De acordo com a filosofia Vedantina,
os Ah-ih ou Brahman, ou ainda a Mente Cósmica segundo Blavatsky, constituem os
antecedentes filosóficos correspondentes a esta existência, e que H. P.
Blavatsky assim descreve:
“A Mente Cósmica é algo bastante
diferente da Ideação Cósmica. A manifestação da Mente faz-se só durante o
Período Manvantárico de actividade. Porém, a Ideação Cósmica não conhece
nenhuma mudança. Foi, e sempre foi, é e será. Nunca deixou de existir, e só não
existia para a nossa percepção por não haver mentes para a aperceber. A Mente
Universal não existia porque não havia ninguém para a aperceber. Uma é latente
e a outra é activa. Um é uma potencialidade.” - (H.P.Blavatsky, cfr. in “Os
Manuscritos Perdidos da Loja Blavatsky”).
Helena Blavatsky num comentário na
Doutrina Secreta” e respondendo a uma indagação do senhor Kingsland, afirma
também: “A mente é uma manifestação. A Mente Universal não é o mesmo.
Chamemo-la uma ideação. A Ideação Cósmica foi, tão logo apareceram os Ah-ih, e
continua durante o Manvantara. Porém, esta é uma Ideação Absoluta Universal que
sempre é e não pode sair fora do Universo, enquanto que a Ideação Cósmica não
existia …”.
Também afirma que os Ah-ih pertencem
aos Planos Cósmicos que correspondem no Homem a Atma, Budhi e Manas.
Descodificando: Os Ah-hi são
concebidos como sete raios primordiais ou Logoi (leia-se plural de Logos, que
poderemos definir como campos quânticos vibratórios que permeiam todo o
Universo), emanados do Primeiro Logos (o Verbo ou Paramatman) considerado
triplo (porque dele emanam o Segundo Logos (Buddhi) e, depois deste, o Terceiro
Logos (Manas no ser humano ou Mahat no plano cósmico), ambos apresentando
sempre um aspecto dualístico – activo/passivo ou acção/reacção ou causa/efeito.
Contudo o Primeiro Logos é considerado uno na
sua essência. A Trindade Cristã tem a sua origem neste Logoi. Um pouco confuso,
mas compreensível para a dificuldade em conceptualizar e expor estas ideias
considerando a época, fins do século XIX, e os significados ocultistas
atribuídos.
Contudo depreende-se a defesa da
existência de uma “Mente Cósmica” ou “Ideação Cósmica” que permeia toda a
evolução do Universo e que corresponderá aquilo que definimos como Campo
Quântico da Informação/Consciência que utiliza a Fohat, a energia inteligente
ou a “Substância Cósmica” similar ao campo quântico defendido pela actual
Teoria Antrópica Holomorfo Genética, e o Espaço granular da Teoria Quântica da
Gravidade de Rovelli e Lee Smolin.
Esta tríade de campos quânticos vem
já definida nos Vedas e em todas as filosofias que lá foram beber os seus
princípios, e que representamos pela figura geométrica do triângulo, segundo a
nossa concepção do assunto. Esta ideia é reforçada novamente nesta afirmação de
H.P.B. - “Cada átomo do Universo traz em si a potencialidade da própria
consciência...é um Universo em si mesmo e por si mesmo.”, (Cfr. 51 Blavatsky,
in “Doutrina Secreta).
Aqui o átomo tem um significado diferente do conhecido pela ciência, querendo designar apenas a constituição mais ínfima da matéria. Aqui parece que o Metapsiquismo foi beber a sua inspiração. Outra forma expressa pela Teosofia: “O Infinito Imutável, o Ilimitado Absoluto, não pode querer, pensar ou actuar. Para fazê-lo, deve converter-se em finito; e o faz por intermédio de seu Raio (leia-se Ah-ih), que penetra o Ovo do Mundo ou Espaço Infinito e dele sai como Deus Finito (leia-se matéria).” (Cfr. Blavatsky, in “Doutrina Secreta). Ou ainda em Hermes Trismegisto em “Corpus Hermeticum”, Libelo XI: “O Éon (leia-se Espaço, Ah-hi) está em Deus o Cosmos está no Éon o Tempo está no Cosmos e o Futuro está no Tempo”.
