segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Fohat

 



Talvez nos fosse permitido assumir um modelo onde fosse possível relacionar num único quadro a genética versus epigenética, as partículas do Modelo Padrão da Física e o Quaternário da Constituição Septenária da Teosofia e dos Vedas onde aparece a ideia de Fohat.

Da mesma forma que o átomo é constituído por um núcleo (protões e neutrões) que formam o seu cerne identificativo e não possível de partilha, excepto nos processos de fissão e fusão nuclear que envolvem altas energias gerando novos elementos químicos; e por electrões que sob a forma de existência probabilística formam nuvens em redor do núcleo, designadas por orbitais atómicas, passíveis de partilha, daí os fenómenos característicos das reacções químicas entre os elementos, também a genética (do grego génesis - origens) e a epigenética caracterizam-se respectivamente, uma por focar a sua atenção nos genes, a sua variação e hereditariedade, como âmago central da biodiversidade, ao passo que a epigenética revela a partilha e a troca de influências do meio ambiente sobre o genoma. Em ambos os casos desta comparação existe um “núcleo duro” central e outro “periférico” que recebe influências do meio exterior e está apto a abrir-se à partilha, dois níveis distintos de actuação como se a natureza tivesse contemplado dois processos diferentes para atingir o mesmo objectivo: acelerar o tempo e a entropia ou seja o Caminho evolutivo.

Ora vejamos:

A genética clássica afirma a primazia dos genes e da sua estrutura física conhecida compactamente enrolada e helicoidal, definindo orgânica e funcionalmente a condução dos aspectos mais recônditos dos processos da vida, como forma resguardada que esta última tem de revelar e expressar as forças estruturantes da matéria viva biológica, na origem profundamente residentes nos elementos das forças nucleares fortes e fracas consubstanciadas nas estruturas atómicas nucleares constituindo assim como que o seu “núcleo duro” sem as quais a existência não seria possível.

Já a epigenética afirma-se como interface entre o ambiente de uma forma geral, e os genes controlando também de forma induzida a sua actividade, onde são os campos electromagnéticos (uma outra luz) que ganham primazia ao nível molecular, modelando o comportamento e evolução dos organismos vivos bem como a sua esfuziante plasticidade orgânica, alguns viáveis outros nem tanto.

Em conjunto estes três campos quânticos – os bosões do Modelo Padrão da Física, integram-se e confluem para a consubstanciação da matéria fermiónica orgânica e inorgânica, formando o Quaternário na Constituição Septenária da tradição esotérica Védica, propalada nos Upanishads ou no poema épico hindu do Bhagavad Gita.

Afirmada esta hipótese tentaremos então a sua demonstração.

Todas as bio-moléculas assentam a sua estrutura física no agrupamento de átomos cuja existência é devida às forças nucleares fortes e fracas e electromagnéticas, que corporizam os núcleos (protões e neutrões) e os electrões, característicos de todos os elementos químicos, colocando-os nas devidas posições conhecidas da Tabela Periódica, graças à enigmática Constante Alfa (α = 1/137).

Deste modo as bio-moléculas tomam configurações funcionais de acordo com o electromagnetismo imanente das suas estruturas que finalmente as configuram como “fechadura/chave” nos mecanismos actuantes dos processos Receptores/Efectores que constituem as bases do metabolismo celular ou, por outras palavras, dos fenómenos cíclicos de entropia/sintropia que também fundamentalmente caracterizam a Vida. Todo o processo construtor (sintropia) implica sempre um processo de degradação energética (entropia) num ciclo infindo e complexo.

Constata-se que as polaridades das biomoléculas, que estão na base da sua configuração activa, surgem devido à deslocalização e rearranjo das orbitais atómicas que estão na base da criação dos recentes descobertos fenómenos de natureza quântica ao nível biológico e à temperatura ambiente, como o “efeito túnel”, o “entanglement” ou emaranhamento e a “superposição”.

