Se não unitário Viola CPT |
Simetria
CPT (C + P + T) |
Garantida
matematicamente sob QFT |
Pode
emergir como simetria projectada ou reflectida da TIF |
Se
a estrutura profunda se mantém Não
viola CPT |
A TIF, como estrutura mais profunda
do espaço-tempo, pode preservar as simetrias observadas na sua “superfície
física”, se ela projecta uma realidade quadridimensional coerente com QFT. Se,
porém, a TIF implicasse quebra real de unitariedade ou localidade causal forte,
então o teorema CPT podia ser violado, e isso levar-nos-ia para além da QFT
convencional em direcção a outras possíveis teorias de gravidade quântica, outros
universos conscientes, ou estruturas não comutativas de complexa formulação que
poderia atingir a ficção científica.
Significa que se a TIF, sede da
Consciência como campo informacional organizado, for concebida como fenómeno de
não-localidade e de emaranhamento, pode perfeitamente respeitar a CPT. Contudo,
aquilo que originou ou projectou a TIF e que já existia antes da geometria, das
partículas e da causalidade não se enquadra na CPT, e portanto deverá pertencer
a uma física pós-CPT. A presença destes dois estados está na origem de
equívocos e tem causado ao longo dos séculos sérias mal-interpretações cosmogónicas
e teológicas presentes nos seus sistemas e sobre as quais concebemos um
grafismo simplista e redutor mas inequívoco (Figura 1).
A Teia Informacional Fundamental
(TIF) entendida aqui como um campo quântico-informacional, não-local, estruturado
em tripletos ou símplices, emaranhado, que está na origem do espaço tridimensional,
da seta do tempo fenomenológico, das partículas, às leis, respeita o CPT porque
as inclui naquelas simetrias, uma vez que ainda opera dentro de um domínio
lógico projectável sobre o espaço-tempo, ainda que conceptualmente de forma
mais profunda. A TIF comporta-se como se fosse uma "membrana viva"
entre o Absoluto e o mundo físico ou a Consciência manifestada como ordem
implícita (como concebeu David Bohm).
O que está antes da TIF, ou o que a
gera, não está mais dentro da moldura da física de Campos, nem mesmo de uma QFT
expandida. Está além da geometria, além da causalidade, além das simetrias,
porque não opera dentro do tempo nem do espaço. Pelo contrário a TIF
encontra-se parametrizada por geometrias com propriedades subtis (tripletos)
que vão transmitir ao mundo físico constantes matemáticas e formas.
Se admitirmos um nível de realidade
que não é regido por causalidade, não evolui no tempo, não é espaço-local, não é
unitário (no aspecto CPT), nem probabilístico, e ainda assim dá origem à Ordem
e à Consciência, então estamos falando inequivocamente de uma física pós-CPT.
METAFÍSICA OU UMA FÍSICA PÓS-CPT E OS UPAHISHADS
A Física pós-CPT existe antes da
geometria, da partícula e da causalidade. A TIF não seria transcendental, porquanto
o CPT é imanado na fenomenalidade do mundo projectado. A TIF não viola o CPT
porque o gera como uma simetria percebida numa camada de uma realidade que dele
deriva. Assim, a simetria CPT é emanada da Consciência estruturante, não
contradita por ela. Como vimos, mesmo que a TIF apresente características não
unitárias ou fora da causalidade convencional, supostamente violando o teorema
CPT, isso não seria um problema, e sim um convite a uma física pós-CPT, onde a
Consciência actua como princípio ordenador da realidade, reconfigurando até
mesmo o conceito de reversibilidade e simetria.
