https://images.app.goo.gl/yVHCwQvEmyeAjHFQ6
É consensual que a vida só é possível com a presença de um solvente
universal conhecido como água. A água, quimicamente conhecida pela fórmula
molecular H2O, tem uma estrutura constituída por dois átomos de
hidrogénio e um de oxigénio partilhando entre si os seus electrões e formando
uma ligação geometricamente assimétrica de 104,50. A partilha faz-se
entre o electrão do hidrogénio com um electrão do oxigénio, criando as
denominadas ligações covalentes. No entanto os campos orbitais dos electrões
dos átomos de hidrogénio encontram-se sempre deslocados pela forte atracão do
núcleo positivo do átomo de oxigénio o que cria uma polaridade molecular apesar
de globalmente a água ser uma molécula neutra. Este aspecto dipolar faz com que
as moléculas de água se alinhem entre si formando as pontes de hidrogénio cuja
presença permite à água funcionar como agregador de moléculas orgânicas mais
complexas, como aquelas pertencentes á classe das proteínas, enzimas, nucleotídeos,
açucares e mesmo o próprio DNA, sendo que todas elas apresentam também
polaridade (moléculas hidrófilas). São também estas pontes de hidrogénio que
autorizam a água no seu estado sólido, quando congela, a assumir uma estrutura
semi cristalina hexagonal formada por 4 pontes de hidrogénio.
A água como
solvente universal, pelas suas propriedades de coesão e adesão, conferida pelas
tais pontes de hidrogénio, apresenta-se como a solução natural e sustentável encontrada
pelo Universo onde abundam o hidrogénio em primeiro lugar (92%), seguido pelo
hélio (7,1%) e em terceiro lugar o oxigénio (0,1%), apesar de raramente se encontrar
na sua forma molécula O2, devido precisamente ao facto de
espontaneamente se ligar ao hidrogénio formando água. Por essa razão a água é
tão abundante em todo o Universo sob a forma de gelo intersticial nos agregados
de poeiras interestelares.
O Oxigénio que
tem a sua origem no final do processo de combustão do hélio que domina no
interior das estrelas massivas através do ciclo CNO-I (Carbono-Azoto-Oxigénio)
nas reacções de fusão, torna-se assim o elemento preferencial para síntese da
água.
Curiosamente o
HeH + (hidreto de hélio), carregado positivamente, é a primeira molécula conhecida
a ser formada no universo, cerca de 380.000 anos após aquilo que se considera
ser o Big Bang, num período conhecido como época de recombinação e que vai
posteriormente dar origem às primeiras estrelas.
Na Terra, no éon
Arqueano, um período geológico compreendido aproximadamente entre 3,85 e 2,5 mil
milhões de anos o nosso planeta era totalmente coberto por oceanos. Um estudo
das rochas australianas datadas desse período geológico, revelaram ainda que os
oceanos arcaicos tinham uma presença do isótopo pesado O18 muito
superior aos actuais oceanos. Na África do Sul em Barberton Greenstone Belt, onde
existem algumas das mais antigas rochas na Terra, os geólogos Maarten De Wit e Harald
Furnes estudaram uma espécie de sílica chamada “chert” (uma variedade de
quartzo) cuja formação é atribuída a grandes profundidades sob água onde
predominariam fontes hidrotermais, concluindo que há cerca de 3,5 mil milhões
de anos, os oceanos da Terra foram relativamente frios, e não inospitamente
quentes como se pensava anteriormente (1). Surgem assim evidências geoquímicas
e paleomagnéticas de que ao longo dos últimos 3,5 mil milhões de anos, a Terra
tem permanecido dentro de uma faixa de temperatura favorável a vida.
Pela mesma
altura, Marte tinha 36% da sua superfície coberta por oceanos e possuía um
ciclo hidrológico de acordo com estudos recentes da Universidade do Colorado
nos EUA e das missões da NASA naquele planeta nomeadamente a Mars Reconnaissance
Orbiter (MRO).
Figura 1 - Carbonatos marginais destacados em
vermelho. (NASA/MRO/Horganet al. 2019).
