segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Viver numa outra dimensão

 




Michio Kaku em “Supremacia Quântica” descreve como seria hipoteticamente viver num mundo quântico, destacando a seguintes situações:

·         “Podemos estar em dois sítios ao mesmo tempo.

·        Podemos desaparecer e reaparecer noutro lado.

·        Podemos atravessar paredes e penetrar em barreiras sem dificuldade, algo a que se chama “efeito túnel”.

·        As pessoas que morreram no nosso Universo podem estar vivas noutro.

·        Quando atravessamos uma sala, na verdade estamos a seguir simultaneamente, por mais bizarro que pareça, todos os infinitos caminhos possíveis através da sala.” (1)

 

No entanto faz questão de esclarecer que na nossa vida comum, na dimensão material conhecida, nunca será possível experienciar estas situações uma vez que elas só existem a comprimentos da ordem dos 10-36 metros – o designado comprimento de Planck.

 

Mas suponhamos, tal como a teoria em laços do espaço-tempo de Lee Smolin e Carlo Rovelli, que quantiza-o, propondo uma estrutura quântica covariante que se contem a si própria, que aquilo que designaremos por outras dimensões que envolvem Informação, tal como aquela presente e raiz do entrelaçamento quântico, possa coexistir com a primeira, dando-lhe fundamento ou suporte. Isto seria possível porque consideramos a existência de uma tríade funcional Informação-Massa-Energia que tem por fundamento o Principio de Landauer e no qual a massa de 1 bit de informação é

 

mbit=kBTln2/c2

 

O princípio de Landauer afirma que o apagamento de um bit de informação requer um custo mínimo de energia igual a kBT ln2, onde T é a temperatura usada no processo e k é a constante de Boltzmann, confirmando que a Informação é uma unidade física e tem um equivalente energético permitindo uma leitura ampliada das leis da termodinâmica.

O princípio de Landauer, estabelece uma relação entre lógica e reversibilidade termodinâmica, e assenta em duas afirmações:

(1) Qualquer processo logicamente irreversível deve resultar em um aumento de entropia nos graus de liberdade não relacionados com a informação do sistema de processamento das informações ou de seu próprio ambiente;

(2) Qualquer processo logicamente reversível pode ser implementado de forma termodinamicamente reversível.

Ou seja, Uma quantidade de energia igual a kBT ln2 (onde kBT é o ruído térmico por unidade de largura de banda) é necessária para transmitir um bit de informação, e ainda mais se meios quantizados forem usados com energias electromagnéticas de fotão (a partícula da luz) onde hν > kT. É assim que foi relatado um custo de momento angular ou spin necessário para a gravação ou apagamento de informações. (2)

O Princípio de Landauer fornece uma nova perspectiva para o problema da grande unificação da Física (GUT). De fato, aquela equação pode ser facilmente estendida para campos quânticos escalares como por exemplo o campo electromagnético. O que diríamos para campos quânticos covariantes? A questão da informação, considerada como campo covariante, e a da entropia (2ª lei da Termodinâmica), poderiam conjugar-se sem violação do Princípio de Landauer e da termodinâmica, ultrapassando os actuais e insolúveis problemas da identificação da Matéria Escura: neste caso seria atribuível à própria estrutura quantizável espaço-temporal. De facto, se a matéria escura é composta por “partículas” para as quais,


 então estas não poderiam ser registadas devido ao facto de que não transferem informações para o meio ambiente circundante e detectáveis pelos actuais dispositivos experimentais.

Outras confirmações do Princípio da Landauer aplicado a sistemas quânticos têm sido feitas nos últimos tempos (3).

A existência de trilogias em todas as teologias e teogonias antigas estão presentes no âmbito de cosmogonias (no Hinduísmo por Brahma, Visnhu e Shiva, nos por Vedas Athma, Budhi e Manas, no Cristianismo por Pai, Filho e Espírito Santo) ou da natureza humana (em Platão e nos neo-platónicos são a Soma, Psyche e Nous). Todas elas encerram uma Inteligência suprema cuja vontade se traduz na criação universal e que se expressa pela utilização de forças construtoras (deuses) que conferem os princípios mórficos e inteligentes (as monadas de Leibnitz) a todas as coisas e seres, formalizando a progressiva génese do universo da desordem para a ordem: a cíclica luta contra as águas do caos, sintropia versus entropia.

No ápice destas trilogias encontramos sempre a ideia de Informação, transmissão de comando, o Verbo. O logos spermatikos, o princípio gerador do universo dos filósofos estóicos ou mais tarde em Agostinho de Hipona, reinterpretando Platão e Aristóteles à luz do Cristianismo, ao descrever Logos como "A Palavra Eterna Divina". Em Heráclito Logos surge como razão e sabedoria configurando uma lei universal ou princípio organizacional, transmitindo sempre a ideia de linguagem, pensamento ou razão, norma, padrão ou regra, em qualquer dos casos envolvendo sempre a estrutura da Informação e a necessidade de um emissor.

 

 

A batalha contra o Leviatã. Gustave Doré

 

Informação também envolve Meio onde se desenvolve que neste caso atribuímos ao Espaço-Tempo como campo quântico que se contem a si próprio, covariante, recipiente de desenvolvimentos desdobrados passados-presentes-futuros que confinarão com a futura matéria fermiónica surgida do Big Bang ou do CCC – Ciclo Cosmológico Conforme.

 

 O tecido do espaço e do tempo emerge como se costurado a partir de anéis quânticos de acordo com um padrão ainda desconhecido. Ali, reinam os fenómenos de não-localidade, emaranhamento quântico, suporte da informação de aspecto omnisciente e omnipresente. Como estrutura covariante justifica a prevista “Matéria Escura” e a existência teorizada das Estrelas de Planck (encaradas como fios quânticos no final de vida dos buracos negros por Carlo Rovelli (4)) e resolvendo definitivamente o problema existencial introduzida pelas singularidades e dos infinitos, corporizando as forças da gravidade da Relatividade Especial Einsteiniana e unindo num corpo teórico todas as forças da natureza num quadro unificado para a gravidade quântica em Sitter.

Na trilogia dos Vedas será Budhi. Contudo o conceito de Logos, na sua abrangência, acaba por contemplar este desiderato.

Continuemos então a explorar estas trilogias ancestrais.

Fazendo parte integrante de um sistema covariante, a Informação também envolve Forma e Padrão dando substância à conhecida estrutura filosófica tri-logoica.

A Forma/Padrão integrando a covariância do Espaço-Tempo, sob uma hipotética estrutura anelar de spins, a designada “espuma de spins” pelo físico italiano Carlo Rovelli, pressupõe outro campo quântico forçosamente de natureza covariante que atribua conformalmente, desenvolvimentos padronizados em formas fractais, pressupostamente correspondente ao modelo do Universo Holográfico De Sitter do espaço esférico, a correspondência AdS/CFT (5), desenvolvida também por Juan Maldacena na sua teoria quântica da gravidade.

Os físicos descobriram nos últimos anos que a correspondência AdS / CFT (espaço Anti De Sitter/Teoria de Campo Conforme) funciona exactamente de modo a codificar informações de forma segura dentro de um sistema quântico agitado tal como é um CFT (Campo Conforme), utilizando um código quântico de correcção de erros. Ou seja, a correcção quântica de erros pode ser como o tecido emergente do espaço-tempo alcança a estrutura robusta que nos é dada conhecer, apesar de ser tecido a partir de “partículas” quânticas frágeis – formalmente o seu aspecto “granular” e covariante.

A Natureza resolveu de forma simples e bela aquilo que o Homem ainda não anteviu com os desafios da computação quântica.

 

Um esboço de Xi Dong do procedimento de corte, deformação e colagem, uma dualidade entre o espaço AdS e uma “teoria de campo conforme”, que ele e seus colegas usaram para construir um holograma de um universo de de Sitter tal qual o nosso Universo conhecido.