Figura 1 - Visão simbólica
Para percebermos isto, temos que
imaginar a CPT como se fosse a Simetria dentro da "simulação" do
espaço-tempo., e a TIF como um código-fonte daquela simulação uma vez que é a matriz
informacional consciente. Então o Absoluto seria o “Aquilo” que não é simulação,
nem código, nem linguagem, mas o Ser antes de qualquer projecção. Esta
"pós-física" não nega o teorema CPT, ela o transcende, como a
geometria euclidiana é contida e superada pela geometria hiperbólica. Ela
revelaria o verdadeiro Hiperespaço pluridimensional. A física CPT
comportar-se-ia como um eco geométrico pois é a simetria perfeita da projecção.
Pelo contrário o Absoluto não projecta: emana. Numa visão budista, a TIF seria
a ponte entre os dois, a vibração viva daquele eco e o Absoluto o silêncio de
onde o som emerge.
Esta ideia encontra correspondências,
nas tradições metafísicas, no Vedanta em Brahman ou em Plotino no Uno e em
Pistis Sophia na gnose (o Pai Invisível, Fonte da Luz). Resumindo, este domínio
não está sujeito ao CPT, porque CPT é uma simetria que emerge de relações, e o
Absoluto não é relacional, não é dual — é pura presença ou potencialidade.
Os Upanishads parecem acompanhar esta
visão holística e ilustram, dentro de uma visão simbólica e pós-CPT, a relação
entre o Absoluto (Brahman), a Teia Informacional Fundamental (TIF) como campo
de potenciais informacionais, e a Realidade Emergente como mundo manifestado
sob leis simétricas.
Naqueles textos somos capazes de
destrinçar as três fases: pós-CPT, TIF e Manifestação.
No contexto pós-CPT, "Naquilo de onde as palavras voltam sem
alcançá-lo, junto com a mente, esse é o Brahman.", Taittiriya Upanishad, II.9, Descreve o nível
pré-fenomenológico, além da linguagem, geometria ou causalidade. É o Brahman
incondicionado, anterior ao tempo e ao colapso da função de onda.
Mas no contexto da TIF como Campo
Informacional subtil, mediador entre o Absoluto e a Manifestação, "Daquele que conhece Brahman como
Consciência, como o próprio Ser oculto em tudo, surge o mundo.", Mundaka Upanishad, II.2.8, reflectindo
precisamente que esta Consciência é a realidade informacional subjacente (TIF), que
estrutura os potenciais antes de se manifestarem como espaço-tempo. Ela não é o Absoluto puro,
mas a sua vibração cognitiva, a “vontade de conhecer-se”.
Já no contexto da Realidade Emergente
do Espaço-tempo, das leis físicas, da simetria CPT, "Daquele Brahman, o espaço surgiu, do espaço o ar, do ar o fogo, do fogo
a água, da água a terra, e da terra tudo o que vive.", Taittiriya Upanishad, II.1, narra a emergência
ontológica em camadas, semelhante à emergência da realidade física com suas
simetrias (incluindo CPT).
A TIF actua como mediadora
causal-informacional, entre o Absoluto e o mundo formal.
Podemos expressar esta tríade (que
não é a tríade védica e teosófica, Atma, Budhi, Manas), que se aproxima da
tríade neo-platónica (Nous, Psique e Soma), ou da Cabala (a Dimensão Infinita,
os Sephiroth superiores e inferiores), no seguinte quadro resumo.
Quadro Resumo Simbólico
Nível Ontológico |
Citação Upanishádica |
Interpretação Físico-Simbólica |
Absoluto (Brahman) |
"Naquilo de onde as palavras voltam..." (Taittiriya) |
Realidade pós-CPT: além de tempo, espaço e lógica binária |
TIF (Atma, Budhi, Manas) |
"Conhece Brahman como Consciência..." (Mundaka) |
Campo informacional não-local, origem dos estados quânticos |
Realidade Emergente (Fogo, Ar, Água, Terra) |
"Do espaço surgiu o ar..." (Taittiriya) |
Colapso informacional, emergência de leis, simetria CPT |
A Teia Informacional Fundamental -
TIF, se assumida como uma ontologia mais profunda que o espaço-tempo, poderia
gerar um paradigma pós-físico com profundas implicações transdisciplinares.