A figura representa esta concepção,
seguindo a tradição da Constituição Septenária teosófica, da hierarquia e
interacção dos diferentes campos de natureza quântica no surgimento do Universo
(ou dos múltiplos universos?).
Esta ideia, do Verbo que encarna ou o
“sacrifício” de Paramatman, está representada no triângulo septenário (não
fazemos aqui ainda referência ao quaternário) que se identifica como o processo
de “criação” do Universo, e é retomada e está presente na lógica profunda da
Teoria dos Campos Holomorficos do biólogo inglês Rupert Sheldrake.
“Os campos morfogenéticos ou campos
mórficos são campos que levam informações, não energia, e são utilizáveis
através do espaço e do tempo sem perda alguma de intensidade depois de ter sido
criado. Eles são campos não físicos que exercem influência sobre sistemas que
apresentam algum tipo de organização inerente.” – Rupert Sheldrake (1981).
Estes campos são acompanhados por
aquilo que Sheldrake designa de “Ressonâncias Mórficas” em que as informações
se propagam no interior do campo mórfico, alimentando uma espécie de memória de
natureza quântica e constituem o que deverão ser os futuros desenvolvimentos na
área mais recente da investigação científica em biologia molecular - a Biologia
Quântica.
De encontro à ideia dos campos
mórficos e fazendo corpo dos ensinamentos teosóficos, os adoptados pela New
Wave de registos akáshicos (“akasha” ou “akasa” do sânscrito), constituem uma
espécie de Base de Dados de todos os acontecimentos passados, presentes e
futuros, em que o tempo contínuo como o conhecemos não existe, fazendo parte
integrante de todos os seres e coisas e abrangendo todas as dimensões e
intimamente ligados à concepção védica de “karma”. A Teosofia faz-lhes
referência como os “registos na Luz Astral” ou as “imagens gravadas nas
invisíveis tábuas Astrais”. Helena Blavatsky faz-lhes demorada referência em
“Doutrina Secreta” sob a designação de “Luz Astral” e define-a deste modo:
“Akasha pode ser definida em poucas palavras: é a alma universal, a Matriz do
Universo, a “Mysterium Magnum” a partir da qual tudo o que existe nasce por
separação ou diferenciação. É a causa da existência; preenche todo o Espaço
infinito; é o próprio Espaço, no sentido conjunto dos sextos e sétimos
princípios.”, (cfr. “Os Manuscritos Perdidos da Loja Blavatsky”).
Mais uma vez em Blavatsky, Akasha é
descrito como sendo infinito: “Não pode existir dois Infinitos nem dois
Absolutos num universo supostamente sem fronteiras”, (Cfr. “A Doutrina
Secreta”, Cosmogénese - Volume I). No primeiro volume da “Doutrina Secreta –
Diálogos”, Helena Blavatsky afirma de forma peremptória: “Os três planos e o
quarto formam um único Cosmos assim como os sete princípios estão em vós; …“.
Na verdade, não é nosso propósito
adicionar campos quânticos desconhecidos para justificar componentes que façam
funcionar o Universo, como se adicionássemos epiciclos sobre outras esferas
como o fazia o sistema cosmológico geocêntrico de Ptolomeu. A invocação de
campos escalares e covariantes é uma prática hoje muito usada pelos cosmólogos
na tentativa de unificar as quatro forças fundamentais da natureza, de que é
exemplo a GUT - Grande Teoria Unificada ou Teoria do Todo.
Constituição Septenária de acordo com
a Cabala Caldaica (à direita) e a tradição védica (à esquerda). Adaptado de H.
P. Blavatsky em “Doutrina Secreta – Cosmogénese”, Volume I
Em nossa opinião este diagrama,
sobretudo no que diz respeito à tradição ocultista caldaica, está consentâneo
com a nossa explanação que, de forma muito sucinta, pode ser sintetizada em
duas estruturas principais, da forma que a seguir apresentamos em uma leitura
microscópica de baixo para cima ou dos planos considerados inferiores para os
superiores (do 4º plano para o 1º plano e depois do 3º plano para o 1º plano).