A recente descoberta
de carbonatos na beira de extintos lagos (caso da área geológica da cratera
Jezero) (2), e de depósitos de sílica hidratada no fundo do delta durante o
período Noachiano, o primeiro período geológico de Marte e que teve o seu
término há cerca de 3,5 mil milhões de anos, parece confirmar as suspeitas de
vida arcaica no planeta. Naquela época Marte tinha um clima relativamente húmido
e uma atmosfera rica em dióxido de carbono (CO2). Os carbonatos só
se formam quando rochas e água reagem com o CO2. Entretanto, como é
do domínio público, a investigação no terreno prossegue já que encontrar água
líquida em Marte foi um dos principais objectivos do programa da NASA, e tal
hipótese foi já confirmada. A hipótese inicial era de que a água ocorresse sob
a forma de água salgada com sais de perclorato (compostos de cloro e oxigénio)
que reduzem o ponto de congelamento da água fazendo com que permaneça líquida
apesar das temperaturas congelantes de Marte atingirem em média -63°C.
Vénus tinha oceanos e atmosferas onde preponderavam a água, o azoto e o
oxigénio. A recente detecção de gás fosfina (PH3), caracterizada por ser a bio
assinatura da vida por excelência, poderá ser um indício da existência de vida
antiga que adquiriu formas biológicas adaptadas às condições das camadas
externas da atmosfera venusiana onde persistem temperaturas propícias à vida
microbiológica actual (180 C). É verdade que a fosfina foi detectada
na década de 70 do século passado em Júpiter e Saturno, onde se formou nas
camadas mais internas das suas atmosferas. Mas, só a presença de calor e da
pressão do hidrogénio muito grandes, favoreceram a produção abiótica de
fosfina, condições extremas não verificáveis em Vénus. A síntese de fosfina
fora de condições extremas implica fornecimento contínuo de muita energia o que
só é possível pela via biológica como na Terra.
Carl Sagan e
Harold Morowitz sugeriram em 1967 formas de vida num cenário envolvendo “balões
ecológicos” flutuando entre as nuvens, metabolizando água e minerais.
De encontro a
esta ideia, simulações feitas em computador sobre a história climática de
Vénus, pelo Instituto Goddard de Ciência Espacial da NASA, mostraram que até há
bem pouco tempo (cerca de 715 milhões de anos) as temperaturas podiam ter
variado entre 20 e 50 °C, suficientemente frias para a existência de água
líquida formando extensos oceanos por 2 a 3 mil milhões de anos, sugerindo que
a vida poderia ter evoluído naquele planeta.
No entanto a
crosta terrestre de Vénus é espessa e sem sinal de tectonicidade e o planeta
não tem basicamente campo magnético o que deverá ter contribuído de forma
irredutível para a sua situação actual.
A presença de
água em Vénus, Terra e Marte está também de acordo com a teoria geral da
formação do sistema solar e em particular dos planetas telúricos a partir do
gás nebular original. Enquanto os planetas exteriores e gigantes como Júpiter,
Saturno, Úrano e Neptuno, arredados da influência radiactiva do Sol tinham
condições para acumular a água presente na nebulosa primordial, os três
planetas telúricos não tinham essa hipótese. A composição isotópica da Terra
indica que os principais blocos de construção dos planetas rochosos são
materiais semelhantes a enstatita condrite dos asteróides e cometas cuja
concentração em água e as razões de deutério para hidrogénio (D/H) correspondem
às da Terra (3).
Assim, a
probabilidade do surgimento da vida deve ter sido transversal aos planetas telúricos.
Contudo a Terra poderá ter sido o local preferido dado que um acontecimento
inesperado poderia ter acelerado ou mesmo justificado o aparecimento de vida.
Um corpo planetesimal gelado que se encontrava na mesma órbita do que a Terra, num
ponto de Lagrange L4, viria fazer pender o prato da balança no que respeita à
presença da água.
Theia colidiu
com a Terra há 4,5 mil milhões de anos e trouxe mais água. Para além de outros
factores estabilizadores. Dessa colisão iria resultar a Lua, como massa arrancada
ao nosso próprio planeta e em quantidade suficiente para formar um futuro corpo
esferóide. A assimilação pela Terra de uma parte de Theia foi extremamente
importante para que o material metálico dos dois fosse unido e se estabilizasse
no centro do nosso planeta, caso contrário a Terra seria apenas uma estrutura
rochosa estérea muito semelhante a Vénus, sem um campo magnético e sem placas
tectónicas. Por outro lado, a presença do efeito gravitacional da Lua induziu a
uma oscilação muito pequena do eixo da Terra à medida que evolui em torno do
Sol, diferente do que parece ter acontecido com Marte que é orbitado por apenas
dois asteróides capturados, para além de ter perdido o seu campo magnético e
deste modo a protecção aos raios cósmicos e aos ventos solares que assim lhe
arrancaram a atmosfera, precisamente numa época em que o Sol, mais jovem, era
mais activo.