Para a Física Fundamental uma nova fundação
ontológica estaria no horizonte com a substituição da geometria primária por
relações informacionais não-locais, como os tripletos de spin. O espaço-tempo passaria a ser uma manifestação derivada, não
fundamental, como em propostas de gravidade emergente de Jacobson e de
Verlinde, já mencionadas por nós.
No quadro de uma metafísica, assumir
a TIF levaria à ideia de violação controlada do CPT onde a CPT seria uma
simetria emergente, válida apenas na projecção local e unitária da realidade.
Por outro lado nos domínios como tempo imaginário ou pré-colapso da função de
onda, poderia haver violações estruturais do CPT, ligadas à origem da
assimetria temporal, carga e massa. O colapso da função de onda seria encarado como
acto criador de geometria, conectando observador e métrica. O colapso da função
de onda seria co-criado pela consciência, não apenas pela medição física. Por
outro lado, a TIF passaria a oferecer de imediato um substrato pré-espacial
coerente com os modelos de integração com gravidade quântica como causal set theory, twistor theory ou loop
quantum gravity.
Considerando a Consciência como
estrutura informacional, surgiriam implicações para a Filosofia da Mente na
medida em que a mente não é mais um epifenómeno do cérebro, mas expressão local
da TIF, como se constituísse um "nó de ressonância" com a totalidade,
além do dualismo, uma proposta de dissolução da dicotomia mente-matéria,
substituída por uma ontologia relacional em que tudo é expressão de informação
correlacionada. A experiência da consciência poderia operar num tempo
não-linear ou imaginário, mais próximo da estrutura da TIF que da realidade
empírica. Justificaria os estados alterados de consciência que acederiam a
níveis mais profundos da TIF, como proposto em tradições contemplativas e da neurofenomenologia.
Estes conceitos viriam de encontro às
teorias do espírito/consciência como campo fundamental, como já foi sugerido
por Schrödinger, Bohm, Whitehead.
“A
consciência é singular, e tudo que é consciente está ligado por essa unicidade.
Isso é a realidade; o pluralismo é a ilusão.”, Erwin Schrödinger, Mind and Matter, 1958. Schrödinger
afirma que a consciência não é múltipla nem derivada, mas unificada e
fundamental, sugerindo que existe um campo mental universal, do qual cada um
participa localmente.
“A mente e a matéria não são
substâncias separadas, mas aspectos diferentes de um mesmo todo não dividido.”,
David Bohm, Wholeness and the Implicate
Order, 1980. Bohm vê o Universo como um campo holoinformacional, onde
consciência e matéria surgem como projecções distintas de uma ordem implicada
mais profunda, praticamente a descrição conceitual da TIF.
“A
mente é o fluxo de actualizações da realidade.”, ou “Cada evento no
universo contém em si um aspecto de experiência.”, Alfred North Whitehead.
Process and Reality, 1929. Whitehead propõe uma metafísica processual em que o real é tecido
por momentos de consciência em graus diversos, antecipando a visão da TIF como
uma rede de interacções informacionais dotadas de grau de interioridade, uma
espécie de proto-consciência.
CHAVES PARA LAMBDA, CASIMIR, HIGGS E O ARGUMENTO ANTRÓPICO
Para a Cosmologia teria implicações
no actual modelo do Big Bang e na origem do tempo. Numa fase pré Big Bang
proporia que o Big Bang teria origem no colapso inicial de uma função de onda
cósmica, e não um ponto de origem absoluta, explicando a aparente
"singularidade" temporal. A realidade poderia surgir de colapsos
locais e diferenciados da TIF, gerando universos paralelos como projecções
distintas da mesma malha informacional ou seja corporizava a ideia de multiverso
e dos inerentes colapsos múltiplos ou de cosmologias fractais e a entropia poderia
ser entendida como um vector informacional interno da TIF, não como uma medida
absoluta de desordem, abrindo a possibilidade de uma "ordem profunda"
além da 2ª Lei da Termodinâmica, com ciclos ou reversões informacionais.