Definamos o Quaternário (os 7 Sephiroth Inferiores) onde teremos:
4º Plano – Matéria fermiónica (Quarks
e Leptões) descritos pelos “spinors de Fermi”; As forças de interacção
representadas pelos campos vetoriais bosónicos:
3º Plano – Campo Electromagnético –
dois globos: Fotões e Neutrinos, os elementos mais abundantes no Universo.
2º Plano – Campo Quântico da Força Fraca
– dois globos: bosões W e Z. O 2º e o 3º planos partilham atributos pois formam
o campo unificado da Força Electrofraca.
1º Plano – Campo Quântico da Força
Forte – 2 globos: Gluões com dois estados de polarização.
No diagrama da DS (Doutrina Secreta) o grande
círculo encerra todos os Bosões.
Notar também que naquele gráfico não é
referida a ligação entre o Ternário e o Quaternário (o conceito sânscrito do
Antahkarana) que corresponderia em nossa opinião ao Campo Quântico Escalar do
Bosão de Higgs.
De seguida teremos os campos
quânticos covariantes (aqueles que se contêm a si próprios e que a Física
Quântica refere como hipótese de trabalho cada vez com maior frequência),
constituindo o Ternário ou os 3 Sephiroth Superiores:
3º Plano – Campo Quântico Holomórfico
(o Akasha védico);
2º Plano – Campo Quântico Granular do
Espaço;
1º Plano – Campo Quântico
Informação/Consciência.
O Ternário no seu todo seria
sustentado pelo fenómeno não-local do emaranhamento quântico e justifica o
outro fenómeno do colapso da função de onda na relação observador e objecto
observado. Como se a Consciência derivada de um colapso de onda fosse um
fenómeno resultante de um epifenómeno primário produzido pelo emaranhamento
quântico.
Diagrama esquemático da Constituição Septenária à
luz da Teoria dos Campos Quânticos
Encontramos assim, pontes de ligação
e de aproximação entre as Cosmogonias das tradições esotéricas e cabalistas com
mais de 5000 anos e as actuais concepções da Física das partículas, da Teoria
dos Campos Quânticos e da Cosmologia, a unificação da Relatividade Geral com a
Mecânica Quântica e ainda a resolução dos problemas ligados à interpretação de
dois fenómenos: um geral conferido pelo emaranhamento quântico, sustento da
teia do próprio espaço-tempo, e o outro inerente à Consciência e à geração da
Informação, o designado fenómeno do colapso de onda (ψ).
A Dimensão Infinita também designada
por Absoluto poderá corresponder à Constante Cosmológica introduzida por
Einstein ou a uma Campo Quântico Escalar Dinâmico à dimensão cosmológica (ao
contrário do campo escalar do bosão de Higgs que funciona a uma micro escala).
Presentemente é atribuída a uma Energia Escura correspondente à densidade de
energia do vácuo responsável, em última análise, pela acelerada expansão do
Universo observável.
Acredita-se que a evolução deste
campo à escala cosmológica confinado ao tempo presente deverá ser tão lenta que
se assemelhe a uma constante cosmológica. Neste caso, a gravidade deixa de ser
apenas geométrica para se tornar efeito do espaço-tempo quantizado, ou seja, a
cosmologia e a teoria física do modelo-padrão das partículas, no quadro
presente do nosso conhecimento, está errada e uma “Nova Física” faz-se necessária
para uma nova visão integrada, coisa que parece ter sido já atingida pela
cosmogonia caldaica presente na Árvore da Vida.
Relação da Dimensão Infinita ou do
Absoluto com a arquitectura geral da Àrvore da Vida
Baseado no diagrama original de Morgan
Leigh
Cientes que uma imagem vale mais do
que mil palavras, apresentamos aqui uma proposta gráfica da confluência entre o
actual Modelo Padrão das Partículas Elementares e a conhecida Árvore da Vida da
Kabbalah, um sistema cabalístico hierárquico que deve ser lido
macrocósmicamente ou na óptica cosmológica de cima para baixo, e
microcósmicamente ou do ponto de vista da evolução da consciência na Natureza,
de baixo para cima.