Constata-se também que a este nível microcósmico da Vida são as leis da física quântica e não as leis newtonianas e as concepções cartesianas que controlam os movimentos moleculares geradores da Vida, onde os campos electromagnéticos, regulam o ARN e o ADN e as sínteses proteicas, a função das proteínas, das hormonas, a regulação dos genes, a divisão e diferenciação celulares e a morfogénese com a formação, diríamos direcionalmente “inteligente”, de tecidos e órgãos.

Mais não seria de esperar já que a “escolha” desta tipologia se deve a que as frequências electromagnéticas são 100x mais eficientes na transmissão de informações do que os sinalizadores biológicos como são as hormonas, os neuro-transmissores, os factores de crescimento (releasing factors), etc. Ao passo que um elemento químico evolui a 1 cm por segundo os campos electromagnéticos fazem-no a 300.000 quilómetros por segundo (a velocidade da luz)! É esta a função do Electroma, a rede bioeléctrica dos organismos vivos que veicula uma estrutura complexa de informação.

Mas o Electroma não se cinge apenas à bioelectricidade. Veja-se o caso agora em estudo da transmissão wireless de informação entre neurónios posta a descoberto na Caenorhabditis elegans (1), que pela sua simplicidade neurológica - a sua rede conectoma, abrangendo apenas 302 neurónios, permitiu descortinar outro tipo de comunicação não física, sem utilização das sinapses, evidenciada por técnicas de optielectrónica com marcadores fluorescentes que identificam os neurónios que ao libertarem neuropeptídeos accionam outros à distância noutros neurónios. Caso idêntico também foi detectado e está a ser estudado na comum mosca da fruta (Drosophila melanogaster).




Esta informação estende-se para além destas redes bioeléctricas. O Projecto do Genoma Humano descobriu recentemente que 80% do ADN não contribui para a codificação das cerca de 100.000 proteínas diversas que constituem o organismo humano e que o ADN não codificante, agora designado pela genética por “matéria negra”, são autênticos “interruptores” (bits 0/1) de genes, activando-os ou desactivando-os, conforme estão sujeitos a influências ambientais. Surge assim a ideia de que os genes são as peças de construção física e o ADN não codificante o “manual de instruções” que ensina como montar o modelo. No entanto há bem poucos anos atrás esta preciosa fonte de informação era considerada lixo.

Está demonstrado que as comunidades de células derivadas da morfogénese e do surgimento dos órgãos, especializam-se funcionalmente., criando sistemas complexos de comunicação e veiculação de informação que configuram um crescimento da “inteligência” e da “consciência” demonstrando à primeira vista que o todo é superior à soma das partes e reafirmada com a recente descoberta de processos Wi-Fi ainda mal compreendidos entre neurónios.

É verdade que a divisão de trabalho nas células eucariotas ofereceu vantagens adicionais de sobrevivência, confirmando contudo aquilo que Lamarck sugeriu com a ideia de uma evolução cooperativa e não tanto competitiva como defendeu posteriormente Darwin. Hoje sabe-se da existência de transferência genética inter-espécies e intra-espécies. A comunicação e a circulação de informação exploram e fazem-se em todos os sentidos de forma sustentável e económica na utilização de recursos onde prevalecem afinal as ressonâncias moleculares e atómicas.

É assim que têm actualmente lugar o desenvolvimento das aplicações da física quântica: as tomografias axiais computorizadas (TAC), ressonâncias magnéticas (RM), tomografias por emissão de positrões (TEP), só possíveis pela aplicação prática das interferências construtivas ou das ressonâncias harmónicas moleculares e atómicas.

Estas tão bem expressas na prática pelas interferências construtivas/destrutivas nas ondas de um lago, ou na aplicação de ondas sonoras destinadas à destruição das pedras nos rins ou ainda aquele fenómeno de destruição de um cálice de cristal emitido por um tenor. Actualmente outros exemplos perfilam-se nas medicinas alternativas representadas pela radioestesia, electroterapia, acupunctura ou ainda pela homeopatia, onde nesta última supõe-se que as estruturas aquosas da água imitam as moléculas originais dos produtos sujeitos a sucessivas diluições.