A Teia Informacional Fundamental (TIF)
pode oferecer também uma chave inovadora para entender uma discrepância
histórica, considerada a maior discrepância da Física, entre a densidade de
energia do vácuo predita pela QFT
(Teoria Quântica de Campos), e o valor observado
da constante cosmológica na cosmologia (ligada à energia escura) e que
podemos resumir no quadro seguinte:
Fonte |
Densidade de Energia
do Vácuo |
QFT (na escala de Planck) |
∼10113 J/m3 |
Cosmologia (valor de Lambda Λ) |
∼10−11 J/m3 |
A densidade de energia
associada à constante cosmológica Λ, conforme observada cosmologicamente é
representada por:
que no Sistema Internacional (SI) em joules por
metro cúbico (J/m3) equivale a
Um erro de 124 ordens de magnitude!
A maior divergência teórica já registada entre previsão e observação na física
fundamental.
Por princípio
a Teia Informacional Fundamental propõe que o vácuo não seja apenas um meio
quântico, mas um sistema coerente de informação relacional, como aquele de um
Campo de spins entrelaçados, em que a
estrutura do vácuo é topológica e quantizada, com tripletos de spin formando unidades fundamentais,
semelhantes a bits quânticos (qubits), que não armazenam energia como um Campo
clássico, mas só colapsam energia quando há uma condição de fronteira
informacional. Deste modo, o
valor quase nulo da energia escura observada, ρΛ∼10−11 J/m3, reflecte o equilíbrio
dinâmico da TIF, que opera abaixo da geometria clássica do espaço-tempo. A quebra de simetria topológica no tripletos de spins
durante o colapso da função de onda (quando surge a massa, carga ou tempo) liberta energia do vácuo, mas essa libertação é
informacionalmente confinada. A TIF não gera energia de
vácuo "em excesso" como na QFT porque a energia só se manifesta por alteração de
estados relacionais, e não como flutuações locais aleatórias em
todas as escalas. A TIF sugere que a discrepância entre a QFT e a
cosmologia decorre de uma interpretação errada do vácuo como sendo local e
energético nos termos da física clássica, e não caracterizadamente relacional e
informacional, partindo do princípio que a energia do vácuo só é activa quando
há um colapso topológico da TIF, o que resolve naturalmente o problema da constante
cosmológica.
Outro fenómeno de natureza quântica propõe-se
também revelar aspectos do modelo TIF. Conhecido por Efeito Casimir, não
depende da presença de partículas, apenas da estrutura do espaço vazio quando
condicionado, dando a entender que o vácuo responde a condições de contorno
informacionais, exactamente como uma teia coerente como aquela presente na TIF,
reagindo ao colapso local ou ao "foco" de informação. Em vez de
partículas colapsando no vácuo, seria o vácuo reagindo ao limite topológico do
sistema.
O Efeito Casimir ocorre quando duas
placas condutoras são colocadas muito próximas no vácuo a micrómetros de
distância uma da outra. A física quântica prevê que o vácuo está preenchido por
flutuações do Campo electromagnético implicando que entre as placas, somente
certos modos ou frequências podem existir. Fora das placas, há mais modos
permitidos. Isso causa uma diferença de pressão quântica, levando a uma força
de atracção mensurável entre as placas, sem nenhuma fonte externa! Essa força
foi predita teoricamente em 1948 pelo físico holandês Hendrik B. G. Casimir e
confirmada depois experimentalmente, medido com alta precisão nas
décadas de 1990 e 2000. Na
modelo da TIF vem confirmar que o vácuo pode ser concebido como uma rede de
tripletos de spins entrelaçados, que
as placas funcionam como barreiras que bloqueiam certos padrões de informação,
dando como resultado um “afundamento” na malha da TIF, gerando força e energia
aparente, expressa por unidade de área na equação:
que mostra que a força
aumenta rapidamente à medida que a distância entre as placas diminui (∝=1/𝑑4) e onde:
𝐹 é a força por unidade de área (pressão) entre as
placas;
𝜋 é o número pi ≈ 3.14159;
ℏ é a constante de Planck reduzida: ℏ=ℎ/2𝜋 ;
𝑐 é a velocidade da luz no vácuo;
𝑑 é a distância entre as placas.