 

Assim, este grupo de campos covariantes, sendo aparentemente diferentes pelos papéis que desempenham (Informação, Meio e Forma) formam no entanto um sistema funcional único: mais uma vez a trilogia teológica resolvida numa entidade única de alto nível (o Uno) que define o baixo nível logo a seguir (o trilogos).

 

Esta ideia está em consonância com a Teoria dos Construtores de David Deutsch onde as leis fundamentais da natureza não são redutíveis, isto é, “as leis microscópicas de baixo nível são propriedades emergentes das leis de alto nível, e não o contrário (6).” As pequenas escalas não explicam as grandes escalas.

Aqui poderíamos facilmente atribuir à ideia de Construtores de David Deutsch a teogonia presente nos deuses equiparando-os ao resultado das grandes escalas que transcendem o Universo, em contra-mão com o reducionismo presente ou o chamado “desacoplamento de escala”.

Helena Blavatsky em A Doutrina Secreta transmite esta ideia, que não desistimos de reproduzir integralmente, onde interpomos entre parêntesis os nossos comentários, ao referir num amplo quadro de conteúdo esotérico, que:

 

 “O impulso manvatárico (o Big Bang ou momento de expansão do Universo) principia com o redespertar (Cosmogénese Cíclica Conforme – CCC de Roger Penrose, de acordo com a reversibilidade temporal e a sintropia/entropia) da Ideação Cósmica, a Mente Universal (Campo covariante da Informação), simultânea e paralelamente com o primeiro emergir da Substância Cósmica (Espaço-Tempo granular) – sendo esta última o veículo manvantático da primeira – de seu estado pralaico não diferenciado (a fase de regressão do Universo no modelo CCC). A Sabedoria Absoluta (Espaço Infinito percebido como actualmente como a Constante Cosmológica lambda Λ) então se reflecte em sua Ideação (Informação), a qual, por um processo transcendente superior e incompreensível (não-local) à consciência humana, se transforma em Energia Cósmica: Fohat (Campo covariante Holomórfico da Forma). Vibrando no seio da Substância Inerte (Espaço-Tempo granular), Fohat a impulsiona à actividade e guia suas primeiras diferenciações em todos os sete planos da Consciência Cósmica … os sete Prakritis ou Naturezas (a saber os Condensados de Bose-Einstei e plasmas de quarks-gluões, o Plasma, e os Estados Gasoso, Liquído e Sólido – produtos dos fermiões e bosões do Modelo Padrão da Física), servindo cada um de base relativamente homogénea, que se vai diferenciando (durante milhares de milhares de milhões de anos), no curso da crescente heterogeneidade, durante a evolução do Universo, na maravilhosa complexidade dos fenómenos que se apresentam nos planos de percepção.”(7)

 

É um dado adquirido pela astrofísica que a Informação não é destruída quando o Universo na sua fase de regressão irreversível permeado por milhões de Buracos Negros que se evaporam (fase de alta entropia), a única coisa que sobressai é a Radiação de Hawking e a informação intacta espalhada pelo Universo suportada deste modo pelo próprio tecido do Espaço-Tempo em que o emaranhamento e a não-localidade têm um papel fundamental para o surgimento de um “estado inicial” de baixa entropia (o “ponto Laya” da teosofia ou a “ordem implícita” de David Bohm em claro contraponto com a “Interpretação de Copenhaga” de Bohr) que regenera o Universo de forma cíclica (os períodos manvantáricos e de pralaya nos Vedas, um período de 311.040.000.000.000 anos, segundo os cálculos bramânicos).

Acredita-se que todo o combustível nuclear do Universo terá acabado nos próximos 100 quatriliões de anos, um número que se aproxima do bramânico. No entanto, também é sabido que do vazio qualquer flutuação quântica de baixa entropia pode surgir a qualquer momento sobretudo se considerarmos a existência de um campo quântico de Informação/Consciência (“Ideação Cósmica” em HPB) emergente do Absoluto cuja presença nos é dada a conhecer pela expansão do Universo por efeito de uma “Energia Escura”, escura porque não a conhecemos, teorizada por Einstein na Constante Cosmológica lambda.

 

Também Sabine Hossenfelder corrobora a importância da invariância da inversão temporal – que na Relatividade Geral não se verificaria dado existirem singularidades, cremos nós ultrapassadas no entanto pela quantização do Espaço-Tempo - ao afirmar “que o Universo mantém um registo fiel das informações sobre tudo o que já se disse, se pensou e se fez.” (8).

Espantosamente os conceitos introduzidos no ocidente por Helena Blavatsky na Doutrina Secreta, da Substância Primordial ou Akasha sânscrito, referido como Upâdhi do Pensamento Divino ou Ideação Cósmica, e do Éter ou Luz Astral, são reconfigurados agora à luz da Física e da Astrofísica respectivamente nos conceitos de Informação e Espaço-Tempo, concebidos como “facetas da Existência Absoluta” de acordo com a H.P.B. (9).

 

Esta é a linguagem com que a natureza se expressa. A antiga linguagem pitagórica dos números que a matemática vai revelando paulatinamente na actualidade, defendida por Max Tegmark ao afirmar que a Matemática é real.

Como diz Blavatsky no volume II da DS (pp. 35), “Para dizer com toda a exactidão, evitando confusões e interpretações erróneas, a palavra “Matéria” deveria ser aplicada ao agregado de objectos cuja percepção é possível, e a palavra “Substância” aos Números”. Como quem nos diz que os Números ou a Matemática não residem “no nosso plano” das “criações do Ego que percebe” ou do incompreendido colapso de onda, não sendo “resultado da sensação ou fenómeno” mas situam-se a um nível superior em parceria com as Constantes da Natureza e do seu ajuste fino por um Construtor, o “Aquilo”, que permita a existência de Vida em acordo com o Princípio Antrópico Fraco. Mais uma vez um nível alto a formatar um nível baixo, uma acção anti-reducionista. Afirma HPB (DS, II volume, pp 135), que “É por isso que todos os Deuses Criadores, ou Divindades Pessoais, só aparecem na fase secundária da Evolução Cósmica.”, apresentando de seguida múltiplos exemplos de diversas cosmogonias.

Contudo porque razão ainda nada foi revelado do cerne último da Natureza, pelas potentes máquinas do CERN com o seu Grande Colisor de Hadrões? A verdade é que a quantização do Espaço-Tempo, como aliás todos os restantes fenómenos dos campos quânticos, desenrolam-se a uma escala infinitesimal – o designado comprimento de Planck, 10-35 metros - ao passo que o colisor de Hadrões ainda não ultrapassou a escala dos 10-20 metros.

 

Isto significa que viver numa dimensão covariante é possível? Será por mero acaso que os relatos clínicos e médicos das EQM- Experiências de Quase Morte se aproximam espantosamente das cinco situações descritas por Michio Kaku com que iniciámos este texto?


Notas

 

(1) Michio Kaku, “Supremacia Quântica”, Bertrand Editora, Lisboa 2023.

(2) Barnett S.M., Vaccaro J.A. Beyond Landauer erasure. Entropy. 2013;15:4956–4968. doi: 10.3390/e15114956 e Lostaglio M., Jennings D., Rudolph T. Thermodynamic resource theories, non-commutativity and maximum entropy principles. New J. Phys. 2017;19:043008. doi: 10.1088/1367-2630/aa617f.

(3) Single-Atom Demonstration of the Quantum Landauer Principle, L. L. Yan, T. P. Xiong, K. Rehan, F. Zhou, D. F. Liang, L. Chen, J. Q. Zhang, W. L. Yang, Z. H. Ma, and M. Feng, Phys. Rev. Lett. 120, 210601 (2018), Published May 21, 2018.

(4) Carlo Rovelli, “Buracos Brancos, Dentro do Horizonte”, Penguin Random House, Grupo Editorial Unipessoal, Lda, 1ª edição, 2023.