Outros casos como aquele da fotossíntese que mostram a transferência de electrões através do “efeito túnel” dos processos ondulatórios e que estão na base do surgimento e da manutenção da Vida no nosso planeta.

Fohat, An International Monthly Magazine of Practical Idealism, Devoted to the Dissemination of Truth and the Correction of the Latest Science Facts with Occult Science. San Francisco, CA. Editor: Miriam Milner French, M. Witter, associate editor. May 1922 (3).

IAPSOP materials are licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.


Todas são aplicações e práticas resultantes dos efeitos de entrelaçamento quântico, da sobreposição quântica ou ainda do efeito túnel, os “mecanismos” quânticos entrevistos nas concepções do Prana ou do Fohat (2) e exploradas pelas práticas ancestrais da medicina oriental com as suas redes de vias energéticas, meridianos e Chacras do corpo humano. Encontram-se assim os fundamentos da prática Yoga que mostra que as pessoas que fazem meditação apresentam uma série de diferenças genéticas e moleculares que incluem níveis reduzidos de genes pró-inflamatórios e alterações dos mecanismos reguladores dos genes – a epigenética a funcionar.

Verifica-se que a “energia” dos pensamentos, a chamada comummente “crença”, pode activar ou inibir as proteínas indutoras do funcionamento das células através da mecânica quântica da interferência construtiva/destrutiva e dos sistemas de comunicação das PIM - Proteínas Integrais da Membrana celular, bem como das suas proteínas receptoras/efectoras que são as subunidades físicas fundamentais ao suporte da manifestação incipiente da “inteligência” ao nível da célula. Aqui deverão alicerçar-se alguns dos fenómenos atribuídos à “fé”.

As eucariotas e as comunidades multicelulares ao terem aumentado a sua complexidade aumentaram também a superfície das suas membranas celulares e mais espaço para as PIM`s – numa espécie de evolução “fractal” e de expansão das redes de informação, em que o resultado final foi a maior capacidade de sobrevivência e maior organização intrínseca para o exercício da “consciência” pelas extensas inter-conectividades entre as redes de informação biológica que se estabeleceram. Não é coincidência os sistemas nervosos terem derivado da derme embrionária!

A crescente organização destas inter-conectividades, na senda evolutiva, vão desenvolver e colocar em relevo a importância da Mente Consciente que “lê” e coordena o fluxo de sinais celulares como também gera emoções que se manifestam pela libertação de sinais controladores pelos sistemas nervosos. É ela que controla o comportamento das células do nosso corpo, enquanto a Mente Subconsciente, geradora de acções de natureza reflexiva, os designados hábitos, são fruto do condicionamento instintivo, o conhecido efeito Pavlov, que tem o papel primordial de perseverar a vida pelo controlo automático das funções biológicas e dos comportamentos pré-programados para reagir no “aqui e agora”, uma espécie de “piloto automático” que processa muitos milhões por segundo de estímulos ambientais, controlando mais de 90% do nosso comportamento pela via do sistema HPA - Hipotálamico-Pituitário-Adrenocortícoide.

Ao falarmos em “Mente” entenda-se por estímulos ambientais para além dos estímulos químicos e físicos, todas as formas de radiação do espectro electromagnético que incluem os próprios estados de consciência, o pensamento, e a gestação das emoções e sensações produzidas e plasmadas através das suas ondas alfa (7,5 a 14 Hz), beta (15 a 40 Hz), gama (40 a 100 Hz), delta (0,5 a 4 Hz) e theta, característica dos estados superiores de meditação (4,5 a 7 Hz).