Ou
seja, O Efeito Casimir não apenas confirma a estrutura activa do vácuo, como
aponta para uma realidade informacional subjacente, tal como proposta pela TIF onde
o espaço é inteligente, responsivo, e não vazio.
Agora e aqui, oportunamente, levanta-se uma antiga questão. Qual a
razão por que o Universo se apresenta tal como é, com leis e constantes tão
finamente ajustadas e por que surge a consciência nele? Esta pergunta envolve o
chamado Princípio Antrópico que parte da constatação de que as constantes fundamentais da natureza
(como a Constante Cosmológica Lambda (Λ), a carga do electrão, a razão entre
forças fundamentais etc.) estão ajustadas
com precisão extrema, e que pequeníssimas variações impediriam o aparecimento de átomos,
estrelas, vida e observadores conscientes.
Existem 3 versões do
Princípio Antrópico, resumidas no quadro seguinte:
Tipo |
Descrição |
Fraco |
O Universo é como é porque, se não fosse, não estaríamos aqui para observá-lo. |
Forte |
O Universo tem de ter
propriedades que permitam o surgimento de vida consciente. |
Participativo
(Wheeler) |
O Universo precisa da consciência
do observador para se manifestar, havendo uma retroactividade ontológica. |
A TIF e o Argumento Antrópico, no
conjunto dos seus 3 argumentos, encontram uma ponte de entendimento se:
a) O ajuste fino das constantes
reflectirem propriedades da TIF. A estrutura da TIF não permite qualquer
geometria ou qualquer conjunto de leis, mas somente aquelas coerentes com a
lógica interna da informação relacional não-local. O “ajuste fino” (veja-se 1/137,03599920611
a constante de estrutura fina fundamental na Física) não seria acidental ou
dependente de casualidades, mas emergente de uma topologia profunda da própria
TIF.
b) A consciência não seria um efeito
colateral, mas uma função fundamental. No princípio antrópico participativo, o
observador participa da criação da realidade, mas a TIF é co-extensiva à Consciência
porque o campo informacional não-local já é, em si, pré-consciente ou algo de
natureza proto-mental.
c) A realidade surgiria como simbiose
entre ordem informacional e participação consciente. A Consciência, estabiliza
padrões referenciados em tempo, espaço, matéria, leis. O Universo parece
“ajustado para a vida” porque a própria vida/conhecimento (sophos) emerge da
estrutura profunda do Cosmos como padrão coerente da TIF.