(5) DONG, Xi; SILVERSTEIN, Eva; TORROBA, Gonzalo. De Sitter holography and entanglement entropy. Journal of High Energy Physics, 2018, 2018.7: 1-24.

(6) Sabine Hossenfelder, “ A Física e as Grandes questões da Vida”, Bertrand Editora, Lisboa 2023, pp 129.

(7) Helena Blavatsky, “A Doutrina Secreta”, Volume II, Editora Pensamento, 2019, pp 34.

(8) Sabine Hossenfelder, “ A Física e as Grandes questões da Vida”, Bertrand Editora, Lisboa 2023, pp 35.

(9) Helena Blavatsky, “A Doutrina Secreta”, Volume II, Editora Pensamento, 2019

 

Fohat

 



Talvez nos fosse permitido assumir um modelo onde fosse possível relacionar num único quadro a genética versus epigenética, as partículas do Modelo Padrão da Física e o Quaternário da Constituição Septenária da Teosofia e dos Vedas onde aparece a ideia de Fohat.

Da mesma forma que o átomo é constituído por um núcleo (protões e neutrões) que formam o seu cerne identificativo e não possível de partilha, excepto nos processos de fissão e fusão nuclear que envolvem altas energias gerando novos elementos químicos; e por electrões que sob a forma de existência probabilística formam nuvens em redor do núcleo, designadas por orbitais atómicas, passíveis de partilha, daí os fenómenos característicos das reacções químicas entre os elementos, também a genética (do grego génesis - origens) e a epigenética caracterizam-se respectivamente, uma por focar a sua atenção nos genes, a sua variação e hereditariedade, como âmago central da biodiversidade, ao passo que a epigenética revela a partilha e a troca de influências do meio ambiente sobre o genoma. Em ambos os casos desta comparação existe um “núcleo duro” central e outro “periférico” que recebe influências do meio exterior e está apto a abrir-se à partilha, dois níveis distintos de actuação como se a natureza tivesse contemplado dois processos diferentes para atingir o mesmo objectivo: acelerar o tempo e a entropia ou seja o Caminho evolutivo.

Ora vejamos:

A genética clássica afirma a primazia dos genes e da sua estrutura física conhecida compactamente enrolada e helicoidal, definindo orgânica e funcionalmente a condução dos aspectos mais recônditos dos processos da vida, como forma resguardada que esta última tem de revelar e expressar as forças estruturantes da matéria viva biológica, na origem profundamente residentes nos elementos das forças nucleares fortes e fracas consubstanciadas nas estruturas atómicas nucleares constituindo assim como que o seu “núcleo duro” sem as quais a existência não seria possível.

Já a epigenética afirma-se como interface entre o ambiente de uma forma geral, e os genes controlando também de forma induzida a sua actividade, onde são os campos electromagnéticos (uma outra luz) que ganham primazia ao nível molecular, modelando o comportamento e evolução dos organismos vivos bem como a sua esfuziante plasticidade orgânica, alguns viáveis outros nem tanto.

Em conjunto estes três campos quânticos – os bosões do Modelo Padrão da Física, integram-se e confluem para a consubstanciação da matéria fermiónica orgânica e inorgânica, formando o Quaternário na Constituição Septenária da tradição esotérica Védica, propalada nos Upanishads ou no poema épico hindu do Bhagavad Gita.

Afirmada esta hipótese tentaremos então a sua demonstração.

Todas as bio-moléculas assentam a sua estrutura física no agrupamento de átomos cuja existência é devida às forças nucleares fortes e fracas e electromagnéticas, que corporizam os núcleos (protões e neutrões) e os electrões, característicos de todos os elementos químicos, colocando-os nas devidas posições conhecidas da Tabela Periódica, graças à enigmática Constante Alfa (α = 1/137).

Deste modo as bio-moléculas tomam configurações funcionais de acordo com o electromagnetismo imanente das suas estruturas que finalmente as configuram como “fechadura/chave” nos mecanismos actuantes dos processos Receptores/Efectores que constituem as bases do metabolismo celular ou, por outras palavras, dos fenómenos cíclicos de entropia/sintropia que também fundamentalmente caracterizam a Vida. Todo o processo construtor (sintropia) implica sempre um processo de degradação energética (entropia) num ciclo infindo e complexo.

Constata-se que as polaridades das biomoléculas, que estão na base da sua configuração activa, surgem devido à deslocalização e rearranjo das orbitais atómicas que estão na base da criação dos recentes descobertos fenómenos de natureza quântica ao nível biológico e à temperatura ambiente, como o “efeito túnel”, o “entanglement” ou emaranhamento e a “superposição”.

Constata-se também que a este nível microcósmico da Vida são as leis da física quântica e não as leis newtonianas e as concepções cartesianas que controlam os movimentos moleculares geradores da Vida, onde os campos electromagnéticos, regulam o ARN e o ADN e as sínteses proteicas, a função das proteínas, das hormonas, a regulação dos genes, a divisão e diferenciação celulares e a morfogénese com a formação, diríamos direcionalmente “inteligente”, de tecidos e órgãos.

Mais não seria de esperar já que a “escolha” desta tipologia se deve a que as frequências electromagnéticas são 100x mais eficientes na transmissão de informações do que os sinalizadores biológicos como são as hormonas, os neuro-transmissores, os factores de crescimento (releasing factors), etc. Ao passo que um elemento químico evolui a 1 cm por segundo os campos electromagnéticos fazem-no a 300.000 quilómetros por segundo (a velocidade da luz)! É esta a função do Electroma, a rede bioeléctrica dos organismos vivos que veicula uma estrutura complexa de informação.

Mas o Electroma não se cinge apenas à bioelectricidade. Veja-se o caso agora em estudo da transmissão wireless de informação entre neurónios posta a descoberto na Caenorhabditis elegans (1), que pela sua simplicidade neurológica - a sua rede conectoma, abrangendo apenas 302 neurónios, permitiu descortinar outro tipo de comunicação não física, sem utilização das sinapses, evidenciada por técnicas de optielectrónica com marcadores fluorescentes que identificam os neurónios que ao libertarem neuropeptídeos accionam outros à distância noutros neurónios. Caso idêntico também foi detectado e está a ser estudado na comum mosca da fruta (Drosophila melanogaster).




Esta informação estende-se para além destas redes bioeléctricas. O Projecto do Genoma Humano descobriu recentemente que 80% do ADN não contribui para a codificação das cerca de 100.000 proteínas diversas que constituem o organismo humano e que o ADN não codificante, agora designado pela genética por “matéria negra”, são autênticos “interruptores” (bits 0/1) de genes, activando-os ou desactivando-os, conforme estão sujeitos a influências ambientais. Surge assim a ideia de que os genes são as peças de construção física e o ADN não codificante o “manual de instruções” que ensina como montar o modelo. No entanto há bem poucos anos atrás esta preciosa fonte de informação era considerada lixo.

Está demonstrado que as comunidades de células derivadas da morfogénese e do surgimento dos órgãos, especializam-se funcionalmente., criando sistemas complexos de comunicação e veiculação de informação que configuram um crescimento da “inteligência” e da “consciência” demonstrando à primeira vista que o todo é superior à soma das partes e reafirmada com a recente descoberta de processos Wi-Fi ainda mal compreendidos entre neurónios.

É verdade que a divisão de trabalho nas células eucariotas ofereceu vantagens adicionais de sobrevivência, confirmando contudo aquilo que Lamarck sugeriu com a ideia de uma evolução cooperativa e não tanto competitiva como defendeu posteriormente Darwin. Hoje sabe-se da existência de transferência genética inter-espécies e intra-espécies. A comunicação e a circulação de informação exploram e fazem-se em todos os sentidos de forma sustentável e económica na utilização de recursos onde prevalecem afinal as ressonâncias moleculares e atómicas.