A vida na Terra
surgiu entre 3,5 e 4,5 mil milhões de anos, corolário provável de um conjunto
de “homeostasias” como a nova força exercida pela gravidade de uma lua, a sua
protecção em parte ao bombardeamento meteorítico tardio e a estabilidade
magnética da Terra e do seu eixo em que o clima passa a ser regulado por
estações. Na Terra, alguns dos fósseis mais antigos são estromatólitos datando para
cima de 3,5 mil milhões de anos. Os estromatólitos são estruturas
estratificadas formadas por camadas de cianobactérias.
A descoberta de que
os sistemas naturais podem conduzir a reacções electroquímicas entre os
minerais e o líquido circundante tem implicações importantes para o campo da
astrobiologia, indicando que em qualquer lugar a presença de salmouras (água e
sais) e de rochas ígneas poderão conduzir às condições necessárias ao
aparecimento da vida. Tais eram as condições presentes nas fontes hidrotermais
nas profundidades oceânicas como à superfície terrestre nas lagoas quentes pela
actividade vulcânica na Terra Arqueana pré-biótica, onde os componentes
essenciais dos nucleotídeos, plasmados primeiramente nos polímeros de RNA, fornecidos
por meteoritos carbonáceos, aumentavam de concentração através de fenómenos de
precipitação, evaporação e infiltração em ciclos contínuos de fases húmidas e
secas. Estas condições seriam o catalisador que levaria à ligação dos blocos de
construção molecular básicos e que dariam nascimento ao primeiro código
genético que garantiria a replicação das primeiras proto-células (3).
Podemos concluir,
com alguma segurança, que o aparecimento da vida foi transversal e simultâneo
nos três planetas entre 3 e 4,5 mil milhões de anos porque existiriam as
condições necessárias e suficientes para tal. O seu surgimento foi
relativamente rápido, pois pensa-se que teria levado cerca de 550 milhões de
anos a surgir no nosso planeta, ou seja o período de tempo que medeia entre a
formação da Terra (4,5 mil milhões de anos) e o primeiro registo biogénico
conhecido - LUCA (Last Universal Common Ancestor). Iremos assumir que o mesmo
se tenha passado tanto em Vénus como em Marte.
I Diagrama
Um cladograma
juntando todos os grupos principais de seres vivos ao Último Ancestral Comum (o
tronco preto na parte de baixo). Este gráfico foi feito a partir de sequências
de RNA ribosomal. – Fonte Wikipédia
Chegámos agora a um ponto do nosso conhecimento que nos possibilita
explorara e estabelecer eventualmente linhas de aproximação com doutrinas muito
antigas, sobre a evolução da vida planetária, nomeadamente daquelas defendidas
pela Teosofia e por Helena Blavatsky na sua Doutrina Secreta (4) nos
respectivos volumes da Cosmogénese e da Antropogénese.
Começaremos por expor de forma sucinta e simples a estrutura do corpo
desta doutrina quanto a este assunto.
O conceito ligado à Constituição Septenária vai estender-se agora à
evolução planetária quando atribui a cada corpo do sistema solar, sob a
designação de Globo, a existência simultânea de sete dimensões ou Globos, dos
quais apenas um é materialmente visível. No seu conjunto formam uma Cadeia que agrupadas
em ciclos de 7 definem uma Ronda em que foram percorridos 49 Globos. A doutrina
postula que cada planeta evolui durante sete Rondas estando o nosso planeta a
atravessar o período correspondente à 4ª Ronda. Os Puranas hinduístas designam
os Globos por Dvipas sendo a Terra conhecida por Jambudvipa.
Diagrama interpretativo
de Globos terrestres baseado em Geoffrey Farthing (5)
Upadhi
significa veículo. A,B e C são veículos de G, F e E.
Esta estrutura
toma por base que cada planeta é um organismo vivo (próximo do conceito Gaia)
que durante éons de tempo evolui desde uma forma densa (D) até a uma subtil (A
e G). Ou seja, este diagrama e os conceitos nele expresso nada tem haver com a
evolução biogénica que até agora expusemos. Poderemos dizer que a evolução do
planeta obedece a 4 planos de manifestação, onde o Plano Físico da Terra (a
matéria fermiónica) ocorre sobretudo no presente éon, não deixando, no entanto,
de evoluir nos outros planos dos Globos existentes noutras dimensões. Como se o
espaço fosse ocupado simultaneamente por 4 campos de natureza quântica.