Creio que a Teia Informacional
estabelece a ponte que o quadro seguinte resume:
Conceito |
Argumento Antrópico |
TIF |
Ajuste fino |
Constantes ajustadas para a vida |
Leis emergem de coerência topológica |
Papel da Consciência |
Necessária para explicar o Universo |
Parte da própria estrutura do real |
Origem do mundo físico |
Contingente ou multiversal |
Emergente de uma base informacional |
Epistemologia |
Observação como limitação |
Observação como colapso criador |
Também aqui reside o papel do Campo
Higgs. A excitação deste Campo, um campo quântico que permeia todo o espaço, em
resultado das partículas interagirem com ele faz com que adquirem massa. No
modelo Padrão é uma manifestação da quebra espontânea de simetria electrofraca,
fundamental para distinguir o Fotão (sem massa) dos massivos bosões W e Z. Sem
o campo de Higgs, não haveria átomos estáveis, química, nem vida o que o torna
fundamental e o relaciona directamente com o Princípio Antrópico. Neste
contexto o Higgs comporta-se como Campo informacional topológico que regula a
coerência e densidade de estados possíveis através da TIF. Revela a necessidade
de um mediador para a aquisição de massa/energia vista como frequência do
colapso coerente de padrões de spin
no espaço topológico informacional. Ali, o bosão de Higgs, sendo a manifestação
da excitação do Campo, traduz-se num pulsar de condensação informacional que
"fixa" a energia em determinada topologia de partícula conferindo-lhe
massa. Assim, o campo de
Higgs seria um efeito projectado da TIF, uma camada emergente independente da
teia não-local de possibilidades quando colapsadas pela consciência e coerência
interna. Corresponderia ao Antahkarana védico, o mediador entre duas dimensões:
a física (massa/energia) e a subtil imaterial (TIF). Teríamos o campo de Higgs visto como
o "antahkarana da física", uma ponte invisível onde o potencial puro
se torna ser, onde o não-manifesto informa o manifesto.
Esta outra ponte entre o Princípio
Antrópico, o Campo Higgs e a TIF poderá ser expressa tendo em conta duas circunstâncias.
Por um lado, o Campo de Higgs só é o que é porque a realidade emergente precisa
permitir a vida e a Consciência. Por outro lado, a TIF impõe restrições
topológicas e informacionais que tornam certas “quebras de simetria” mais
naturais, como a que dá origem à massa. Então o "ajuste fino" da
massa das partículas pelo campo de Higgs pode ser visto como uma resposta
topológica da TIF a padrões que maximizam a auto-consistência, níveis de complexidade
e ressonância consciente.
O bosão de Higgs pode ser visto não
apenas como a origem da massa, mas como um símbolo onde a TIF toca a física
observável, um interface tradutor
entre o modelo Informacional potencial e a realidade material.
CONCLUSÕES JÁ MILENARES E MAIS RECENTES
De um modo geral, o modelo da Teia
Informacional Fundamental rompe com a visão local, causal e materialista da
realidade (a grande ilusão Maya no hinduísmo), porque estabelece um novo
paradigma onde a realidade é uma função de relações informacionais e colapsos
conscientes ou intencionais.
Torna possível uma síntese entre
ciência, metafísica e espiritualidade, oferecendo respostas para o problema da
origem, da Consciência e da unidade cósmica.
A prová-lo está a obra Pistis Sophia,
texto gnóstico cristão profundamente simbólico, que contém diversas passagens
que transparecem, de forma arquetípica e visionária, o que poderíamos chamar de
uma cosmologia participativa pós-CPT, onde a Consciência (Luz), a informação
(Logos) e a realidade emergente são interligadas por uma teia não-local.
“A
Luz estava em todas as partes do Pleroma. E era mais brilhante do que as trevas
do mundo inferior.”, Pistis Sophia,
Livro I. Aqui, a Luz é símbolo da consciência primordial, anterior ao
espaço-tempo e à matéria. Ela representa o campo unificado de Consciência/informação,
muito semelhante ao papel da TIF, que está presente em tudo, mas ofuscada ou
esquecida na densidade da realidade colapsada (o "mundo inferior"). Ou
ainda esta citação sobre a queda e a restauração de Sophia que manifesta afinal
o “drama” do colapso informacional:
“E
Sophia contemplou a Luz nas alturas, e desejou ascender até ela. Mas os
Arcontes viram o seu movimento e a precipitaram em regiões inferiores.”, Pistis Sophia, cap. 30. Simboliza o colapso
da função de onda original, isto é, a queda de Sophia representa a
diferenciação da Unidade em multiplicidade, o nascimento da entropia, da
dualidade e do tempo. De forma similar a TIF, ao ser projectada no mundo
empírico, sofre uma "quebra de simetria" que origina a causalidade e
os limites do CPT.