É assim que têm actualmente lugar o desenvolvimento das aplicações da física quântica: as tomografias axiais computorizadas (TAC), ressonâncias magnéticas (RM), tomografias por emissão de positrões (TEP), só possíveis pela aplicação prática das interferências construtivas ou das ressonâncias harmónicas moleculares e atómicas.

Estas tão bem expressas na prática pelas interferências construtivas/destrutivas nas ondas de um lago, ou na aplicação de ondas sonoras destinadas à destruição das pedras nos rins ou ainda aquele fenómeno de destruição de um cálice de cristal emitido por um tenor. Actualmente outros exemplos perfilam-se nas medicinas alternativas representadas pela radioestesia, electroterapia, acupunctura ou ainda pela homeopatia, onde nesta última supõe-se que as estruturas aquosas da água imitam as moléculas originais dos produtos sujeitos a sucessivas diluições.

Outros casos como aquele da fotossíntese que mostram a transferência de electrões através do “efeito túnel” dos processos ondulatórios e que estão na base do surgimento e da manutenção da Vida no nosso planeta.

Fohat, An International Monthly Magazine of Practical Idealism, Devoted to the Dissemination of Truth and the Correction of the Latest Science Facts with Occult Science. San Francisco, CA. Editor: Miriam Milner French, M. Witter, associate editor. May 1922 (3).

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Todas são aplicações e práticas resultantes dos efeitos de entrelaçamento quântico, da sobreposição quântica ou ainda do efeito túnel, os “mecanismos” quânticos entrevistos nas concepções do Prana ou do Fohat (2) e exploradas pelas práticas ancestrais da medicina oriental com as suas redes de vias energéticas, meridianos e Chacras do corpo humano. Encontram-se assim os fundamentos da prática Yoga que mostra que as pessoas que fazem meditação apresentam uma série de diferenças genéticas e moleculares que incluem níveis reduzidos de genes pró-inflamatórios e alterações dos mecanismos reguladores dos genes – a epigenética a funcionar.

Verifica-se que a “energia” dos pensamentos, a chamada comummente “crença”, pode activar ou inibir as proteínas indutoras do funcionamento das células através da mecânica quântica da interferência construtiva/destrutiva e dos sistemas de comunicação das PIM - Proteínas Integrais da Membrana celular, bem como das suas proteínas receptoras/efectoras que são as subunidades físicas fundamentais ao suporte da manifestação incipiente da “inteligência” ao nível da célula. Aqui deverão alicerçar-se alguns dos fenómenos atribuídos à “fé”.

As eucariotas e as comunidades multicelulares ao terem aumentado a sua complexidade aumentaram também a superfície das suas membranas celulares e mais espaço para as PIM`s – numa espécie de evolução “fractal” e de expansão das redes de informação, em que o resultado final foi a maior capacidade de sobrevivência e maior organização intrínseca para o exercício da “consciência” pelas extensas inter-conectividades entre as redes de informação biológica que se estabeleceram. Não é coincidência os sistemas nervosos terem derivado da derme embrionária!

A crescente organização destas inter-conectividades, na senda evolutiva, vão desenvolver e colocar em relevo a importância da Mente Consciente que “lê” e coordena o fluxo de sinais celulares como também gera emoções que se manifestam pela libertação de sinais controladores pelos sistemas nervosos. É ela que controla o comportamento das células do nosso corpo, enquanto a Mente Subconsciente, geradora de acções de natureza reflexiva, os designados hábitos, são fruto do condicionamento instintivo, o conhecido efeito Pavlov, que tem o papel primordial de perseverar a vida pelo controlo automático das funções biológicas e dos comportamentos pré-programados para reagir no “aqui e agora”, uma espécie de “piloto automático” que processa muitos milhões por segundo de estímulos ambientais, controlando mais de 90% do nosso comportamento pela via do sistema HPA - Hipotálamico-Pituitário-Adrenocortícoide.

Ao falarmos em “Mente” entenda-se por estímulos ambientais para além dos estímulos químicos e físicos, todas as formas de radiação do espectro electromagnético que incluem os próprios estados de consciência, o pensamento, e a gestação das emoções e sensações produzidas e plasmadas através das suas ondas alfa (7,5 a 14 Hz), beta (15 a 40 Hz), gama (40 a 100 Hz), delta (0,5 a 4 Hz) e theta, característica dos estados superiores de meditação (4,5 a 7 Hz).

Ondas cerebrais EEG


Ao contrário, a Mente Consciente permite pensar e programar o futuro gerando a base do fenómeno ligado ao sentimento do livre arbítrio. Convenhamos que na vida do dia-a-dia não interessa submeter a Mente Subconsciente ao controlo da Consciência plena, relegando os nossos automatismos adquiridos durante milhões de anos para a execução das tarefas mínimas ligadas à sustentabilidade da vida e dos seus processos biológicos: mens sana in corpore sano!

No entanto, sabe-se que o Inconsciente ligado aos arquétipos Junguianos, ocupa outras dimensões. Nestas, as altas frequências vibratórias próprias da natureza dos campos quânticos que se contem a si próprios, os co-variantes ainda por descobrir mas já antevistos pela Física, agora referidas pelo holomorfismo fractal de Rupert Sheldrake, pela geometria espaço-temporal (o espaço-tempo quantizado como “espuma de spins” de Carlos Rovelli, desenvolvimento moderno dos números pitagóricos), era assunto adquirido como informação matricial inteligente subjacente nos textos védicos com alguns milhares de anos e referidos como Lipikas e Akasha sânscritos.

No seu conjunto formal integram a tríade que tudo envolve e da qual continuamente renascemos como fenómeno cíclico de entropia/sintropia a 4 dimensões, gerando a grande ilusão da matéria defendida pelas ancestrais doutrinas orientais.

Fundamento destes fenómenos já ancestralmente conhecidos como a Árvore da Vida na Cabala, as 4 bases da Constituição Septenária, consubstanciadas por aquela grandeza física conhecida como massa, conferida pelo ternário, ao descer sobre a matéria (fermiões) e desempenhado pelo campo do Bosão de Higgs na cosmogonia actual e o Antahkarana nos Vedas.

 Estas são as dimensões possíveis dadas tanto pela cosmologia e astrofísica como pela mecânica quântica do primeiro quartel do século XXI, antevendo uma teoria unificadora, e sobretudo a confluência de muitas ciências (biologia, física, química, informática-IA, matemática, astronomia, astrofísica, cosmologia, entre outras) até agora separadas nos seus redutos, afinal como tudo se adaptasse e confluísse numa ampla partilha do Conhecimento, explicando afinal a ilusão da conhecida história da menina dos caracóis dourados e dos três ursos.

 

Notas

(1) Randi F, Sharma AK, Dvali S, Leifer AM. Neural signal propagation atlas of Caenorhabditis elegans. Nature. 2023 Nov; 623(7986):406-414. doi: 10.1038/s41586-023-06683-4. Epub 2023 Nov 1. PMID: 37914938; PMCID: PMC10632145.

(2) Esta é a descrição de Fohat pela Wikipédia: “Fohat é a essência da electricidade cósmica, entendendo "electricidade" como um atributo da consciência. No mundo manifestado ele é a força vital, oculta que, sob a vontade do Logos criador, une todas as formas, dando-lhes o primeiro impulso. Ele é a força propulsora que torna o Um em diversos, agregando e combinando os átomos. Na constituição humana ele corresponde ao Prana. No Hinduísmo Fohat é esotericamente associado a Vishnu (o deus que sustem o Universo), na mitologia grega Fohat é associado ao deus Eros, e na mitologia egípcia ao deus Atum (mitologia). Interessante observar que a descrição feita por Blavatsky quanto à formação de estrelas e planetas por Fohat, no final do século XIX, é, por vezes, comparada à moderna teoria de formação das estrelas da astrofísica, confirmada cientificamente apenas no século XX, ainda que se assemelhe profundamente à teoria de Kant-Laplace, que já fora formulada na altura.”