Também quisemos evidenciar a possível
relação entre a constante alfa 1/137, denominada Constante da Estrutura Fina,
também conhecida pelo número puro que não utiliza nem precisa de unidades de
medida, com a estrutura da Árvore da Vida, assunto que mais adiante daremos
maior enfoque. A Árvore da Vida ou o diagrama da Êtz háim, tanto pode ser usada
para explicar a origem do Universo, como para hierarquizar o processo evolutivo
do homem. Independentemente das muitas interpretações exotéricas existentes e
pouco fidedignas, impressiona-nos a sintonia encontrada entre as duas
concepções, a científica e a esotérica, servindo-nos de profunda inspiração.
Grafismo que relaciona a estrutura da
Árvore da Vida ou das 10 dimensões dos Sephiroth com a constante da Estrutura
Fina Alfa (α = 1/137 = 7,297352568 x 10 -23) , o designado número
puro pela Física.
Em conclusão, a Árvore da Vida
estabelece que tudo está interligado, que os designados mundos inferior e
superior são afinal imagens holográficas e fractais, reflexos um do outro. Ali
os três pilares - feminino, mediador e masculino, representam a dinâmica dos
estados quânticos inerentes à “queda do espírito na matéria” – os ancestrais
trigunas hinduístas, Rajas, Tamas e Sattva.
Tal como a Alegoria da Caverna de
Platão sugere, ou muito antes, com Hermes Trismegisto, o deus Thoth egípcio, no
seu aforismo conhecido como Princípio da Correspondência, que reitera que o que
está em cima é como o que está em baixo, e o que está em baixo é como o que
está em cima. Como afirmou Richard Feynman em 1964 nas Conferências Messenger:
“A Natureza utiliza longos fios para tecer os seus padrões, mas os bocados mais
pequenos permitem revelar a estrutura de toda a tapeçaria”. Será o nosso passo
seguinte desta exposição.
Muitos cientistas, desde o início do
século passado, dedicaram praticamente toda a sua vida profissional a medir uma
constante universal, considerada a mais importante de todas, com a maior
precisão possível. O grande Richard Feynman (1918-1988), na sua obra QED: Strange
Theory of Light and Matter (1), dizia em 1985, referindo-se à Constante da
Estrutura Fina, conhecida pela primeira letra do alfabeto grego alfa (α) e
definida pela fracção 1/137: “Tem sido desde sempre um mistério desde que foi
descoberta há mais de 50 anos, e todos os melhores físicos teóricos deverão
colocar este número nos escaparates dos seus gabinetes revelando a sua
preocupação e ignorância com a sua existência. De imediato deverá gostar de
saber a sua origem: estará ligada a pi (π) ou talvez à base dos logaritmos
naturais? Ninguém sabe.” Ou ainda: “One of the greatest damn mysteries of physics: a magic number that
comes to us with no understanding by man” (2).
Esta constante α relaciona três
domínios essenciais da Física: o Electromagnetismo sob o valor da carga do
electrão (e), a Relatividade Geral expressa pela velocidade da luz (c) e a
Mecânica Quântica expressa pela Constante de Planck (h). Este caso particular
levou a que surgissem esperanças de encontrar definitivamente um modelo GUT -
Grand Unified Theory com a integração desta constante.
Para calcular alfa é necessário
elevar ao quadrado o valor da carga de um electrão, dividir pela velocidade da
luz no vácuo multiplicada pela constante de Planck e multiplicar o resultado
final por 2π. As unidades de referência deste cálculo são dadas em coulombs,
metros por segundo e joules por segundo que se cancelam mutuamente deixando-nos
uma fracção de unidades adimensionais seja qual for o sistema de unidades
considerado (SI – Sistema Internacional ou CGS – Sistema Dimensional
centímetro, grama, segundo), ou seja não depende do sistema de unidades de
medida.