Assim as outras
4 dimensões referidas no II Diagrama, ou “Planos da Manifestação”, poderiam ser
consideradas como sendo de natureza idêntica aos campos quânticos, a saber o
campo electromagnético (no diagrama C e E) que está ligado presentemente aos efeitos
dos campos eléctricos e magnéticos terrestres, o campo das forças fracas, (B e
F) ligado aos fenómenos de degradação radioactiva geradora do calor interno do
planeta, controlando o “humor” do planeta através da sua actividade vulcânica e
tectonicidade, e finalmente o campo das forças nucleares fortes que mantêm o
planeta coeso como um corpo único (A e G) e ligado ao denominado “Plano dos
Arquétipos”, que sempre constituiu fonte de reflexão para a Filosofia, desde
Platão a Kant.
III Diagrama
Em todas as
mitologias de carácter religioso, o espírito para evoluir tem necessidade de
descer à matéria e na sua evolução voltar a deixar a matéria. Estes dois ciclos
estão impressos no dualismo do diagrama da evolução dos Globos Planetários da
Teosofia, nos conceitos hinduístas do ciclo Rajas-Sattva-Tamas ou na filosofia
Taoista no Yin-Yang.
O IV diagrama representa
a evolução histórica e futura dos Globos durante éons passando pelos diferentes
planos da Constituição Septenária e que globalmente abrange 4 Globos Átmicos, 8
Globos Bhúdicos, 12 Mentais Superiores (Manas superior), 12 Mentais Inferiores
(Manas inferiores), 8 Globos Astrais e 5 Globos Físicos. Significa que os
corpos celestes nomeadamente os planetas só aparecem materialmente constituídos
nas 3ª, 4ª e 5ª cadeias.
Tendo em conta o
mesmo diagrama, o Homem tem um plano Atma veículo do plano Kama-manas (A+G), um
plano Budhi veículo do Linga sharira (B+F), um plano Manas veículo do
energético ou Prana sharira (C+E), e finalmente um plano físico ou Stulasharira
veículo de todos os outros (D), perfazendo assim a Constituição Septenária no
Homem, representando a ligação do Ternário com o Quaternário (3+4).
IV Diagrama (5)
Neste corpo
doutrinário a Humanidade evolui de acordo com as Rondas sendo atribuída a noção
de Raça, que nada têm a ver com o conceito racial, mas aos estádios evolutivos
da espécie em que as características espirituais seriam cada vez mais apuradas,
despertando as nossas capacidades internas e ocultas. Assim nós estaríamos
actualmente, e maioritariamente, a atingir a 5º Raça, a Ariana. A 3ª Raça teria
sido a do continente Lemuriano (o “Hobbit” da ilha das Flores, Indonésia ou o Homo
luzonensis nas Filipinas seriam os seus descendentes) e a 4ª, aquela relativa
aos gigantes do continente da Atlântida descrito por Platão e construtores do
megalitismo presente em todas as antigas civilizações da Terra e nas suas
mitologias.
Fundamentalmente
esta concepção da Vida e da sua natureza não atribui propriamente uma origem ou
começo, muito menos um acto de criação, mas um ciclo contínuo de transformação
onde a existência de um vector na evolução define os impulsos internos da
própria natureza, os tais arquétipos. Deste modo, a Terra e os restantes
planetas pré-existiam sob a forma de Globos fisicamente invisíveis, em
dimensões quânticas como arquétipos antes mesmo da formação material do Sistema
Solar. Pressupõe-se então, que a actual existência física dos planetas foi
antecedida por formas não materiais (no sentido fermiónico do termo) onde
deveriam prevalecer campos quânticos que definiriam o futuro da sua natureza.
Não deixa de ser uma teoria absolutamente inovadora e que se enquadraria sem
dificuldade nas actuais hipóteses da cosmologia e da astrofísica quando advogam
razões fractais e holográficas e sistemas hierárquicos na formação do Universo.
Ponto de possível
encontro entre a ciência e estes conceitos teosóficos é o postulado compartilhado
do aparecimento simultâneo da vida em diversos corpos planetários no sistema
solar. Vejamos então o estádio das Rondas e dos Globos nestes éons temporais para
os planetas telúricos.