(3) http://iapsop.com/archive/materials/fohat/fohat_v1_n1_may_1922.pdf.





quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Constituição Septenária, Árvore da Vida, Modelo Padrão e a Constante Alfa

 


De acordo com a filosofia Vedantina, os Ah-ih ou Brahman, ou ainda a Mente Cósmica segundo Blavatsky, constituem os antecedentes filosóficos correspondentes a esta existência, e que H. P. Blavatsky assim descreve:

“A Mente Cósmica é algo bastante diferente da Ideação Cósmica. A manifestação da Mente faz-se só durante o Período Manvantárico de actividade. Porém, a Ideação Cósmica não conhece nenhuma mudança. Foi, e sempre foi, é e será. Nunca deixou de existir, e só não existia para a nossa percepção por não haver mentes para a aperceber. A Mente Universal não existia porque não havia ninguém para a aperceber. Uma é latente e a outra é activa. Um é uma potencialidade.” - (H.P.Blavatsky, cfr. in “Os Manuscritos Perdidos da Loja Blavatsky”).

Helena Blavatsky num comentário na Doutrina Secreta” e respondendo a uma indagação do senhor Kingsland, afirma também: “A mente é uma manifestação. A Mente Universal não é o mesmo. Chamemo-la uma ideação. A Ideação Cósmica foi, tão logo apareceram os Ah-ih, e continua durante o Manvantara. Porém, esta é uma Ideação Absoluta Universal que sempre é e não pode sair fora do Universo, enquanto que a Ideação Cósmica não existia …”.

Também afirma que os Ah-ih pertencem aos Planos Cósmicos que correspondem no Homem a Atma, Budhi e Manas.

Descodificando: Os Ah-hi são concebidos como sete raios primordiais ou Logoi (leia-se plural de Logos, que poderemos definir como campos quânticos vibratórios que permeiam todo o Universo), emanados do Primeiro Logos (o Verbo ou Paramatman) considerado triplo (porque dele emanam o Segundo Logos (Buddhi) e, depois deste, o Terceiro Logos (Manas no ser humano ou Mahat no plano cósmico), ambos apresentando sempre um aspecto dualístico – activo/passivo ou acção/reacção ou causa/efeito.

 Contudo o Primeiro Logos é considerado uno na sua essência. A Trindade Cristã tem a sua origem neste Logoi. Um pouco confuso, mas compreensível para a dificuldade em conceptualizar e expor estas ideias considerando a época, fins do século XIX, e os significados ocultistas atribuídos.

Contudo depreende-se a defesa da existência de uma “Mente Cósmica” ou “Ideação Cósmica” que permeia toda a evolução do Universo e que corresponderá aquilo que definimos como Campo Quântico da Informação/Consciência que utiliza a Fohat, a energia inteligente ou a “Substância Cósmica” similar ao campo quântico defendido pela actual Teoria Antrópica Holomorfo Genética, e o Espaço granular da Teoria Quântica da Gravidade de Rovelli e Lee Smolin.

Esta tríade de campos quânticos vem já definida nos Vedas e em todas as filosofias que lá foram beber os seus princípios, e que representamos pela figura geométrica do triângulo, segundo a nossa concepção do assunto. Esta ideia é reforçada novamente nesta afirmação de H.P.B. - “Cada átomo do Universo traz em si a potencialidade da própria consciência...é um Universo em si mesmo e por si mesmo.”, (Cfr. 51 Blavatsky, in “Doutrina Secreta).

Aqui o átomo tem um significado diferente do conhecido pela ciência, querendo designar apenas a constituição mais ínfima da matéria. Aqui parece que o Metapsiquismo foi beber a sua inspiração. Outra forma expressa pela Teosofia: “O Infinito Imutável, o Ilimitado Absoluto, não pode querer, pensar ou actuar. Para fazê-lo, deve converter-se em finito; e o faz por intermédio de seu Raio (leia-se Ah-ih), que penetra o Ovo do Mundo ou Espaço Infinito e dele sai como Deus Finito (leia-se matéria).” (Cfr. Blavatsky, in “Doutrina Secreta). Ou ainda em Hermes Trismegisto em “Corpus Hermeticum”, Libelo XI: “O Éon (leia-se Espaço, Ah-hi) está em Deus o Cosmos está no Éon o Tempo está no Cosmos e o Futuro está no Tempo”.


A figura representa esta concepção, seguindo a tradição da Constituição Septenária teosófica, da hierarquia e interacção dos diferentes campos de natureza quântica no surgimento do Universo (ou dos múltiplos universos?).

Esta ideia, do Verbo que encarna ou o “sacrifício” de Paramatman, está representada no triângulo septenário (não fazemos aqui ainda referência ao quaternário) que se identifica como o processo de “criação” do Universo, e é retomada e está presente na lógica profunda da Teoria dos Campos Holomorficos do biólogo inglês Rupert Sheldrake.

“Os campos morfogenéticos ou campos mórficos são campos que levam informações, não energia, e são utilizáveis através do espaço e do tempo sem perda alguma de intensidade depois de ter sido criado. Eles são campos não físicos que exercem influência sobre sistemas que apresentam algum tipo de organização inerente.” – Rupert Sheldrake (1981).

Estes campos são acompanhados por aquilo que Sheldrake designa de “Ressonâncias Mórficas” em que as informações se propagam no interior do campo mórfico, alimentando uma espécie de memória de natureza quântica e constituem o que deverão ser os futuros desenvolvimentos na área mais recente da investigação científica em biologia molecular - a Biologia Quântica.

De encontro à ideia dos campos mórficos e fazendo corpo dos ensinamentos teosóficos, os adoptados pela New Wave de registos akáshicos (“akasha” ou “akasa” do sânscrito), constituem uma espécie de Base de Dados de todos os acontecimentos passados, presentes e futuros, em que o tempo contínuo como o conhecemos não existe, fazendo parte integrante de todos os seres e coisas e abrangendo todas as dimensões e intimamente ligados à concepção védica de “karma”. A Teosofia faz-lhes referência como os “registos na Luz Astral” ou as “imagens gravadas nas invisíveis tábuas Astrais”. Helena Blavatsky faz-lhes demorada referência em “Doutrina Secreta” sob a designação de “Luz Astral” e define-a deste modo: “Akasha pode ser definida em poucas palavras: é a alma universal, a Matriz do Universo, a “Mysterium Magnum” a partir da qual tudo o que existe nasce por separação ou diferenciação. É a causa da existência; preenche todo o Espaço infinito; é o próprio Espaço, no sentido conjunto dos sextos e sétimos princípios.”, (cfr. “Os Manuscritos Perdidos da Loja Blavatsky”).

Mais uma vez em Blavatsky, Akasha é descrito como sendo infinito: “Não pode existir dois Infinitos nem dois Absolutos num universo supostamente sem fronteiras”, (Cfr. “A Doutrina Secreta”, Cosmogénese - Volume I). No primeiro volume da “Doutrina Secreta – Diálogos”, Helena Blavatsky afirma de forma peremptória: “Os três planos e o quarto formam um único Cosmos assim como os sete princípios estão em vós; …“.

Na verdade, não é nosso propósito adicionar campos quânticos desconhecidos para justificar componentes que façam funcionar o Universo, como se adicionássemos epiciclos sobre outras esferas como o fazia o sistema cosmológico geocêntrico de Ptolomeu. A invocação de campos escalares e covariantes é uma prática hoje muito usada pelos cosmólogos na tentativa de unificar as quatro forças fundamentais da natureza, de que é exemplo a GUT - Grande Teoria Unificada ou Teoria do Todo.