Como as unidades de medida c, e, e h se anulam
mutuamente, o valor resultante é simplesmente 137.03599913. Por razões
históricas é sempre usado o seu inverso 2πe 2 /hc ou seja
1/137.03599913, de que resulta mais precisamente o valor 7,297352568 x 10
-23, designado por número puro que não utiliza nem precisa de unidades de
medida.
Na equação do Sistema Internacional
(SI) ε0 é a permissividade do vácuo ou anteriormente designado por éter, igual
1/4πK, sendo K a constante electrostática no vácuo expressa em unidades
Coulombs.
Para alguns astrobiologistas seria o número
perfeito a transmitir, na busca de civilizações alienígenas, pois seria do seu
conhecimento desde que possuíssem conhecimentos equiparados ao nosso estado de
desenvolvimento científico. A designação de Constante de Estrutura Fina – alfa (α)
também conhecida pela Constante Mágica, advém da interacção dos electrões e
protões (partículas com carga) com os campos electromagnéticos ao determinar a
velocidade com que um átomo ao ser excitado emite fotões ou partículas de luz
em determinadas frequências do espectro luminoso a designada “estrutura fina”.
Por outras palavras, seria a forma encontrada pela matéria para se revelar ou
dar conta da sua presença.
Em 1955 a descoberta da estrutura
fina do átomo de hidrogénio atribuiu o Nobel de Física a Willis Eugene Lamb.
Tornava-se assim evidente que 1/137, ao caracterizar a força electromagnética,
aparece em tudo o que se refere aos fenómenos materiais, desde átomos,
moléculas, até às partículas com carga, afectando todos os sectores do
desenvolvimento científico, desde a Física, a Química até à Biologia. As
reacções químicas só são possíveis porque o valor 1/137 ou 7,297352568x10
-23 é tão diminuto que permite que a força electromagnética deixe os
electrões “saltarem” entre as orbitais dos elementos, controlando deste modo a
força das ligações químicas, mas forte suficiente para que as estrelas possam
sintetizar os elementos mais pesados da Tabela Periódica, como o carbono, que
está na base da Vida.
A relação entre a força
electromagnética e a força nuclear forte é exactamente 1/137. Toda a realidade
imagética, é transmitida de forma codificada, de acordo com as condições
definidas por esta constante. A emissão ou absorção de luz em determinadas
frequências devido ao “salto” dos electrões em diferentes níveis no átomo,
criam as linhas espectrais onde as escuras são a absorção e as claras a
emissão, como se fosse uma estrutura fina, tipo código de barras.
Daqui resulta que as propriedades de
toda a matéria e energia resultam de uma relação profunda entre nós e o que nos
é transmitido. “Um objecto é cognoscível ou não pela mente, se ela assumir a
“cor” do objecto”, ou em sanscrito “Taduparãgãpeksitvãccisya vastu jñãtãjñãtam”
– cfr. Pãtañjali 4.17.
A realidade não é o que parece e por
detrás desta constatação está a sequência numérica 1, 3, 7, geradora de um
valor definitivamente “afinado” para o surgimento da Vida. Na base da Vida está
a molécula da clorofila C55H72O5N4Mg
é formada por 137 átomos e nela desenvolvem-se processos quânticos ligados a
fenómenos de “entanglement” ou a denominada “acção à distância”, e ainda do
“efeito túnel”, só agora descobertos, e que estão na base da existência de toda
a biomassa e do oxigénio que respiramos.
O astrónomo e matemático Fred Hoyle,
afirmava que a clorofila era muito parecida com uma molécula interestelar, dado
a suas propriedades na absorção da luz semelhantes com a poeira interestelar (3).
Diria
Max Born (4):
“If
alpha [the fine-structure constant] were bigger than it really is, we should
not be able to distinguish matter from ether [the vacuum, nothingness], and our
task to disentangle the natural laws would be hopelessly difficult. The fact
however that alpha has just its value 1/137 is certainly no chance but itself a
law of nature. It is clear that the explanation of this number must be the
central problem of natural philosophy.”