Segundo este
esquema, que foi basear-se nas milenares Estâncias de Dzyan, na Cabala Hebraica
e no Budismo do Norte, primeiramente tem formação o planeta não-material (fases
A e B) pelo surgimento de extensos campos toroidais eléctricos criados pelos
vórtices de plasma das ejecções de material coronal da estrela em formação (o
Sol). A agregação de material nebular em consonância com estes campos
toroidais, conduzem à formação de um corpo esferóide, e só depois de existir
massa crítica necessária se inicia o processo de criação do campo toroidal
magnético interno (fase C) - seja pelo crescimento acelerado de um núcleo
metálico de ferro e níquel, seja pela criação de bolsas magmáticas e circulação
de fluidos magmáticos e mais tarde pelo surgimento de um sistema de placas
tectónicas. Inicia-se a actividade vulcânica nesta fase que é a expressão maior
deste Globo onde se criam as condições bióticas para o aparecimento da vida
(fase D). Todas estas fases duram éons de tempo – manvantaras e pralayas
planetários, sobre as quais iremos reflectir mais à frente.
Ora é sabido que
Vénus possuiu oceanos e um campo magnético forte tendo havido condições para
ter surgido vida, que logo desapareceu pelo atroz efeito de estufa. É o planeta
mais antigo a manifestar vida e encontra-se na 5ª Ronda, segundo a Teosofia. O
futuro longínquo da Terra, que se encontra na 4ª Ronda será então algo
semelhante ao actual ambiente venusiano?
Marte teria 1/3
da sua superfície ocupada por oceanos, uma ténue atmosfera, mais densa que a
actual, mas um campo magnético extremamente fraco que não protegeu as primeiras
formas de vida. No entanto presentemente situa-se na 4ª Ronda.
A Terra, ao ter
sido impactada por Theia, adquire um núcleo interno, um acréscimo de água,
placas tectónicas, ganha uma lua que cria sinergias com o planeta e tem assim
condições para que a vida vingue e evolua estando na 4ª Cadeia assim como
Marte. Seria, portanto, possível voltar a acelerar o aparecimento de vida em Marte,
talvez pelo processo de terraformação de acordo com alguns projectos ficcionistas
de engenharia planetária.
Segundo a
Teosofia a Lua é definida como um resíduo de Globo muito maior, que foi o
planeta físico da 3ª Cadeia mantendo a mesma posição na 3ª Cadeia que aquela
mantida pela Terra na 4ª Cadeia e que irá desaparecer no futuro (na 7ª Ronda).
Nisto a coincidência parece ser total.
Interessante
verificar que tanto Júpiter como Saturno, se encontram na 3ª Cadeia levando a
crer que os processos bióticos ainda não estão em curso, mas que poderão ter-se
iniciado nas suas luas Titan, Europa, Encélado, e que poderão corresponder aos
3 “Esquemas Sem Nome” que existem no diagrama da estrutura do Sistema Solar e
que a Teosofia nem Blavatsky conseguiram definir, referindo apenas que eram
planetas que ainda não existiam.
Na actual 4ª
Ronda a Teosofia acrescenta que a Terra, Mercúrio e Marte possuem as mesmas
características físicas, ou seja, possuem núcleos densos de ferro e níquel, água
sobretudo nas condições de “permafrost” ou em glaciares nas zonas polares, o
que coincide também com o actual conhecimento sobre a estrutura interna destes
planetas. Marte inclusive apresenta sismicidade detectada muito recentemente pela
sonda InSight da NASA que registou até agora mais de 500 sismos ou martemotos
atestando que o planeta é geologicamente activo, apesar de não ter sido
confirmada a existência de um sistema de placas tectónicas como na Terra.
Verifica-se
então alguma semelhança, em termos gerais, daquilo que a Ciência tem vindo a
descobrir e a levantar de hipóteses com os axiomas revelados pela doutrina
teosofista e por Helena Blavatsky na sua obra Doutrina Secreta.
V Diagrama
O diagrama
representa o Sistema Solar com os seus 10 esquemas de evolução, cada um formado
por 7 Cadeias de 7 Globos e as 7 Rondas de cada Cadeia (5)
A concepção dos Globos insere-se numa hierarquia evolutiva em que numa
Cadeia um Globo dura um período Manvantárico e a passagem de um Globo para
outro medeia éons de tempo designados no sânscrito por Pralayas Planetários. O
mesmo se aplica aos ciclos entre Cadeias (Pralaya intercatenário). Sete Cadeias
constituem um “Esquema Evolutivo” sendo considerado que o nosso Sistema Solar é
constituído por 10 “Esquemas Evolutivos” (V Diagrama).