Constituição Septenária de acordo com a Cabala Caldaica (à direita) e a tradição védica (à esquerda). Adaptado de H. P. Blavatsky em “Doutrina Secreta – Cosmogénese”, Volume I


Em nossa opinião este diagrama, sobretudo no que diz respeito à tradição ocultista caldaica, está consentâneo com a nossa explanação que, de forma muito sucinta, pode ser sintetizada em duas estruturas principais, da forma que a seguir apresentamos em uma leitura microscópica de baixo para cima ou dos planos considerados inferiores para os superiores (do 4º plano para o 1º plano e depois do 3º plano para o 1º plano). Definamos o Quaternário (os 7 Sephiroth Inferiores) onde teremos:

4º Plano – Matéria fermiónica (Quarks e Leptões) descritos pelos “spinors de Fermi”; As forças de interacção representadas pelos campos vetoriais bosónicos:

3º Plano – Campo Electromagnético – dois globos: Fotões e Neutrinos, os elementos mais abundantes no Universo.



2º Plano – Campo Quântico da Força Fraca – dois globos: bosões W e Z. O 2º e o 3º planos partilham atributos pois formam o campo unificado da Força Electrofraca.



1º Plano – Campo Quântico da Força Forte – 2 globos: Gluões com dois estados de polarização.

 No diagrama da DS (Doutrina Secreta) o grande círculo encerra todos os Bosões.

 Notar também que naquele gráfico não é referida a ligação entre o Ternário e o Quaternário (o conceito sânscrito do Antahkarana) que corresponderia em nossa opinião ao Campo Quântico Escalar do Bosão de Higgs.

De seguida teremos os campos quânticos covariantes (aqueles que se contêm a si próprios e que a Física Quântica refere como hipótese de trabalho cada vez com maior frequência), constituindo o Ternário ou os 3 Sephiroth Superiores:

3º Plano – Campo Quântico Holomórfico (o Akasha védico);      

2º Plano – Campo Quântico Granular do Espaço;

1º Plano – Campo Quântico Informação/Consciência.

O Ternário no seu todo seria sustentado pelo fenómeno não-local do emaranhamento quântico e justifica o outro fenómeno do colapso da função de onda na relação observador e objecto observado. Como se a Consciência derivada de um colapso de onda fosse um fenómeno resultante de um epifenómeno primário produzido pelo emaranhamento quântico.



Diagrama esquemático da Constituição Septenária à luz da Teoria dos Campos Quânticos


Encontramos assim, pontes de ligação e de aproximação entre as Cosmogonias das tradições esotéricas e cabalistas com mais de 5000 anos e as actuais concepções da Física das partículas, da Teoria dos Campos Quânticos e da Cosmologia, a unificação da Relatividade Geral com a Mecânica Quântica e ainda a resolução dos problemas ligados à interpretação de dois fenómenos: um geral conferido pelo emaranhamento quântico, sustento da teia do próprio espaço-tempo, e o outro inerente à Consciência e à geração da Informação, o designado fenómeno do colapso de onda (ψ).

A Dimensão Infinita também designada por Absoluto poderá corresponder à Constante Cosmológica introduzida por Einstein ou a uma Campo Quântico Escalar Dinâmico à dimensão cosmológica (ao contrário do campo escalar do bosão de Higgs que funciona a uma micro escala). Presentemente é atribuída a uma Energia Escura correspondente à densidade de energia do vácuo responsável, em última análise, pela acelerada expansão do Universo observável.

Acredita-se que a evolução deste campo à escala cosmológica confinado ao tempo presente deverá ser tão lenta que se assemelhe a uma constante cosmológica. Neste caso, a gravidade deixa de ser apenas geométrica para se tornar efeito do espaço-tempo quantizado, ou seja, a cosmologia e a teoria física do modelo-padrão das partículas, no quadro presente do nosso conhecimento, está errada e uma “Nova Física” faz-se necessária para uma nova visão integrada, coisa que parece ter sido já atingida pela cosmogonia caldaica presente na Árvore da Vida.


Relação da Dimensão Infinita ou do Absoluto com a arquitectura geral da Àrvore da Vida

Baseado no diagrama original de Morgan Leigh


Cientes que uma imagem vale mais do que mil palavras, apresentamos aqui uma proposta gráfica da confluência entre o actual Modelo Padrão das Partículas Elementares e a conhecida Árvore da Vida da Kabbalah, um sistema cabalístico hierárquico que deve ser lido macrocósmicamente ou na óptica cosmológica de cima para baixo, e microcósmicamente ou do ponto de vista da evolução da consciência na Natureza, de baixo para cima.

Também quisemos evidenciar a possível relação entre a constante alfa 1/137, denominada Constante da Estrutura Fina, também conhecida pelo número puro que não utiliza nem precisa de unidades de medida, com a estrutura da Árvore da Vida, assunto que mais adiante daremos maior enfoque. A Árvore da Vida ou o diagrama da Êtz háim, tanto pode ser usada para explicar a origem do Universo, como para hierarquizar o processo evolutivo do homem. Independentemente das muitas interpretações exotéricas existentes e pouco fidedignas, impressiona-nos a sintonia encontrada entre as duas concepções, a científica e a esotérica, servindo-nos de profunda inspiração.


Grafismo que relaciona a estrutura da Árvore da Vida ou das 10 dimensões dos Sephiroth com a constante da Estrutura Fina Alfa (α = 1/137 = 7,297352568 x 10 -23) , o designado número puro pela Física.


Em conclusão, a Árvore da Vida estabelece que tudo está interligado, que os designados mundos inferior e superior são afinal imagens holográficas e fractais, reflexos um do outro. Ali os três pilares - feminino, mediador e masculino, representam a dinâmica dos estados quânticos inerentes à “queda do espírito na matéria” – os ancestrais trigunas hinduístas, Rajas, Tamas e Sattva.

Tal como a Alegoria da Caverna de Platão sugere, ou muito antes, com Hermes Trismegisto, o deus Thoth egípcio, no seu aforismo conhecido como Princípio da Correspondência, que reitera que o que está em cima é como o que está em baixo, e o que está em baixo é como o que está em cima. Como afirmou Richard Feynman em 1964 nas Conferências Messenger: “A Natureza utiliza longos fios para tecer os seus padrões, mas os bocados mais pequenos permitem revelar a estrutura de toda a tapeçaria”. Será o nosso passo seguinte desta exposição.

Muitos cientistas, desde o início do século passado, dedicaram praticamente toda a sua vida profissional a medir uma constante universal, considerada a mais importante de todas, com a maior precisão possível. O grande Richard Feynman (1918-1988), na sua obra QED: Strange Theory of Light and Matter (1), dizia em 1985, referindo-se à Constante da Estrutura Fina, conhecida pela primeira letra do alfabeto grego alfa (α) e definida pela fracção 1/137: “Tem sido desde sempre um mistério desde que foi descoberta há mais de 50 anos, e todos os melhores físicos teóricos deverão colocar este número nos escaparates dos seus gabinetes revelando a sua preocupação e ignorância com a sua existência. De imediato deverá gostar de saber a sua origem: estará ligada a pi (π) ou talvez à base dos logaritmos naturais? Ninguém sabe.” Ou ainda: “One of the greatest damn mysteries of physics: a magic number that comes to us with no understanding by man” (2).

Esta constante α relaciona três domínios essenciais da Física: o Electromagnetismo sob o valor da carga do electrão (e), a Relatividade Geral expressa pela velocidade da luz (c) e a Mecânica Quântica expressa pela Constante de Planck (h). Este caso particular levou a que surgissem esperanças de encontrar definitivamente um modelo GUT - Grand Unified Theory com a integração desta constante.

Para calcular alfa é necessário elevar ao quadrado o valor da carga de um electrão, dividir pela velocidade da luz no vácuo multiplicada pela constante de Planck e multiplicar o resultado final por 2π. As unidades de referência deste cálculo são dadas em coulombs, metros por segundo e joules por segundo que se cancelam mutuamente deixando-nos uma fracção de unidades adimensionais seja qual for o sistema de unidades considerado (SI – Sistema Internacional ou CGS – Sistema Dimensional centímetro, grama, segundo), ou seja não depende do sistema de unidades de medida.