Partilhamos inteiramente da sua
opinião sendo que os sublinhados são nossos. Optámos por não traduzir de
maneira a manter fiel o seu pensamento.
Quando Richard Feynman aviltava
intuitivamente uma hipotética relação entre π e alfa (α), não supunha que o
valor dos sete primeiros elementos que constituem o valor de π = 3.141592,
elevados ao quadrado, 3² + 1² + 4² + 1² + 5² + 9² + 2², resultassem em 137.
Curiosamente tem sido sugerido que alfa surge de outras relações com π, tais
como: α ≈ 1/cos(π/137)/137 e α ≈ 4π³ + π² + π, respectivamente com 99.9999% e
99.999% de exactidão relativa ao seu valor. Ou que usando π e 137 num triângulo
pitagórico obteríamos 137,03601, ou seja um valor aproximado do valor real em
cerca de 99,9999%. Sendo um número primo, o 33º, também é um primo pitagórico.
Um primo pitagórico é um número primo da forma 4n + 1 tais como 5, 13, 17, 29,
37, 41, 53, 61, 73, 89, 97, etc. Os primos pitagóricos são exactamente os
números primos ímpares que são a soma de dois quadrados ou seja o conjunto dos
números primos que podem constituir o comprimento da hipotenusa de um triângulo
rectângulo de lados inteiros, por exemplo 29 = 25 + 4. De facto, sendo a única
excepção o número 2 (2=1 2+1 2), eles são os únicos primos que podem ser
representados como a soma de dois quadrados.
O triângulo pitagórico e o número 137
Outras relações são estabelecidas
pela Gematria ou "numerologia judaica", onde a cada letra do alfabeto
hebraico é atribuído um valor numérico, transformando uma palavra no somatório
dos valores das letras que a compõem. Kabbalah – em hebraico להָבָּקַ, equivale
a 137, cujos números somados 1+3+7 = 11, um número com significado muito
poderoso no Zohar, os cinco livros de Moisés sobre a Torah acerca da revelação
de Deus, incluindo a cosmogonia hebraica, que teria sido dada ao rabbi Shimeon
Bar Yohai. Aqui surge Sephiroth (em hebraico: ותֹפירִסְ(, a “Árvore da Vida”,
onde se inscrevem as potências ou agentes construtores, na filosofia Védica
referidos no sânscrito como Dhyan-chohans, ou a concepção neo-platónica de
Deus, do Uno em Plotino ou ainda da “Alma do Mundo” – Anima mundi, pelos quais
Ein Sof (Deus) manifestou a Sua vontade na construção do Universo.
A Árvore da Vida, representada por 11
estádios evolutivos, os 10 Sephiroth mais Ein Sof ou a Dimensão Infinita, a
Deidade, o Absoluto, tanto pode ser usada para explicar a criação do Universo,
a Cosmogénese (visão macrocósmica), como para hierarquizar o processo evolutivo
do homem, na sua ascensão a planos superiores de consciência (visão
microcósmica). De cima para baixo (o macrocosmo) é composta, de acordo com a mística
hebraica, por Kether – Coroa, Chokmah – Sabedoria, Binah – Entendimento, Chesed
– Misericórdia, Geburah – Julgamento, Tipareth – Beleza, Netzach – Vitória, Hod
– Esplendor, Yesod – Fundamento, Mal'hut – Reino e Daath – Conhecimento.
A Árvore da Vida é dividida em quatro
diferentes planos de dimensões energéticas ou de campos quânticos
progressivamente mais densos, nomeadamente:
1. Atziluth, dimensão das Emanações
ou do Pensamento através das quais a Deidade age directamente pelas sephiroth
Kether, Chokmah e Binah;
2. Beriah, ou Briah, dimensão das
Criações ou da Alma, uma dimensão mais densa onde a acção é transmitida pelos
sephiroth Chesed, Geburah e Tiphareth;
3. Yetzirah, dimensão das Formações
ou da Corporeidade, onde actuam os sephiroth Netzach, Hod e Yesod e
4. Asiyah, ou Assiah, dimensão
material das Acções onde persiste apenas a sephirah Malkuth.