Ondas cerebrais EEG


Ao contrário, a Mente Consciente permite pensar e programar o futuro gerando a base do fenómeno ligado ao sentimento do livre arbítrio. Convenhamos que na vida do dia-a-dia não interessa submeter a Mente Subconsciente ao controlo da Consciência plena, relegando os nossos automatismos adquiridos durante milhões de anos para a execução das tarefas mínimas ligadas à sustentabilidade da vida e dos seus processos biológicos: mens sana in corpore sano!

No entanto, sabe-se que o Inconsciente ligado aos arquétipos Junguianos, ocupa outras dimensões. Nestas, as altas frequências vibratórias próprias da natureza dos campos quânticos que se contem a si próprios, os co-variantes ainda por descobrir mas já antevistos pela Física, agora referidas pelo holomorfismo fractal de Rupert Sheldrake, pela geometria espaço-temporal (o espaço-tempo quantizado como “espuma de spins” de Carlos Rovelli, desenvolvimento moderno dos números pitagóricos), era assunto adquirido como informação matricial inteligente subjacente nos textos védicos com alguns milhares de anos e referidos como Lipikas e Akasha sânscritos.

No seu conjunto formal integram a tríade que tudo envolve e da qual continuamente renascemos como fenómeno cíclico de entropia/sintropia a 4 dimensões, gerando a grande ilusão da matéria defendida pelas ancestrais doutrinas orientais.

Fundamento destes fenómenos já ancestralmente conhecidos como a Árvore da Vida na Cabala, as 4 bases da Constituição Septenária, consubstanciadas por aquela grandeza física conhecida como massa, conferida pelo ternário, ao descer sobre a matéria (fermiões) e desempenhado pelo campo do Bosão de Higgs na cosmogonia actual e o Antahkarana nos Vedas.

 Estas são as dimensões possíveis dadas tanto pela cosmologia e astrofísica como pela mecânica quântica do primeiro quartel do século XXI, antevendo uma teoria unificadora, e sobretudo a confluência de muitas ciências (biologia, física, química, informática-IA, matemática, astronomia, astrofísica, cosmologia, entre outras) até agora separadas nos seus redutos, afinal como tudo se adaptasse e confluísse numa ampla partilha do Conhecimento, explicando afinal a ilusão da conhecida história da menina dos caracóis dourados e dos três ursos.

 

Notas

(1) Randi F, Sharma AK, Dvali S, Leifer AM. Neural signal propagation atlas of Caenorhabditis elegans. Nature. 2023 Nov; 623(7986):406-414. doi: 10.1038/s41586-023-06683-4. Epub 2023 Nov 1. PMID: 37914938; PMCID: PMC10632145.

(2) Esta é a descrição de Fohat pela Wikipédia: “Fohat é a essência da electricidade cósmica, entendendo "electricidade" como um atributo da consciência. No mundo manifestado ele é a força vital, oculta que, sob a vontade do Logos criador, une todas as formas, dando-lhes o primeiro impulso. Ele é a força propulsora que torna o Um em diversos, agregando e combinando os átomos. Na constituição humana ele corresponde ao Prana. No Hinduísmo Fohat é esotericamente associado a Vishnu (o deus que sustem o Universo), na mitologia grega Fohat é associado ao deus Eros, e na mitologia egípcia ao deus Atum (mitologia). Interessante observar que a descrição feita por Blavatsky quanto à formação de estrelas e planetas por Fohat, no final do século XIX, é, por vezes, comparada à moderna teoria de formação das estrelas da astrofísica, confirmada cientificamente apenas no século XX, ainda que se assemelhe profundamente à teoria de Kant-Laplace, que já fora formulada na altura.”

(3) http://iapsop.com/archive/materials/fohat/fohat_v1_n1_may_1922.pdf.





Sem comentários:

Enviar um comentário

O Demónio de Maxwell

  James Clerk Maxwell (1831 – 1879) foi um dos maiores físicos possuidor de uma criatividade inigualável que até hoje a humanidade conheceu....