 Como as unidades de medida c, e, e h se anulam mutuamente, o valor resultante é simplesmente 137.03599913. Por razões históricas é sempre usado o seu inverso 2πe 2 /hc ou seja 1/137.03599913, de que resulta mais precisamente o valor 7,297352568 x 10 -23, designado por número puro que não utiliza nem precisa de unidades de medida.

Na equação do Sistema Internacional (SI) ε0 é a permissividade do vácuo ou anteriormente designado por éter, igual 1/4πK, sendo K a constante electrostática no vácuo expressa em unidades Coulombs.

Para alguns astrobiologistas seria o número perfeito a transmitir, na busca de civilizações alienígenas, pois seria do seu conhecimento desde que possuíssem conhecimentos equiparados ao nosso estado de desenvolvimento científico. A designação de Constante de Estrutura Fina – alfa (α) também conhecida pela Constante Mágica, advém da interacção dos electrões e protões (partículas com carga) com os campos electromagnéticos ao determinar a velocidade com que um átomo ao ser excitado emite fotões ou partículas de luz em determinadas frequências do espectro luminoso a designada “estrutura fina”. Por outras palavras, seria a forma encontrada pela matéria para se revelar ou dar conta da sua presença.

Em 1955 a descoberta da estrutura fina do átomo de hidrogénio atribuiu o Nobel de Física a Willis Eugene Lamb. Tornava-se assim evidente que 1/137, ao caracterizar a força electromagnética, aparece em tudo o que se refere aos fenómenos materiais, desde átomos, moléculas, até às partículas com carga, afectando todos os sectores do desenvolvimento científico, desde a Física, a Química até à Biologia. As reacções químicas só são possíveis porque o valor 1/137 ou 7,297352568x10 -23 é tão diminuto que permite que a força electromagnética deixe os electrões “saltarem” entre as orbitais dos elementos, controlando deste modo a força das ligações químicas, mas forte suficiente para que as estrelas possam sintetizar os elementos mais pesados da Tabela Periódica, como o carbono, que está na base da Vida.

A relação entre a força electromagnética e a força nuclear forte é exactamente 1/137. Toda a realidade imagética, é transmitida de forma codificada, de acordo com as condições definidas por esta constante. A emissão ou absorção de luz em determinadas frequências devido ao “salto” dos electrões em diferentes níveis no átomo, criam as linhas espectrais onde as escuras são a absorção e as claras a emissão, como se fosse uma estrutura fina, tipo código de barras.

Daqui resulta que as propriedades de toda a matéria e energia resultam de uma relação profunda entre nós e o que nos é transmitido. “Um objecto é cognoscível ou não pela mente, se ela assumir a “cor” do objecto”, ou em sanscrito “Taduparãgãpeksitvãccisya vastu jñãtãjñãtam” – cfr. Pãtañjali 4.17.

A realidade não é o que parece e por detrás desta constatação está a sequência numérica 1, 3, 7, geradora de um valor definitivamente “afinado” para o surgimento da Vida. Na base da Vida está a molécula da clorofila C55H72O5N4Mg é formada por 137 átomos e nela desenvolvem-se processos quânticos ligados a fenómenos de “entanglement” ou a denominada “acção à distância”, e ainda do “efeito túnel”, só agora descobertos, e que estão na base da existência de toda a biomassa e do oxigénio que respiramos.

O astrónomo e matemático Fred Hoyle, afirmava que a clorofila era muito parecida com uma molécula interestelar, dado a suas propriedades na absorção da luz semelhantes com a poeira interestelar (3).

Diria Max Born (4):

 “If alpha [the fine-structure constant] were bigger than it really is, we should not be able to distinguish matter from ether [the vacuum, nothingness], and our task to disentangle the natural laws would be hopelessly difficult. The fact however that alpha has just its value 1/137 is certainly no chance but itself a law of nature. It is clear that the explanation of this number must be the central problem of natural philosophy.

Partilhamos inteiramente da sua opinião sendo que os sublinhados são nossos. Optámos por não traduzir de maneira a manter fiel o seu pensamento.

Quando Richard Feynman aviltava intuitivamente uma hipotética relação entre π e alfa (α), não supunha que o valor dos sete primeiros elementos que constituem o valor de π = 3.141592, elevados ao quadrado, 3² + 1² + 4² + 1² + 5² + 9² + 2², resultassem em 137. Curiosamente tem sido sugerido que alfa surge de outras relações com π, tais como: α ≈ 1/cos(π/137)/137 e α ≈ 4π³ + π² + π, respectivamente com 99.9999% e 99.999% de exactidão relativa ao seu valor. Ou que usando π e 137 num triângulo pitagórico obteríamos 137,03601, ou seja um valor aproximado do valor real em cerca de 99,9999%. Sendo um número primo, o 33º, também é um primo pitagórico. Um primo pitagórico é um número primo da forma 4n + 1 tais como 5, 13, 17, 29, 37, 41, 53, 61, 73, 89, 97, etc. Os primos pitagóricos são exactamente os números primos ímpares que são a soma de dois quadrados ou seja o conjunto dos números primos que podem constituir o comprimento da hipotenusa de um triângulo rectângulo de lados inteiros, por exemplo 29 = 25 + 4. De facto, sendo a única excepção o número 2 (2=1 2+1 2), eles são os únicos primos que podem ser representados como a soma de dois quadrados.


O triângulo pitagórico e o número 137


Outras relações são estabelecidas pela Gematria ou "numerologia judaica", onde a cada letra do alfabeto hebraico é atribuído um valor numérico, transformando uma palavra no somatório dos valores das letras que a compõem. Kabbalah – em hebraico להָבָּקַ, equivale a 137, cujos números somados 1+3+7 = 11, um número com significado muito poderoso no Zohar, os cinco livros de Moisés sobre a Torah acerca da revelação de Deus, incluindo a cosmogonia hebraica, que teria sido dada ao rabbi Shimeon Bar Yohai. Aqui surge Sephiroth (em hebraico: ותֹפירִסְ(, a “Árvore da Vida”, onde se inscrevem as potências ou agentes construtores, na filosofia Védica referidos no sânscrito como Dhyan-chohans, ou a concepção neo-platónica de Deus, do Uno em Plotino ou ainda da “Alma do Mundo” – Anima mundi, pelos quais Ein Sof (Deus) manifestou a Sua vontade na construção do Universo.

A Árvore da Vida, representada por 11 estádios evolutivos, os 10 Sephiroth mais Ein Sof ou a Dimensão Infinita, a Deidade, o Absoluto, tanto pode ser usada para explicar a criação do Universo, a Cosmogénese (visão macrocósmica), como para hierarquizar o processo evolutivo do homem, na sua ascensão a planos superiores de consciência (visão microcósmica). De cima para baixo (o macrocosmo) é composta, de acordo com a mística hebraica, por Kether – Coroa, Chokmah – Sabedoria, Binah – Entendimento, Chesed – Misericórdia, Geburah – Julgamento, Tipareth – Beleza, Netzach – Vitória, Hod – Esplendor, Yesod – Fundamento, Mal'hut – Reino e Daath – Conhecimento.