Nos Vedas e na Teosofia, de acordo
com Helena Blavatsky, a Constituição Septenária vai reflectir esta estrutura
com o desdobramento do número 137, onde:
1. O número 1 representa a Deidade
referida como o Infinito, o Uno, Brahman, a Mente Cósmica em H. P. Blavatsky;
2. O número 3 como ternário formado
por Atma, Budhi e Manas;
3. O número 7 como o somatório das
duas estruturas, ternária e quaternária, esta última formada por Kama Rupa,
Prana, Linga Sharira e Sthula Sharira. A tríade superior liga-se ao quaternário
inferior pelo Anthakarana.
A ligação misteriosa estabelecida
pelo número 137 entre a Ciência e a tradição ocultista oriental com milhares de
anos transmitida nos Vedas e depois em todas as principais cosmogonias, a
confirmar-se, faz uma série de previsões que poderão futuramente ser testadas,
a saber:
1. A provável existência dos
neutrinos “estéreis” e de Majorana;
2. A existência de outros campos
quânticos covariantes atribuídos pela natureza de uma gravitação quântica ao
espaço-tempo como “espuma de spins”, o espaço-tempo granular, quantizável;
3. A existência de uma dimensão de
natureza quântica que define o actualmente designado campo antrópico
holomórfico ou morfogenético, transversal a toda a natureza, tipologicamente
arquétipo platónico com propriedades de ressonância e transferência de
informação, uma espécie de Akasha védico.
4. A informação como campo quântico
que permeia todo o Universo como consciência.
Diz Rovelli no seu livro “A Realidade
não é o que parece”:
“São
muitos os cientistas que suspeitam que o conceito de “informação” poderá ser
fundamental para realizar novos passos em frente na física.” (5)
Como diria John Wheeler, o pai da
gravidade quântica: “it from bit” ou
“tudo é informação”.
Na realidade estes 4 pontos
constituem actualmente fontes de pesquisa, desde o experimento MiniBooNE do
Fermilab nos EUA, à computação quântica e experiências de “entanglement”, como
aquela realizada pelo satélite chinês Micius, até à detecção dos “Pontos de
Hawking” que confirmam a existência de universos passados, indo de encontro à
teoria cíclica cosmológica de Roger Penrose e, mais uma vez parece corresponder
à filosofia védica dos ciclos Manvantáricos, ou ainda à teoria granular do
espaço-tempo e da Gravidade Quântica em Loop (GQL) de Ashtekar, Lee Smolin e
Carlo Rovelli. Com estes o espaço-tempo obedece às dimensões mínimas relativas
à escala de Planck (10 -35 metros ou 10 -43 segundos)
resolvendo de uma vez por todas as questões ligadas às incongruências da
existência de singularidades e da abusiva renormalização matemática e unindo
finalmente os fundamentos da Relatividade e da Física Quântica.
137, o número que expressa o fenómeno
de absorção e emissão de fotões pelas partículas com carga, já imanente naquela
dimensão subatómica e da geração dos campos quânticos electromagnético, nuclear
forte e nuclear fraco, mas que a um nível de organização de triliões de átomos,
onde o todo é decididamente superior à soma das partes, como é a matéria viva,
produto da evolução de éons de tempo, vai consubstanciar a existência de uma
matriz de “Luz” indestrutível e permanente, criando numa escala microcósmica a
informação sob a forma conhecida de consciência, obra de princípios
construtores possíveis naquele espaço-tempo, memórias organizadas em arquétipos
do macrocosmo, cuja cosmogénese se alicerça em sete axiomas herméticos, na base
dos quais reside o conceito de “Construtor” e a sua capacidade de replicação ou
cópia, recriando processos contínuos de milhares de milhões de transformações
sobre substratos e introduzindo com esse processo novos atributos que constroem
e ampliam a Informação tida como Consciência.