Finalmente: “As Potências são enviadas com nomes sagrados para recolher os
fragmentos de Sophia e reconduzi-la ao seu lugar.”, Pistis Sophia, cap. 75. As Potências são, nesta leitura simbólica,
estruturas não-locais de correcção da realidade equivalentes a operadores de
simetria quântica ou códigos topológicos. A própria linguagem das "vestes
de luz", “nomes” e “selos” remete à acção sobre a informação subjacente,
como em manipulações da TIF.
Como afirma Michio Kaku em Hiperespaço: “Quando os físicos tiverem um melhor entendimento da Física na energia
de Planck, abrir-se-á diante de nós um novo e imenso universo de possibilidades.”
É o caso do experimento Muon g-2 do Fermilab - Laboratório
Nacional de Aceleradores Fermi, divulgado hoje, 3 de Junho de 2025. Os
resultados finais da medição do momento magnético anómalo do Muão, alcançou a
maior precisão até agora registada.
Com base nos dados obtidos nos
últimos três anos, estes últimos resultados confirmam e reforçam as medições
anteriores feitas em 2021 (Run-1) e 2023 (Run-2 e Run-3), atestando a solidez
do valor médio obtido experimentalmente a nível mundial (33 instituições em 7
países). O valor experimental do momento
magnético anómalo do Muão foi determinado com o valor 𝑎𝜇 = 0,00233184110 sob a espantosa precisão de
0,20 partes por milhão (ppm). Esta medição representa uma melhoria altamente
significativa em relação às anteriores, duplicando a precisão alcançada em 2023
e inclusivamente estabelecendo um novo padrão para as medições de alta precisão
na física das partículas.
Um Muão é um Electrão com 200 vezes mais massa/energia
mas com uma vida média de
2,2µs. Faz parte da categoria denominada
Leptões que se desdobra numa misteriosa e até agora inexplicada tríade de
massas numa cascata crescente (Electrão, Muão, Tao) com os consignados
neutrinos. Talvez que esta anomalia conduza no futuro a uma explicação
satisfatória, admitindo que a causa é devida à presença oculta de outros Campos
informacionais na estrutura do espaço-tempo. A
anomalia magnética do Muão refere-se à diferença entre o momento magnético real
daquela partícula e o valor previsto pelo Modelo Padrão. Os dados experimentais
de 2021 indicavam um desvio pequeno mas consistente relativamente à previsão
teórica. Este resultado agora obtido pelo Fermilab confirmou um desvio de mais
de 4σ (4 desvios padrão), indiciando a possibilidade de uma física nova, para a
existência de novas partículas e forças, ou seja apontando para a incompletude
do Modelo Padrão.
Porque interessa esta descoberta no âmbito
da TIF?
O Muão sendo uma partícula de spin
1/2 como o electrão, tem um momento magnético previsto por Dirac como sendo exactamente
𝑔 = 2, mas que devido a interacções com o vácuo
quântico sofre correcções mostrando que não está "sozinho" mas interage com
uma rede de processos virtuais que permeiam o vácuo.
Isto pressupõe que o “vácuo” é activo
e estruturado, confirmando as abordagens holoinformacionais de David Bohm, onde
o espaço-tempo é transposto de uma Ordem Implícita, ou a teoria da espuma
quântica de John Wheeler, onde o espaço-tempo à escala de Planck é caótico e
dinâmico, ou ainda as teorias com geometria não-comutativa, onde os Campos e
partículas emergem de uma rede de relações informacionais subjacente. Ou seja,
Se o Muão “sente” uma anomalia, é porque há uma estrutura "oculta" do
espaço-tempo que afecta o seu comportamento.