Cada “Esquema Evolutivo” representa patamares sempre mais evoluídos dos
Globos onde a dualidade – construção/dissolução, é o mecanismo de
aprimoramento.
As cadeias desenvolvem-se de acordo com a proximidade dos planetas ao Sol
e tomam o seu nome. Aqui surge uma possível incongruência com uma cadeia
denominada de Vulcano que pressupõe a existência de um corpo mais próximo do
Sol para além de Mercúrio. Tal nunca foi verificado o que não invalida a
hipótese de tal existência no início da formação do Sistema Solar.
Assim, em conclusão o sistema hierárquico da evolução do Universo, de
cima para baixo, desenvolve-se sempre em torno de 7 cadeias que constituem um
Esquema de Evolução que é formado nesta lógica por 49 Rondas ou 343 Globos ou Períodos
Globais. Isto implica tempo! Éons de tempo até ao infinito.
Manvantara ou idade de Brahma ou Manu (Manu no hinduísmo e na teosofia é o
criador de universos, mas também um período astronómico) deriva de
"Manuantara", "manu-antara" ou "manvantara" e
significa, literalmente, a duração de Manu, ou a duração da sua vida.
Assim, um dia e uma noite de Brahma corresponde a um ciclo manvantárico/pralaya,
ou seja, de construção e dissolução que corresponde a 8 640 000 000
anos terrestres, o que se aproxima dos valores calculados para a idade do
Sistema Solar que é entre 4 571 000 000 e
5 000 000 000 de anos.
Multiplicar este valor por 365, que é o número de dias num ano, equivale
a um ano de Brahma equivalente a 3 110 400 000 000 anos,
enquanto um Maha Kalpa que é uma época ou Ciclo de Brahma é aquele valor
multiplicado por 100 (ou 311 040 000 000 000 anos) e que
segundo Blavatsky corresponde aos períodos de actividade crescente (Mahamanvantara)
e decrescente (Mahapralaya) do Universo – a vida de Brahma.
A idade atribuída à nossa galáxia que é tão antiga quanto o Universo é cerca
de 14 mil milhões de anos. Logo aqueles valores da doutrina teosófica superam
em muito as nossas estimativas actuais, mas são valores a considerar numa
teoria como aquela defendida por Roger Penrose e conhecida como CCC –
Cosmologia Cíclica Conforme, em que os Universos surgem de outros antecedentes,
em ciclos contínuos de construção e dissolução.
Conclusão: é estonteante a imensa e complexa estrutura de sistemas
elaborados pelas antigas doutrinas védicas, expressa nas Estâncias de Dzyan,
nos Puranas, no Bhagavad Gita, nas quais se basearam posteriormente as diversas
escolas Teosóficas, para explicar o surgimento do Universo, a sua natureza e a
sua evolução. Contudo, de forma genérica, como verificámos existem pontos comuns
entre os conhecimentos científicos actuais e aquelas elaboradas teorias
axiomáticas. Como tal é possível? O acaso é tão forte que modela o pensamento e
a busca do conhecimento, agora como no passado longínquo? Uma das hipóteses é
considerar que os arquétipos existem e se revelaram aos pensadores desses
tempos arcaicos da humanidade, tal como hoje é reconhecido nos “insights”, as
epifanias, as intuições de cientistas e filósofos.
Na verdade, o que hoje se constata é que o Modelo Padrão não está
completo, que mais de 90% dos constituintes do Universo, referidos como Matéria
Escura e Energia Escura, não são conhecidos e que a cada passo dado na
investigação surgem mais perguntas que soluções.
O nosso propósito foi deixar pistas de futura reflexão, sabendo que a
verdade de hoje é a ignorância do futuro, parafraseando Helena P. Blavatsky.
Notas e
Bibliografia
(1) L. Pianiet al., Science 369,
1110 (2020).
The mineral diversity of Jezero crater: Evidence for possible lacustrine carbonates on Mars,
Icarus, Volume 339, 2020.
(3) Chyba C, Sagan C (1992) Endogenous
production, exogenous delivery and impactshock synthesis of organic molecules:
An inventory for the origins of life. Nature 355:125–132.
(4) Helena P. Blavatsky, Doutrina
Secreta, Volume II, Editora Pensamento, São Paulo.
(5) Deity,
Cosmos and Man by Geoffrey Farthing, Published in the late 1900's, Edição
Digital.
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