De um relance, são eles:
1. O que está em baixo é como o que
está em cima – o princípio da organização fractal da natureza também assente no
número de ouro Φ = 6,1803 ou Sequência de Fibonacci ou ainda no Espaço
anti-DeSitter ou no Espaço Conformal de Roger Penrose;
2. O todo é mental – a equivalência
energia-massa-informação no Princípio de Landauer. A realidade é o resultado do
colapso de onda ψ (Psi), originada na interferência permanente dos campos
quânticos covariantes “de que é feito o mundo” (10);
3. Tudo é vibração - Os campos
quânticos das forças nucleares forte e fraca, o electromagnético, o de Higgs e
aqueles teorizados pela Ressonância Morfogenética de Rupert Sheldrake e pela
estrutura granular do Espaço da Teoria da Gravidade Quântica en Loop de Lee
Smolin e de Carlo Rovelli.
“Os
campos quânticos covariantes representam a melhor descrição que temos hoje do
apeiron, a substância primordial que forma o todo, colocada em hipótese pelo
primeiro cientista e primeiro filósofo, Anaximandro.” – Carlo Rovelli (6).
4. Tudo tem o seu oposto - matéria e
antimatéria, carga positiva e carga negativa, atracção e repulsão magnética;
5. Tudo é ritmo - tudo se desenvolve
em torno da concepção hinduísta de Rajas, Sattva e Tamas, os ciclos da
natureza, desde os eclipses, aos fenómenos económicos até à fisiologia.
6. Toda a causa tem seu efeito -
associada à ideia de ciência através de Galileu (Lei do Movimento dos Corpos) e
Newton (Lei da Causalidade Newtoniana), mas com antecedências em Aristóteles
(distinguia na sua Metafísica quatro causas: formal, material, eficiente e
final), deram forma matemática a este princípio;
7. O Género está em tudo - os
princípios Masculino e Feminino, a combinação e o equilíbrio dos opostos, da
polaridade. I
Inspirando-nos na filosofia ancestral
dos Vedas, dos Upanishads, do Bhagavad Gita, a “criação” do Universo, resulta
da complementaridade de Purusha, o campo quântico da consciência/informação (de
acordo com o Princípio de Landauer) do qual emana a “Luz” (shakti) com o Campo
Granular do Espaço (ver Teoria da Gravidade Quântica em Loop), interferindo com
Prakriti (matéria inercial ou o Campo de Higgs), gerando Fohat, o movimento
(Magnetismo? Gravidade?) e a forma (Mahat ou o Campo quântico Antrópico Holomórfico)
que mantém a harmonia e a ordem no Universo, diferenciando-se logo após nos
três estados ou modos, de acordo com os Trigunas: Sattva, Rajas e Tamas
(Fermiões e Bosões da Força Nuclear Forte), a seta entrópica do espaço-tempo,
onde a “Luz” cai na matéria.
Vivemos numa época espantosa de
viragem radical do conhecimento e da construção de novos paradigmas onde se
perde cada vez mais a ilusória distinção entre Ciência e Filosofia gerada pelo
século XIX.
Notas
(1) R. P. Feynman, “QED: The
Strange Theory of Light and Matter”, página 129, Princeton, New Jersey,
Princeton University Press.
(2) Idem.
(3) Hoyle, F., Wickramasinghe, C. “On the
nature of interstellar grains”. Astrophys Space, Sci 66, 77–90 (1979), “https://doi.org/10.1007/BF00648361”..
189.
(4) “THE MYSTERIOUS NUMBER
137”. Lecture delivered to the South Indian Science Association, Bangalore, the
9th of November 1935, by Max BORN. Received November 12, 1935. (Communicated by
Sir C. V. Raman, Kt., F.R.S., N.I.).
(5) Carlo Rovelli, “A Realidade não é o que parece – a
natureza alucinante do universo”, Contraponto, 1ª Edição Outubro 2019.
(6) Idem.
Artigo publicado na Revista Fénix da Nova Acrópole Portugal
https://www.revistafenix.pt/constituicao-septenaria-arvore-da-vida-modelo-padrao-e-a-constante-alfa/
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