A Árvore da Vida é dividida em quatro diferentes planos de dimensões energéticas ou de campos quânticos progressivamente mais densos, nomeadamente:

1. Atziluth, dimensão das Emanações ou do Pensamento através das quais a Deidade age directamente pelas sephiroth Kether, Chokmah e Binah;

2. Beriah, ou Briah, dimensão das Criações ou da Alma, uma dimensão mais densa onde a acção é transmitida pelos sephiroth Chesed, Geburah e Tiphareth;

3. Yetzirah, dimensão das Formações ou da Corporeidade, onde actuam os sephiroth Netzach, Hod e Yesod e

4. Asiyah, ou Assiah, dimensão material das Acções onde persiste apenas a sephirah Malkuth.

Nos Vedas e na Teosofia, de acordo com Helena Blavatsky, a Constituição Septenária vai reflectir esta estrutura com o desdobramento do número 137, onde:

1. O número 1 representa a Deidade referida como o Infinito, o Uno, Brahman, a Mente Cósmica em H. P. Blavatsky;

2. O número 3 como ternário formado por Atma, Budhi e Manas;

3. O número 7 como o somatório das duas estruturas, ternária e quaternária, esta última formada por Kama Rupa, Prana, Linga Sharira e Sthula Sharira. A tríade superior liga-se ao quaternário inferior pelo Anthakarana.

A ligação misteriosa estabelecida pelo número 137 entre a Ciência e a tradição ocultista oriental com milhares de anos transmitida nos Vedas e depois em todas as principais cosmogonias, a confirmar-se, faz uma série de previsões que poderão futuramente ser testadas, a saber:

1. A provável existência dos neutrinos “estéreis” e de Majorana;

2. A existência de outros campos quânticos covariantes atribuídos pela natureza de uma gravitação quântica ao espaço-tempo como “espuma de spins”, o espaço-tempo granular, quantizável;

3. A existência de uma dimensão de natureza quântica que define o actualmente designado campo antrópico holomórfico ou morfogenético, transversal a toda a natureza, tipologicamente arquétipo platónico com propriedades de ressonância e transferência de informação, uma espécie de Akasha védico.

4. A informação como campo quântico que permeia todo o Universo como consciência.

Diz Rovelli no seu livro “A Realidade não é o que parece”:

São muitos os cientistas que suspeitam que o conceito de “informação” poderá ser fundamental para realizar novos passos em frente na física.” (5)

Como diria John Wheeler, o pai da gravidade quântica: “it from bit” ou “tudo é informação”.

Na realidade estes 4 pontos constituem actualmente fontes de pesquisa, desde o experimento MiniBooNE do Fermilab nos EUA, à computação quântica e experiências de “entanglement”, como aquela realizada pelo satélite chinês Micius, até à detecção dos “Pontos de Hawking” que confirmam a existência de universos passados, indo de encontro à teoria cíclica cosmológica de Roger Penrose e, mais uma vez parece corresponder à filosofia védica dos ciclos Manvantáricos, ou ainda à teoria granular do espaço-tempo e da Gravidade Quântica em Loop (GQL) de Ashtekar, Lee Smolin e Carlo Rovelli. Com estes o espaço-tempo obedece às dimensões mínimas relativas à escala de Planck (10 -35 metros ou 10 -43 segundos) resolvendo de uma vez por todas as questões ligadas às incongruências da existência de singularidades e da abusiva renormalização matemática e unindo finalmente os fundamentos da Relatividade e da Física Quântica.

137, o número que expressa o fenómeno de absorção e emissão de fotões pelas partículas com carga, já imanente naquela dimensão subatómica e da geração dos campos quânticos electromagnético, nuclear forte e nuclear fraco, mas que a um nível de organização de triliões de átomos, onde o todo é decididamente superior à soma das partes, como é a matéria viva, produto da evolução de éons de tempo, vai consubstanciar a existência de uma matriz de “Luz” indestrutível e permanente, criando numa escala microcósmica a informação sob a forma conhecida de consciência, obra de princípios construtores possíveis naquele espaço-tempo, memórias organizadas em arquétipos do macrocosmo, cuja cosmogénese se alicerça em sete axiomas herméticos, na base dos quais reside o conceito de “Construtor” e a sua capacidade de replicação ou cópia, recriando processos contínuos de milhares de milhões de transformações sobre substratos e introduzindo com esse processo novos atributos que constroem e ampliam a Informação tida como Consciência.

De um relance, são eles:

1. O que está em baixo é como o que está em cima – o princípio da organização fractal da natureza também assente no número de ouro Φ = 6,1803 ou Sequência de Fibonacci ou ainda no Espaço anti-DeSitter ou no Espaço Conformal de Roger Penrose;

2. O todo é mental – a equivalência energia-massa-informação no Princípio de Landauer. A realidade é o resultado do colapso de onda ψ (Psi), originada na interferência permanente dos campos quânticos covariantes “de que é feito o mundo” (10);

3. Tudo é vibração - Os campos quânticos das forças nucleares forte e fraca, o electromagnético, o de Higgs e aqueles teorizados pela Ressonância Morfogenética de Rupert Sheldrake e pela estrutura granular do Espaço da Teoria da Gravidade Quântica en Loop de Lee Smolin e de Carlo Rovelli.

Os campos quânticos covariantes representam a melhor descrição que temos hoje do apeiron, a substância primordial que forma o todo, colocada em hipótese pelo primeiro cientista e primeiro filósofo, Anaximandro.” – Carlo Rovelli (6).

4. Tudo tem o seu oposto - matéria e antimatéria, carga positiva e carga negativa, atracção e repulsão magnética;

5. Tudo é ritmo - tudo se desenvolve em torno da concepção hinduísta de Rajas, Sattva e Tamas, os ciclos da natureza, desde os eclipses, aos fenómenos económicos até à fisiologia.

6. Toda a causa tem seu efeito - associada à ideia de ciência através de Galileu (Lei do Movimento dos Corpos) e Newton (Lei da Causalidade Newtoniana), mas com antecedências em Aristóteles (distinguia na sua Metafísica quatro causas: formal, material, eficiente e final), deram forma matemática a este princípio;

7. O Género está em tudo - os princípios Masculino e Feminino, a combinação e o equilíbrio dos opostos, da polaridade. I

Inspirando-nos na filosofia ancestral dos Vedas, dos Upanishads, do Bhagavad Gita, a “criação” do Universo, resulta da complementaridade de Purusha, o campo quântico da consciência/informação (de acordo com o Princípio de Landauer) do qual emana a “Luz” (shakti) com o Campo Granular do Espaço (ver Teoria da Gravidade Quântica em Loop), interferindo com Prakriti (matéria inercial ou o Campo de Higgs), gerando Fohat, o movimento (Magnetismo? Gravidade?) e a forma (Mahat ou o Campo quântico Antrópico Holomórfico) que mantém a harmonia e a ordem no Universo, diferenciando-se logo após nos três estados ou modos, de acordo com os Trigunas: Sattva, Rajas e Tamas (Fermiões e Bosões da Força Nuclear Forte), a seta entrópica do espaço-tempo, onde a “Luz” cai na matéria.

Vivemos numa época espantosa de viragem radical do conhecimento e da construção de novos paradigmas onde se perde cada vez mais a ilusória distinção entre Ciência e Filosofia gerada pelo século XIX.

 

Notas

(1) R. P. Feynman, “QED: The Strange Theory of Light and Matter”, página 129, Princeton, New Jersey, Princeton University Press.

(2) Idem.

 (3) Hoyle, F., Wickramasinghe, C. “On the nature of interstellar grains”. Astrophys Space, Sci 66, 77–90 (1979), “https://doi.org/10.1007/BF00648361”.. 189.

(4) “THE MYSTERIOUS NUMBER 137”. Lecture delivered to the South Indian Science Association, Bangalore, the 9th of November 1935, by Max BORN. Received November 12, 1935. (Communicated by Sir C. V. Raman, Kt., F.R.S., N.I.).

(5) Carlo Rovelli, “A Realidade não é o que parece – a natureza alucinante do universo”, Contraponto, 1ª Edição Outubro 2019.

(6) Idem.


Artigo publicado na Revista Fénix da Nova Acrópole Portugal

https://www.revistafenix.pt/constituicao-septenaria-arvore-da-vida-modelo-padrao-e-a-constante-alfa/










 







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