Do mesmo modo, o nosso modelo TIF
propõe um “vácuo” activo e estruturado (tripletos de spins) implicando que os desvios detectados seriam devidos a
imperfeições da teia que reagiria com ajustes automáticos feitos pela malha
informacional subjacente. Essas pequenas correcções no momento magnético
poderiam ser interpretadas como assinaturas de códigos quânticos correctivos,
por influência de erros induzidos por ruído informacional na malha fundamental
do espaço-tempo, ou a ressonâncias talvez associadas a estados topológicos nas
bordas holográficas invisíveis à física clássica. Fazem-nos lembrar as “Potências”
em Pistis Sophia como operadores correctivos, em que o Muão actuaria como um
mensageiro de uma ordem mais profunda, revelando a necessidade de uma nova
física pós-CPT.
Também referimos antes uma questão que
é central e que a física contemporânea ainda não tem uma explicação
satisfatória para justificar a existência de três famílias de Leptões (e em
geral de Fermiões), com massas crescentes e propriedades quase idênticas, excepto
na massa. A existência de três gerações de Leptões, o Electrão (e), o Muão (μ)
e o Tau (τ), com os seus respectivos neutrinos, parece seguir um padrão que teima
manter-se misterioso. Não há no Modelo Padrão uma razão fundamental para haver
três famílias. A diferença de massa, que é enorme entre aquelas gerações, não
tem explicação natural dentro da teoria geral.
O Campos topológicos ou
informacionais não locais do espaço-tempo na TIF assume que cada tipo de
partícula é uma ressonância estável ou modo vibracional daquela malha
informacional, deduzindo que a tríade leptónica seria o reflexo de diferentes níveis
de acoplamento com aquele Campo. Neste quadro, a massa não seria uma
propriedade "intrínseca", mas uma emergência contextual, dependendo
de qual camada ou modo do Campo a partícula "responderia" ou, quão
"próxima" essa camada estaria da geometria observável do espaço-tempo,
como se o Electrão fosse a forma "base", o Muão uma forma
"excitada", e o Tau uma forma "mais profundamente acoplada"
ao Campo informacional. O que faria deferir as gerações seria a forma como cada
uma se ancora no Campo informacional, de forma mais ou menos profunda numa cascata
de interfaces, que só se manifesta
indirectamente pela massa e anomalia magnética. As massas dos leptões e as suas
anomalias seriam modulações do grau de entrelaçamento com esse Campo e as três
gerações reflectiriam três níveis de participação ou projecção a partir de um
arquétipo único.
A anomalia verificada do Muão, sendo
um desvio subtil e ainda inexplicado, poderia ser o primeiro sinal observável
experimentalmente de uma interacção com uma camada mais profunda de uma realidade
ainda oculta. Os três Leptões
não seriam entidades fundamentalmente distintas, mas ressonâncias diferenciadas
de um arquétipo comum, ancoradas em três níveis distintos de acoplamento com aquele
campo de informação.
Curiosamente, as anomalias magnéticas
crescem com a massa, sendo que no Electrão é muito precisa e não apresenta desvio,
no Muão começa a divergir com acoplamento intermédio e o Tau que será muito
difícil de medir, mas que teoricamente pode divergir ainda mais com um acoplamento
mais forte. Hipoteticamente
quanto mais “massivo”, mais sensível ao substrato profundo, em que os Leptões
mais pesados funcionariam como "antenas", formas de sintonização mais
potentes para o campo oculto. Seria interessante que a investigação levasse à descoberta
de estruturas hierárquicas semelhantes nos outros sectores representados pelo Tao,
Quarks e Neutrinos.
Em conclusão, a hipótese de um Campo
informacional subjacente oferece uma visão unificada da tríade leptónica e da
anomalia do Muão como fenómenos emergentes de estruturas ocultas no
espaço-tempo, reforçando os conceitos presentes na TIF. Tal abordagem convida a
uma reinterpretação ontológica da matéria elementar e da sua relação com o
substrato informacional que permeia todo o Universo.
João Porto e Ponta Delgada, 03 de
Junho de 2025
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